maio 29, 2011

CHEGA DE SAUDADE...

Na segunda metade dos anos 50, o mundo e o Brasil estavam experimentando uma série de novidades...O rock estava surgindo e abalava as estruturas conservadoras da sociedade, com mudança de costumes, principalmente entre a juventude. No Brasil, até a música tradicional - o samba! - sofria uma mudança significativa: uma batida diferente. Parecia jazz ou blues... Era a Bossa Nova. Uma nova música, o rock-and-roll mudando os costumes e abalando as estruturas. Elvis Presley, James Dean e a juventude transviada... Eram os novos tempos... Na sociedade dos após guerra, a palavra de ordem era a reconstrução, a modernidade, a ousadia nos empreendimentos. Novas concepções de espaço e novas posturas arquitetônicas: a Pampulha, em BH e o Ibirapuera, em SP, eram o sinal de geniais profissionais (Burle Marx e Oscar Niemayer) do que seriam os anos 60 com a construção da Nova Capital - BRASÍLIA!
Conheça a Bossa Nova e João Gilberto/veja e leia aqui


E eu acompanhei e vivenciei toda essa mudança. Era o segundo semestre de 1958, na capital paulista e o cenário era o imenso páteo interno do Liceu Coração de Jesus, dos padres salesianos. Eu, com os meus 13 anos, gostava de acompanhar nos intervalos das aulas e das atividades de estudo, os hit-parades musicais. Com meu radinho portátil de pilha (SPIKET-200), estava sempre por dentro das paradas de sucesso e não perdia nenhum jogo do Palmeiras...(o Campeão de 1958 só poderia ter sido o Santos, com o Pelé no seu auge, fazendo 56 gols no campeonato).
João Gilberto o Pai da Bossa Nova/leia aqui
Ministério da Cultura apóia comemoração dos 80 anos de João Gilberto/aqui
E numa dessas tardes, sentado ao lado do campo de futebol, comecei a ouvir uma música totalmente diferente, um outro ritmo, com uma voz “ao pé do ouvido” e uma letra fenomenal: era “Chega de Saudade”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. O Cantor: João Gilberto. Posso dizer que foi paixão ao primeiro acorde. Eu, interno na capital, estava descobrindo um mundo novo, uma liberdade individual desafiante, amigos os mais diversos e, agora, o enlêvo por uma letra, cantada baixinho, mostrando o amor como eu gostaria que fosse, mesmo porque ...


”...pois há menos peixinhos a nadar no mar do que os beijinhos que eu darei na sua boca...”




“Chega de Saudade”/ João Gilberto & Caetano Veloso/vídeo aqui
“Garota de Ipanema”/João Gilberto & Tom Jobim/vídeo aqui


O período em que estudei no Liceu Coração de Jesus - a Casa de Dom Bosco -, foi especial para mim. Ganhamos o Campeonato Estadual de Fanfarras, participamos de programa, ao vivo, na TV Record, tocando com um orgulho de verdadeiros vencedores.


Na galeria de ex-alunos do Liceu, encontramos o ex´presidente Jânio Quadros, os ex-governadores Carvalho Pinto e Franco Montoro, o escritor Monteiro Lobato, o Prof. Zeferino Vaz, o músico Toquinho, Grande Otelo e entre tantos outros destacados cidadãos, o meu avô materno, Manoel Camargo de Moraes... Bons tempos... Saudades...

Bossa Nova, Beatles/Edi Cavalcante/aqui
“Chega de Saudade”/João Gilberto & Tom Jobim/vídeo aqui

Mais de 50 anos depois, a mesma magia quando João Gilberto faz 80 anos! Considerado o Pai da moderna música brasileira, ele marcou gerações de brasileiros com sua inconfundível batida em músicas que se tornaram clássicas da Bossa Nova. Mostrou, também, que músicas tradicionais do nosso cancioneiro popular poderiam ser tocadas com essa nova forma por ele consagrada.
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Em pleno século XXI, a Bossa Nova está esperando por uma releitura que a coloque - com o destaque que tem em todo mundo (a música “Garota de Ipanema” é mundialmente a mais tocada) - como a definidora do perfil alegre e positivo do brasileiro!

Parabéns João Gilberto! Felicidades! Sucesso!

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Armando. Muito boa essa viagem no tempo. Boas lembranças para todos nós. O país vivia um desenvolvimento grande e o povo estava com um “pique” bem positivo. E o nosso João Gilberto começava a conquistar a juventude com seu ritmo diferente e envolvente. Chega de Saudade, Garota de Ipanema, O Barquinho, Samba de Uma Nota Só, Desafinado, O Pato e tantas outras musicas inesquecíveis. Seguramente foram os “Anos Dourados”... Um “revival” seria bom... (carla.bueno2011@bol.com.br)

requeri disse...

não abro mão da vaidade e do privilégio de ter vivido minha adolescência naqueles incríveis anos das décadas de 1950 e 1960.

Anônimo disse...

Quem gostava dos vozeirões do Orlando Silva, do Francisco Alves do Jorge Goulart, começou a ver que a música na precisa ser cantada no tom mais alto. A boa música, com letra inteligente e bem cantada é uma boa. Com letra de Tom Jobim e letra do “poetinha” Vinicius de Moraes, a música “Chega de Saudade” só poderia impactar de forma total. Eu vivi essa época e dei os meus primeiros passos nos bailinhos do colégio. Tocava violão, mais ou menos, mas conseguia muito bem fazer o acompanhamento das músicas da bossa nova. E a meninada gostava. Tocar violão já era um plus...Belos tempos, belas lembranças... (jair.castro66@yahoo.com.br)

Edi Cavalcante disse...

Oi, Delmanto,
nada como experiências vividas, sentir no momento do acontecimento o impacto primevo, inícios de novas eras. Acho muito legal conhecer as impressões pessoais de cada um. Tantas coisas fundamentais que aconteceram, que fica difícil compilar em um blog. Mas você faz isso de forma muito viva. E agradeço por participar do seu blog.
Um abraço,
e.c./impressões dos anos 60

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