9 de Julho de 1932 !
Resgatar. Recuperar. Retomar o Espírito Cívico da Revolução Constitucionalista de 1932.
“De tanto ver triunfar as nulidades;
De tanto ver crescer as injustiças;
De tanto ver juntarem-se os poderes
nas mãos dos maus;
De tanto ver o caráter diminuir-se
da virtude;
O homem chega a rir-se da honra e
envergonhar-se de ser honesto”.
Rui Barbosa
Esse é o nosso objetivo: lançar as bases para que se possa resgatar, recuperar e efetivamente retomar o espírito cívico que norteou os paulistas na luta pela volta do país ao Estado de Direito, através da convocação da Assembléia Nacional Constituinte. Esse era compromisso claro na mobilização para o Movimento de 1930, descumprido pelo Governo Provisório e que levou São Paulo a pegar em armas em 1932: a volta ao Estado de Direito e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte para a elaboração de uma Constituição Democrática.
Foi o maior movimento cívico vivido pelo povo brasileiro.
Apesar do movimento revolucionário de 1930 ter recebido amplo apoio das forças e lideranças políticas paulistas, os seus objetivos foram fraudados pelo caudilhismo, representado por Getúlio Vargas. Uma vez instalado no Poder, Vargas passou a governar fora do Estado de Direito, violando as mais elementares regras democráticas.
O Congresso Nacional, as Assembléias Estaduais e as Câmaras Municipais foram fechadas, todos os Governadores dos Estados (Presidentes) foram depostos e a Constituição de 1891 (preparada por Rui Barbosa) foi revogada. O caudilho Vargas passou a governar o Brasil através de Decretos-Leis (1930/32).
São Paulo assumiu a liderança de exigir o retorno do país ao pleno Estado de Direito. A insatisfação grassava por toda parte e a permanência, que não era provisória, dos governantes federais no poder era a negativa do ideário pregado para o sucesso do movimento de 30.
De início, com o apoio de vários Estados da Federação, principalmente do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, sendo certo que os gaúchos tiveram papel significativo no incentivar, mobilizar e apoiar a tomada de posição dos paulistas. No entanto, o grande poder de cooptação do Poder Central conseguiu isolar São Paulo. Sozinhos, os paulistas levantaram a Bandeira da Constituição.
A Revolução Constitucionalista objetivava, tão somente, autonomia administrativa, eleições e Constituição, ou seja, a volta do país ao pleno Estado de Direito. E, a partir daí, realizar a tarefa de modernizar o país, erradicar as injustiças e os erros que um regime político em descompasso com a evolução da humanidade não havia conseguido captar na Primeira República. Nada de separatismo como apregoavam os asseclas do Ditador...
A mobilização foi unânime! As diferenças político-partidárias ficaram para trás. São Paulo soube compreender o momento cívico que estava vivendo e soube levantar, bem alto, a Bandeira da Legalidade!
E o coração de São Paulo havia sangrado no final de maio/32 quando, numa manifestação da população paulistana com a presença de muitos estudantes de direito, pela autonomia de São Paulo e a favor da Constituinte, houve violenta repressão policial. Da ação violenta contra a população, quatro estudantes paulistas foram assassinados: Euclides Miragaia, Mário Martins de Almeida, Dráusio Marcondes de Sousa e Antônio Camargo de Andrade. As siglas dos nomes dos mártires (Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo) deram origem ao MMDC, entidade que passou a representar a “alma dos paulistas” na luta que se iniciou a 9 de julho de 1932 contra um Governo Provisório (e que nada tinha de provisório) que não respeitava a autonomia de São Paulo e nem o Estado Democrático de Direito.
A participação da intelligentzia paulista na mobilização da população foi fundamental. A nossa intelectualidade tomou posição firme, quer através do trabalho da pena, quer pela força da palavra, assumindo com a clareza de suas idéias a imprensa, a tribuna parlamentar, os pronunciamentos nos comícios e nos microfones radiofônicos. Resumindo: a mobilização cívica da população!
Todos sabem o desfecho dessa que foi a mais importante ruptura da unidade nacional: a guerra civil de 32, levando irmãos ao mais grave enfrentamento. Os gaúchos – salvo algumas lideranças democráticas que mantiveram a palavra de incentivo e apoio irrestrito – abandonaram os paulistas. O mesmo ocorreu com os mineiros e com as forças militares da capital federal. São Paulo restou sozinho na batalha para poder gerir a si próprio e pelas eleições e pela Constituição Democrática.
São Paulo não ganhou a guerra civil, desproporcional sob todos os aspectos, mas saiu vitoriosa, indiscutivelmente, saiu vitoriosa: o Ditador Getúlio Vargas teve, essa é a verdade, teve que convocar as Eleições Constituintes !
Haviam conseguido “brecar” São Paulo pelas armas, mas o povo brasileiro já havia sido “contaminado” pelo patriotismo e pelo desejo de ver o Estado de Direito reimplantado no país! Os ideais constitucionalistas da Revolução de 32 fincaram profundas raízes no sentimento patriótico do povo brasileiro. O Ditador Vargas não teve outra opção se não a convocação da Assembléia Nacional Constituinte. Na Câmara Federal e nos Estados, foram eleitos os Deputados Constituintes com a missão de elaborar a Constituição de cada unidade federativa.
Com o objetivo de resgatar a atuação valorosa dos paulistas é que fizemos esta interpretação histórica da epopéia cívica de 1932. Esse o cenário real em que se desenvolveu a luta armada e é a mais bela página do exercício da cidadania pelo povo paulista.
7 comentários:
Delmanto, achei muito oportuna e cívica essa sua manifestação por 9 de Julho de 32. É preciso que o Governo Paulista, através da Secretária da Educação realize uma grande campanha explicando o valor da Revolução Constitucionalista Paulista de 1932. Do jeito que está virou APENAS um feriado para ser aproveitado!
Foi o mais importante evento cívico de São Paulo, a única Guerra Civil do Brasil e que alcançou os seus objetivos, pois tudo o que era pleiteado foi conseguido: a Autonomia dos Estados, a Convocação de uma Constituinte e a volta do país ao Estado de Direito. De 1934 a 1937 o Brasil viveu a plena Democracia até o Golpe Militar que implantou a Ditadura do Estado Novo. Os paulistas podem aproveitar o feriado MAS PRECISAM saber do valor que teve a Revolução e dos benfícios que ela trouxe para todo o Brasil.
(bastosgustavo32@yahoo.com.br)
A alegada posição separatista da Revolução Constitucionalista de 32 não conseguiu a credibilidade que a maciça propaganda da Ditadura objetivou. E, nesse sentido, a reação enérgica e imediata de Armando de Salles Oliveira: “Como pode ser separatista um povo que, nos tempos coloniais, dilatou as fronteiras da pátria e deixou em todos os recantos do território nacional a marca de sua passagem! Como pode ser separatista um povo que, no correr da vida independente da nação, veio mostrando sempre, por uma série de atos expressivos, o seu amor ao Brasil e revelando, por todas as formas, os seus sentimentos de fraternidade para com todos os membros da grande família brasileira! Como pode ser separatista um povo de inteligência viva e, portanto, um povo capaz de compreender a estupidez que seria o abandono de uma pátria imensa para constituir uma pátria minúscula! Como pode ser separatista um povo que, jamais, hesitaria em dar o seu sangue, a sua fazenda e a sua vida para que o Brasil não perdesse uma polegada sequer do território nacional!”
A esperteza e a capacidade do Ditador Getúlio Vargas em cooptar seus adversários políticos sempre foi reconhecida. Assim, em agosto de 1933, em um gesto próprio de quem tem a inteligência e a sagacidade para ficar discricionariamente 15 anos no poder central (1930/1945), estendeu aos paulistas, sem limitações, as reivindicações mais prementes que levaram à deflagração do movimento insurrecional paulista: a autonomia na gestão do governo paulista e a fixação das datas das eleições constituintes.
São Paulo lutou pela autonomia administrativa dos Estados Federados e pela volta ao Estado de Direito. Valeu a luta! A CONSTITUIÇÃO Brasileira de 1934 FOI A MAIS DEMOCRÁTICA DA NOSSA HISTÓRIA!!!
Muita gente não se lembra ou é muito nova. Meu pai sempre comentava com orgulho a atuação de São Paulo contra o ditador Getúlio Vargas. Basta lembrar que ele mandou queimar, em praça pública, as Bandeiras de todos os Estados. Era só o Poder Central, como Hitler e Mussolini. Centralizou as decisões de governo e acabou com a federação. Passou a nomear os governadores e até os prefeitos municipais. Graças à Revolução Constitucionalista , o voto passou a ser secreto nas eleições de 1933 e de 1934. E tem mais, a mulher ganhou o direito de votar. São conquistas que são o alicerce da nossa Democracia ainda em construção. São Paulo precisa voltar a ter força política e estabelecer um grande Plano de Metas para que o Brasil alcance um desenvolvimento sustentável em pleno Estado de Direito. (jair.castro66@yahoo.com.br)
Prezado Delmanto, foi ótima a palestra do pe. Marins de ontem, não? E sua apresentação também foi muito boa. Parabéns também, pela sua lembrança do 9 de julho. A memória cívica do brasileiro é péssima, nunca se divulga nada nas datas especiais da nacão, como o Tiradentes. Mito sobre o martírio ou não, é um símbolo (um dos únicos) que temos do heroismo patriótico. Ninguém comenta nada, todo mundo só quer gozar o feriado. Idem sobre 9 de julho. O feriado (e algum evento cívico) deveria acontecer no estado todo, não só em São Paulo. Melhor dizendo, no país todo, pelo que 32 representou. Naquele tempo era a ditadura getulista, agora é muito pior. Pois temos estado de direito, temos constituição, mas não temos democracia. Pois democracia não é sinônimo de anarquia. Quer mais motivação para acontecer um novo "32"? Ou pelo menos uma manifestação popular tipo estudantes franceses anos 60? Que acabou revolucionando o mundo? Onde está a juventude? Adormecida e "entorpecida"...
Uma sugestão: dá para mudar o fundo da coluna "comentários"? Na casa dos 70, com catarata operada mas não bem realizada, fica difícil ler na cor marron. Abraços do Tião.(jspmendes@hotmail.com)
São Paulo é a maior cidade nordestina do país, sabiam? São Paulo não discrimina e nunca discriminou. Tivemos a Prefeita Luiza Erundina como Prefeita, com muita honra. O Lula mora em São Bernardo mas é de Pernambuco. Aqui, no Estado de São Paulo, todo o Brasil está representado. São Paulo é o Brasil, sim senhor! Esse Fernando Henrique é carioca. O famoso Jânio Quadros era paranaense. Quer mais? São Paulo ama o Brasil!!!
(ludmila.cunha@yahoo.com.br)
Boa postagem, Delmanto. É preciso mostrar para esses falsos brasileiros que São Paulo é o Brasil. Desde os Bandeirantes que estamos lutando para manter a unidade da Pátria. E é para ficar esperto, porque São Paulo nunca foi tão discriminada como nos 8 anos do governo do PT e que está continuando neste governo da Dilma. Aquele Ministro do Esporte, cara de pau, está fazendo tudo para excluir São Paulo da Copa do Mundo. Já se uniu ao “corrupto maior” que é o Ricardo Teixeira que também odeia os paulistas. É coisa desse partido fajuto, o P C do B, que se diz comunista e só mama nas tetas do governo. Aquele Aldo Rebelo, também, se diz comunista e foi o grande defensor do agronegócio na votação do Código Florestal. Comunista só para inglês ver... Aqui no Brasil, tirando o Roberto Freire, que é de confiança e homem sério, o resto só se diz comunista para ganhar espaço. Já foi dito que se o Fidel Castro e o Che Guevara dependessem dos comunistas do PC do B para derrubar a Ditadura de Batista, estariam até agora em Sierra Maestra...É isso aí. Punto e basta!
(bastosgustavo32@yahoo.com.br)
Somente hoje é que tomei conhecimenot de seu blog.
CARO DELMANTO, como presidente da Sociedade Veteranos de 32-MMDC congratulo-me com o seu interesse em preservar viva a EPOPÉIA DE 32.
No MMDC fazemos isso com certo denodo e ficamos contentes em saber que mais pessoas alimentam a mesma finalidade.Estamos criando núcleos pelo interior de S Paulo e, em um ano e meio conseguimos fundar 16 desses núcleos.
Postar um comentário