PAULO SÉRGIO PINHEIRO
Eu o conheci durante o governo democrático de Franco Montoro (1983/1986): ele era assessor especial para assuntos ligados aos Direitos Humanos e eu atuava na equipe vinda da CESP para reestruturar o setor de mídia institucional do Governo do Estado. Ficamos 1 ano nesse trabalho e retornamos para a CESP. Na CESP, trabalhei na mesma diretoria em que trabalhava a sua esposa como historiadora, fazendo o registro histórico da Memória/CESP.
Tivemos apenas dois contatos, mas fiquei impressionado com a firmeza com que ele defendia seus argumentos, em seu característico sotaque carioca. Aliás, na gestão de Franco Montoro à frente do governo paulista, grandes nomes da “intelligentzia brasileira” formavam a estrutura humana de um dos mais democráticos governos de São Paulo. No governo federal, convocado por Fernando Henrique Cardoso estruturou os Direitos Humanos para o país.
O curriculum vitae de Paulo Sérgio Pinheiro é riquíssimo, tendo sido professor em várias Faculdades de Direito, tendo atuado na USP na área de Direitos Humanos, Paulo Sérgio fez sólida carreira, granjeando uma ampla respeitabilidade nos meios acadêmicos brasileiros e internacionais. Paulo Sérgio de Moraes Sarmento Pinheiro, nasceu no Rio de Janeiro, em 1944, é casado, pai de três filhos e tem dois netos. É advogado e diplomata.
Na ONU, exerceu o cargo de Relator Especial para a situação dos Direitos Humanos de Myanmar. Em 2011, foi nomeado Coordenador (Chairman) da Comissão Internacional de Inquérito para a Síria. Foi escolhido, pessoalmente pela presidenta Dilma Rousseff, para ser um dos sete membros da COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE que irá apresentar, em dois anos, um relatório com explanações e conclusões sobre os crimes cometidos durante a vigência do REGIME MILITAR (1964/1984).
A presidenta Dilma e os integrantes da comissão se aplaudem: da esquerda para a direita: José Carlos Dias, Maria Rita Kehl, Rosa Maria Cardoso da Cunha, Paulo Sérgio Pinheiro, José Paulo Cavalcanti e Gilson Dipp. Acima, da esquerda para a direita: José Sarney, Luís Ignácio Lula da Silva, Michel Temer, Fernando Henrique Cardoso e Fernando Collor de Mello. (Foto: O Globo)
Não é uma unanimidade nacional. E para que este artigo em sua homenagem seja completo, vamos citar a opinião de João Quartim de Moraes sobre Paulo Sérgio:
“Paulo Sérgio Pinheiro é capaz de falsificações intelectuais como a que denunciei no segundo volume de A esquerda militar, publicado em 1994. O texto é um pouco longo, mas é preciso contextualizar a impostura do tucano pedante. Quem dispensar o contexto, pode ir direto à nota 2 e verá o grau de confiança que merece o supra-referido, agora consagrado ao trabalhinho sujo de ajudar a preparar o clima para o ataque imperialista à Síria. Se um dia ele quiser vender uma carro usado, já sabem...”
“Violência na Síria teve escalada 'dramática', diz Paulo Sérgio Pinheiro
Diplomata brasileiro afirma que há tantos casos de violação dos direitos humanos que é impossível investigar todas as denúncias
AE - Agência Estado – 17/09/2012
“GENEBRA - O diplomata brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, chefe da comissão da Organização das Nações Unidas (ONU) que investiga as violações dos direitos humanos na Síria, apresentou nesta segunda-feira, 17, um relatório em Genebra sobre a situação no país, convulsionado pela guerra civil. "As violações brutais dos direitos humanos cresceram em número, velocidade e escala", disse Pinheiro aos diplomatas reunidos na cidade. Pinheiro disse, ainda, que as violações dos direitos humanos passaram a ocorrer em uma escala tão grande que é impossível investigar todas as denúncias. "Os civis, grande parte deles crianças, estão sofrendo o choque da espiral da violência", afirmou o diplomata.
Pinheiro descreveu uma "escalada dramática, ataques indiscriminados contra civis na forma de bombardeios aéreos e de artilharia, dirigidos contra bairros residenciais". O diplomata lamentou um "desrespeito preocupante com as regras estabelecidas para um conflito armado".
O relatório de Pinheiro, baseado em visitas dos investigadores, afirma que o regime do presidente Bashar Assad, e a oposição síria em uma extensão menor, cometeram crimes de guerra durante a revolta., que já dura 18 meses. Pinheiro disse que a comissão "recomendou que nosso relatório seja apresentado ao Conselho de Segurança para que ele delibere sobre a situação e tome uma ação apropriada em vista da gravidade das violações, abusos e crimes perpetrados por tropas do governo, pela shabiha (milícia do governo, "fantasmas" em árabe) e por grupos opositores ao governo".
Ativistas sírios afirmam que mais de 23 mil pessoas foram mortas desde que a revolta contra Assad estourou em março de 2011. A ONU informou na semana passada que mais de 250 mil sírios estão registrados como refugiados, enquanto mais de 1 milhão foram deslocados dentro do país. Soldados do governo e da oposição têm executado inimigos aprisionados e acredita-se que dezenas de milhares de pessoas tenham sido presas e muitas torturadas.
4 comentários:
A Diplomacia Brasileira já teve seus períodos de glória...
O Itamaraty contou com exemplares representantes que honraram a tradição de paz do país e conseguiram expressivas vitórias diplomáticas, como o Barão do Rio Branco, Joaquim Nabuco, Rui Barbosa, Assis Brasil, Santiago Dantas , Afonso Arinos de Melo Franco e tantos outros servidores exemplares!
Alceu de Amoroso Lima (Tristão de Ataíde), in Política & Letras, definiu bem: “Rui Barbosa era o homem cujo sonho mais vivo foi fazer do Brasil, pela força do Direito, potência Mundial; Rio Branco pensara o Brasil na América do Sul; Nabuco esboçara esse prestígio no norte do continente; Rui sonhava com o Brasil no mundo.”
Recentemente, sob a gestão de Celso Amorim, o Brasil graças ao Itamaraty, cometeu os maiores “furos” de nossa Diplomacia. Conhecido como o “megalonanico” (apelidado por Reinaldo Azevedo), Celso Amorim fez e desfez de nossa diplomacia e todos se lembram de sua atuação à frente da Embrafilmes, durante o Regime Militar, quando ele fazia com perfeição o papel de “lambe botas dos milicos!’
A par desse enfoque negativo, temos que considerar que nos 16 anos dos governos de FHC e Lula, foi dada à Diplomacia um caráter nitidamente turístico!!!
Pois na verdade, não se tem notícia de algum Soberano ou Presidente da República, em qualquer país do mundo, que tenha viajado tanto... É caso para a psicologia investigar essa carência social que acometeu Fernando Henrique Cardoso e Luís Ignácio Lula da Silva... Apenas como contraponto, lembramos que Getúlio Vargas (quase 20 anos), com tanto tempo no Poder, não fez nenhuma viagem para a América do Norte e nem para os países da Europa: e não se compare Vargas com Lula e FHC...
Então, hoje, com o destaque à atuação altamente positiva de PAULO SÉRGIO PINHEIRO, queremos dar à imagem do Itamaraty o brilho e o valor que já teve historicamente. E vamos torcer para que a presidenta Dilma – que já nomeou Paulo Sérgio Pinheiro para a COMISSÃO DA VERDADE! – saiba escolher os bons diplomatas para representarem com dignidade e brilho o Brasil!
A firmeza com que Paulo Sérgio Pinheiro vem conduzindo os relatórios sobre o Massacre na Síria é digno de registro. Agora, finalmente, a situação naquele país atinge seu ponto máximo de gravidade, não podendo a China e a Rússia continuarem a boicotar qualquer sansão contra a Síria no Conselho de Segurança da ONU. Os países democráticos do Ocidente precisam e deve encontrar uma forma de ajudar a população civil da Síria. Consta a presença de mercenários estrangeiros naquele pai e a guerra civil síria atinge seu auge. A ONU precisa intervir, pra Já!!! (p.gomes@yahoo.com.br)
Paulo Sérgio Pinheiro não é o único representante daquele governo democrático de Franco Montoro: José Carlos Dias foi secretário da Justiça e, no governo de FHC, foi ministro da Justiça. A presidente Dilma acertou nas escolhas para a Comissão da Verdade, mostrando que é uma comissão suprapartidária. Como para o STF, a presidente Dilma tem escolhido os mais preparados. Parabéns!
(carla.bueno2011@bol.com.br)
A crítica de Salam Kawakibi sobre a realidade da guerra síria que é uma “guerra contra civis” e não uma “guerra civil”. Diz ainda Kawakibi:
“É inegável que o regime ainda possui forças, reais e imaginárias, que pode vir a usar” para continuar a reprimir revolta popular desencadeada há 16 meses, reconheceu o sírio Kawakibi, que é também cientista político na Universidade de Amesterdão (Holanda). O Presidente, Bashar al-Assad, “está ainda a ser apoiado pelos russos [que, com a China, vetaram hoje mais sanções a Damasco na ONU] e pelos iranianos. Também não há dúvida de que tentará aproveitar-se do medo que o mundo tem da instabilidade regional”.
Vamos acompanhar essa matança histórica. O Mundo Ocidental tem que por fim a essa carnificina!
(bastosgustavo@yahoo.com.br)
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