44º FESTIVAL DE CAMPOS DO JORDÃO
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Em mais de 40 anos de história, o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão se consolidou como o maior e mais importante festival de música clássica da América Latina.
Conhecido e respeitado internacionalmente, o Festival é passagem obrigatória de conceituados artistas de todo o mundo. Ao longo de sua história, nomes do porte de Eleazar de Carvalho, Magda Tagliaferro, Yehudi Menuhin, Hugh Ross, Mstislav Rostropovich, Michel Philippot, Kurt Masur, Dame Kiri Te Kanawa, Trio Beaux Arts, Ysaÿe Quartet, Le Poème Harmonique, Frank Shipway, Carlos Kalmar, Claudio Cruz e Yan Pascal Tortelier, os pianistas Nelson Freire, Cristina Ortiz, Maria João Pires e Arnaldo Cohen, os oboístas Albrecht Mayer e Alex Klein, os violoncelistas Antonio Meneses e Marc Coppey, os violinistas Gilles Apap e Dmitri Berlinski, além de grupos como Akademie für Alte Musik Berlin, Arditti Quartet e Les Musiciens de Saint-Julien, entre muitos outros, brilharam nos palcos e classes do Festival.
Além da apresentação em concertos, esses grandes artistas também fazem parte da programação pedagógica do Festival, dando aulas e master classes a jovens músicos. Anualmente, estudantes de música de diferentes partes do mundo - sobretudo do Brasil, América Latina e América do Norte - escolhem o Festival de Campos do Jordão para se aperfeiçoarem.
A qualidade do Festival não se restringe à programação. O evento oferece também atenção especial para a comunidade de Campos do Jordão, por meio de seus projetos de responsabilidade social. Formação musical para alunos e professores das escolas públicas da região, apresentações musicais em asilos da região, ingressos gratuitos ou com desconto para moradores da cidade estão no foco das ações responsáveis do Festival.
“Todos os estilos da música estão representados, os mais diversos períodos das história da música estão representados e você vai ter um elenco de artistas, de grupos e de orquestras como raramente você tem chances de ver”, disse o diretor Artístico do Festival, Arthur Nestrovski. O festival de inverno é o maior festival de música clássica da América Latina.
Bolsistas
Enquanto o evento não começa, o Palácio de Campos do Jordão já está sendo preparado para receber os bolsistas para cursos oferecidos pelo festival. No local, os bolsistas terão as aulas de instrumentos, canto, composição, regência, prática de orquestra e música de câmara com professores nacionais e internacionais.
Ao todo são 144 bolsas de estudo, sendo 25 destinadas a instituições estrangeiras e 119 para inscrições individuais. O festival oferece bolsas de estudo para os cursos de instrumento, canto, composição, regência, prática de orquestra e música de câmara para alunos com idade entre 14 e 30 anos.(divulgação da Secretaria Estadual da Cultura)
E nada mais oportuno do que mostrarmos como surgiu o Festival de Campos do Jordão, a importância de seu criador, Luís Arrobas Martins, e como foi a sua consolidação:
Nascido em Jaboticabal, em 30 de maio de 1920, Luis Gonzaga Bandeira de Mello Arrobas Martins, viria a marcar positivamente a cultura paulista, com suas iniciativas que definiram o nosso perfil cultural. Formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP), Arrobas Martins se destacou na luta contra a Ditadura de Getulio Vargas e na campanha a favor da entrada do Brasil na 2ª. Grande Guerra ao lado do Aliados e contra o Nazismo e o Facismo.
Sempre militando para a conscientização democrática da população paulista, Arrobas Martins ocupou os cargos de Secretário de Planejamento e Secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, no governo de Abreu Sodré e de Secretário de Estado Chefe da Casa Civil no governo de Paulo Egydio Martins. Ocupando cargos técnicos, dedicou-se à estruturação da cultura no estado.
No governo Abreu Sodré, idealizou o Festival de Inverno de Campos do Jordão e a organização dos museus: Museu do Palácio da Boa Vista, Museu da Imagem e do Som, Museu de Arte Sacra de São Paulo e Museu da Casa Brasileira. Privilegiou o modernismo brasileiro na pintura e na escultura e o barroco no mobiliário e nas imagens sacras. Pertenceu à Academia Paulista de Letras – APL, ocupando a Cadeira nº 13. Faleceu em São Paulo, no dia 03 de julho de 1977.
Membros Efetivos da ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS/1974. O Acadêmico Luis Arrobas Martins é o primeiro, em pé, da esquerda para a direita.
FESTIVAL INTERNACIONAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO “DR. LUIS ARROBAS MARTINS”
Em 12 de abril de 1970, o governo Abreu Sodré declara o Palácio da Boa Vista como “MONUMENTO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO”, abrindo suas portas à visitação pública, nos moldes dos castelos e palácios europeus. Arrobas Martins fora o coordenador dessa importante iniciativa governamental. Para simbolizar essa iniciativa governamental, Arrobas Martins resolve fazer um evento nos moldes do FESTIVAL DE MOZART, de Salzburgo, na Áustria. Era o início de tudo. O “PRIMEIRO CONCERTO DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO”, convidando para a direção musical, os maestros CAMARGO GUARNIERI e JOÃO DE SOUZA LIMA.
Em 1971, já com a denominação de “FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO” é realizado também no Palácio da Boa Vista e em outros locais da cidade. Em 1972 e em 1974, não houve a realização do Festival. Destaque-se que, em 1973, o maestro Eleazar de Carvalho assume a sua direção musical, na qual permaneceu até seu falecimento em 1996, contribuindo para a consolidação e aprimoramento dessa importante manifestação cultural.
Em 1975, como Chefe da Casa Civil do Governo Paulo Egydio Martins, Arrobas Martins passa a coordenar diretamente as atividades ligadas ao Festival de Inverno. A prioridade passa a ser a construção de uma sede própria. Em um terreno, com uma vista magnífica, próximo ao Palácio da Boa Vista, é implantado um complexo arquitetônico sobre uma privilegiada colina.
O Festival de Inverno foi realizado pela última vez no Palácio da Boa Vista,em 1978. Em 1979, já foi realizado no “AUDITÓRIO CLÁUDIO SANTORO”. Em 1999, comemorou-se os 30 Anos do Festival de Inverno e os 20 Anos de sua realização no “Complexo Arquitetônico Cláudio Santoro”, com auditório para 950 lugares e demais instalações necessárias para o evento, localizado à Avenida Doutor Luís Arrobas Martins, 1800, Alto da Boa Vista. Em 1978, um ano após o falecimento de Arrobas Martins, a Assembléia Legislativa aprova lei dando seu nome para esse importante marco cultural de São Paulo: “FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO “DR. LUIS ARROBAS MARTINS”.
Auditório Cláudio Santoro
O “Festival de Inverno de Campos do Jordão Dr. Arrobas Martins”, hoje, é uma robusta realidade e se multiplicou por todo o Estado de São Paulo, com as suas atrações percorrendo um circuito cultural a levar a boa música para todos os paulistas.
O 43º Festival de Inverno está sendo realizado desde o dia 30 de junho indo até 29 de julho.
UM PREFEITO COMPETENTE PARA SÃO PAULO
No ano de 1969, o Estado de São Paulo vivia uma realidade política muito difícil. O então Ministro da Justiça, autor do AI -5, era Luiz Antonio da Gama e Silva. Já havia feito um “estrago” na USP, onde conseguirá cassar cerca de 30 professores efetivos, acusados de comunistas ou simpatizantes mas que eram, na verdade, apenas desafetos seus na política universitária. Assim, foram afastados, entre outros, os conceituados acadêmicos: Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso e Paulo Duarte.
O Sr. Gama e Silva tinha um sonho obsessivo: ser Governador do Estado de São Paulo. Após a edição do AI-5 - aberração jurídica e antidemocrática de sua lavra - , passou a fazer marcação firme sobre o Governo Abreu Sodré. Achava que no Governo Estadual, os participantes do Movimento dos Administradores Cristãos (Nelson Gomes Teixeira, Arrobas Martins e outros), além de outras autoridades, entre eles, com destaque, o Secretário da Educação (ex-Reitor da USP e desafeto na política universitária), o Prof. Ulhôa Cintra, eram simpatizantes da esquerda.
E, coincidentemente, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, uma semana antes de ser efetivada a sua indicação para Prefeito de São Paulo, o Dr. Arrobas Martins fez empolgante discurso exaltando os paulistas e a importância de São Paulo na luta contra os governos autoritários. Foi o que bastou para o Regime Militar ( sob a presidência do General Costa e Silva) indicar para o cargo de Prefeito, o Sr Paulo Salim Maluf. Era mais uma retaliação ao governo de São Paulo que se transformou em uma realidade política que deixaria sua marca de como governar sem ética e ao arrepio das tradições paulistas.
É REGISTRO HISTÓRICO!
3 comentários:
Apesar de 2 tentativas para acabar o FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO, em 1972 e em 1974, ele se consolidou e, hoje, representa o ponto alto da cultura paulista. E é um estrondoso SUCESSO! Muitas cidades do interior do estado já participam com seus Festivais de Inverno, apresentando atrações do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Daqui para a frente é só aprimoramento. Ampliar e transformar aquela bela cidade turística na Capital Paulista da Cultura!
(maria-de-lourdes2004@hotmail.com)
Desde seu discurso inflamado e contundente feito nas sacadas da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, contra a Ditadura de Getúlio Vargas; desde o “Manifesto a favor da luta contra o nazi-facismo”, de sua autoria que mobilizou os estudantes universitários paulistas, ARROBAS MARTINS sempre pautou sua atuação pela defesa dos postulados democráticos e a favor de uma maior participação da população nas decisões governamentais.
Esse foi um Estadista! Foi um grande MECENAS DA CULTURA PAULISTA!
Estamos precisando de muitos “arrobas martins” para recolocar São Paulo nos trilhos e dar um choque cultural e educacional que, começando aqui, atinja todo o Brasil!
(danilo-gomes40@live.com)
Muito Obrigado pela dedicação ao meu Avó, Luis Arrobas Martins.
Foi um grande incentivador da cultura e de políticas públicas honestas!
Nunca tive a oportunidade de conhecê-lo, mas essas dedicatórias me deixam feliz por saber que meu avó era um Homem correto!
Obrigado
Renato Arrobas Martins Gomide
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