outubro 30, 2012

jornal da tarde:
símbolo do jornalismo brasileiro!

"jornal da tarde": símbolo do jornalismo moderno!

“Eu sempre acreditei que até a democratização dos meios de comunicação seria uma luta política. Acabei descobrindo que se tornou uma conquista tecnológica. Hoje, todo mundo pode ser o seu próprio Roberto Marinho...” -
Fernando Morais/jornalista e escritor -


Exatamente isso, com a Revolução da Informação, tudo se tornou acessível em termos de comunicação: a telefonia celular, a internet, os blogs, o Facebook, o Orkut, o Twiter (as redes sociais), as redes internacionais de televisão e demais recursos da tecnologia audiovisual levam a todos os rincões do planeta a realidade de nosso tempo. Simples assim... Por esses poderosos meios de comunicação, as pessoas se conectam rapidamente, levando notícias, relatando online as suas expectativas e as suas esperanças. Assim, a Aldeia Global se corporifica no avanço tecnológico da comunicação via internet...

VOCÊ PODE SER SEU PRÓPRIO JORNAL!!!

Está certo o jornalista e escritor Fernando Morais. Hoje, é possível ter o seu próprio site e o seu blog, conectando-se com cidadãos, propondo mudanças, relatando fatos, cobrando soluções, enfim, fazendo a parte cívica que lhe cabe no exercício da cidadania. E o Fernando Morais foi um dos jornalistas pioneiros que tiveram a oportunidade de trabalhar no “jornal da tarde”, no seu início que revolucionou o jornalismo brasileiro.

Mas nem sempre foi assim. Na minha caminhada no jornalismo, eu vivi a fase mais difícil da imprensa interiorana na cidade de Botucatu/SP

UMA EXPERIÊNCIA JORNALÍSTICA NO INTERIOR:

Já, em 1980,10 anos depois, ao transformar o “Vanguarda”(tablóide mensal) em bi-semanário, com nova denominação, “jornal de botucatu”, busquei inspiração no mais moderno e mais novo jornal paulista: o“jornal da tarde”. O título, em letras minúsculas, era uma ousadia positiva. E para acompanhar o layout, pedi para que o prof. Vinício Aloise – Mestre da ilustração! – idealizasse, estilizada, a Igrejinha de Rubião Jr., com arquitetura medieval e localizada no topo do Morro de Rubião Jr. De 1980 até final dos anos 90, reinou absoluto, permanecendo até os anos 2005/6.

SÍMBOLO DO JORNALISMO MODERNO!

O “jornal da tarde” imperou na imprensa brasileira influenciando jornais e revistas por todo o país. Era a diagramação ousada, a primeira página sempre impactante e a notícia “rasgada”, ou seja, mostrada às inteiras para o Leitor.

Permaneceu na liderança jornalística exatamente até o surgimento da REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO que viria a mudar radicalmente a comunicação entre os veículos da mídia existente e a população. Com a democratização ampla da mídia eletrônica, os principais jornais do mundo passaram a estudar e tentar fórmulas de coexistência financeiramente viáveis.

Apenas para exemplificar, o famoso e tradicional "JORNAL DO BRASIL” , hoje persiste apenas na mídia eletrônica. Vários jornais do mundo passaram a adotar o formato tablóide como forma de se modernizar e de conter os altos custos da mídia impressa.

O “jornal da tarde” DEIXARÁ DE CIRCULAR: É O FIM!

Manifestações de jornalistas estão saindo nos jornais, nas revistas e na internet. São lamentações pelo fechamento do mais inventivo e criativo jornal brasileiro, previsto para 2 de novembro p.f. Acuado pela força das novas mídias, como a internet, e cercado por jornais gratuitos e magro em anúncios, o "jornal da tarde" não resiste e deve fechar as portas.

Artigo de Mauro Cezar Pereira (ESPN.com.br – 29/10/2012), com o título “Com fim do jornal da tarde, o sinal de que jamais veremos uma primeira página como aquela...” Ele se referia sobre a manchete dos jornais “O ESTADO DE S.PAULO” e “FOLHA DE SÃO PAULO”, na segunda-feira (29/10), referente a posse do novo prefeito eleito de São Paulo, Fernando Haddad. Os dois jornais deram a mesma manchete dizendo que Haddad é novo Prefeito! Essa já era uma notícia velha...

Ora, na segunda-feira, todo mundo já sabia do resultado das eleições e quem seria o prefeito eleito, tudo isso no próprio domingo. E a manchete de capa e o texto apresentado pelo “jornal da tarde”, na mesma segunda-feira (29/10), mostra toda a diferença. Vamos a um trecho do artigo citado:

"Atenção, senhores, estamos em 2012! Será que o jornal impresso ainda deve dar a notícia como se fosse a novidade do momento? Era assim nos anos 1920, quando as pessoas realmente tomavam conhecimento dos fatos pelos jornais do dia seguinte. Isso mudou faz tempo.

Mas os jornais seguem "informando" na segunda-feira que, digamos, Palmeiras e Corinthians empataram no domingo. O sujeito só não saberá o resultado do clássico caso resolva ficar trancado num cofre. Mesmo isolado, se sair e falar ao interfone correrá o risco de ouvir o rádio do porteiro ligado e dando o placar. A informação está o tempo todo em toda parte.

Incrível que os jornais impressos não deem um passo à frente. Quais as principais consequências da eleição de Haddad? Isso não seria uma manchete? Bons repórteres não conseguiriam contar tal história tão bem a ponto de tornar sua leitura quase obrigatória? E o tal resultado no clássico, o que provocará nos times? Que foi empate o leitor sabe pelo menos 12 horas antes de receber seu jornal.

Essa falta de sintonia com os novos tempos explica em parte o fim do Jornal da Tarde. Trabalhei no grande Jornal do Brasil, hoje restrito à internet. Também tive a honra de colocar no currículo o Jornal dos Sports, que marcou gerações de apaixonados por futebol.

Acompanhei à distância o fim da Gazeta Esportiva em sua versão impressa e agora vejo que foi decretado o fechamento do Jornal da Tarde. Foi do JT a capa mais espetacular de um jornal tendo como tema o futebol. Em uma Copa do Mundo, no mais duro momento da seleção brasileira desde a derrota na final de 1950 (veja abaixo).


Fosse exibida numa tela de computador, jamais aquela capa do JT teria tamanha repercussão. O choro do menino simbolizando a depressão coletiva causada pela derrota do Brasil para a Itália em 1982 foi eternizado pelo papel. Sim, no impresso, que sobrevive, apesar daqueles que poderiam modernizá-lo, salvá-lo. Mas não conseguem.
Atenção, senhores, estamos em 2012! Será que o jornal impresso ainda deve dar a notícia como se fosse a novidade do momento? Era assim nos anos 1920, quando as pessoas realmente tomavam conhecimento dos fatos pelos jornais do dia seguinte. Isso mudou faz tempo."

RESUMINDO: É preciso que a mídia impressa tradicional busque uma modernização que lhe propicie conviver com os modernos meios de comunicação. Notícia velha é o prenúncio do fim!!! Pay attencion, please!

9 comentários:

Anônimo disse...

O “jornal da tarde”, além de ser moderno, criativo e falando uma linguagem mais acessível, na verdade serviu para dividir o poder entre os herdeiros do Grupo Estado. Com a subida do primogênito, Julio de Mesquita Neto, para a direção do jornal “O ESTADO DE S. PAULO”, seu irmão, Rui Mesquita, passou a exigir o seu espaço. Então, o “jornal da tarde” funcionou para isso também. Com o falecimento de Julio de Mesquita Neto, assumiu a direção do “Estadão”, seu filho Julio Cesar Mesquita e permaneceu por pouco tempo na direção... Assembléia Geral, dominada por Rui Mesquita, tomou-lhe a direção do tradicional jornal. Com sua ida para a direção do “Estadão”, Rui Mesquita já não tinha muito interesse na sobrevida do “jornal da tarde”, para ele, o moderno vespertino já tinha cumprido o seu papel...
O lamento é justo de toda a imprensa mas, com certeza, tanto faz para o Grupo Estado...
A vida é assim...
(haroldo.leao@hotmail.com)

Delmanto disse...

A verdade é que desde a minha adolescência sempre sonhara em seguir carreira naquele que representava, para mim, a maior UNIVERSIDADE DO BRASIL, ou seja, o jornal “O ESTADO DE S.PAULO”. Era sonho, não há dúvida... Em 1965, indo para São Paulo para fazer os cursinhos preparatórios para ingresso nas faculdades de direito e de sociologia e política, reforcei essa escolha durante as aulas no Curso do Prof. Tolosa. Já cursando as Faculdades de Sociologia e Política e de Direito (USP), conheci e fiquei amigo do Arruda Camargo, respeitado jornalista que fazia excelentes editoriais para os melhores jornais paulistas.
Arruda Camargo foi quem abriu as primeiras portas para mim. No ano de 1969, eu tinha uma coluna diária no DCI – Diário do Comércio & Industria, além de colunas nos semanários “Shopping News” e “City News”. O tema era sempre a participação dos jovens na renovação política e na construção da cidadania. Essa atuação nos jornais serviu para amenizar a frustração de não ter podido trabalhar no “Estadão”: no ano de 1967, já havia sido bem sucedido em entrevista para começar como revisor no jornal, através de seu então redator-chefe, jornalista Flávio Galvão, quando recebi pedido irrecusável de meu pai para fazer um trabalho político junto ao novo governador. Mudança radical no rumo de meus planos...
Sempre tive no “jornal da tarde” o símbolo do jornalismo moderno e interativo.
É testemunho pessoal. Faz parte da minha formação profissional e da manutenção de meus sonhos...

Anônimo disse...

Boa lembrança. Ninguém esquece a série de capas do “jornal da tarde” trazendo a figura do então governador nomeado, Paulo Maluf, nas criativas “charges” de um PINÓQUIO que tinha o seu nariz crescendo a cada mentira que dizia... Era uma novela num momento político importante para os paulistas. E a figura caricata do bufão de sempre era acompanhada através de um jornalismo sério e que mostrava as inverdades, as posturas dúbias e as mentiras ditas com a maior “cara de pau”. Marcou uma geração e “carimbou” Paulo Salim Maluf com a marca do administrador que não era confiável...
(bastosgustavo@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Ana Maria Nogueira Pinto Quintanilha (Facebook): E acabou...

Anônimo disse...

Antonio De Oliveira Moruzzi (Facebook): no início ...até concordo!

Anônimo disse...

Antonio de Oliveira Moruzzi (Facebook):
Na verdade a existência do JT foi válida em outros tempos... quando ainda era impresso no início da manhã e distribuído no início da tarde:- dai o nome Jornal da Tarde... Depois disso eu, leitor do Estadão desde a juventude, as poucas vezes em que passei as vistas ao JT, nada mais via do que uma mera síntese , diga-se bem apertada do original...portanto...na minha modesta opinião...não fará falta!

Anônimo disse...

O conhecido e respeitado jornalista Carlos Chagas, no artigo de hoje “Cinzas sobre Cinzas” (Tribuna da Imprensa, 01/11/2012), nos deu uma visão realística sobre o desaparecimento do JORNAL DA TARDE:
“O Jornal da Tarde nasceu como solução familiar do velho Julio Mesquita Filho para acomodar os três filhos homens. A sucessão no Estado de S. Paulo caberia, como coube, ao primogênito, Julio Mesquita Neto, pela tradição que vinha do fundador, Julio Mesquita. Senão inconformados, os dois irmãos mais novos precisavam de espaço.
Ao Carlão, boêmio, foi dada a Edição de Esportes, um jornal autônomo que circulava às segundas-feiras, dia em que os matutinos de São Paulo e do Rio não iam às bancas. Para o Ruy, a partir de 1966, coube conduzir um concorrente do Estadão e do irmão, o Jornal da Tarde.
Valeu-se da nata do jornalismo da época, de Mino Carta a Murilo Felisberto e, depois, Miguel Jorge. Fantásticas inovações na diagramação, nas fotos e na forma de apresentação dos textos, mas com um entrave: só podia circular depois das duas da tarde, para não ofuscar o Estadão, nas ruas desde seis da manhã”.
E concluiu, com sabedoria, sobre o destino dos grandes empreendimentos familiares:
“Quando emergiu a quarta geração, de um lado e de outro, mais se turvaram as relações entre os dois jornais e seus responsáveis. Não é hora de questionar a falência das empresas familiares que se estendem pelas gerações, mas trata-se de lei natural inexorável. Em qualquer atividade, o avô fundador é um grande profissional; com sorte, seus filhos também; os netos buscam seguir no mesmo rumo, por obrigação e às vezes até com talento; mas os bisnetos, coitados, geralmente carregam apenas a presunção, sem nenhuma aptidão para conduzir a empreitada. Até porque, multiplicaram-se e desfizeram a imprescindível unidade que não herdaram dos ancestrais.
Acontece em qualquer empresa, as jornalísticas não seriam exceção. Muito pelo contrário, fornecem bons exemplos.”
É isso!
(jair.castro66@yahoo.com.br)

Delmanto disse...

O fim do JORNAL DA TARDE é uma boa oportunidade para se lembrar a figura histórica do Governador ARMANDO DE SALLES OLIVEIRA, sucessor do jornalista pioneiro JULIO DE MESQUITA, em 1927, no comando do jornal “O ESTADO DE S. PAULO”.
Sim, Armando de Salles foi o sucessor por expressa vontade de Julio de Mesquita. Era genro do grande jornalista e seu sócio em vários outros empreendimentos. Julio Mesquita o julgava o mais preparado para dar continuidade ao grande empreendimento. Isso não deve ter agradado aos seus filhos Julio Filho e Francisco. Hoje, o nome do ex-governador Armando de Salles Oliveira praticamente não é citado pelo “Estadão”. Coisas da sucessão familiar...
O tão respeitado jornal chegou, em determinada época, a citar Julio de Mesquita Filho como o FUNDADOR da Universidade de São Paulo – USP. À época escrevi protestando contra essa inverdade. Como cunhado e entusiasta da criação da USP – podendo até ser um dos mais entusiastas! – MAS, colocá-lo como FUNDADOR é de uma falsidade informativa que nem o mais “mequetrefe” jornalzinho do interior teria a “cara de pau” de fazer.
O FUNDADOR DA UNIVERIDADE DE SÃO PAULO – USP, foi o Engº Armando de Salles Oliveira – Governador do Estado de São Paulo, em 1934, à frente de ilustres paulistas como Reynaldo Porchat (primeiro Reitor), Paulo Duarte, Julio de Mesquita filho, Benedito Montenegro, Cantídio de Moura Campos, Waldemar Ferreira, Teodoro Ramos, André Dreyfus, Sampaio Dória, Plínio Ayrosa, Dante Delmanto, Luiz Cintra do Prado, José Carlos de Macedo Soares, Vicente Rao e tantos outros idealistas.
É REGISTRO HISTÓRICO!

Anônimo disse...

Hoje, li um artigo do Ignácio Loyola Brandão que retrata bem a importância que teve o JORNAL DA TARDE, onde ele diz com sinceridade que o seu grande sonho de jornalista foi o de trabalhar no “jornal da tarde”. Vejam que legal: “Nunca trabalhei no Jornal da Tarde, mas vivi sua época. Era um assombro. Novo, ousado, espantava pela audácia. Todo jornalista invejava a equipe que produzia o JT. As primeiras páginas, as fotos explodindo, os grandes títulos, a inteligência dos textos, as reportagens imensas, bem escritas. Os furos que dava. Foi um tempo que exigia bons redatores. Jornalismo para o JT era sinônimo de escrever bem.”
Cumpriu o seu papel na imprensa brasileira. Percorreu o seu caminho de inovação e audácia jornalística.
Salve, o “jornal da tarde”!(maria-de-lourdes2004@hotmail.com)

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