agosto 19, 2015

Caminhando contra o vento....


                

Foi o primeiro a sacudir a juventude no ano de 1967. Era o começo da “rebeldia” dos jovens que se viam sem perspectiva para o futuro e sob um regime sem liberdade. Caetano Veloso teve e tem esse mérito. Com muita criatividade e inspiração, ele alcançou o coração e as mentes de toda uma geração!

Revolução Cultural – Anos 60/ leia aqui

O texto, abaixo, do blog da Tribuna da Imprensa é muito bom:

"O cantor, músico, produtor, escritor, poeta e compositor baiano Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, o genialCaetano Veloso, na letra da marcha “Alegria, Alegria”apresentada no III Festival de MPB da TV Record, em 1967rompeu com todos os estilos até então escritos, visto que encontra-se em um regime ditatorial no Brasil e, com esta música, procura conscientizar e incentivar a população a se rebelar e protestar contra o governo da época, conforme explica o professor de português Alexandre Varela Castilho.

Segundo o professor, nos primeiros versos, Caetano já manifesta a sua idéia política contrária a ditadura militar, na época, vigente no país, ou seja, “caminhando contra o vento” significa resistência, “sem lenço e sem documento” eram acessórios obrigatórios para se andar nas ruas, então andar sem o lenço reforçava a ideia de resistência e rebeldia, já o documento seria para dificultar a sua identificação ao ser abordado pela polícia. Uma estratégia dos rebeldes do sistema politico.

Alexandre Castilho afirma que, a estrofe “O sol se reparte em crimes/Espaçonaves, guerrilhas/Em cardinales bonitas/Eu vou…”, refere-se ao jornal O Sol, que circulava na zona sul carioca. “O sol nas bancas de revista/ Me enche de alegria e preguiça/ Quem lê tanta notícia/Eu vou…”, trata-se de uma referência à censura, prossegue o professor Alexandre Castilho, porque o governo controlava todos os meios de comunicação e tudo que era divulgado ao povo.



A marcha “Alegria, Alegria” foi gravada por Caetano Veloso em Compacto simples, em 1967, pela Philips."
“Alegria, Alegria” com Caetano Veloso/Depoimento de Nelson Mota/Histórico!/ ouça aqui

ALEGRIA, ALEGRIA
Caetano Veloso

Caminhando contra o vento
Sem lenço, sem documento
No sol de quase dezembro
Eu vou
O sol se reparte em crimes,
Espaçonaves, guerrilhas
Em cardinales bonitas
Eu vou
Em caras de presidentes
Em grandes beijos de amor
Em dentes, pernas, bandeiras
Bomba e brigitte bardot
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Os olhos cheios de cores
O peito cheio de amores vãos
Eu vou
Por que não, por que não
Ela pensa em casamento
E eu nunca mais fui à escola
Sem lenço, sem documento,
Eu vou
Eu tomo uma coca-cola
Ela pensa em casamento
E uma canção me consola
Eu vou
Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do Brasil
Ela nem sabe até pensei
Em cantar na televisão
O sol é tão bonito
Eu vou
Sem lenço, sem documento
Nada no bolso ou nas mãos
Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou
Por que não, por que não…

(blog da TRIBUNA DA IMPRENSA - 26/08/2013)
(Colaboração enviada por Paulo Peres - site Poemas & Canções)

3 comentários:

Delmanto disse...

Essa foi a minha geração. Caetano ousou com a letra e com a sua própria apresentação: cabelo revoltos, postura solta, enfim, era um novo perfil que chegava para mudar o “politicamente correto” que então havia. E veio “Disparada”, veio o Chico Buarque com “Apesar de Você” e Geraldo Vandré com “Para Não Dizer que Não Falei em Flores”...
Foi um despertar rápido. Um “choque de consciência” a “chacoalhar” a juventude brasileira...
No ano seguinte, o “MOVIMENTO DE 68”, na França, estopim para a postura dos jovens do mundo todo a contestar o que estava errado e a lutar por mudanças positivas, ou seja, por uma Democracia plena e sob o Império da Lei.
Os “anos de chumbo” ficaram gravados. Os ANOS 60 ficaram gravados para sempre na mente e nos sonhos daquela geração de jovens.
É Registro Histórico!

Anônimo disse...

Meu d’us!
Ele “caminhava contra o vento e não tinha pente para pentear os cabelos...KKKK” Eram brincadeiras assim que escondiam a admiração por aquele cantor novo que surgia rompendo as regras do “bom mocismo” e se apresentava com os cabelos revoltos e uma postura “free”... Valeu. É meu ídolo até hoje! (carla.bueno2011@bol.com.br)

Anônimo disse...

Mirian Emilio de Oliveira(Facebook):
Armandinho vc disse tudo, eu era uma adolescente, me lembro como curti isso tudo, era muito bom, muito saudável e lembro que meu pai tbem curtia junto. Uma época maravilhosa!

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