Já escrevemos sobre isso, já insistimos para essa nova realidade. Sim, a realidade do mundo atual é de “...desconstrução de certezas...”, como escreveu com maestria Arnaldo Jabor. O avanço da tecnologia da informação,via internet, nos tem mostrado uma realidade para a qual a humanidade, como um todo, e cada um de nós, em particular, não fomos educados. Então, o desajuste, o desequilíbrio, no campo moral, no campo das inter-relações sociais e especialmente no campo político. Toda uma doutrina sobre segurança pública está desmoronando diante dessa nova realidade... A dinâmica dos meios de comunicação e divulgação e a interação da sociedade estão criando um mundo tão inesperado, que os mais otimistas só esperavam para daqui a muitas décadas!
E nessa verdadeira revolução cultural pela informação, não é admissível a postura tacanha e centralizadora daqueles que buscam uma interação com a população para, juntos, darem um novo caminho para a construção da Democracia no Brasil.
Nas últimas eleições presidenciais, o candidato da oposição, José Serra, CONSEGUIU PERDER as eleições. Exatamente isso! CONSEGUIU inviabilizar a vitória e qualquer possibilidade de uma interação entre candidato e população. Vejamos a opinião abalizada, muito acertada, de Arnaldo Jabor sobre o candidato do PSDB e as últimas eleições:
“Os erros da campanha do Serra foram inúmeros: a adesão falsa ao Lula, que acabou rindo dele: “O Serra finge que me ama”…
Serra errou muito por autossuficiência (seu defeito principal), demorando muito para se declarar candidato, deixando todo mundo carente e zonzo, como num coito interrompido; Serra demorou para escolher um vice-presidente (com a gafe de dizer que vice bom é o que não aporrinha), fez acusações ligando as Farc à Dilma, esculachou o governo da Bolívia ainda no início, avisou que pode mexer no Banco Central e, quando sentiu que não estava agradando, fez anúncios populistas tardios sobre salário mínimo e aposentados. Nunca vi uma campanha tão desagregada, uma campanha antiga, analógica numa época digital, enlouquecendo cabos eleitorais e amigos, todos de bocas abertas, escancaradas, diante do óbvio que Serra ignorou. Serra não mudou um milímetro os erros de sua campanha de 2002. Como os Bourbon, “não esqueceu nada e não aprendeu nada”.
Análise sincera, com precisão cirúrgica. Recordo que durante a campanha, em vários textos, coloquei essa questão: o Serra falar em elevar o salário mínimo para R$ 600,00 e dar expressivo aumento para os aposentados é risível! (independentemente da sua viabilidade). Primeiro, porque é de uma demagogia primata, de um populismo chulo, de uma política aviltante, horizontal, achegadiça, cevada de demagogia... Não combinava e não combina com ele. Deve ter sido uma recaída dos tempos em que era presidente da UNE e apoiava “cegamente” o Governo de João Goulart que representava tudo isso... Ele teria que ter sido o contra ponto a tudo o que está aí. Mas, com clareza! Repeti N vezes: é preciso tirar o ex-presidente FHC do armário e deixá-lo falar. Aí estaria a diferença! Mas, não, o que se viu foi o contrário, levando o então presidente Lula a dizer a frase humilhante e cortante: “O Serra finge que me ama...”
O Brasil precisa de um ESTADISTA e não de um gerente ou de um tocador de obras...Sem a opção de um ESTADISTA, eis que o candidato da oposição optou pelo figurino fácil do “bonzinho e amigo” e, ao depois, rejeitado, do candidato “promessinha”... Ora, a população optou pelo perfil de “gerentona” que tinha apoio explícito do governante com a popularidade em alta. Deu no que deu...
REPETIMOS: o Brasil precisa de um ESTADISTA ! É preciso dizer o que se quer, qual o PLANO DE GOVERNO e DE METAS! É preciso traçar o caminho e deixá-lo claro para que a população possa, comparando, optar! É isso...
Agora, em artigo muito comentado, vem o ex-presidente FHC dizer que “...é preciso, portanto, refazer caminhos, a começar pelo reconhecimento da derrota: uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar com a falta de autocrítica e insistir em escusas que jogam a responsabilidade pelos fracassos no terreno “do outro”...”
Vamos convocar a “intelligentzia brasileira”, o núcleo pensante de nossa sociedade, vamos convocar a OAB, a CNBB, a ABI, as As. de Magistrados e do Ministério Público, as entidades dos profissionais liberais, a juventude cidadã (porque a UNE é há muito tempo “reserva de mercado” do PT), os Clubes de Serviço (Lions e Rotary), a Maçonaria, os colunistas, blogueiros e jornalistas políticos como Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Ricardo Noblat, Augusto Nunes, enfim, todos os que escrevem e vivem nesta realidade brasileira que, com urgência, precisa refazer os seus caminhos na busca da construção da Democracia e do desenvolvimento sustentável!
8 comentários:
Em matéria tratando do mesmo assunto, com muita coragem e lucidez, postada por Reinaldo de Azevedo em seu Blog/Veja, fiz o meu comentário. Vejam que grande verdade nos traz seu o pensamento:
“Descobriu-se, o que não deixou menos espantados setores da oposição, que amplas parcelas da sociedade brasileira, a provável maioria, cultivam valores que, mundo afora, são chamados “conservadores”, embora essas convicções, por aqui, não encontrem eco na política institucional”
Meu comentário:
É a grande realidade: a população brasileira, em sua grande maioria preza e quer CONSERVAR as conquistas que conseguiu e o avanço social e tecnológico conseguido pelo Brasil. Isso – é claro! – é a bandeira de uma Partido Conservador! É preciso “desdemoniar” a palavra CON-SER-VA-DOR.
E vamos buscar na história o ensinamento de dois grandes brasileiros: Fernando Henrique Cardoso e Armando de Salles Oliveira. Cada um ao seu tempo e diante de uma mesma realidade política brasileira, cheia de demagogos, cheia de oportunistas a enganar com facilidade a população com o silêncio comprometedor das “eleites” brasileiras.
- Elites? Vai querer defender a Elite, ô meu? Dirá o pessoal do quanto pior melhor...
Sim, as elites brasileiras! É preciso que a “intelligentzia brasileira”, a vanguarda da sociedade assuma o comando da Nação, Se não, vejamos:
E aqui, mais uma vez, vamos buscar o ensinamento perene do sociólogo Fernando Henrique Cardoso, de que ELITE representa a vanguarda, o que há de melhor na sociedade, ou seja, o melhor do futebol foi o Pelé, o melhor do movimento sindical foi o Lula, o melhor empresário é o Antonio Ermínio de Moraes, o melhor do basquete foi o Oscar Schmidt, o melhor da medicina é o Adib Jatene e o melhor jurista foi Rui Barbosa...
Com o mesmo enfoque, o grande Estadista Paulista – fundador da USP! – Armando de Salles Oliveira deixou sua opinião:”A Universidade cria as elites. E a crise brasileira não é popular, mas das classes superiores; não é das massas, mas dos que devem dirigi-las e não se acham preparados, nem conjugados para lhes imprimir direção...São Paulo compreendeu isso e vai iniciar a grande marcha. A Universidade que estamos fundando, servida por especialistas eminentes, vai formar e diciplinar para a vida pública, para as necessidades de sua política e de sua ciência, a primeira geração homogênea, depois da República...”
É isso, Reinaldo. Mantenha sua posição e encare os petralhas, como você diz. É preciso que o populismo chulo de hoje, é preciso que essa política aviltante e periférica, horizontal, cevada de demagogia, plena de mentiras, sem compromissos e desonrada SEJA posta a público e desmascarada. Avante!
Caminho novo! Isso é que é importante! Quero saber para onde eu vou e para onde vai o meu país! É como disse uma vez o FHC, chega de hem, hem hem!!! O povo vai bem quando as suas lideranças assumem uma postura moderna e decidida. O Brasil é um país que está sendo admirado no mundo todo por suas riquezas naturais, pela miscigenação de seu povo, pela capacidade de trabalho e de criatividade de seus jovens e pelas soluções inteligentes que tem dado à substituição da gasolina pelo etanol, por exemplo, que está sendo seguido até pelos EUA. A hora é agora. A oposição tem que ter um projeto concreto de governo e passar a fazer um acompanhamento crítico de cada setor da administração federal. Marcação homem a homem. Sem politicagem, mas sem medo. Vamos em frente! (bastosgustavo32@yahoo.com.br)
O homem (Serra) começou estourado na frente das pesquisas. Mas subiu no salto alto. Demorou para assumir a candidatura. Depois, “dançou” com a negativa do “traira” do Aécio. Depois, não aceitou a vice para o Senador Álvaro Dias. Depois...bem, depois, foi uma atrás da outra. Centralizou a campanha na “cabecitona” dele... Nem a “bolinha de papel” que lhe atiraram no Rio o fez “acordar”. Dizem que vai ser candidato a Prefeito de São Paulo. Atenção FHC e cúpula: ele perde! É, esperem e verão...Vai dar Fernando Hadad. O Lula já preparou tudo. Será o “velhinho” teimoso contra a jovem promessa do PT... (jair.castro66@yahoo.com.br)
Eu concondo com a necessidade: precisamos de um estadista. Não há dúvidas a este respeito. Mas esbarramos em um problema ainda maior do que a falta deum estadista. Esbarramos na fragilidade intelectual daqueles que poderiam se candidatar ao cargo. Pios ainda, esbarramos na capacidade moral dos pretensos estadistas. Pelo menos os nossos. Quem poderia realmente vestir esta camisa, sentar nesta cadeira, assumir o posto, sem que não tenha ou uma célebre incapacidade de liderar para o futuro, ou a inacreditavel capacidade de ser honesto. Incrível, que em nosso país político, a capacidade de ser honesto seja assim pronunciada: inacreditável.
Mas, concordo, precisamos de um estadista e pra já!
Aluísio Batista Lima Filho (bemestarsaudeenutricao.blogspot.com)
É importante que se leia com atenção o que escreveu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, vejam este trecho:
“Pois bem, a imensa maioria destes grupos – sem excluir as camadas de trabalhadores urbanos já integrados ao mercado capitalista – está ausente do jogo político-partidário, mas não desconectada das redes de internet, Facebook, YouTube, Twitter, etc. É a estes que as oposições devem dirigir suas mensagens prioritariamente, sobretudo no período entre as eleições, quando os partidos falam para si mesmo, no Congresso e nos governos. Se houver ousadia, os partidos de oposição podem organizar-se pelos meios eletrônicos, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates verdadeiros sobre os temas de interesse dessas camadas”
O que ele propõe é uma nova forma de fazer política. Os militantes partidários terão que sair das sedes do partido e partir para a nova realidade da comunicação global (internet, facebook, Orkut, twiter, blogs, noticiário na rede, etc). O mundo está mudando e nós temos que mudar também. E ousar. Deixe o pessoal do PT “mamando nas gordas tetas”, dando bolsa família e partamos para o trabalho político que dá resultado. É só ver o que está acontecendo no mundo! Acontecerá aqui, também. Parabéns FHC, até que enfim!!!
(maria-de-lourdes2004@hotmail.com)
Caro Delmanto,
Não sou um pessimista. Acho até que faço parte do time dos otimistas. Mas também sou realista. Não vejo lideranças maduras. Veja interesses. Não vejo estadistas. Vejo "candidatos" loucos pelo poder.
Talvêz e é triste pensar assim, seja porque não existem estadistas, líderes reais, e assim sendo já estamos derrotados.
Prefiro pensar que não seja a política (pois ela é feita por pessoas) mas sim o fato de não sermos capazes de elaborar e exigir que seja cumprido, metas e projetos sociais relevantes, para o bem de todos. Somos egoístas e mesquinhos (vou pedir a palavra emprestada ao amigo).
Mas, e apesar de tudo, continuo a acreditar.
Aluísio Batista Lima Filho (bemestarsaudeenutricao.blogspot.com)
Caro Delmanto,
Primeiro é um privilégio ser parceiro do amigo em qualquer empreitada. Ainda melhor em uma cruzada democrática. Tens razão, muitas vozes juntas, com propósitos "limpos" podem fazer diferença.
Grande abraço.
Aluísio. Aluísio Batista Lima Filho (bemestarsaudeenutricao.blogspot.com)
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