março 04, 2013

Ei, amigo, esse artigo é meu!

"certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim, que perguntar carece, como não fui eu que fiz...”

É sempre assim: uma frase, um artigo, uma musica, uma crônica ou um livro parecem ter saído do fundo da nossa alma. Será? Tem até uma canção do Milton Nascimento e do Tunai (irmão do João Bosco), chamada CERTAS CANÇÕES, cuja primeira frase reproduzimos acima, na abertura do artigo.

É isso, sim. Em uma crônica muito bem escrita, eu gostaria de poder dizer:
EI, AMIGO, ESTE ARTIGO É MEU!!!!
Mas o artigo, infelizmente, NÃO é meu. É artigo de origem registrada. Faz parte das crônicas do livro “APENAS UMA HISTÓRIA”, publicado em abril de 2007, com ilustrações do Prof. Vinício! O livro é o primeiro lançamento do José Maria Benedito Leonel, educador consagrado e comunicador tarimbado.
Zé Maria Leonel  e esposa em uma cavalgada

Eu que estava à época – após 25 anos – fechando o meu ciclo de participação e militância na ABL – Academia Botucatuense de Letras, uma das tarefas, das “lições de casa” que eu não consegui fazer com sucesso, foi levar o Zé Maria, como é chamado o escritor, para ingressar e enobrecer a ABL...

Amigo de infância, fizemos o ginásio juntos no La Salle, fizemos o Tiro de Guerra juntos, tivemos amigos e “sonhamos” com tantas morenas bonitas na mesma época que eu diria, sem errar, que o Zé Maria foi e é um amigo para ser guardado para sempre...Seguimos caminhos diversos: ele, Educador; eu, Advogado, com militância cívica...Mas ambos sonhadores e “apaixonados” pela cidade de Botucatu de um modo geral e, ele, de modo especial, por sua “Piapara”. O Zé Maria tem a alma do caboclo da nossa região. Escreve como o caboclo fala. Ele é – em minha opinião de escritor – o “nosso” Rolando Boldrin. E o artigo que eu gostaria de ter escrito, diz o seguinte:

“Agora já sei que o tempo não para, que o dia que passo não vorta mais. Agora já sei que a vida engana a gente. Tudo vai embora: o tempo da criança, a mocidade, as canturia, as varsa que dancemo, as sabedoria das prosa, os laços arrebentados pelo tempo, os agrados, os desafetos.
Tudo vai embora. Vai embora a vaidade, a arrogância, o poder. A vida vai quebrando o nosso orgulho, domando nossas valentia, acomodando nossos repente, silenciando as cordas da viola Tudo vai embora. Vai embora a força do braço e do abraço. Vai embora as certezas que a gente defendia. Nada é tão certo assim, tão verdadeiro assim. Quem acha que é, que fique achando. Eu também já achei e não acho mais. Tudo vai embora. Na memória da gente vai ficando sobras, vurtos...”
E conclui: “O que é a vida da gente? Até onde a gente é dono das rédea, troteando os dia de acordo com o nosso querê? Até onde o destino tem que sê cumprido? Que hora é a hora de muda a sorte, escolhê outra estrada, anda por outros ataio?”

São trechos que escolhi. Que beleza! Quanta brasilidade, não é mesmo?!?
Finalizando, a FRASE QUE EU GOSTARIA DE TER ESCRITO, saída da sabedoria do sempre mestre Agostinho Minicucci:

”A mãe-pátria é a nossa cidade, no sentido de que elas, as cidades, as vilas, as fazendas compõem o país. Quem ama o seu torrão natal é um grande patriota, que idolatra o seu berço para enaltecer a grandiosidade da nação... Antes de vivermos para nós mesmos é preciso que vivamos para a nossa Pátria e ela se chama Botucatu.”

E para encerrar estas reminiscências tão saborosas, ficamos com a música “Tristeza do Jeca”, de autoria de Angelino de Oliveira, feita especialmente para a cidade de Botucatu, a cidade que escolhera como sua...pra sempre...É considerada a melhor música do cancioneiro raiz brasileiro.
ANGELINO DE OLIVEIRA

“TRISTEZA DO JECA”, de Angelino de Oliveira, com Tonico &Tinoco/ ouça aqui
Tristeza do Jeca
de Angelino de Oliveira, com
Tonico & Tinoco

Nestes versos tão singelos
Minha bela, meu amor
Prá você quero contar
O meu sofrer e a minha dor
Eu sou como um sabiá
Que quando canta é só tristeza
Desde o galho onde ele está
Nesta viola canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Eu nasci naquela serra
Num ranchinho beira-chão
Todo cheio de buracos
Onde a lua faz clarão
Quando chega a madrugada
Lá no mato a passarada
Principia um barulhão
Nesta viola, canto e gemo de verdade
Cada toada representa uma saudade
Lá no mato tudo é triste
Desde o jeito de falar
Pois o Jeca quando canta
Dá vontade de chorar
E o choro que vai caindo
Devagar vai-se sumindo
Como as águas vão pro mar.

8 comentários:

Delmanto disse...

Todos temos que retornar às nossas origens, para a nossa raiz e reabastecer as nossas energias. Todos temos o nosso porto seguro. Em Botucatu é que encontro os registros diários da construção de meus sonhos e da certeza de meus ideais...
É isso.
Este post é um pouco de tudo isso.
Simples assim...

Anônimo disse...

Boa, muito boa esse crônica. Gostei. Sou um apaixonado pela nossa música raiz, pelas comitivas, pelo interior deste nosso
Brasilzão!
(haroldo.leao@hotmail.com)

Anônimo disse...

Joana Sant'Iago (Facebook): compartilhou sua foto.
Leiam, vale perder uns minutinhos...

Anônimo disse...

Eliane Lobato (Facebook): emocionei! lindo

Anônimo disse...

Joana Sant'Iago (Facebook): pois é Eliane Lobato, achei que vc iria gostar rsrsr. Esse meu amigo vale ouro...descobre cada coisa.

Anônimo disse...

Ana Maria Nogueira Pinto Quintanilha (Facebook): O Prof. Vinício, de Botucatu?
Armando Moraes Delmanto: Isso mesmo, Ana Maria. O livro foi ilustrado pelo Vinício, o mestre do desenho...

Anônimo disse...

Joana Sant'Iago (Facebook): gostei muitoooo... eu também sou caipira.
Armando Moraes Delmanto: Somos, heim Jô? Tatuí, Botucatu, Piracicaba...e por aí vão os paulistas com sotaque...rsrsrs

Anônimo disse...

Eunice Lima (Facebook): Quantas saudades! Dei aula em Piapara, conheci Angelino de Oliveira, etc. Mais um filme! Lágrimas de saudades. Obrigada amigo por me transportar à minha terra natal, onde tudo começou.

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