maio 10, 2013

Minha Mãe, Saudades...

HOMENAGEM
12 DE MAIO 
DIA DAS MÃES!


É um óleo sobre tela, 50cm x 35cm, de autoria do artista plástico, dramaturgo e escritor botucatuense, Quim Marques (1968).


“Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico...”
Rubem Braga

E é como um menino que estou homenageando a minha mãe.
Atenção!
- Estátua!
Capturando um momento passado e o registrando para sempre...
Saudades...
Sim, saudades como as de um menino...

Minha irmã Fióca Helena, minha mãe Fióca, meu irmão Décio e eu.



Meu pai Antônio, minha mãe Fióca , meu irmão Décio, minha irmã Fióca Helena e eu.

A vida, me disseram um dia, passa rapidamente e, quando percebemos, ela já passou...se foi...
Minha mãe se chamava Rita, mas tinha o apelido de Fióca, coisas daquele seu tempo no interior... Uma sua irmã era a tia Fiinha (Lucila) e a outra, a tia Nenê (Jandira ). Meus pais resolveram dar o nome de Fióca Helena para a minha irmã, a Fióquinha. Sempre achei essa escolha muito criativa.


Ela sempre foi uma guerreira. Num determinado momento de sua vida, enfrentando dificuldades, passou a buscar peças para o enxoval das noivas, em São Pedro, perto da sua Piracicaba. E saia pelas ruas íngremes de Botucatu, nas casas de sua clientela de moças casadoiras... Sempre se deu bem. Nunca ouvi uma reclamação de sua boca.


Era uma raridade na família. Visitava os parentes distantes e nunca deixou de ir a um enterro de alguém da família, mesmo que distante. Era sempre solidária. Convidada pelo então Bispo, Dom Henrique Golland Trindade, era vice-presidente da Vila dos Meninos “Sagrada Família”, entidade assistencial presidida pelo Sr. Luiz Baptistão. Permaneceu e trabalhou pela entidade desde a sua criação (1953), até a sua inauguração (1966).

Gostava como ela cuidava da nossa casa, das plantas, da comida, da arrumação, dos quadros, dos enfeites. Os meus aniversários eram sempre alegres e cheios de amiguinhos e parentes. Num deles, o bolo era uma piscina, me lembro bem. Num outro, era um campo de futebol. Era costume a presença dos primos e das primas e dos adultos também, as tias e as pessoas mais amigas.

clique na imagem para ampliá-la

Depois, a adolescência e, antes, o internato em São Paulo por dois anos. Um mundo novo e surpreendente se abriu para mim. Cresci com aquela “independência” repentina, cheia de novidades e responsabilidades. Passei a ser mais um entre tantos. Foi bom e me entrosei bem. Os jogos, o horário de estudo, as missas... O Colégio era dos Padres Salesianos. Todo dia tinha missa e, no final da tarde, tinha a reza. Lá, garanti minhas indulgências plenárias...

Tiro de Guerra. Os Bailes de Carnaval e o conselho de sempre: “- Não exagere em nada. Tome cuidado.” O bom período no Colégio La Salle, onde eu me descobri aluno assíduo e presente. A volta a São Paulo para fazer o Curso Preparatório. Em Botucatu, o prof. Agostinho Minicucci tinha feito meu teste vocacional. Surpresa. Estava fazendo o Curso Científico, visando a Medicina e o teste deu “política e direito”...

Entrei nas Faculdades de Direito e de Sociologia e Política. Não fui trabalhar em jornal, mas fui para a política. O mais jovem de toda a equipe, “careca” da São Francisco e batalhando pelas causas da minha cidade. Cada vez tinha menos oportunidade de vê-la. Mas ela sempre acompanhava cada passo que eu dava.

O meu casamento com a Beth, os nascimentos do Marcelo e do Armandinho. A sua presença sempre meiga e incentivadora. A minha eleição para vereador de Botucatu. A sua preocupação com os imprevistos da política. O meu retorno a Botucatu, onde instalei meu escritório de advocacia.

Mais uma vez, a volta para a capital. Novos desafios profissionais. A importância de pertencer a um grupo competente e prestigiado. Foi quando a perdi. Já vinha adoentada, mas a perda sempre é amarga e sinalizadora...
Sim, sinalizadora. Um vazio tomou conta de mim. A dimensão da sua lembrança era e é imensa. Diferente das outras ausências de pessoas queridas... Diferente.

E é assim que eu escrevo esta crônica. Diferente. Não é o avô da Laura e do Neto, nem o pai do Marcelo e do Armando que a está escrevendo... mas “apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico...”

18 comentários:

Delmanto disse...

Que este meu desabafo que fui buscar lá no fundo da alma para escrever esta crônica seja, também, uma homenagem a todas as mães! Especialmente, às minhas amigas que acompanham este Blog e lhe dão vida e expressão.
Nunca é fácil falar da família. Mas, às vezes, não só é preciso como fundamental. E falar da minha mãe resultou de uma inspiração espontânea que brotou e cresceu e tomou conta deste escriba. Quem bom que tenha sido assim... Espontânea.
Espero que gostem. E espero que guardem um pouco da imagem que guardo dela, que compreendam a saudade que tenho dela e entendam a magia que me fez escrever este post.
É isso. Tudo muito simples... A vida é assim... Ainda bem.

Anônimo disse...

Armando, são momentos de "sem palavras"...quando nos lembramos delas....
Envio-lhe um poema que fiz em 2008, e dê um forte abraço na Bete.
Carmen Sílvia

Anônimo disse...

Joana Sant'Iago (Facebook): muito lindo! A melhor parte da gente é essa, quando tiramos todas as cascas e nos expomos para manifestar o amor. Infelizmente demora muito para se criar essa coragem esse DANE-SE o que o outro pensa. Muito linda a sua mãe.

Anônimo disse...


Eliane Lobato (Facebook): Bom dia Joana! e obrigada por nos colocar ao alcance um seu amigo que já nos emociona logo pela manhã

Anônimo disse...

Ana Maria Nogueira Pinto Quintanilha (Facebook): Fiquei emocionada, Armandinho!

Anônimo disse...

Grace Maria Mattos (Facebook): Bonito seu escrito em homenagem a sua mãe , elas são únicas e insubtituiveis. A minha foi maravilhosa ..... quanta saudade dela !!

Anônimo disse...

Tânia Yoshi Mukai (Facebook): Linda.

Anônimo disse...

Família... Como tudo muda com o tempo. Mesmo entre irmãos, vão se distanciando uns dos outros movidos pela realidade de uma nova família constituída e pelos afazeres que nos consomem... Vai se esgarçando o tecido familiar... Com os primos e primas essa realidade é ainda mais forte. Daí a importância de se procurar os bons momentos, fazendo do dia-a-dia um viver intensivo e atento. Mas, nunca é assim...
Bela homenagem, Armando. Um abraço especial. Felicidades!
(maria-de-lourdes2004@hotmail.com)

Anônimo disse...

Mirian Emilio de Oliveira (Facebook): Te entendo! somos sempre crianças dengosas qdo falamos em mãe, principalmente aquelas que foram maravilhosas em tudo e nos deixaram tão cedo. Um abração!

Anônimo disse...

Eunice Lima (Facebook): Linda homenagem. Mulher elegante, "chic",distinta como era sitada pela pela minha família.

Anônimo disse...

Priscila Barros (Facebook): Linda foto!!!

Anônimo disse...

Puxa, Armando, essa pegou fundo...
Como é bom sentir e poder dizer isso tudo...
(carla.bueno@bol.com.br)

Anônimo disse...

Oi, pai, quando você pediu para que eu tirasse uma foto do quadro da vovõ Fióca, não desconfiei de nada, mas quando eu fiz a montagem das fotos de seus antigos aniversários, já comecei a imaginar que alguma de família sairia no blog. Ficou muito bom. Muito bom mesmo. Marcelo Delmanto (adv.marcelo.delmanto@gmail.com)

Anônimo disse...

Caro e estimado amigo Armando,

Fiquei muito feliz pelas singelas memórias de sua mãe. Mãe é sempre aquela que luta nos bastidores, para a felicidade da família. Como você, guardo gratas recordações de minha mãe. E, depois que a perdemos sentimos um vazio, muito dificil de ser preenchido.

Olavo Pinheiro Godoy(Academia Botucatuense de Letras)

Anônimo disse...

Armando Delmanto (Facebook): compartilhou sua foto.
Homenagem a minha avó paterna, vovó Fióca! Saudades...
Que bom vc ter esse sentimento pela vovó. Sinal que ela soube demonstrar o amor nas pequenas coisas do dia a dia! E é o amor verdadeiro, gratuito, enfim, o amor que apenas os pais podem dar! Receba um grande abraço do seu filho Armando

Anônimo disse...

Rosane Schembeck (Facebook): Que linda!

Anônimo disse...

Andrea Morato (Facebook): adorei esse poetar, Armando Moraes Delmanto. Armando Delmanto, pra sua linda companheira e pra sua linda mãe, um feliz dia das mães. bjs

Anônimo disse...

Thales Mattos Filho (facebook): Para não ser repetitivo, concordo com todos os comentários, especialmente o da Grace; abraços, Armando

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