março 30, 2013

João de Scantimburgo:
Perdemos um Intelectual!

João de Scantimburgo: 

Perdemos um Intelectual!

É sempre uma perda sentida e irreparável. Num país como o Brasil, carente de autênticos intelectuais, a “intelligentzia brasileira” marca com entusiasmo a caminhada do jornalista, doutor em Filosofia e Sociologia mas, sobretudo, um intelectual que exercia efetiva liderança. Membro da Academia Paulista de Letras e da Academia Brasileira de Letras, João de Scantimburgo tem uma obra literária de mais de 30 livros, tendo liderado na edição de jornais, com competência e modernidade.
No ano de 2001, ocorreu importante evento histórico-cultural, que foi a realização da Sessão Magna entre as Academias Paulista e Botucatuense de Letras, na cidade de Botucatu, com a maciça presença dos Acadêmicos da APL em sua primeira reunião formal no interior do Estado. Aliás, a cidade de Botucatu acaba de ser escolhida para sediar a também a primeira PINACOTECA DO ESTADO no interior paulista, que será abrigada no suntuoso prédio construído por Ramos de Azevedo (antigo fórum).
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Pois bem, nessa Sessão Magna, além das presenças de Theodor Rosenthal, Célio Debes, Benedito Ferri de Barros, Sólon Borges dos Reis, Anna Maria Martins, Crodowaldo Pavan, Cyro Pimentel, Fábio Lucas, Geraldo Pinto Rodrigues, Hernâni Donato, Nilo Scalco, Paulo José da Costa Jr, Francisco Marins e a bibliotecária Maria Luiza, a solenidade contou com a honrosa presença dos acadêmicos Miguel Reale, Ligia Fagundes Telles e João de Sacantimburgo da ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS.
Na oportunidade, foi festejada a comemoração dos 90 Anos do professor Miguel Reale. E a saudação oficial foi feita pelo acadêmico JOÃO DE SACANTIMBURGO em belíssimo improviso que reproduzimos abaixo, registrado pela revista PEABIRU nº 28:
Discurso do Acadêmico (APL), João de Scantimburgo, em homenagem aos 90 anos do Professor Miguel Reale:
            “Nós estamos diante de um dos grandes nomes da cultura brasileira e foi comemorando os seus noventa anos, que foram postas em destaque as qualidades que ornam a sua personalidade, os atributos que fazem da sua personalidade uma das primeiras do Brasil. No campo da cultura o Professor Miguel Reale se destaca em primeiro lugar, não só pelo pensamento, como pela influência que exerce sobre larga proporção de estudiosos da filosofia e na sua específica profissão, no Direito. Professor de milhares de alunos: dez, vinte, trinta mil alunos, eles todos seguiram e seguem e espalham pelo Brasil inteiro as sua idéias, fazendo com que germine no direito o respeito à justiça e aos direitos humanos. O Professor Reale merece, portanto, neste momento, uma comemoração especial e é essa a dos seus noventa anos. Noventa anos de idade que não corresponde à sua juventude de espírito, basta ler os seus artigos no jornal “O Estado de São Paulo”, cada 15 dias, para ver que se está diante de um escritor de raça, com o pensamento superior sobre os assuntos mais importantes do momento. Ainda agora, acaba de escrever três artigos sobre a importância dos imigrantes no Brasil. Um artigo que destaca o líder, um homem cuja inteligência foi posta não a serviço dos seus interesses pessoais, mas, dos interesses de todo Brasil e fora do Brasil. Aqueles que seguem o seu pensamento como está ocorrendo na Franca, em Portugal, na Itália e no Estados Unidos, o número de seus discípulos aumenta cada vez mais, graças ás suas teses de Direito e de Filosofia. É com o maior interesse que aqui proclamo o Professor Miguel Reale uma das primeiras figuras da inteligência brasileira! Que a presença dele, nesta sessão, é uma presença honrosa para todos os que aqui se encontram e para Botucatu também, porque Botucatu recebe e registra, no dia de hoje, a presença de uma das figuras principais e culminantes do Brasil. Nos seus noventa anos faz com que o Professor Miguel Reale seja um dos nomes que o Brasil, com todo o respeito que ele merece, lhe faz a reverência pela importância que ele tem para todos nós. Como amigo e como conselheiro, como professor e como dono da palavra, no sentido pleno dela: como orador e, sobretudo, como guia espiritual no campo filosófico que é um dos seus campos prediletos, porque se não fosse Miguel Reale, com o seu esforço, com o seu trabalho, com a sua pertinácia, com a sua determinação de fazer aquilo que propõe a fazer, o Brasil não teria tido o desenvolvimento filosófico que teve.
Obrigado.”

Ao registrarmos essa magnífica peça histórico-cultural do acadêmico JOÃO DE SCANTIMBURGO, prestamos a nossa homenagem a esse brilhante intelectual paulista. Abaixo, o registro feito pelo jornal “O Globo”, sobre o seu falecimento:

JOÃO DE SCANTIMBURGO (1915-2013)

Jornalista e acadêmico

Reproduzido do Globo, 23/3/2013
Nascido em Dois Córregos, no interior de São Paulo, em 31 de outubro de 1915, João de Scantimburgo fez seus estudos em Rio Claro. Foi lá que começou sua carreira como jornalista e exerceu o cargo de diretor do Correio de Rio Claro. Em 1940, Scantimburgo se mudaria para a capital, onde trabalharia primeiro na Rádio Bandeirantes e depois no jornal O Estado de S. Paulo e no Diário de S. Paulo. Após fazer parte da diretoria dos Diários Associados, ele comandaria ainda seu próprio jornal, o Correio Paulistano, que durou apenas seis anos.
Em 1960, um grande marco na sua carreira jornalística: Scantimburgo fez parte do grupo, liderado pela família Simonsen, que fundou a TV Excelsior em São Paulo, na qual ocuparia o cargo de presidente. Além de suas atividades como homem de imprensa, o jornalista fez mestrado em Economia, doutorado em Filosofia e Ciências Sociais e foi professor da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Com 31 livros publicados, o jornalista ingressou na Academia Brasileira de Letras (ABL) em 1992.
Scantimburgo faleceu na madrugada de sexta-feira (22/3), aos 97 anos, na clínica onde estava internado, em São Paulo. Ele estava muito debilitado pela diabetes. Viúvo, deixa uma sobrinha.”

4 comentários:

Delmanto disse...

É Registro Histórico.
Ao homenagearmos o acadêmico João de Scantimburgo, reproduzimos seu discurso em homenagem aos 90 Anos do Mestre Miguel Reale, O discurso foi proferido na Sessão Magna das Academias Paulista e Botucatuense de Letras, em 2001. Hoje, o jurista, intelectual e filósofo Miguel Reale também já não está entre nós...
O Brasil ficou culturalmente mais pobre. Ambos foram intelectuais que prestaram seus serviços para a construção de uma identidade nacional. Ambos Filósofos, ambos competentes e admirados no Brasil e no exterior.
É preciso, sempre, relembrar a atuação de ambos e o quanto contribuíram para a construção da cidadania!

Anônimo disse...

Delmanto, o João de Scantimburgo era famoso por ser um “ghost writer” dos mais disputados. Artigos e livros de muita gente que se diz importante foi escrito por esse escritor e respeitável acadêmico. Então não é possível, na maioria das vezes, afirmar, principalmente entre os políticos, que “fulano” “escreveu” um livro, ou “escreveu” a sua biografia...KKKKK
(p.gomes@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Ana Maria Nogueira Pinto Quintanilha (Facebook): O Brasil ficou um pouco mais pobre!

Anônimo disse...

Joana Sant'Iago (Facebook); me lembro muito bem dele. Que faça uma boa viagem.

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