abril 24, 2013

- Alceu Maynard Araújo -
Centenário Nascimento
- 1913/2013 -

CENTENÁRIO DE NASCIMENTO
1913 - 2013

A cultura botucatuense e a cultura paulista comemoram - neste ano de 2013! - o CENTENÁRIO DE NASCIMENTO do ilustre intelectual ALCEU MAYNARD ARAÚJO. E o mês de abril é especial por comemorar o aniversário da cidade de Botucatu. Assim, vamos antecipar as comemorações do centenário de nascimento de Alceu Maynard Araújo para este mês de abril.
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Meu PATRONO na ACADEMIA BOTUCATUENSE DE LETRAS – ABL e meu professor na ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA, Alceu foi um intelectual pioneiro da CULTURA PAULISTA. Juntamente com MÁRIO DE ANDRADE realizou importante trabalho na Prefeitura Municipal de São Paulo, em seu Departamento de Cultura. Foi um dos mais destacados folcloristas brasileiros e ocupou cargos de destaque como o de GRANDE SECRETÁRIO DA CULTURA DO GRANDE ORIENTE.

Vamos reproduzir o trabalho que fizemos para a revista PEABIRU em sua homenagem:

Alceu Maynard Araújo

Não nasceu em Botucatu mas se considerava um "botucudo" de primeira linha. Piracicabano de nascimento, Alceu Maynard veio criança para Botucatu, aqui fez seus amigos, aqui criou seus horizontes, aqui se formou e daqui partiu para realizar grandes obras por esse Brasil imenso...

Nascido a 21/12/1913, filho de Mário Washington Araújo e D. Altina Maynard Araújo, Alceu começou cedo a mostrar as suas tendências pela cultura: formado pela nossa tradicional Escola Normal "Dr. Cardoso de Almeida", atuou como secretário do jornal "O Momento", de Botucatu e, aqui em Botucatu, publicou seu primeiro livro, "Chuvisco de Prata", em 1931. Professor Primário, lecionou na pequena Pirambóia, onde começou a se interessar pelo rico folclore de nosso interior. Na Capital, formou-se pela Escola de Educação Física da USP e exerceu inúmeros cargos de direção na ACM - Associação Cristã de Moços, onde cursou o "Boy's Work Secretary" e onde exerceu o cargo de Diretor da Divisão de Menores da ACM. Dessa sua atuação na ACM e na Prefeitura, em seu Departamento de Cultura, Alceu tomou vivo entusiasmo pela educação e preparo da juventude dentro de nossa realidade sócio-cultural, ou seja, buscando, no folclore, as raízes necessárias para a construção do caráter do brasileiro de amanhã.

Com esse espírito, Alceu Maynard continuou sua busca de maior conhecimento da realidade brasileira: formou-se na Escola de Sociologia e Política, onde foi aluno dos Professores Donald Pierson e Herbert Baldas, ficando, posteriormente, como Assistente do antropólogo Emílio Willens. Em sua busca de mais saber, Alceu formou-se pela tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP). Aquele que era conhecido como "o peito de ferro" por seu porte atlético era também uma cabeça de ouro, voltada essencialmente para os principais aspectos da brasilidade.

Na Capital, entre tantas atividades, Alceu Maynard fundou com Mário de Andrade os famosos Clubes de Menores Operários da Divisão de Educação e Recreio do Departamento de Cultura, da Prefeitura Municipal de São Paulo.
Folclorista de renome nacional. Educador e Intelectual festejado, Alceu Maynard Araújo foi o primeiro botucatuense (ele sempre se considerou um botucatuense) a galgar os degraus da glória acadêmica, sendo o primeiro botucatuense a ingressar na Academia Paulista de Letras. Lá, abriu caminho para os outros dois botucatuenses que tanto tem valorizado Botucatu na cultura de nosso Estado: Francisco Marins e Hernâni Donato.

Quando eu ingressei na Academia Botucatuense de Letras, na Cadeira n" 2, cujo Patrono é exatamente Alceu Maynard Araújo e tendo como Fundador o Dr. Sebastião de Almeida Pinto, no distante ano de 1983, recebi de meu sempre Mestre, o Professor Agostinho Minicucci, correspondência à respeito de minha posse e de meu Patrono. Por oportuno, transcrevo seu inteiro teor:

"São Paulo, 12/08/83.
Prezado Armando:
Acabo de receber a faustosa notícia de que você se torna imortal em a nossa Academia.
Quem o conhece desde estudante, quem tem acompanhado os seus sucessos, a sua ânsia de vencer, a sua determinação por acompanhar a via clara e prestigiosa dos Delmantos, o seu acendrado amor pela terra-mãe...pode avaliar inteiramente a sua escolha como acadêmico. Parabéns.
Nós acompanhamos Maynard em São Paulo durante largos anos, quando fomos Diretor da Metropolitanas(FMU) e ele foi nosso Vice e nas Faculdades de Guarulhos, quando ele foi Diretor e nós fomos Professor.
Há muitas facetas de rara riqueza na personalidade desse educador-escritor que só quem conviveu com ele, teve a felicidade de sentir.
Quando tanto se fala em folclore, é necessário reviver a obra de Maynard, divulgá-la nas escolas, nas academias, na imprensa.
Tenho a certeza de que você irá fazer isso.
Estou vibrando por isso tudo. Abraços.
Prof. Agostinho Minicucci."

Nem é preciso dizer que quando o Mestre Agostinho - Guardião da nossa Cultura! - prescreve tarefas, elas devem ser sempre cumpridas...
Mas é com prazer e orgulho que temos procurado divulgar a obra de Alceu Maynard Araújo. Já em nossa posse na ABL, destacávamos em nosso discurso que:
"Título: A bondosa indicação do Dr. Sebastião ou de como um escriba panfletário chegou à Academia.

"Se me cortam um verso, escrevo outro;
Se me prendem vivo, escapo morto;
E, de repente, eis eu aí de novo,
Exigindo a paz e exigindo o troco".


As coisas em nossas vidas nunca acontecem por acaso. Fui indicado para a Academia Botucatuense de Letras pelo saudoso médico e professor Dr. Sebastião de Almeida Pinto. Indicado, fui aceito pela gentileza de seus membros para ocupar a cadeira que tem por Patrono o notável escritor Paulo Setúbal.
Mas a vida quis, o que muito me honra e sensibiliza, que houvesse um remanejamento, não muito normal em casos que tais, vindo eu a ocupar a cadeira que tem como Patrono o ilustre historiador e folclorista Alceu Maynard Araújo e, como antecessor, exatamente, aquele que me convidou e indicou para fazer parte deste seleto sodalício: o Dr. Sebastião de Almeida Pinto.
É uma dupla honra: suceder a tão ilustre botucatuense e ter como Patrono esse excelente folclorista.
O Dr. Sebastião foi professor de Alceu na sempre tradicional Escola Normal de Botucatu.
E o Dr. Alceu foi meu professor na Escola de Sociologia & Política de São Paulo.

Aqui, abro um parêntese.
A festa com que Alceu recebeu um botucudo, a atenção que me foi dispensada e os ensinamentos que desse Mestre aprendi, marcaram-me para sempre.
Fecho o parêntese.

Alceu e Tião sempre dedicados à história e à pesquisa. Ambos tendo por Botucatu um carinho e uma predileção marcantes. Nosso passado e nossas peculiaridades.Os desbravadores. Os nossos sonhos. As nossas decepções. As vitórias e derrotas da cidade e dos botucatuenses tiveram a atenção e o relato desses cultores da nossa história e do nosso folclore.
A eles, sucedo. Às suas qualidades, não tenho a pretensão.

"Se me cortam um verso, escrevo outro;
Se me prendem vivo, escapo morto;
E, de repente, eis eu aí de novo,
Exigindo a paz e exigindo o troco".


Novamente repito:
A bondosa indicação do Dr. Sebastião ou de como um escriba panfletário chegou à Academia.

Do Dr. Alceu, em discurso histórico, o Dr. Sebastião de Almeida Pinto traçou o perfil. Foi esportista, professor, diretor, sociólogo, escritor, Patrono da cadeira n" 2 da Academia Botucatuense de Letras e membro da Academia Paulista de Letras, juntamente com Hernâni Donato e Francisco Marins.
Nascido em Piracicaba, Alceu, desde pequeno, foi criado em Botucatu, cidade que considerava como sua. Aqui fez suas amizades e estudos, culminando com sua diplomação pela Escola Normal de Botucatu. Formado Professor, Alceu foi lecionar em Pirambóia. Atento observador foi registrando os usos e costumes, as tradições, as crendices, as esperanças e os antepassados dessa gente boa do interior.

Transferindo-se para São Paulo, Alceu, que sempre foi conhecido como o "peito de ferro", por seu porte atlético, ingressou na Escola Superior de Educação Física da USP. Formado, lecionou em inúmeras escolas municipais. Na busca do saber, licenciou-se em Sociologia. Lecionou na Escola de Sociologia e Política, agregada à USP, onde tive o privilégio de ser seu aluno. Não satisfeito em sua busca do saber, bacharelou-se em Direito pela tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco - USP. Nesse tempo todo dedicava-se ao folclore: pesquisando, escrevendo artigos para jornais e revistas. Enfim, Alceu dedicou-se inteiramente à cultura, escrevendo, lecionando e dirigindo faculdades. Foi Vice-Diretor das Faculdades Metropolitanas Unidas -FMU, quando era Diretor da mesma, outro grande botucatuense, Mestre de todos nós, o Professor Agostinho Minicucci,
Participou da elaboração da Enciclopédia da Cultura e Folclore Nacional, autor de "Medicina Rústica" e "Pentateuco Nordestino", Alceu teve vida produtiva e granjeou o respeito e a admiração de seus pares.
Não tendo nascido em Botucatu, orgulhava-se de ser considerado autêntico botucudo.
Sendo o primeiro botucatuense a entrar para a Academia Paulista de Letras, logo foi seguido por Francisco Marins e Hernâni Donato.
O Prof. Alceu Maynard Araújo, Patrono da cadeira n° 2 de nossa Academia. enriqueceu a cultura botucatuense e tornou-se modelo exemplar para a nossa juventude

Na verdade, Alceu Maynard Araújo representou, com dignidade e brilho, a cultura nacional. Entre os inúmeros cargos de destaque que ocupou, ressalte-se o de Grande Secretário de Cultura do Grande Oriente de São Paulo.

Obras Literárias:
Durante sua fértil produção literária, Alceu Maynard escreveu os seguintes livros e álbuns ilustrados com fotos e dese¬nhos:
Chuvisco de Prata -1931, Caminhos Apenas,.. - 1939, Seis Lendas Amazônicas -1943, Acampamento Ajuricaba - 1946, Cururu -1946, Danças e Ritos Populares de Taubaté • 1948, Folias de Reis de Cunha -1949, Rondas Infantis de Cananéia -1952, Documentário Folclórico Paulista -1952, Instrumentos Musicais e Implementos -1954, Literatura de Cordel -1955, Canta Brasil -1957, Ciclo Agrícola, calendário religioso e magias ligadas às plantações -1957, Cem melodias folclóricas -1957, Poranduba Paulista - 1958, Alguns Ritos Mágicos – 1958, Folclore do Mar – 1958, A Congada Nasceu em Roncesvales – 1959, Medicina Rústica – 1961, Brasil – Paisagens e Costumes – 1962, Novo Dicionário Brasileiro (Verbetes de folclore) Melhoramentos – 1962, Folclore Nacional – 1964, Escorço de Folclore de uma Comunidade – 1962, Discursos de Posse na Academia Paulista de Letras – 1965, Artesanato e Desenvolvimento – “Ocaso cearense” – José Arthur Rios” – 1970, Pentateuco Nordestino – 1971 e Cultura Popular Brasileira – 1971.

Esse o perfil do “botucatuense” Alceu Maynard Araújo!

(revista PEABIRU- março/abril/1999 - AnoIII - nº 14)

8 comentários:

Anônimo disse...

Eunice Lima (Facebook): compartilhou sua foto.
Personalidades da minha querida Botucatu!

Anônimo disse...

O prof. Alceu Maynard Araújo foi um Mestre na acepção da palavra. Tivemos um bom relacionamento na Faculdade de Guarulhos onde ele era Diretor. Receptivo às reivindicações dos universitários, tinha sempre uma palavra amiga a incentivar os nossos movimentos e as nossas ações. Deixou um nome respeitado e querido pelos jovens. (pinto.rodolfo28@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Priscila Barros (Facebook): Dr. Armando, parabéns pela lembrança, o Alceu Maynard Araújo era realmente um gênio, eu e minha mãe Vera ficamos muito felizes com esta homenagem, pois ele era primo da avó Genoveva.

Anônimo disse...

Importante lembrar o que disse a saudosa acadêmica, Elda Moscogliato, sobre a sessão inaugural da Academia Botucatuense de Letras:
“17 de março de 1973 – A Sessão solene realizou-se na Câmara Municipal, gentilmente cedida. Compareceram, da Academia Paulista de Letras, os intelectuais:Cesar Salgado, grande orador, Alceu Maynard Araújo, Francisco Marins e Hernâni Donato. Outra singularidade: A nossa Academia é a única no mundo que possui Patronos Vivos. É uma homenagem da terra de Botucatu, aos botucatuenses que a honraram lá fora:
Alceu Maynard Araújo – Cadeira 2
Francisco Marins – Cadeira 6
Hernâni Donato – Cadeira 9”
Essas palavras de Elda Moscogliato servem para registrar a história da ABL, lembrando que Elda foi sempre a Secretária Geral, braço direito do Dr. Marão, era a “alma” da Academia. (ludmila.cunha@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

É a tradição da nossa ESCOLA NORMAL “DR. CARDOSO DE ALMEIDA”!!!
O Dr. Alceu se formou na Escola Normal como PROFESSOR PRIMÁRIO e foi exercer a profissão aqui na região! Isso é um grande orgulho para a cidade das BOAS ESCOLAS... E fez carreira brilhante no magistério superior, dirigiu faculdades e atingiu o alto posto cultural na Maçonaria. É exemplo de pai de família exemplar, cidadão probo, um brasileiro a ser tomado como exemplo de retidão, competência e inteligência!
Como professora, tenho orgulho desse”colega especial”. Viva a “Meiga Escola”!
(mariceiaoliveira@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Caro Delmanto:
Acabo de ler o texto que você escreveu a respeito do meu pai, Alceu Maynard Araújo. Infelizmente soube disso somente agora, mas fiquei muito feliz pela homenagem que você prestou aos 100 anos de nascimento dele. Minha mãe, Cecilia Macedo de Araújo, hoje com 92 anos, também leu e ficou muito honrada, assim como meus irmãos, Suzana e Ricardo. Em um país que dá muito pouco valor à cultura, é de se festejar duplamente essa sua homenagem. Mais uma vez muito obrigado em nome da família Alceu Maynard Araújo.
Abraços
Marcos Maynard

Anônimo disse...

Vale também lembrar que o Prof. Alceu Maynard Araujo também pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, no qual tomou posse em 08/2/1958, na vaga deixada por Basílio de Magalhães, que falecera em 14/12/1957. Na aludida sessão, o Prof. Maynard foi saudado pelo orador oficial do IHGSP, Almeida Magalhães, que teceu considerações à sua obra de folclorista, como discípulo dileto de Basílio de Magalhães.
Na ocasião, o Prof. Alceu Maynard discorreu sobre o tema: "Basílio de Magalhães, o folclorista". (Revista do IHGSP, Vol. LVIII, p. 603-604).

Museu da Capoeira disse...

Por Favor, o professor produziu algum documento de vídeoP com a Capoeira na década de 40? um chamado, "Veja o Brasil"

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