julho 02, 2012

Luis Arrobas Martins:
Mecenas da Cultura Paulista


 No dia 03 de julho será comemorado o 35º Aniversário do falecimento de Arrobas Martins.

Nascido em Jaboticabal, em 30 de maio de 1920, Luis Gonzaga Bandeira de Mello Arrobas Martins, viria a marcar positivamente a cultura paulista, com suas iniciativas que definiram o nosso perfil cultural. Formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), Arrobas Martins se destacou na luta contra a Ditadura de Getulio Vargas e na campanha a favor da entrada do Brasil na 2ª. Grande Guerra ao lado do Aliados e contra o Nazismo e o Facismo.
Sempre militando para a conscientização democrática  da população paulista, Arrobas Martins ocupou os cargos de Secretário de Planejamento e Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, no governo de Abreu Sodré e de Secretário de Estado Chefe da Casa Civil no governo de Paulo Egydio Martins. Ocupando cargos técnicos, dedicou-se à estruturação da cultura no estado
No governo Abreu Sodré, idealizou o Festival de Inverno de Campos do Jordão e a organização dos museus: Museu do Palácio da Boa Vista, Museu da Imagem e do Som, Museu de Arte Sacra de São Paulo e Museu da Casa Brasileira. Privilegiou o modernismo brasileiro na pintura e na escultura e o barroco no mobiliário e nas imagens sacras. Pertenceu à Academia Paulista de Letras – APL, ocupando a Cadeira nº 13. Faleceu em São Paulo, no dia 03 de julho de 1977.
 Membros Efetivos da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS/1974. O Acadêmico Luis Arrobas Martins é o primeiro, em pé, da esquerda para a direita.
 
FESTIVAL INTERNACIONAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO “DR. LUIS ARROBAS MARTINS”
 Em 12 de abril de 1970, o governo Abreu Sodré declara o Palácio da Boa Vista como “MONUMENTO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO”, abrindo suas portas à visitação pública, nos moldes dos castelos e palácios europeus. Arrobas Martins fora o coordenador dessa importante iniciativa governamental. Para simbolizar essa iniciativa governamental, Arrobas Martins resolve fazer um evento nos moldes do FESTIVAL DE MOZART, de Salzburgo, na Áustria. Era o início de tudo. O “PRIMEIRO CONCERTO DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO”, convidando para a direção musical, os maestros CAMARGO GUARNIERI e JOÃO DE SOUZA LIMA.

Em 1971, já com a denominação de “FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO” é realizado também no Palácio da Boa Vista e em outros locais da cidade. Em 1972 e em 1974, não houve a realização do Festival. Destaque-se que, em 1973, o maestro Eleazar de Carvalho assume a sua direção musical, na qual permaneceu até seu falecimento em 1996, contribuindo para a consolidação e aprimoramento dessa importante manifestação cultural.
Em 1975, como Chefe da Casa Civil do Governo Paulo Egydio Martins, Arrobas Martins passa a coordenar diretamente as atividades ligadas ao Festival de Inverno. A prioridade passa a ser a construção de uma sede própria. Em um terreno, com uma vista magnífica, próximo ao Palácio da Boa Vista, é implantado um complexo arquitetônico sobre uma privilegiada colina.
O Festival de Inverno foi realizado pela última vez no Palácio da Boa Vista,em 1978. Em 1979, já foi realizado no “AUDITÓRIO CLÁUDIO SANTORO”. Em 1999, comemorou-se os 30 Anos do Festival de Inverno e os 20 Anos de sua realização no “Complexo Arquitetônico Cláudio Santoro”, com auditório para 950 lugares e demais instalações necessárias para o evento. Em 1978, um ano após o falecimento de Arrobas Martins, a Assembléia Legislativa aprova lei dando seu nome para esse importante marco cultural de São Paulo: “FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO “DR. LUIS ARROBAS MARTINS”.
Auditório Cláudio Santoro
O “Festival de Inverno de Campos do Jordão Dr. Arrobas Martins”, hoje, é uma robusta realidade e se multiplicou por todo o Estado de São Paulo, com as suas atrações percorrendo um circuito cultural a levar a boa música para todos os paulistas.
O 43º Festival de Inverno está sendo realizado desde o dia 30 de junho indo até 29 de julho.
EXPERIÊNCIA GOVERNAMENTAL INÉDITA


Em 1976, como assessor jurídico em reunião com o Dr. José Henrique Turner, presidente da CEAGESP, acionista majoritária da FRUTESP.

A vida da gente sempre fica marcada por momentos inesquecíveis, momentos que sinalizam, momentos que viram parâmetros para sempre! Eu sempre me recordo, com orgulho, de uma experiência profissional que tive na administração pública. Convidado pelo Dr. Arrobas Martins, Chefe da Casa Civil do Governo do Estado, assumi a assessoria jurídica da Frutesp, empresa estatal paulista. Hoje, na perspectiva do tempo reputo, sem falsa modéstia por ter participado da equipe, como uma ação modelar do Estado na recuperação econômica de uma região produtiva e com uma PRIVATIZAÇÃO positiva e de pleno sucesso. 


Eduardo de Paula Ribeiro e o Governador Paulo Egydio Martins provando o suco de laranja da FRUTESP.
Era empresa de suco de laranja, localizada em Bebedouro/SP, que havia falido e os produtores desesperados pediram ajuda ao Governo do Estado. Mas produzir suco de laranja não é atividade fim do Estado. Mas apoiar e reestruturar uma atividade produtiva de uma cooperativa regional, é!  

E o Governo do Estado desapropriou a Massa Falida e, para administrá-la, criou uma empresa estatal: a FRUTESP – AGRO INDUSTRIAL. E para presidi-la, com a ousadia de um Estadista, o então governador Paulo Egydio Martins convocou um jovem administrador de empresas, Eduardo de Paula Ribeiro, formado pela Fundação Getúlio Vargas/SP e já atuante no setor do comércio exterior.
A empresa era eminentemente comercial, voltada ao mercado externo para onde deveria exportar o suco de laranja. No primeiro momento, reparação do maquinário e sua complementação. Depois, ah!, depois é que era o mais difícil! A produção de laranjas estava garantida pela Cooperativa dos Produtores da Região. Mas como conquistar o mercado externo?!?
Numa primeira etapa, conseguiu-se, com a participação pessoal e única do presidente da empresa (a empresa tinha no máximo dez pessoas em sua sede administrativa na Capital, sendo a fábrica localizada em Bebedouro), uma parceria com empresários israelenses que dominavam o mercado internacional do suco de laranja.
A produção da FRUTESP, dentro das especificações técnicas do importador, era fornecida em barris que iam diretamente para Israel e lá eram, simplesmente, repintados com a marca do exportador final. Já no segundo ano de atividade, um problema começou a preocupar: o que fazer com os bagaços das laranjas processadas? Gerava um entulho difícil de descartar. Então, após estudos técnicos, comprou-se uma fábrica de processamento dos bagaços (importada por navio dos EUA), transformado-os em pellets (ração animal). Foi um sucesso.
Resumindo: no período de uma gestão governamental (4 anos) a empresa foi recuperada, ampliada e modernizada, conquistou-se o mercado externo e, antes do término do governo, privatizou-se a FRUTESP para a Cooperativa dos Citricultores da Região via Assembléia Legislativa do Estado. O Governo do Estado, com o bom desempenho da empresa, recuperou TODO o investimento feito e ainda teve lucro. É exemplo de boa gestão e de privatização positiva!
Essa, a lembrança que trago do homem público Luis Arrobas Martins.
UM PREFEITO COMPETENTE PARA SÃO PAULO 
No ano de 1969, o Estado de São Paulo vivia uma realidade política muito difícil. O então Ministro da Justiça, autor do AI -5, era Luiz Antonio da Gama e Silva. Já havia feito um “estrago” na USP, onde conseguirá cassar cerca de 30 professores efetivos, acusados de comunistas ou simpatizantes mas que eram, na verdade, apenas desafetos seus na política universitária. Assim, foram afastados, entre outros, os conceituados acadêmicos: Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso e Paulo Duarte.

O Sr. Gama e Silva tinha um sonho obsessivo: ser Governador do Estado de São Paulo. Após a edição do AI-5 - aberração jurídica e antidemocrática de sua lavra - , passou a fazer marcação firme sobre o Governo Abreu Sodré. Achava que no Governo Estadual, os participantes do Movimento dos Administradores Cristãos (Nelson Gomes Teixeira, Arrobas Martins e outros), além de outras autoridades, entre eles, com destaque, o Secretário da Educação (ex-Reitor da USP e desafeto na política universitária), o Prof. Ulhôa Cintra, eram simpatizantes da esquerda.

E, coincidentemente, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, uma semana antes de ser efetivada a sua indicação para Prefeito de São Paulo, o Dr. Arrobas Martins fez empolgante discurso exaltando os paulistas e a importância de São Paulo na luta contra os governos autoritários. Foi o que bastou para o Regime Militar ( sob a presidência do General Costa e Silva) indicar para o cargo de Prefeito, o Sr Paulo Salim Maluf. Era mais uma retaliação ao governo de São Paulo que se transformou em uma realidade política que deixaria sua marca de como governar sem ética e ao arrepio das tradições paulistas.

É REGISTRO HISTÓRICO!


7 comentários:

Anônimo disse...

Desde seu discurso inflamado e contundente feito nas sacadas da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, contra a Ditadura de Getúlio Vargas; desde o “Manifesto a favor da luta contra o nazi-facismo”, de sua autoria que mobilizou os estudantes universitários paulistas, ARROBAS MARTINS sempre pautou sua atuação pela defesa dos postulados democráticos e a favor de uma maior participação da população nas decisões governamentais.
Esse foi um Estadista! Foi um grande MECENAS DA CULTURA PAULISTA!
Estamos precisando de muitos “arrobas martins” para recolocar São Paulo nos trilhos e dar um choque cultural e educacional que, começando aqui, atinja todo o Brasil!
(danilo-gomes40@live.com)

Anônimo disse...

Já afirmamos que a presidente Dilma precisa se cercar de pessoas competentes e que possam colaborar para que o Brasil tenha uma gestão proativa e que mostre que não é só uma Economia em crescimento, mas que está, também, crescendo internamente, valorizando seu parque industrial, fazendo uma reforma tributária radical e realizar um “choque de gestão” na educação que eleve o país ao nível da Coréia do Sul. E um desses nomes raros é o do ex-Ministro de Minas e Energia e ex-Governador do Estado de São Paulo, PAULO EGYDIO MARTINS. Fez uma gestão memorável em São Paulo, nunca deixando aflorar (nem deixava aflorar!) a corrupção ou a demagogia. Teve como Prefeito de São Paulo, o Olavo Setubal que também realizou uma excelente administração, sem alarde ou demagogia política. E na CULTURA, delineou o perfil cultural paulista que, hoje, vemos que o fez com sucesso!
Atenção, presidente Dilma, vamos mudar esse jogo!
(haroldo.leao@hotmail.com)

Anônimo disse...

Apesar de 2 tentativas para acabar o FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO, em 1972 e em 1974, ele se consolidou e, hoje, representa o ponto alto da cultura paulista. E é um estrondoso SUCESSO! Muitas cidades do interior do estado já participam com seus Festivais de Inverno, apresentando atrações do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Daqui para a frente é só aprimoramento. Ampliar e transformar aquela bela cidade turística na Capital Paulista da Cultura!
(maria-de-lourdes2004@hotmail.com)

Anônimo disse...

Tenho um tio que trabalhou na Secretaria da Fazenda do Estado, no CODEC, ele sempre falava da seriedade e da competência do dr. Arrobas Martins. Era respeitado e admirado. Bem diferente da realidade atual em que nem se conhecem os dirigentes do estado. Boa essa lembrança. Ele merece.
(carlosantoniomascarenhas@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

ntão no longíco 1969 estava nascendo a carreira do brasileiro mais procurado em todo o mundo: Paulo Salim Maluf. Se ele for para qualquer um dos 168 países que tem ordem de prisão para ele...não voltamais...rsrsrs Esse foi um grande feito do Regime Militar!
São é que ficou envergonhado...
(bastosgustavo@yahoo.com.br)

Delmanto disse...

Em recente entrevista bombastica à TV, o ex-governador Paulo Egydio Martins relatou as dificuldades que teve ao conviver com os chamados “linha dura” do Exército e que queriam dar um rumo mais “firme” ao Estado Brasileiro. Nas instalações do 2º Exército, pelas palavras do Governador Paulo Egydio, Wladimir Herzog foi, sim, assassinado. Não houve suicídio. Já quando ocorreu o assassinato de um trabalhador, o comandante do 2º Exército foi afastado e, mais à frente, com a continuidade da atuação dos radicais, o General Geisel exonerou o General Sylvio Frota do Ministério do Exército.
Assim, mais um exemplo vem se somar à constante interferência dos “radicais” militares para o endurecimento do regime e tendo São Paulo, sempre, como vítima.
Luis Arrobas Martins, que combatera a Ditadura de Getulio Vargas como estudante de Direito, não deixou de se manifestar contra o “cerco” que estavam fazendo a São Paulo e deixando claro que a nossa tradição sempre foi de combater os regimes autoritários. Essa postura lhe custou a perda da nomeação para a Prefeitura de São Paulo.
E a REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932 aí está para não deixar ao esquecimento a bravura e o idealismo dos paulistas que lutaram pelo restabelecimento do Estado de Direito e por uma Constituição Democrática. Perderam a guerra civil, MAS CONSEGUIRAM com que fosse convocada uma Constituinte e restabelecida a normalidade democrática. Então...VENCERAM!!
E isso. É REGISTRO HISTÓRICO!

Anônimo disse...

Muito Obrigado pela dedicação ao meu Avó, Luis Arrobas Martins.
Foi um grande incentivador da cultura e de políticas públicas honestas!
Nunca tive a oportunidade de conhecê-lo, mas essas dedicatórias me deixa feliz por saber que meu avó era um Homem correto!

Obrigado
Renato Arrobas Martins Gomide

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