abril 06, 2012

Economia Insegura – artigo de Arthur Virgílio


ECONOMIA INSEGURA

                                          *ARTHUR VIRGÍLIO

          Na semana da primeira eleição de Lula, em 2002, o real bateu sua menor cotação frente ao dólar: US1 = R$3,95. Daí em diante, a moeda só se valorizou, registrando pequeno recuo em meados de 2004 (época do mensalão) e ao longo do último trimestre de 2008, no rastro da crise mundial.

          Até antes da crise de 2008, quando o real experimentava constante valorização, os empresários não davam sinais de desespero, porque o mundo crescia e as commodities viviam preços esplendorosos. Logo que a crise se estabeleceu, porém, empurrando para baixo os preços das commodities, as moedas em geral se desvalorizaram fortemente face ao dólar, bancos quebraram, parecia o fim do mundo.

          A recuperação foi rápida. Os bancos centrais mundiais agiram com presteza, despejando liquidez no sistema financeiro, e o panorama começou a mudar para melhor. Mas foi melhora desigual. Depois de quase quatro anos de turbulências, alguns ativos retornaram aos patamares de 2008, como as bolsas americanas, a Bovespa chegando perto disso, claro que em termos nominais, isto é, sem considerar a inflação do período.

          Já os preços das commodities, setor vital para o Brasil, medido pelo índice Reuters/JeffereisCRB, utilizado pelo sistema financeiro e composto por 19 produtos cotados nas bolsas de Nova Iorque e Chicago, que tinha atingido a máxima no início de julho de 2008 (474 pontos), atualmente ainda se encontra na casa dos 300 pontos. Mesmo com a recuperação do preço do petróleo, que representa 30% do total do índice.

          O real vinha sendo um aliado do governo. Desde janeiro de 2003, conheceu valorização de 92,6%. Quando a moeda se valoriza, a sensação de riqueza das famílias aumenta, a inflação fica mais contida (os produtos importados chegam mais baratos ao país), as pessoas viajam para o exterior, os empresários importam máquinas novas e matérias primas a preços baixos.

          Isso, no entanto, deveria vir acompanhado de atitudes governamentais. O Brasil atravessou a bonança sem aproveitá-la. Não prosseguiu com as reformas que Fernando Henrique havia iniciado, não investiu na modernização da infraestrutura, não cuidou de educação, saúde e segurança, aceitou conviver, passivamente, com a intolerável carga tributária que nos asfixia o futuro.

          Agora que os preços das commodities pararam de subir, a inflação voltou a incomodar e todos sabemos que taxas acima de 5% por período prolongado tornam qualquer economia mais insegura. O governo erra, faz populismo. A conta agora se apresenta para ser paga.

          O “pacote” anunciado por Dilma e Mantega é tímido, paliativo, atrasado (protecionista, revive as nocivas reservas de mercado), aumenta a carga tributária e privilegia alguns setores econômicos (pródigos em financiar campanhas eleitorais), em detrimento da sociedade.

          A economia brasileira não vai bem.

          *Diplomata, foi líder do PSDB no Senado
 
                       

2 comentários:

Anônimo disse...

A presença do ex-senador Arthur Virgílio, com seu artigo neste post, vem confirmar meu comentário no post anterior e nos mostra que temos bons políticos e que precisamos prestigiá-los.
Nós precisamos dos bons políticos para MUDAR este País!!!
O meu comentário foi o seguinte:
“Sou, mas quem não é?” (personagem de Chico Anysio).
“Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra” (máxima bíblica)
ATENÇÃO” CUIDADO! Os aloprados e os petralhas querem fazer crer que TODOS são CORRUTOS! E NÃO é verdade!
Uma grande maioria é, sim , CANALHA! Mas tem muita gente boa na política!
Vamos VARRER os CORRUPTOS, mas vamos prestigiar os bons políticos. É com eles que vamos MUDAR este país!!! (bastosgustavo@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Delmanto, é aquela velha história do “me engana que eu gosto”...
Mas nestes últimos sete/oito anos a economia brasileira está correndo um sério risco: o abandono de uma política de industrialização, com medidas efetivas que impeçam que setores industriais importantes virem sucatas obsoletas! Essa política cambial está sufocando o setor produtivo da Economia Brasileira e prestigia o capital especulativo que encontra, no Brasil, os maiores juros do mundo! Nunca o Bancos ganharam tanto dinheiro. O Brasil virou um paraíso fiscal para os Especuladores do Capital. É preciso uma reação urgente, caso contrário, o Brasil se transformará em mero fornecedor de matérias primas para os países desenvolvidos industrialmente. (bastosgustavo@yahoo.com.br)

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