maio 13, 2014

O quarto mundo é a paralisação das possibilidades, por Arnaldo Jabor

O quarto mundo é a paralisação das possibilidades, por Arnaldo Jabor

Com o cenário “negro” da Copa do Mundo/2014, este artigo/alerta do Arnaldo Jabor cai como uma “bomba” a tentar “despertar” o cidadão brasileiro anestesiado e paralisado diante do “non sense” em que se transformou a nossa vida pública. Não há perspectiva boa no horizonte cívico...
As eleições presidenciais não nos dão saída segura:

1- Permanece a Dilma;




2- Entra o Eduardo Campos/Marina;



3- Entra o Aécio.




Os “oposicionistas” Eduardo Campos/Marina SÃO Lulistas declarados, então...
O “oposicionista” Aécio sempre esteve ligado ao Sérgio Cabral até por laços de parentesco. Foi traíra com o Serra e o Alcmin, então...
RESUMO: O Brasil está doente,
 repetindo: O BRASIL ESTÁ DOENTE!!!

A solução é a SOCIEDADE ORGANIZADA tomar em suas mãos o seu próprio destino, ou seja, realizar uma CONSTITUINTE para as REFORMAS URGENTES que o Brasil PRECISA!
Abaixo, o corajoso artigo do Arnaldo Jabor:

A pós-miséria
13/05/2014
Arnaldo Jabor - O Globo

Ontem vi na CNN uma reportagem sobre o Brasil, a propósito do crack na periferia do Rio. Nunca vi barra tão pesada da miséria brasileira, com corpos semimortos, sujeira e desespero mudo. A repórter americana estava à beira de um colapso nervoso com a degradação do País, alertando estrangeiros civilizados sobre o perigo de vir à Copa. Já andei por fundos sertões e não sou criança, mas parecia que estávamos na Nigéria, na área do Boko Haram, um daqueles lugares mortos que não fazem parte nem do mundo pobre. Ficou-me claro que aqui já vivemos uma "pós-miséria" incurável, africanizada. A miséria se aprofundou. Chocado, me sentei para escrever este artigo. Comecei a fazer reflexões 'sensatas' sobre o que fazer, na base do "precisamos" disso, "precisamos" fazer aquilo, precisamos tomar providências, etc. "Precisamos." De repente, me bateu: para quem estou falando? A quem me queixo? A quem recorrer? Minhas perguntas caem no nada. Como fazer as instituições refletirem e agirem, se a pós-miséria atinge não somente os miseráveis, mas degrada as maneiras de combatê-la? A miséria das ruas e dos desvalidos, do crack , do abandono, deriva-se da impotência das instituições e vice-versa.
São duas misérias interagindo, acopladas: a ativa (política) e a passiva (os desgraçados). Criadores e criaturas.
As manifestações de junho, milagrosas e belas, ficarão sem respostas, porque não há o que responder e como responder. Quem? Uma presidenta (sic) enjaulada no "presidencialismo de cooptação", que depende dos congressistas picaretas? Quem? O Judiciário aleijado, com leis de 100 anos atrás?
Por isso, escrevo este artigo pessimista, sim; quem achar deprimente, pare de ler. Mas tenho de continuar; não sei bem para que nem para quem. Mas, escrevo...
A brutalidade está atingindo o País de forma inédita. O subsolo das manifestações de classe média é a violência primitiva dos "lúmpens" (miseráveis inúteis) que está aparecendo. No mesmo registro das donas de casa que protestam contra a carestia ou de jovens contra a Copa, matam-se pessoas por nada, linchamentos, privadas voadoras, cadáveres cortados a peixeiras e costurados ao sol com pinos de guarda-chuva, mortos nas Pedrinhas dos Sarney, pais que matam filhos, crianças se degolando, etc.
Não adianta ficar repisando os óbvios erros desse governo, que deixarão sobras terríveis para quem vier - seja Dilma, Lula (será que ele quer?) ou a oposição. A democracia subestimada pelo PT levou a um voluntarismo medíocre que "faria" a remodelação da realidade de modo a fazê-la caber em premissas ideológicas. Seus erros são tão sólidos que chego a pensar que visam a apodrecer as instituições "burguesas" por dentro, numa espécie de "gramscianismo pela corrupção". Isso já está diagnosticado, mas os renitentes intelectuais orgânicos dirão: "O PT desmoralizado ainda é um mal menor que o inimigo principal: os neoliberais". E assim vamos.
Estamos entrando numa pós-violência e numa pós-miséria - eis a minha tese. Há uma africanização de nossa desgraça, a ponto de ela não ser mais reversível. E não era assim. O Brasil sempre contou com a possibilidade de melhorias. Sempre vivemos o suspense e a esperança de que algo ia mudar para melhor.
Isso parece ter acabado. É possível que tenhamos caído de um "terceiro mundo" para um "quarto mundo", como já nos consideram analistas do exterior. O quarto mundo é a paralisação das possibilidades. Quem vai salvar as 300 meninas sequestradas na Nigéria, quem vai resolver o Sudão, a Líbia? E aqui? Quem vai resolver o drama brasileiro que está entrando no mesmo clube? As informações criam apenas perplexidade e medo, mas, como agir? Não há uma ideologia que dê conta do recado. E, na falta de soluções, recorrem a velhos métodos políticos já testados que falharam. No caso brasileiro, se Dilma for reeleita, o falhado "bolivarianismo" tende a aumentar.
No Brasil, vivemos com a insolubilidade e, diante dela, só temos duas hipóteses: ou a convivência com o absurdo e o desespero, tarefa dificílima até para filósofos ou, então, surgirá um autoritarismo populista carismático, quase "religioso", para manter a vida social funcionando, com os privilegiados trancados em casa ou em Miami, com a patuleia bem controlada. Resolver os problemas do País de desigualdade, ignorância, fome, é tão difícil como democratizar o Boko Haram. Não temos meios, como disse Baudrillard - "temos apenas os frágeis instrumentos dos direitos humanos".
É uma espécie de colheita; com o crescimento da população, das informações, dos desejos, todos os problemas plantados há séculos estão irrompendo ao mesmo tempo. Já tivemos uma miséria dócil, controlada, e nada se fez porque ela não ameaçava. Já usufruímos de vários séculos da estupidez popular para manter nossos privilégios. Já elegemos, "salvadores da pátria" que sempre nos ferraram desde o golpe militar da República até Getúlio, Jânio, 64, Collor, Lula. E deu em nada. Como infiltrar um espírito mais "anglo-saxônico" nesse corpo ibérico, inerte, "anestesiado e sem cirurgia"? Hoje, é tarde demais.
O que mais me grila é que não parece se tratar de um período histórico passageiro que, uma vez terminado, o País volte ao "normal". Não. É um salto para outra anormalidade sem-fim; é uma mudança de estado. Não é uma doença que passa; é uma anomalia incurável.
E aí? Perguntarão os leitores a esse pessimista bodeado? Bem... É possível que Lula volte. Será? Ele deve estar analisando as possibilidades. Como só pensa em si mesmo, se ele achar que é muita aporrinhação, desiste. Se não, ele volta. E aí, sejam bem-vindos ao Quarto Mundo!
Minha filha Juliana Jabor, antropóloga e psicanalista, escreveu outro dia: "Lula poderá se apropriar da situação, com seu carisma inabalável, para ocupar a 'função paterna' que está vaga desde o fim do seu governo. Eleito de novo, a multidão se transformará, aí sim, em 'massa'. Os 'movimentos' perderão o seu caráter de produção de subjetividades e se transformarão numa massa guiada por um líder populista". Desculpem a depressão e boa sorte…

11 comentários:

Delmanto disse...

Um amigo “sensato” diria:
- Delmanto, não adianta falar, escrever, gritar, ninguém está interessado...A maioria está “brincando” no IPhone 4 ou 5...
NÃO CONCORDO.
Acho que a hora está chegando e quem ficar parado será atropelado pela “imundice política” que está afogando o país.
Vamos falar, sim! Vamos escrever, sim! Vamos até gritar se preciso for!!!
O BRASIL ESTÁ DOENTE! E é URGENTE!!!

Anônimo disse...


Estela Dias (FACEBOOK)compartilhou sua foto.
·
Meu Deus olhai por nos.
Minha nossa Senhora de Nossa Senhora de Fátima Rogai por Nós

Anônimo disse...

Antonio De Oliveira Moruzzi (fACEBOOK):
Cuidado senāo acaba caindo na malha dos blogueiros pagos da infantaria MAVs. !!!!

Delmanto disse...

Amigo Moruzzi:
Eu estou aceitando trabalho, mas não de “quinta-coluna”...rsrsrs
O risco está à solta, quem correr vai ficar onde está e que parar será atropelado...rsrsrs
O Brasil está DOENTE!
Só não vê quem não quer...

Anônimo disse...

Não concordo que o Eduardo Campos seja lulista. Ele carrega toda uma história de resistência liderada pelo seu avô, Miguel Arraes. Esteve ligado e até foi ministro do Lula, mas nada mais o prende a esse passado. Já tentaram denegrí-lo dizendo que ele é filho do Chico Buarque, que teria tido um caso com sua mãe, Ana Arraes, durante um show que fez no Recife. Pura maldade que precisa ser rechaçada. Já foi negado o episódio.
Na minha opinião, Eduardo Campos pode ser um novo caminho, desvinculado do passado e já preparado para a grande tarefa de recuperar o Brasil e o seu futuro.
(haroldo.leao@hotmail.com)

Anônimo disse...


Jo Sant'Iago (facebook) compartilhou sua foto.

Verdade... Nosso país está em estado grave, gravíssimo!

Anônimo disse...

Antonio De Oliveira Moruzzi (Facebook);
nao entendeu o recado... vc jamais entraria numa infantaria dessa... tem é que tomar cuidado com os MAVs. ...sao perigosos!
Concordo totalmente com você ... veja o que postei ............Algo extremamente preocupante está ocorrendo ...a olhos vistos... estamos deixando de ser cordiais e nos transformando rapidamente num povo raivoso !
Tomou conhecimento desse desabafo do vocalista Roger ? .......... " Hoje fui atacado no Twitter pela militância virtual do PT, os chamados MAVs.
Gente paga para militar. Gente que, na impossibilidade ou incapacidade de defender suas ideias, ataca a pessoa.
Gente baixa, gente escrota, como o ator global José de Abreu, o dublê de jornalista Pedro Alexandre Sanches e gente tão covarde e insegura de suas convicções que se esconde atrás de pseudônimos, como é o caso de Stanley Burburin.
Fui atacado porque segundo a lógica distorcida desses cretinos, eu estaria aceitando dinheiro de um governo que não apoio para tocar hoje aqui, e que isso não seria coerente.
Pois bem, quem está me pagando hoje não é um partido que se considera dono do Brasil. Um governo honesto deve apenas administrar o dinheiro que recolhe do povo e devolvê-lo ao povo em forma de serviços, de acordo com a necessidade desse mesmo povo.
Não vou agora discutir se isso está sendo feito ou não, mas o fato é que estou sendo contratado para exercer meu ofício, nesse caso, trazer cultura e diversão para o povo.
Quem está me pagando é o povo, do qual eu faço parte, através de um órgão do governo que, repito e enfatizo, não pertence a um partido político, ao contrário do que querem acreditar esses canalhas que me perseguem por eu exercer meu direito de pensar e me expressar livremente.
E eu estou com o saco cheio dessa violência indiscriminada, dessa luta de classes cruel e ignorante que vem sendo incentivada de uns tempos pra cá.
Somos todos brasileiros. É esse tipo de miséria que eu gostaria que acabasse no Brasil: a miséria cultural, a pobreza de espírito, a falta de educação de qualidade. Tenho certeza que, bem educados, ninguém precisaria de esmolas do governo, assim como eu nunca precisei. "
vocalista Roger ( do Ultraje a Rigor no Festival CCBB de Música Urbana, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo )

Delmanto disse...

Armando Moraes Delmanto Oi, Moruzzi.
Estou sabendo que um “bando” de bloguistas está a serviço da guerra virtual a favor do PT. Houve uma reunião com o Lula, segundo a imprensa.
Nós vamos continuar na caminhada. Já não há militância espontânea desse partido. E tudo que é pago e ainda mais para o mal, nunca dá certo......
Tenho acompanhado suas postagens, sim.
Você está certo. Pau na máquina...
Grande abraço.

Anônimo disse...

Fernando Blasi (facebook):
Os bilhões roubados do nosso país são justamente para comprar/azeitar a máquina que permita perpetuarem no poder e seguirem na gatunagem desenfreada!

Anônimo disse...

Eunice Lima (Facebook):
Não deixem de ler.

Anônimo disse...

Manfredo Costa Neto (Facebook):
Se correr o bicho pega, se parar o bicho come!

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