abril 19, 2014

Botucatu está “no meio-dia” da sua existência e de seu progresso... Reverendo Coine.

Botucatu está no “meio-dia” da sua existência e de seu progresso...

Reverendo Coine.

Foto R. VALEE'E/Diário da Serra

O Reverendo Coine destacou o desenvolvimento da cidade desde 1719, com a criação das fazendas jesuítas que originaram o município.

Já é tradicional a participação da ABL – Academia Botucatuense de Letras nas comemorações do aniversário de Botucatu. No 159º Aniversário de Botucatu, defronte a Prefeitura Municipal, com as autoridades presentes, tendo à frente o prefeito João Cury Neto, os componentes do Tiro de Guerra, a Corporação Musical “Damião Pinheiro Machado”, o Grupo de Escoteiros “Padre Anchieta” e das escolas da cidade, o reverendo Antonio Coine, da Igreja Presbiteriana, foi o Orador principal como representante da Academia Botucatuense de Letras.

No encerramento da semana comemorativa do Aniversário de Botucatu, apresentamos o inteiro teor do discurso proferido pelo reverendo Coine:
A Imigração dos Americanos/ Registro Histórico/ leia aqui
“Queridos Concidadãos:

É costume, entre nós, quando uma pessoa muito querida aniversaria, parabenizarmos e promovermos uma grande festa celebrativa.
Pois bem!
A nossa querida cidade de Botucatu, comemora, hoje, os seus 159 anos de idade.
Isso é uma grande alegria e bênção para todos nós.
Porque dissemos: para todos nós?
Porque somos, todos nós, de maneira total e indistinta, filhos dessa amada cidade, que nos acolheu no seu seio como o faz a mãe, quando acolhe seus filhos para dar-lhes proteção, amor e carinho.
E é justamente isso que Botucatu tem feito para cada pessoa que aqui tem chegado e feito dela o seu lar e estabelecido sua família.
É certo que a nossa querida Botucatu, como a vemos hoje, não é a mesma que foi há 159 anos, ou até mais, como já nos escreveram nossos ilustres historiadores, cujos registros se encontram nos fartos e famosos escritos do nosso ilustre concidadão Dr. Armando Delmanto e outros historiadores nossos.
Por esse motivo gostaria de convidá-los, neste momento, a que dirijam seus pensamentos em páginas importantes, como se estivessem folheando um álbum de família.
Ali poderemos vislumbrar, na primeira página, o nosso passado.
Mais adiante poderemos nos defrontar com o nosso presente.
E na página seguinte observaremos o nosso futuro, bem como de nossas gerações seguintes.


NO PASSADO

Nos depararemos com os nossos pioneiros.
Ali se encontram as primeiras sementes daquilo que hoje usufruímos.
Se olharmos para o passado, poderemos ver nossa querida cidade de Botucatu retratada de maneira bem simples e humilde, dentro de um sertão incomensurável.
Nas fotos dessa primeira página do nosso álbum teremos a oportunidade de voltar no tempo e ali encontrarmos, primeiramente, os jesuítas, quando, lá pelo
ano de 1719, a famosa e elitizada Companhia de Jesus, numa fazenda, havia se estabelecido.
Escreve-nos Armando Delmanto que: Em pesquisas realizadas em Sorocaba, o escritor botucatuense, Hernâni Donato, comprovou que os primeiros botucatuenses nasceram nessa fazenda”. (in "Memórias de Botucatu I", de Armando M. Delmanto, págs. 16/17, 2ª edição 1995);
O passado da nossa cidade deveria, em muito, aguçar as nossas mentes, nos dias de hoje, para entendermos o seu real valor.
Uma vez que sabemos que esta cidade nasceu sob o signo da cruz, “segundo o Prof. Plínio Airosa, da USP” isso deve nos levar a refletir naquilo que o Supremo Deus, o Criador disse, cerca de dois mil e quatrocentos anos atrás, através dos lábios do Profeta Malaquias, que não devemos desprezar “o dia dos humildes começos”.
Ao falar isso Ele quer nos dizer que nele, no passado, foram plantadas as sementes de uma visão futura, daquilo que nossos antepassados, os nossos pioneiros, os nossos colonizadores sonharam para essa cidade: Progresso, Amparo, Proteção, Saúde, Educação, para todos, indistintamente.
Isso quer nos lembrar ainda, que esta cidade, no seu passado, teve aqueles que a fizeram, que a construíram: e foram os braços fortes dos escravos e dos livres; dos proprietários e dos trabalhadores. Todos eles, homens, mulheres e crianças fortes, dignas de serem lembrados e homenageados por nós cidadãos da modernidade.
Pobre povo aquele que não conhece e pouco se interessa pelo seu passado.


(do livro "MEMÓRIAS DE BOTUCATU" - 1990)
clique na imagem para ampliá-la

Lembramos-nos de uma frase do ilustre educador e pastor presbiteriano que aqui esteve por volta do ano de 1868, Revdo. Prof. George Whitehill Chamberlain, recém formado pela Universidade de Princeton. Ele esteve hospedado na casa de Domingos Soares de Barros, pois este estava interessado em conhecer as doutrinas contidas nas Sagradas Escrituras, a Bíblia.
Quando estabelecia a primeira Escola Americana, na rua Líbero Badaró, em São Paulo, que se tornaria a hoje Universidade Presbiteriana Mackenzie, Chamberlain uma belíssima e importante frase que se encontra registrada nos livros de história do presbiterianismo: “Nós trabalhamos na calada da noite, mas outros virão ao nosso encontro no alvorecer”.
Poderemos, com absoluta certeza, parafraseá-la pensando no que os nossos pioneiros, tais como o Capitão José Gomes Pinheiro, dentre outros, disseram também: “Trabalharemos com afinco na calada de noite, mas outros virão até nós, para nos ajudar, nas asas da alvorada”.
Hoje, queridos concidadãos, Botucatu não se encontra mais na calada da noite e muito menos nas asas da alvorada, uma vez que é uma cidade que já se encontra no meio dia da sua existência e do seu progresso: com sol a pino, que aponta a sua pujança, o seu progresso, tendo tudo de bom que uma cidade pode desejar.


O PRESENTE E O FUTURO

Ao olharmos, agora, para a página do nosso álbum que aponta o nosso presente, entendemos melhor o lugar onde já nos encontramos situados podendo contemplar aquilo que estamos usufruindo. Aquilo que temos recebido, aquilo que tem nos abençoado e nos tem feito progredir.
Quem se encontra no presente, deve também, à semelhança dos nossos antepassados pioneiros, com o olhar de agradecimento, ter uma visão do futuro.
Aquilo que usufruímos hoje da honestidade do caráter, como fruto do trabalho laborioso conquistado pelo suor do nosso rosto e abençoado pelo Criador é a base no solo da herança que deixaremos para aqueles que nos substituirão. E essas vidas já se encontram nos ventres maternos, nas crianças que se movem em nossa cidade, nos adolescentes e jovens alegres que caminham festivos e satisfeitos em nossas ruas povoando nossas escolas.
Por isso é necessário que, olhando ao nosso redor vejamos se há ainda uma única pessoa com fome, uma única criança sem a educação devida, alguém desabrigado ou desamparado pelas circunstâncias da vida, e não nos omitirmos.
Não podemos encher os nossos bolsos com as riquezas honestas, pelas quais lutamos e angariamos, sabendo que há fome, falta de educação, abrigo e outras coisas que constituem o bem dos seres humanos, nossos irmãos.
Se bem que podemos dizer com orgulho santo que a nossa Botucatu tem servido de exemplo nessas áreas para outras cidades. Por isso somos chamados de Cidade dos Bons Ares, das Boas Escolas e das Boas Indústrias, e, porque não dizer de Bons e Caridosos Corações.
É certo de que não poderemos nos deleitar tranquilamente na poltrona do nosso sucesso, com a consciência tranquila, enquanto milhares de brasileiros vivem na necessidade. Deus mesmo disse que devemos ser o amparo das viúvas, dos órfãos, dos pobres, dos enfermos, dos estrangeiros e de todos que necessitam da nossa ajuda, do nosso amor, do nosso carinho, da nossa caridade. Por isso, devemos continuar a realizar este grande empreendimento, seja aos nossos munícipes, como também, de outros municípios, aos quais temos estendido nossas mãos com amor cristão. Para quem não sabe, daqui têm saído toneladas de roupas e alimentos para o sustento de tribos indígenas e pessoas carentes em rincões muito afastados da nossa cidade, no Mato Grosso do Sul e, até no Amazonas e Nordeste Brasileiro.
Finalizamos usando as palavras do salmista que dizia, há cerca de três mil anos atrás: “Bem-aventurado é o povo cujo Deus é o SENHOR!” (Sl 144.15)
E Deus mesmo nos concita através dos lábios do profeta Jeremias: “Procurai a paz da cidade para onde vos fiz transportar e orai por ela ao SENHOR; porque na sua paz vós tereis paz” (Jeremias 29.7).
Que Deus, o Supremo Criador, Mantenedor e Sustentador do Universo abençoe nossa querida cidade, nossa mãe amorosa.
Parabéns querida BOTUCATU!!! Muitíssimos anos de vida e progresso.”
Foi muito aplaudido o Acadêmico Reverendo Dr. Antonio Coine, Membro Honorário da Academia Botucatuense de Letras e Pastor Emérito da Igreja Presbiteriana do Brasil.

Dados Pessoais:


Igreja Presbiteriana de Botucatu 

Igreja Presbiteriana "Monte Sião"

Antonio Coine, 65. Casado com Nilza Coine há 38 anos. Pai de duas filhas e um filho; todos casados. Avô de três netinhos (duas meninas e um menino). 

Pastor há 38 anos. Bacharel em Teologia pela Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil - SP. Licenciado em Filosofia. Mestre em Divindade e Doutor em Ministério pelo Seminário do Canadá em Manitoba/CA. Foi missionário da Igreja Presbiteriana do Canadá, plantando e pastoreando a Dovercourt-Saint Paul’s Presbyterian Church, Presbitério West de Toronto. Pastor durante 7 anos da IPIB de Lençóis Paulista, 28 anos da IP Monte Sião de Botucatu e 3 anos da IP de Botucatu. Hoje, Pastor Emérito da IP Monte Sião.

20 comentários:

Delmanto disse...

A foto da lápide do túmulo de Lee Milton, no Cemitério das Três Cruzes, é o registro da homenagem da Família Meriwether, em 1895, ao lendário General Lee. Em 1988, quando eu editava o jornal “FOLHA DE BOTUCATU”, fiz uma pesquisa sobre os descendentes americanos enterrados em Botucatu. O túmulo do jovem Lee Milton estava em péssimo estado, impossível de ser fotografado para registro. Na ocasião, contratei uma Marmoraria da cidade que fazia lápides no cemitério para que fizesse a restauração desse túmulo. Pela foto do Dallas (Dalanesi), feita especialmente para o jornal, pode-se ver que é um túmulo original e diferente dos demais: tipicamente em estilo dos americanos do sul dos EUA.
Essa foto é uma preciosidade histórica a registrar a passagem dos americanos sulistas por Botucatu. Na matéria “OS AMERICANOS”, publicado no livro “MEMÓRIAS DE BOTUCATU”, em 1990, todo o histórico da passagem dos americanos sulistas por Botucatu está registrada. Acabara a guerra e se buscava a concórdia entre sulistas e nortistas. Mas sempre ficam os ressentimentos e a intolerância. Os sulistas não tiveram condições de uma recomposição total. Muitos preferiram o exílio voluntário ou a busca de uma nova pátria. Famílias inteiras, inclusive com seus escravos, imigraram para outras terras. Assim, muitos americanos sulistas acabaram no Brasil. Assim, muitos sulistas americanos acabaram em Botucatu.
Corria o ano de 1865 e os confederados sulistas americanos começavam a imigrar. Para o Brasil vieram no mesmo ano do término da Guerra Civil e durante o ano de 1866. No link colocado no post “A IMIGRAÇÃO DOS AMERICANOS/REGISTRO HISTÓRICO”, procuramos mostrar como foi a vinda deles para Botucatu e a influência que tiveram nos costumes e na religião, com o Protestantismo. Vale a leitura.

Anônimo disse...

Jo Sant'Iago (Facebook):
Lendo tudo isso, fico com vontade de morar em Botucatu rs.

Anônimo disse...

Esse discurso do reverendo de Botucatu é uma verdadeira peça literária. Os protestantes pioneiros eram preparados e cultos. O Brasil e Botucatu foram privilegiados por receberem os americanos sulistas após a Guerra de Secessão. Vieram com suas famílias, seus escravos, e seus usos e costumes. Poucos sabem que foram esses americanos que introduziram modernos equipamentos (arados, etc.) na agricultura, além de trazerem sementes da melância e outros produtos agrícolas. As escolas eram o ponto alto desses imigrantes, pois além de estarem construindo uma nova pátria, também queriam mostrar como representavam uma nação que valorizava os preceitos de Deus e os avanços culturais positivos da humanidade.
Parabéns, reverendo Coine. Seu discurso é uma aula de sabedoria. Exemplo para todas as religiões. A comunidade botucatuense tem orgulho de seu Reverendo Antonio Coine!
(carlosantoniomascarenhas@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Ana Maria Tancler Stipp (Facebook):
Saudade da minha Botucatu, dos bons ares e das boas escolas.

Anônimo disse...

Ana Maria Tancler Stipp (Facebook):
Era chamada carinhosamente por todos de "igreja Preta"

Anônimo disse...

Grace Maria Mattos (Facebook/Venezuela):
OBRIGADO POR ESSA FOTO (Igreja Presbiteriana) ARMANDO ME TROUXE MUITAS LEMBRANÇAS BOAS .

Anônimo disse...

Dalila Albuquerque (Facebook):
Fiquei feliz com sua postagem, Dr. Armando...

Anônimo disse...

Jane Moraes (Facebook):
meus amigos de sp guaraciaba trench e familia frequentavam essa igreja

Anônimo disse...

Antonina Mendonça (Facebook):
Imponente e bela igreja, enfeitando a Rua Dr. Cardoso de Almeida.

Anônimo disse...

Eunice Lima (Facebook):compartilhou sua foto.
·
Minha Terra Natal!

Anônimo disse...

Fernando Hossepian (Facebook):
Uma boa história

Anônimo disse...

Iolanda Carneiro (Facebook):
Linda igreja e fonte de excelentes amigos! Igreja Presbiteriana.

Anônimo disse...

Carmen Sílvia Martin Guimaraes (Facebook):
Linda e marcante a Igreja, mas muito mais lindo o discurso do Confrade e Reverendo Coine no dia 14 de abril!

Anônimo disse...

Carlos Teixeira Pinto (Facebook):
MORADA DA INTELIGÊNCIA , MINHA TERRA NATAL , MEU ORGULHO . PARABÉNS MEU POVO .

Anônimo disse...

Manuel Luiz M Martin (Facebook):
Nessa foto estamos eu , meu pai e meu irmão, na Cardoso de Almeida , na casa onde moravamos na Cardoso de Almeida perto dessa igreja, mas eu não me lembro o numero da casa

Anônimo disse...

Ramiro Vióla (Facebook):
PARABÉNS AMIGO DELMANTO PELO SEU BLOG!!!

Anônimo disse...

Waldely Rodrigues Alves (Facebook):
Rv Coine muito amado por nós! assim como Nilson sales . igreja preta presbiteriana , tem muitos capítulos no livro da minha vida !

Anônimo disse...

Mary Pighinelli (Facebook):
Que legal...nunca deveriam permitir que pintassem esta Igreja!!!

Anônimo disse...

Dalila Albuquerque (Facebook):
Ela é semelhante à Catedral Presbiteriana do Rio de Janeiro. Muito linda. Segue a arquitetura neogótica inspirada na Catedral de Saint-Pierre em Genebra.

Anônimo disse...


Luis Alexandre Zenshi (Facebook):
Nossa!!! Professora Dalila. Há quanto tempo que não você essa igreja

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