JOÃO PASSOS:
Líder Autêntico!
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Em uma entrevista que dei
ao saudoso amigo Jaime Sanchez, para a sua revista “Boca de Cena”, em novembro
de 1998, falando sobre o Comércio de Botucatu e a falta de novos líderes, eu
citava o nome de JOÃO PASSOS: “...O Comércio local está meio à deriva...Esse é
o meu ponto de vista (1998). O que eu acho é que é uma atuação limitada e
provinciana. O comércio de Botucatu está buscando um novo João Passos, um novo
Emílio Peduti, um novo Octácilio Paganini...”
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Realmente, João Passos passou
a ser o principal referencial de uma Liderança Positiva. Presidiu a Associação
Comercial de Botucatu em 1949, e de 1955 a 1969. Como Diretor Presidente da
Cinematográfica Araujo & Passos, tinha uma presença sempre forte na defesa
dos interesses dos comerciantes. Ao mesmo tempo, presidiu e viabilizou o
Botucatu Tênis Clube – BTC, como o melhor clube da cidade e, como rotariano,
presidiu e foi Governador do Rotary Clube. Na presidência do Rotary Clube de
Botucatu, com a ajuda dos rotarianos e de sua esposa Marina Fagundes Passos,
fundou a CASA DA ESPERANÇA, para a reabilitação física das pessoas. João Passos
tem sido, sempre, homenageado pelos rotarianos.
Ex-presidentes do Rotary Clube prestando homenagem à João Passos, ex-presidente e ex-governador do Rotary.
João Passos era casado com
Marina Fagundes Passos e teve um único filho, o arquiteto Ronaldo Passos que
deu continuidade à sua atividade profissional e foi o autor do projeto
arquitetônico do CINE TEATRO NELLI, considerado o teatro com a melhor acústica
da região e da CASA DA ESPERANÇA.
Dona Marina Passos,
elegante e discreta, era voltada à cultura, tendo sido uma das fundadoras da
ABL – Academia Botucatuense de Letras, como Membro Honorário.
Na foto acima, a Acadêmica Marina Fagundes Passos, entre os Acadêmicos Vanice de Andrade Camargo Alves e Hugo Pires, na Sessão Solene de instalação da ABL - Academia Botucatuense de Letras (17/03/1973).
Em 1972, no jornal “VANGUARDA
DE BOTUCATU”, de 18 de agosto, escrevi o artigo “JOÃO E MARINA”, em homenagem
ao casal amigo e destacando a importância da inauguração da CASA DA ESPERANÇA,
em 12 de Abril de 1970.
Uma das casas mais
românticas e simpáticas de que tenho lembrança de minha infância. Era uma casa
branca com um maravilhoso jardim. Os donos, um casal amigo, tinham a alma pura e
branca como a casa...
Hoje, a casa está
sem seu dono; a rua leva o seu nome; a população guarda a sua imagem com
indelével carinho...
Já se disse que para
falar sobre uma cidade é preciso amá-la. Diria eu, complementando, que para
falar sobre qualquer coisa é preciso, antes, sentir amor por ela. Ora, falar do
Sr. João Passos e de D.Marina é muito fácil. Eles foram amor. Viveram com amor.
E, com amor, construíram uma obra de amor: a CASA DA ESPERANÇA.
Eu, particularmente,
sinto-me à vontade para falar desse magnífico casal. Nossas famílias foram
muito amigas. Tivemos uma agradável convivência.
Várias vezes
tratamos de assuntos de interesse da coletividade. Pois, a verdade é que o Sr.
João foi um incansável batalhador da causa pública. Juntos assinamos convênio
com a Caixa Econômica do Estado de São Paulo para a conclusão da sede esportiva
do BTC. Tive a oportunidade de acompanhá-lo em sua luta para a conclusão e
consolidação da CASA DA ESPERANÇA, obra que retrata a sua disposição para as
grandes realizações.
Na ocasião, atestei
que o Sr. João a todos cativava como um gentleman, assim, o Dr. Felício
Castellano, Secretário da Promoção Social, o Dr. Nelson Marcondes do Amaral,
Secretário Particular e o Prof. Francisco Carlos Sodero, Assessor (Governo
Abreu Sodré) e representante do mesmo na inauguração da CASA DA ESPERANÇA,
todos eles foram tomados de vivo entusiasmo por essa magnífica obra.
Junto com D. Marina
ele concluiu a CASA DA ESPERANÇA. Os dois, sempre juntos, lideraram os
rotarianos na consecução desse grande objetivo. Hoje, a CASA DA ESPERANÇA é uma
realidade e um modelo de organização e uma certeza de que muitos seres humanos
lá encontrarão a ajuda humana e a recuperação técnica de que necessitam.
O Sr. João Passos,
chamado por Êle para seu prematuro porém merecido descanso. D. Marina, pelos
dois, continua a construir com amor uma obra digna de amor com que agradecida,
toda Botucatu lhes devota.
Eu fico feliz em ter
podido conviver com ambos. Compreensivo, justo, paternal, amigo e honesto, o
Sr. João Passos e D. Marina serão, sempre, para mim, o exemplo de como um casal
viveu com amor e de como o amor os uniu, e de como fez com que dessem amor e construíssem
obras de amor...
Perco-me em minhas
lembranças... Aquela casa branca...O amor que constrói...Sr. João Passos e D.
Marina... Um casal de alma pura e branca como a casa... A CASA DA ESPERANÇA.
HISTÓRICO DA CASA DA ESPERANÇA:
Conta D. Marina Fagundes Passos, os dois motivos mais fortes que
levaram João Passos e ela a construir a Casa da Esperança:
1º “O meu pai, com 71 anos, teve um acidente vascular cerebral,
ficando hemiplégico. Fui para Avaré para cuidar dele, pois tínhamos muita
afinidade e ele me atendia muito. Comecei a fazer exercícios com ele, muitos
por intuição e outros orientados pelo José Oscar Guimarães, quando o encontrava
aqui. O restabelecimento foi rápido, e alguns meses após, meu pai já estava
capacitado a comer sozinho, cortar carne, vestir-se, tomar banho, enfim
auto-suficiente para uma vida quase normal. Comprovamos, assim, quanto pode um
atendimento imediato, na maioria dos casos responsáveis por inválidos e
infelizes”;
2º “Algumas visitas que fizemos às Casas da Esperança de Santos e
Santo André, também fundações do Rotary, onde vimos rotarianos e senhoras abnegadamente
trabalhando onde centenas de crianças e adultos se recuperavam de deficiências
motoras. O João, na sua ânsia de servir, já havia, com outros companheiros,
construído a sede esportiva do BTC, proporcionando à infância e à juventude
botucatuense, meios para praticarem esporte, ocupações sadias, deixando assim
de frequentarem snokers, o que era muito frequente e comum.”
“Depois, a construção da sede social do BTC, a sala de visitas de
Botucatu. Chegou a vez de fazer alguma cousa para os menos afortunados, pelos
incapacitados permanente ou temporariamente. Começou a luta pela Casa da
Esperança. A compra do terreno, os estatutos, a construção. A luta tremenda
para conseguir recursos financeiros. As campanhas encabeçados pelo João: bailes
da cerveja, bazares da pechincha, feijoadas, campanha dos boizinhos, campanha
para sócios contribuintes. Os primeiros donativos, 30 mil do Governo Sodré, a
planta feita pelo Ronaldo (Passos) depois de várias visitas com o João e o Dr.
Costa a outros Centros de Reabilitação. A compra de equipamentos, alguns
aparelhos importados. Foram companheiros atuantes desde o primeiro dia: Luiz
Chiaradia, como tesoureiro; Pedro Tôrres – depois Manoel Pinhão, como
secretário; Dr. Costa, como vice-presidente e médico responsável. Inaugurada a
12 de abril de 1972, como comemoração do aniversário da cidade, contou com a
presença do Secretário da Promoção Estadual – Dr. Castellano e do Professor
Francisco Carlos Sodero, representante do Governador Sodré. Começou a funcionar
a 29 de julho de 1970 e está cumprindo sua finalidade, dando atendimento a
todos que dela necessitam, gratuitamente aos impossibilitados de pagar. Fornece
lanches às crianças em tratamento e sopa aos pacientes que vem de cidades
vizinhas, permanecendo muitas horas na Clínica. Está dando atendimento também
aos pacientes encaminhados pela Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas, que
ainda não possue esse Departamento. Na sua curta história de menos de dois
anos, conta com casos maravilhosos de reabilitação, como o da Rosângela
Aliberti Bauer, aqui em Botucatu mesmo. Está muito bem equipada e organizada,
funcionando com a colaboração voluntária dos srs. José Medaglia, Luiz Chiaradia
e assistência médica e gratuita dos drs. Costa e Lunardi.”
NOTA: Artigo de 1972 (“Vanguarda”, de 18/08/72 - publicado no livro "Crônicas da Minha Cidade", de 1976) retrata o que foi
essa empreitada social de grande sucesso. Hoje funciona, no local, a APAPE –
Associação de Pais e Amigos das Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais
(Reabilitação, Habilitação, Estimulação, Intervenção e Inclusão Social).
7 comentários:
O Patrimônio Cultural de Botucatu precisa ser preservado...e conhecido. Hoje, escrevemos sobre o saudoso João Passos. Já o fizemos o mesmo para Emílio Peduti, Dom Henrique Golland Trindade, Domingos Alves Meira, Elda Moscogliato, Progresso Garcia e tantos outros ilustres cidadãos. E vamos continuar. Na ausência do poder público é preciso somar esforços da “intelligentsia” botucatuense na construção da sua Cidadania.
Isabel Cintra Nepomuceno (Facebook):
Acrescentando às personalidades, meu avô jornalista, escritor e professor de línguas e de filosofia, Raymundo Marcolino da Luz Cintra.
Obrigado pela atenção. Você está certíssima! No livro "Memórias de Botucatu", edição de 1990, fiz a homenagem ao seu avô, à pág. 140. Vamos divulgar agora na internet. Grande abraço.
Grace Maria Mattos (Facebook/Venezuela):
QUE BOM PENSAR ASSIM E DAR VALOR A QUEM REALMENTE .MERECE .ABRAÇO ARMANDO ....
Ilza Maria Nicoletti Souza (Facebook):
Beatriz Passos Pupo Gustavo Chiaradia Passos Paula Passos Henrique Passos Lima Rodrigo Passos Lima
Claudia Pedroso (Facebook):
É importantíssimo resgatar a memória de um povo , uma cidade . Parabéns por seu trabalho !
Carlos Teixeira Pinto (Facebook):
Que bom ; voce lembrando do SR. João Passos que nós convivemos e admiramos pelas suas atuações na nossa cidade . Abraço Armando .
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