janeiro 01, 2015

História dos BELGAS de Botucatu no livro “BRASIL e BÉLGICA”!


História dos BELGAS de Botucatu no livro “BRASIL e BÉLGICA”!



Botucatu entra em 2015 com o pé direito! 
Na luxuosa e substanciosa edição do livro “Brasil e Bélgica – Cinco Séculos de Conexões e Interações”(disponível para download gratuito no site www.brasil-bélgica.com) está registrada a vinda dos Colonos Belgas do Congo para o Brasil, mais precisamente para Botucatu, onde foram alojados na FAZENDA MONTE ALEGRE, comprada pela BÉLGICA. Estava formada a COLÔNIA BELGA DE BOTUCATU/1962. O registro histórico, os editores foram buscar no livro “MEMÓRIAS DE BOTUCATU”, de Armando M. Delmanto/1990 e na PEABIRU - Revista Botucatuense de Cultura, nº 02, março/abril de 1997.

Agora em março, o Ministro Belga do Comércio Exterior, Pieter De Crem, está no Brasil para fortalecer os laços entre Brasil e Bélgica. Durante seus diversos compromissos, o Ministro tem presenteado seus interlocutores com o livro "Brasil e Bélgica: Cinco Séculos de Conexões e Interações".




Essa publicação, coordenada por Eddy Stols, Luciana Pelaes Mascaro e Clodoaldo Bueno, mostra os “laços entre Brasil e Bélgica”, mostrando que mesmo “separados por um oceano e milhares de quilômetros, Brasil e Bélgica são mais próximos do que se poderia imaginar” E que “trazer à tona esse vínculo é a principal missão desta obra, que nos oferece um registro histórico e cultural importante da relação entre os dois países.”

“Estamos certos de que, a partir dela, o Brasil e Bélgica passam a ter uma referência bibliográfica tão relevante quanto inspiradora, capaz de demonstrar todos os benefícios da relação respeitosa, harmoniosa e cooperativa entre duas nações”
“Faça o download completo ou selecione os capítulos específicos:
Apresentação:
1-    Travessias e Migrações
2-    Relações Oficiais e Diplomáticas
3-    Relações Econômicas: Comércio e Empresas
4-    Colaboração Científica
5-    Influências Religiosas e Ideol´pgicas
6-    O Brasil entra em Cena
7-    Música
8-    Cinema e Televisão
9-    Artes Plásticas
10-Arquitetura
11-Esportes
12-Gastronomia
13-Créditos de Imagens.

E o BLOG DO DELMANTO apresenta a publicação original com fotos inéditas daquele período tão importante para Botucatu. Vale a leitura!

Os Belgas - A imigração dos belgas para Botucatu


Os Belgas

Início dos anos 60. Uma nova década estava começando e muitas mudanças no terceiro mundo também...
No Brasil, um jovem político chegaria à Presidência da República com esmagadora votação e carregando as esperanças de milhões de brasileiros. Era Jânio Quadros. Tudo era esperança...
No continente africano as mudanças eram mais radicais: começava a ruir o sistema colonizador europeu. O antigo Congo Médio (parte da África Equatorial Francesa), depois República do Congo, obtém a sua independência a 15/08/1960. A França perdia uma colônia e a África ganhava um país independente. O Estado Livre do Congo, fundado pelo Rei Leopoldo II da Bélgica, depois Congo Belga, conseguia a sua independência a 30/06/1960, com o nome de República Democrática do Congo. Já nos anos 70, a intensa campanha de africanização provoca alteração: a República Democrática do Congo passa a ser República do Zaire (com a queda do regime ditatorial que dominava o país desde os anos 70, voltou a denominar-se, à partir de 1997, de República Democrática do Congo). A Bélgica também perdera uma colônia. No continente africano, no início dos anos 60, tudo era esperança para os nativos que buscavam reencontrar as suas raízes e traçar o seu futuro e reconstruir o continente africano, uno e coeso.


1ª Edição/1990
2ª Edição/1995

A par da situação dos africanos, era delicada a situação dos pioneiros europeus que partiram para o desconhecido e foram colonizar, com bravura, aquela estranha terra, com costumes tão diversos dos seus e onde a adversidade era uma constante. Mais particularmente, a situação dos colonizadores belgas era grave: o desentendimento entre as tribos do então Congo Belga pela predominância no poder, fez com que o Governo da Bélgica procurasse uma solução urgente para seus colonos. O retorno puro e simples à Bélgica não encontrou aceitação pacífica: era entendimento predominante a necessidade de se propiciar aos colonos belgas condições "semelhantes" às que tinham no Congo Belga.
Dois países passaram a ser objetos de estudo: o Brasil e a Austrália. Logo de início a Austrália foi descartada pelas rígidas normas para imigração que tinha nos anos 60. A atenção do Governo Belga centrou-se no Brasil.
Mesmo permitindo a volta à Bélgica, o que ocorreu em larga escala, o Governo incentivava a imigração para o Brasil: o Governo compraria terras e daria apoio e assistência técnica.
A realidade, no entanto, era a de que a Bélgica desconhecia o Brasil, mesmo tendo embaixada e consulados no país. Por isso mesmo, utilizou-se da experiência da Holanda, país vizinho que já mantinha uma experiência agrícola na região de Campinas (Jaguaríuna), a Hollambra I, que tinha no comando, como Presidente, Mr. Hoogenboom.
O acordo dos dois países previa o encontro, a cargo de Mr. Hoogenboom, de uma área agrícola para a instalação de uma cooperativa para os colonos que estavam saindo do Congo Belga.
Talvez aí tenha começado o grande equívoco. A Bélgica não era a Holanda. Embora vizinhos, os dois países tinham as suas particularidades. A Holanda tinha uma população protestante (30%)menor que a população católica (40%), mas os protestantes eram ativos e unidos. A Bélgica tinha uma população católica (97%) predominante. A população belga tinha maior identidade com os franceses: seu espírito era mais latino. A população holandesa tinha maior identidade com osalemães: eram disciplinados e reservados.
A experiência holandesa no Brasil tinha ainda encontrado uma região de terra boa (Campinas) e a predisposição dos colonos holandeses em aceitar a disciplina firme imprimida por Mr. Hoogenboom: aHollambra I, em Jaguaríuna, era um sucesso.
Encarregado pelo Governo Belga de encontrar uma gleba, Mr. Hoogenboom chegou a ser acusado pelos primeiros cooperados de ter escolhido uma terra cansada para os belgas, ao mesmo tempo em que escolhia em Paranapanema (SP), região de terra boa, uma gleba, na mesma ocasião, para ser sede da Hollambra II, como expansão da Hollambra I, para onde foram os filhos dos cooperados da primeira. A Hollambra II, hoje, tanto quanto a primeira, é um sucesso.
As acusações dos primeiros colonos belgas, além da que acusava o holandês de não comprar a melhor terra, chegaram ao ponto de acusá-lo de comprar a terra por um preço superior ao real e de querer fazer da experiência dos belgas uma Hollambra III...
Não, os belgas não eram os holandeses. Não só não se submeteram a um tratamento rígido, como ao imprimido nas duas Hollambras, como diversamente dos holandeses, integraram-se facilmente com os brasileiros (casamento dos filhos (as) dos cooperados com brasileiras (os), afastando-se da colônia).
A escolha de Mr. Hoogenboom recaiu na Fazenda Monte Alegre, localizada no município deBotucatu (SP). Fazenda muito conhecida no Estado, a Monte Alegre era de propriedade do fazendeiro José Augusto Rodrigues e chegara a ter um milhão de pés-de-café. Em 22 de setembro de 1961, era oficialmente fundada a Sociedade Cooperativa Agropecuária Belgo-Brasileira - SCABB, tendo como primeiro Conselho de Administração, o seguinte: Presidente: Mr. J. Henderichx; Tesoureiro: Mr. A. Michiels; Secretário: A. Renard; Conselheiros: Mrs. E.Champion e Loverius.
A Fazenda Monte Alegre tinha 4.010 alqueires (9.704 Ha), tendo custado, na época, o equivalente a 650 mil dólares (dólar oficial). Até o ano de 1971, vieram 361 pessoas (adultos e crianças), nasceram 40 crianças e faleceram 6 pessoas, tendo havido 14 casamentos (4 entre belgas e10 com brasileiros (as), sendo que em 1971 a colônia era composta de 405 pessoas (10 brasileiros).
Desse total (405), voltaram 226 para a Bélgica até 1971. No total, vieram 102 belgas cooperados e seus familiares, sendo que em 1963/64, grande parte voltou para a Bélgica.
No início, coube a cada cooperado 50 ha. e, após a redistribuição ocorrida em 1963, com o retorno de parte dos pioneiros à Europa, coube a cada cooperado uma gleba maior, até o limite de 150 ha.
Na Fazenda Monte Alegre eram 418 brasileiros (adultos e crianças) trabalhando para a SCABBe para os cooperados, sendo que na colheita eram contratados "bóias-frias" na Pratânia.
Os Delegados do Governo Belga na SCABB, foram: 1- Mr. Henderickx : 1961/1963; 2- Mr. Onckelinkx (Prof. Pierre): 1962/1965; 2- Mr. Hartman (holandês): 1963/1965; 4- Mr. Lalière: 1965/1967; 5- Mr. Henry: 1967/1982.
Quando os belgas chegaram em 1961, a cidade de Botucatu se engalanou para recebê-los. Foi uma festa para toda a população que tinha como Prefeito Municipal o saudoso Emílio Peduti, sendoPresidente da Câmara Municipal, o Vereador Laurindo Ezidoro Jaqueta. Mas Botucatu não tinha semelhança com o Congo Belga; outra era a economia, sociologicamente outra era a população e era outra a relação com a Bélgica. Uma coisa é ser colônia, com todo o apoio econômico, técnico e logístico da Matriz. Outra coisa é chegar a um país desconhecido, de língua desconhecida e, a bem da verdade, sem o apoio total do Governo Belga.
Quando os belgas chegaram, encontraram uma outra realidade. Houve muito descontentamento. Em 1963, o Governo Belga procurou amenizar um pouco as dificuldades proporcionando ajuda a fundo social e bolsa de estudos aos filhos dos cooperados que, ao contrário do que ocorria na África, tiveram que pagar o estudo dos filhos além de vê-los retornar 2 ou 3 anos na Escola, a título de adaptação à nova realidade. A maioria estudou no La Salle (meninos) e no Santa Marcelina (meninas).
Mesmo tendo entre os cooperados muitos agricultores, nem todos os belgas eram ligados à agricultura. O entrosamento com os brasileiros demonstrava a diferença entre a colônia belga e as colônias holandesa e japonesa, por exemplo. Nessas duas, era comum o casamento entre os filhos de membros da colônia, o que ajudava a manutenção da própria colônia e das tradições.



Clique nas imagens para ampliá-las ("Memórias de Botucatu")

O Governo da Bélgica na tentativa de manter a experiência propiciou ajuda à cooperativa e aos cooperados. No Governo Belga não se admitia que pudera ter havido erro na escolha do local e no tipo de experiência (agrícola). Nesse sentido, foram enviados o correspondente a 4 milhões de dólares à SCABB e aos cooperados (111.938.985,00 de francos belgas para os cooperados e44.652.456,00 de francos belgas para a SCABB).
Com a ajuda econômica e a assistência técnica do Governo Belga, as seguintes construções foram acrescidas à Fazenda Monte Alegre :
1- Usina de Ração, com anexo; 2- Laticínio e poço artesiano (construído por técnico belga); 3-Queijaria e anexo; 4- Caixa d´água; 5- 2 Escolas; 6- 1 Escola de Pré-Primário; 7- 45 casas e Igreja; 8- 2 Silos; 9- Usina de Arroz; 10- Transformadores de Eletricidade.




Fotos de Eliane Leite 



A colônia belga, a exemplo da holandesa que tinha o seu Pastor, também teve o seu guia espiritual. De início, o Padre Alexander Veraart e, posteriormente, o Padre Renato (Renée) Van Hoorickx. O primeiro permaneceu por oito anos em Botucatu e chegou a solicitar que lhe fosse enviado um outro padre para auxiliá-lo no relacionamento com a colônia que era difícil devido ao alto índice de revolta pela situação adversa dos belgas, segundo os próprios belgas. O Padre Alexandre mesmo residindo na Fazenda Monte Alegre, diariamente rezava missa nas paróquias da cidade de Botucatu e em Anhembi, Pratânia e Areiópolis. O Padre Renato veio para Botucatu na segunda metade dos anos 60. Já falava um pouco de português por experiência tida com a colonização portuguesa na África. Chegando a Botucatu, permaneceu por três meses na Monte Alegre, vindo para Botucatu a convite de Dom Henrique Golland Trindade, então Arcebispo Metropolitano, que o nomeouVigário Geral dos Hospitais (Misericórdia, Sorocabana e Clínicas/UNESP), sendo que o Padre Renato posteriormente ficou exclusivamente na Misericórdia Botucatuense até o mês de junho de1989, quando voltou para a Bélgica (Casa de Repouso), após 23 anos de excelentes serviços prestados à cidade de Botucatu.


Nestes anos todos da experiência belga em Botucatu, tivemos visitas importantes à nossa cidade e à Monte Alegre : 1961- Mr. Hoogenboom , Presidente da Cooperativa da Hollambra II; 1962- Sua Majestade o Rei Leopoldo III e a Princesa Liliane (hospedados no Colégio Santa Marcelina); Mr.Colot, Embaixador da Bélgica no Brasil; Mr. Hoogenboom; 1963- Mr.Bihim, Embaixador da Bélgica eMrs. Derkinderem e Wollecamp; 1969- Francisco Mesquita, Diretor do jornal "O Estado de São Paulo"; 1973- Mr. Gaston Derkinderem , Ministro Geral do Ministério da Cooperação para o Desenvolvimento e Mr. Ives Vercanterem, Consul Geral da Bélgica.
A Monte Alegre, após a redistribuição das glebas, optou pela pecuária e produção de derivados de leite. O Laticínio Belco foi o primeiro no Brasil a produzir leite embalado em saco plástico (máquina importada da França). O leite, o queijo e a manteiga da marca Belco alcançaram renome no Estado. O Laticínio acabou absorvido pelo Leite Paulista. Ficou a lembrança...


Posteriormente, no início dos anos 80, tivemos a Cervejaria Belco que produziu excelente cerveja, tendo sido adquirida pela Destilaria Schincariol (transferida para cidade de São Manoel por divergências com a Prefeitura Municipal de Botucatu, em 1985). Ainda hoje com prestígio crescente na região por sua qualidade.
Os descendentes dos pioneiros, graças à ajuda do Governo Belga, puderam estudar em escolas particulares e cursar faculdade. A maioria deixou a Monte Alegre, alguns se dedicaram ao comércio em Botucatu e em São Paulo, outros seguiram a carreira universitária na UNESP e em outras Universidades brasileiras.
A experiência valeu. Há cerca de três anos (1987), a antiga Cooperativa foi transformada, perdendo a característica inicial, embora contenha alguns belgas ou descendentes em seus quadros.
Muitos voltaram para a Bélgica, para a Pátria-Mãe. Os que ficaram se integraram definitivamente ao Brasil, enriquecendo-o com o ideal e a fibra dos imigrantes.
(Livro "Memórias de Botucatu" - 1990/revista Peabiru nº 02, Ano I, março/abril/1997)

Registro Histórico:

VIDA EM TRÊS CONTINENTES
José Celso Soares Vieira


O ser humano é, de per si, migrante? Essa não é, evidentemente, uma pergunta a que me proponho responder. Entretanto, desde os longínquos tempos da civilização, o homem é tentado a migrar, a deixar seus familiares, sua terra natal, seus costumes, sua língua, em busca de outra vida que ele não sabe bem qual seja.Abraão saiu de seu remanso, levando consigo a mulher, Sara, seus empregados, seus pertences, para atender a um pedido de Deus. Trocou tudo isso por uma desconhecida e distante terra prometida.Desde, então,os homens se permitem migrar e nós, brasileiros, somos frutos da imigração européia, sobretudo da portuguesa.
Recentemente, chegou-me às mãos o livro " Minha Passagem por Três Continentes", da belga Paula Roes Henry. A autora, há muitos anos radicada em Botucatu, relata, com bastante propriedade, sua vida - e de seus familiares - pela Europa, pela África e pela América do Sul. Mais especialmente, pela Bélgica - seu país natal - , pelo Congo Belga e pelo Brasil.
A infância e a adolescência da autora guardam momentos de ternura e apreensão, pois viveu as agruras da 2a. Grande Guerra Mundial e viu seu país ser invadido pelas tropas alemãs.Foram anos de violência, insegurança, fome e desespero.Mas a crueldade do conflito também selou o destino de Paula, pois, em um jovem mensageiro de guerra, ela encontrou aquele que seria seu grande amor. " Na mesma noite, encontrei o soldado belga: era Léon, o meu futuro marido."
No Congo Belga, a autora narra as peripécias - não seriam aventuras? - por que passou a família. O marido, engenheiro agrônomo, foi trabalhar para uma multinacional européia, sociedade algodoeira "Cotonco", nos confins da África Central.Iniciaram nova vida repleta de esperança, com um casal de pequerruchos a tira colo.O terceiro filho completaria, logo depois, a prole, ainda em território africano.Com a revolução dos negros contra a colonização belga, o casal Henry, após dez anos, retira-se do Congo. A África ficava para trás com sabor de amarga desilusão.
A ultima etapa da vida da autora se dá no Brasil, mais especificamente em Botucatu, quando as primeiras 50 famílias de belgas vêm para nosso município na fazenda Monte Alegre, em 1961. O governo brasileiro, atendendo a um apelo da ONU, acolhe os colonos belgas, expulsos do Congo.Segundo a autora, o projeto inicial deveria ter sido em Paranapanema, na fazenda Holambra II, sob orientação dos holandeses da Holambra I, mas o negócio não vingou. Ainda conforme a autora, houve supervalorização do preço da fazenda Monte Alegre, numa compra que envolveu o proprietário e os representantes do governo belga.A fazenda, na verdade, embora enorme - cerca de 4 mil alqueires -, tinha terra de péssima qualidade, ainda que com um cafezal verde e produtivo, numa mancha boa.
Nascia então a Cooperativa Agro-Pecuária Belgo-Brasileira que, durante quase três décadas, contribui e muito para a economia de Botucatu e região.A fazenda foi dividida em glebas e distribuídas pelos colonos que construíram as casas em estilo europeu.O laticínio da fazenda pasteurizava o excelente leite Belco que predominou no comércio da cidade.Além desse produto, os derivados do leite, eram muito bem aceitos.
A autora narra as peripécias de sua família no início de Fazenda Monte Alegre, desde as dificuldades com a língua, com o acesso à escola para os filhos, com a parte financeira, com as precárias condições da zona rural até com o conturbado relacionamento com os próprios belgas.
Paula, hoje, é uma respeitável senhora da sociedade botucatuense para a qual entrega toda sua bondade de coração no voluntariado - fato que sempre fez com os desfavorecidos da Monte Alegre - de atendimento às crianças aidéticas do hospital das clínicas da UNESP.
Pena que os belgas se foram. A colônia feneceu. Mais uma desilusão para a família Henry. Resta o consolo de ver os filhos casados com brasileiros e seu sonho de amor realizado.O livro tem boa progressividade narrativa e merece melhor divulgação. A linguagem apresenta alguns senões, que podem ser corrigidos em próxima reedição.


José Celso Soares Vieira - Professor, Membro e Presidente Emérito da Academia Botucatuense de Letras (Jornal da Cuesta, 14.04.2004)

7 comentários:

Delmanto disse...

É uma época muito importante para a humanidade: O FIM DO COLONIALISMO!
E a BÉLGICA representou, entre os colonizadores europeus, a que utilizou os meios mais violentos, diria até cruéis, no domínio e na exploração dos negros do então CONGO BELGA. Daí a URGÊNCIA do Governo Belga em retirar seus colonos da África: era situação de risco gravíssima, com os libertos clamando por vingança. Escolheu-se o Brasil e, aqui, a FAZENDA MONTE ALEGRE do fazendeiro JOSÉ AUGUSTO RODRIGUES, do município de Botucatu/SP.
Foi uma epopeia... Os belgas eram senhores de escravos e não estavam acostumados ao trabalho rural...com as próprias mãos... A Matriz – a Bélgica! – os queria longe da Europa... Foram dados todos os incentivos para a Cooperativa dos Belgas de Botucatu: criação de gado, laticínio, fábrica de cerveja...e a volta para a Bélgica ou a integração definitiva ao Brasil.
É importante REGISTRO HISTÓRICO!!!

Anônimo disse...

Andre Monteferrante (Facebook):
Prezado Dr. Armando Moraes Delmanto, acabei de ler no seu blog a matéria sobre a vinda dos belgas à Botucatu. Muito boa! Parabéns.

Delmanto disse...

Obrigado por sua atenção, Andre. É um grande incentivo. Um ótimo 2015 para você e sua família. Grande abraço.

Anônimo disse...

Lu Mascaro (Facebook/Bélgica):
Prezado sr Delmanto, Feliz 2015! O livro ja comecou a serz distribuidomas c as festas de fim de ano talvez nem todos os colaboradores tenham recebido seu exemplar. Logo o do sr deve chegar. Em caso de problema entre em contato, por favor. E desculpe a falta de acentos: escrevo do celular a partir da belgica. Um abraco.

Delmanto disse...

Já recebi os livros. Obrigado. É um trabalho de alto nível que enriquece a historiografia do Brasil e da Bélgica. Estarei sempre à disposição. Um ótimo 2015! Grande abraço.

Anônimo disse...

Prezado amigo, Dr. Delmanto. Tive muita satisfação em ler esta edição de seu prestigiado Blog com a excelente noticia de livro publicado além da sua abordagem histórica e a do estimado professor José Celso S. Vieira. O assunto me fez recordar contato que tive em 1963 ( 1° ano FCMBB ) com um inteligente jóvem belga que me procurou para saber sobre o roteiro para se prestar exames vestibulares no Brasil, especialmente na novel faculdade de Ciências Biológicas daqui. Voltou muitas vêzes à pensão onde eu morava, na Rua Cardoso de Almeida, perto da igreja N.S. Lourdes. Não me lembro de seu nome mas seu interêsse pelos estudos foi um dos incentivos que tive para participar da fundação de um Cursinho pré vestibular chamado "Dr. Costa Leite", depois tradicional aqui em Botucatu, por onde passaram ilustres alunos botucatuenses e de outras cidades. Nele, atuei como professor de Química Inorgânica ( ao lado de dedicados outros colegas da 1a. turma Medicina FCMBB ) por muitos anos mas nunca esqueci da força de vontade exemplar do jóvem belga. Deve ter voltado à sua amada Bélgica... Caro Dr. Armando, envio meus cumprimentos e desejo-lhe um feliz 2015. Abraços. Chico Habermann

Anônimo disse...

Prezado Sr. Delmanto,parabéns pela publicação.
Em 1961 quando os 1ºs belgas chegaram em Botucatu eu tinha 11 anos e residia na Faz.Monte Alegre que passou a se chamar Soc.Coop.Agro Pec.Belgo Brasileira. Acompanhei o "clima" e expectativa que antecederam a venda da Fazenda aos Belgas, a chegada das 1as.famílias, a montagem das casas pré fabricadas, a compra dos tratores Ford 8BR, as festividades, o primeiro caso de homicídio,etc...Convivi como amigo de várias crianças belgas e como empregado de seus pais, pois eu trabalhavai no terreiro de café, na oficina mecânica e também como carteiro levando correspondências à cavalo em seus sítios. Conheci a maioria das famílias, suas diferenças de língua (francês e flamengo), seus costumes, histórias da vida no Congo Belga, experiências profissionais: havia piloto de avião, mecânicos, encanadores, carpinteiros, etc.; muitos dos assuntos discutidos nas reuniões de cooperados, as festas de fim de ano. Vi a Fazenda Monte Alegre se desenvolver e junto com ela o comércio de Botucatu e Pratânia também ganhavam impulso. Quanto a qualidade da terra, de fato alguns sítios eram melhores e outros muito arenosos . Foi um período marcante que não se apagará da minha memória. Antonio H.Bussoni. jul/2015

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