março 21, 2013

Por Mares e Oceanos,
artigo de Elda Moscogliato

DIA MUNDIAL DA ÁGUA - 22 DE MARÇO!
O Blog do Delmanto reproduz importante e histórico artigo da profa. ELDA MOSCOGLIATO, escritora e Membro da Academia Botucatuense de Letras - ABL, que foi uma defensora da natureza e da importância do meio ambiente para o futuro da humanidade. Em 1998, era comemorado o ANO INTERNACIONAL DOS OCEANOS, e este artigo foi escrito especialmente para aquela comemoração.
Acadêmica Elda Moscogliato

E para comemorar o DIA MUNDIAL DA ÁGUA - 22 de março - nada melhor do que relermos este artigo e reforçarmos o empenho da humanidade na defesa dos nossos Mares e dos nossos Oceanos!
Por Mares e Oceanos
Estamos vivendo o Ano Internacional dos Oceanos proposto pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO e proclamado pela Assembléia Geral das Nações Unidas já em 1994, para vigorar neste exercício de 1998, anunciam-no os jornais e revistas científicas.
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A importância do tema que encerra uma questão global conclamou a alta cúpula internacional de vez que na sua abrangência diz respeito à sobrevivência humana, razão pela qual todas as nações se mobilizam e ocorrem à idéia, através de seus organismos correspondentes, prestando-se à cooperação e à solução do problema em si, grave e improcrastinável.
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É preciso salvar o mar conhecendo-lhe mais insistente e cientificamente as profundezas abissais - um mundo submerso e povoado, do qual tão pouco ainda se sabe. É necessário devassar-lhe as entranhas que encerram reservas potenciais úteis - expostas à gratuidade explorativa em benefício da vida e da sobrevivência humana.
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Essa munificência dadivosa à espera de uma exploração racional e atuante, está sendo vítima indefesa de deteriorização impiedosa através de detritos radioativos, componentes químicos e outros mais, deletérios, que lhe devassam a superfície com o grave comprometimento de sua fauna aquática admirável, o aniquilamento da faixa litorânea e a contaminação das praias que a natureza enfeitou.
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Desde que se destruam as águas oceânicas compromete-se em definitivo a vida na terra. O problema é grave e se impõe a uma solução inadiável, consideradas as agressões que atualmente as comprometem. É ponto bastante significativo para a bioética que surge na defesa dos valores indispensáveis ao equilíbrio do ecosistema vital à preservação da vida na terra.

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Essa imensa massa líquida que nos seus 330 milhões de quilometros quadrados ocupa 70% da superfície do globo, polarizará por todo este ano a inteligência universal responsável, toda entregue a reparar-lhe os danos e impedir-lhe lesões maiores, na elaboração de leis e estatutos que lhe cicatrizarão os males e lhe deterão a ruína total, precavendo-a de se transformar num imenso mar morto.
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Essas mesmas águas que nos vêm da Criação já povoadas e enriquecidas desde o segundo dia do Criador, quando separou-as e povoou-as com esmero de artista. Deu-lhes mais: um caminho movediço e deslizante pelo qual os povos primitivos recém-saídos das tribos primeiras, aventuraram-se à caminhada dos milênios que lhes facultou entre terras e mares, serranias e caudais, a chegada ao Estreito de Bhering e lhes ofereceu o Ocidente. Traziam já consigo o uso de quipos: o calendário mais perfeito de todos os tempos; o culto do Sol, o segredo das pirâmides e deixaram marcas de uma civilização atordoante e surpreendente.
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Essas massas líquidas que forneceram aos fenícios, o segredo do múrice purpúrio que lhes abriu à comercialização de todos os povos as especiarias do Levante.
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Essa mesma massa fluída, movente, aliciante e perigosa que sugeriu à fantasiosa imaginação do homem as mais ricas e envolventes mitologias, povoando os mares e oceanos dos tritões, dos deuses invencíveis, das ninfas, das sereias, capazes de desviar Ulisses dos braços de Penélope, isolando-o na ilha da Perfeição de que o herói se enfarou e fugiu de regresso ao lar.
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Essa mesma massa escorregadia, líquida e acariciante, que esconde no vai-e-vem da maciez das ondas o idílio eterno com a Lua, capaz, no paroxismo das tormentas de fazer sossobrar pequenos barcos ou couraçados gigantes nas partidas perigosas das batalhas navais, à força total das quais jazem em seu seio misterioso as carcaças de submarinos e aviões camikases.
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Essa mesma massa líquida, flutuante, instável e fascinante arrebata a literatura de todos os tempos lembrando-nos o misterioso Navegante Solitário que Wagner extraiu das lendas dos Países Baixos e imortalizou no Navio Fantasma.
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Esse imenso lençol movediço sepultou em seus abismos profundos os lendários lêmures, a terra de Mu e a Atlântida de cuja civilização fantástica falam os helenos clássicos.
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Essa imensa mole líquida oferece através de sua crosta sólida, no solo abissal, o sustentáculo às grandes realizações da tecnologia mais avançada através das pontes quilométricas - pontes da amizade, da comunicação, da interação de regiões e países em prol do enriquecimento, da amizade, do progresso.
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Do profundo de suas águas flutuantes jorra o petróleo - força econômica que se constitui o sexto poder do mundo.
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Singrando suas águas inseguras, partiram um dia, de uma pequenina Nação Lusitana, as caravelas que nos revelaram ao mundo.
Estamos perto dos 500 anos de descoberta.

Registro Histórico:
o jornal “Diário Popular”, de 05/07/98, trouxe importante matéria à respeito da preservação dos oceanos. Por oportuna, transcrevemos parte dessa matéria:
“A humanidade não está cuidando bem dos oceanos. Entre os muitos problemas podemos citar a pesca predatória e o excesso de população em áreas do litoral como causadores dos problemas que aparecem nos oceanos.
Para tentar conscientizar as pessoas da necessidade de preservar as águas dos oceanos, este ano foi escolhido pela Unesco, a organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, como o Ano Internacional dos Oceanos. Com essa iniciativa a Unesco pretende demonstrar a importância que os oceanos tem na preservação do nosso planeta.
Um dos lemas da campanha é Uma Terra, um Oceano, uma Vida porque os oceanos tem uma extrema importância para a existência da vida na Terra.
Você sabia que os oceanos são os responsáveis pela manutenção da temperatura constante da terra? Sem as águas dos oceanos o planeta seria um grande deserto, com temperaturas muito altas durante o dia e muito baixas à noite.
Segundo pesquisas feitas pelos ambientalistas, 60% da poluição dos oceanos vem dos esgotos e do turismo que é feito nos litorais. O esgoto das indústrias é o que mais polui o mar.
O lixo que fica depositado nas praias pode matar os animais marinhos que confundem lixo com alimento e acabam morrendo. Em alguns casos os peixes podem comer essas substâncias tóxicas e ao comer o peixe o homem pode se contaminar com esses elementos.
Água Salgada
A água do oceano é salgada e por isso não é boa para beber, não é potável e provoca mais sede em quem tenta consumi-la.
No Oriente Médio existem países onde há falta de água potável e para resolver o problema os cientistas criaram um sistema chamado dessalinização que torna a água do mar própria para ser consumida. As desvantagens desse processo é que ele é caro e difícil de ser realizado.
Na água marinha, além do sal, existem muitas outras substâncias, inclusive ouro, só que em pequenas quantidades.
Formação dos oceanos
Os oceanos não existem desde o surgimento da Terra. Eles tem cerca de 80 mil anos.
A teoria mais aceita pelos estudiosos diz que todos os continentes eram um só bloco de terra, chamado Pangéia. Na época a formação dos oceanos, os continentes sofreram um deslocamento para o local onde hoje se encontram, e isso ocorreu por meio de movimentos que aconteceram embaixo da terra.
Como embaixo da Pangéia havia muita água, na ocasião que esse bloco se separou, a água subiu e os oceanos se formaram da forma que estão hoje: o Atlântico, que banha o leste da América e oeste da Europa e Africa; o Pacífico, que fica entre o oeste da América, leste da Asia, norte e oeste da Austrália; o Indico, ao sul da Asia, leste da Africa, oeste e sul da Austrália; e os oceanos Ártico e Antártico, que ficam nas proximidades das regiões dos pólos e são chamados de glaciais.
O homem embaixo da água
Sem equipamento de mergulho, o limite recomendado é de 15 metros.
Com equipamento de mergulho o homem chega a 40 metros de profundidade. Este é o limite estabelecido pela Federação Internacional de Mergulho. Até essa profundidade, o ar que está no tanque do mergulhador é igual ao a que respiramos na terra. Se o mergulhador for em uma profundidade maior precisa usar um ar misturado com outros gases e os riscos passam a ser maiores.
A partir de 400 metros, as águas já não são mais iluminadas pela luz do sol e à medida que a profundidade aumenta, a temperatura vai diminuindo.
A maior profundidade já atingida foi de 10.000 metros e só foi alcançada por mini-submarinos especialmente construídos para fazer pesquisas e consertos nas plataformas de petróleo.
A casa de Jacques Cousteau
Em 1962, o pesquisador Jacques Cousteau, que morreu no ano passado, construiu uma casa submarina que recebeu o nome de Pré-Continente 1.
Um grupo de mergulhadores passou 24 horas dentro dessa casa realizando um estudo sobre o comportamento das pessoas debaixo d’água.
Cousteau inventou também a Pré-Continente 2, que ficava a 25 metros de profundidade e tinha em seu interior uma mistura de gazes diferente do ar que respiramos na superfície da Terra.
Outra experiência feita por esse cientista foi em 1965 quando a Pré-Continente 3 chegou a 100 metros de profundidade. Os mergulhadores moraram um mês na casa submarina e trabalhavam do lado de fora três horas por dia.
Em todas essas experiências foram feitos estudos sobre os efeitos da profundidade no corpo humano.”
Dia Internacional da Água, Mar Desconhecido, Preservação ambiental, Oceanos, Mares, Jacques Cousteau, Sustentabilidade Marítima (AMD).
(revista botucatuense de cultura - PEABIRU, nº10, julho agosto de 1998)
Eric Hiner, pesquisador da estação de Bikini, explora as bordas da cratera de 1,5 quilometro de largura aberta no fundo da laguna quando uma bomba de hidrogênio de 15 megatons, batizada de Bravo, foi detonada no atol, em 1º de março de 1954. Foi a mais poderosa bomba detonada pelos Estados Unidos, mil vezes maior que a de Hiroshima. Destacando-se dos tubarões, dos peixes coloridos e dos recifes de coral que animam a laguna, a cratera, cheia de areia e coral pulverizado, praticamente não tem vida marinha (O Incrível Mundo da National Geographic Society/O Estado de São Paulo).

7 comentários:

Delmanto disse...

Em todas as edições da revista botucatuense de cultura – PEABIRU, o artigo da professora, escritora e acadêmica ELDA MOSCOGLIATO era presença obrigatória. Na Academia Botucatuense de Letras – ABL foi secretária desde a fundação da Academia de Letras. Considerada a “Cronista de Botucatu”, escreveu nos jornais “Folha de Botucatu”, “A Gazeta de Botucatu”, “Vanguarda de Botucatu” e na revista botucatuense de cultura – PEABIRU.
Possuidora de vasta cultura, Elda Moscogliato fez “escola” no jornalismo botucatuense. Sempre pesquisando e divulgando a cultura e o folclore da nossa região. Os originais de suas crônicas, foram selecionados e digitalizados pelo acadêmico Olavo Pinheiro Godoy e estão à espera de uma edição histórica, com certeza com o apoio indispensável do Poder Público.Verdadeiro “resgate cultural” das coisas e das gentes de Botucatu para as futuras gerações de botucatuenses.
O artigo “Por Mares e Oceanos” é uma preciosidade. Nas comemorações do DIA MUNDIAL DA ÁGUA – 22 de março! -, mais uma vez contamos com a inteligência e a competência cultural de ELDA MOSCOGLIATO.
Saudades!

Anônimo disse...

Ana Maria Nogueira Pinto Quintanilha (Facebook):
Elda Moscogliato. Essa era do time dos nossos pais

Anônimo disse...

Querido Armando. Vc, me suscitou uma saudade imensa da família Moscogliato. Elda e sua irmã Mercedes me prepararam para o exame de admissão ao curso ginasial. Elas eram fantásticas. Muito do que desenvolvi dentro da língua portuguesa devo a elas, principalmente à Elda. Maria, sua irmã formou-se comigo em magistério aí na Escola Normal.
Uma família maravilhosa que deve ter marcado a vida de muitas outras, como marcou a minha.
Seu Vicente, o patriarca era amigo fraterno de meu pai.
Muito obrigada por esta maravilha
Abraço forte
Neide Sanches

Anônimo disse...

Eunice Lima (Facebook): Não conhecia esse artigo de Elda Moscogliato. Muito bom.

Anônimo disse...

Ana Maria Nogueira Pinto Quintanilha (Facebook); Descobri que Cafelândia tem um consumo de água por habitante, três vezes maior que o consumo mundial!

Anônimo disse...

Joana Sant'Iago (Facebook): compartilhou sua foto.
Ai que sedeeee!!!!

Anônimo disse...

Grace Maria Mattos (Facebook): ÁGUA !! SIM , UM LIQUIDO SUMAMNETE NECESÁRIO PARA NOSSO PLANETA! .SEM ELA MORTE SEGURA.TEMOS QUE PENSAR NOS QUE VAO CHEGANDO QUE TAMBÉM QUEREM E PRECISAM --- CONSCIENCIA MINHA GENTE , CUIDAR É NOSSA OBRIGAÇAO.!!!!

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