novembro 20, 2015

Engº Camillo Fernandes Dinucci e o sonho da APAE.

Engº Camillo Fernandes Dinucci e o sonho da APAE.
Camillo Fernandes Dinucci

"INSTITUIÇÃO MODELO

Não há, caros leitores, não pode haver, em relação a obra assistencial como essa, opinião contrária ou a favor na população botucatuense. O que há é toda a cidade – una e coesa -, a tributar o seu culto a uma das realizações mais brilhantes e nobres de nossa gente: a APAE.

A veneração é uma decorrência natural das obras que se tornaram sagradas pela benemerência. Assim, a nossa população venera o Asilo Padre Euclides, a Casa das Meninas “Amando de Barros”, a Vila dos Meninos “Sagrada Família”, a Associação de Promoção Humana, a Creche e Berçário “Criança Feliz”, o Albergue Noturno “Governador Abreu Sodré”, a Casa da Esperança, a APAE e muitas obras assistenciais de Botucatu.

Essas obras são cercadas do afeto, do apreço, do carinho de todos os botucatuenses, quaisquer que sejam a condição, a classe, ou mesmo o partido político de que façam parte.

A abnegação dessas pessoas que se dedicam a esse apostolado social deve ser reconhecida. Todos esses rasgos de dedicação, todos esses brios de magnanimidade de que tem dado mostras os Mecenas da Benemerência Social em nossa cidade não passaram, não passam e não passarão desapercebidos pelos botucatuenses que se interessam pelas coisas de sua terra e pelo sofrimento de sua gente.

É inútil querer negar, ou antes e melhor, nem se trata da possibilidade de se poder negar, tal é a grandiosidade dessas obras, que no seu humanismo revelam-se e ostentam-se a todos os olhos e a todas as vistas como a mostrarem a importância da ajuda ao próximo, da necessidade de darmos um pouco do que temos para minorar o sofrimento alheio. Essas obras falam por si. A APAE é uma obra que dispensa definições: ela é toda bondade, ela é amor, ela é vida.

Recordo-me da luta empreendida pelo Dr. Jair e Dona Lola Rodrigues Alves e pelo Dr. Camillo Fernandes Dinucci, que encabeçavam uma plêiade de idealistas a contribuir com todas as suas forças para tão salutar e meritória obra.


prédio da APAE em construção (acervo Delmanto)

O começo foi difícil. Nada era fácil e muitos eram os obstáculos. As idéias e o entusiasmo nunca faltaram. A planta original da sede da APAE eu a vi na prancheta do Dr. Camillo: era uma promessa. Os planos eram muitos. A colaboração do Governo do Estado era indispensável. Essa colaboração veio em parcelas, não há dúvida, mas veio. Pouco a pouco, passo a passo, delineava-se a nova sede da APAE.

Hoje, a APAE de Botucatu é uma realidade. Modernos equipamentos estrangeiros; intercâmbio educacional com suas congêneres; métodos aprimorados de recuperação; dedicação de seus dirigentes e de suas mestras fazem da APAE uma instituição modelo.

A população botucatuense deve colaborar para a continuidade e engrandecimento dessa instituição.

Já dissemos que em relação a essa obra assistencial não há opinião contrária ou a favor: toda a cidade, como um todo, tributa o seu culto e expressa a sua gratidão. Mas é preciso mais, muito mais. É preciso que cada botucatuense faça a sua visita à sede da APAE e dê a sua contribuição e a divulgue entre seus amigos e proclame onde possa e como possa que essa entidade assistencial não é senão uma obra de amor. Só e sempre amor, nas mais variadas facetas, mas por toda a parte o amor." 
(jornal “Vanguarda de Botucatu”, setembro de 1976).


Eu comecei com essa crônica escrita em 1976 – há 40 Anos! – sobre a APAE e a participação do Dr. Camillo, para mostrar que a exuberante instituição modelo que hoje é a APAE, foi fruto de muito sonho, muita luta e muita dedicação.

A APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais surgiu do trabalho de um grupo de abnegados. Em 1969, o “Pupo”, Álvaro Line Ceriliani, fez a doação de uma área para a APAE. Em seu loteamento “Vila Sônia”, fez a doação de terreno de 11,668m2, para a construção da sede da entidade. Em 1973, a construção foi concluída em sua planta original, com 3.500m2. A planta feita pelo engenheiro Camillo Fernandes Dinucci, previa a capacidade para 300 matriculados, operando em sete blocos, mais quadra esportiva e área de recreação.

A primeira Diretoria da APAE, era composta pelo presidente William Jorge e Jair Rodrigues Alves, Álvaro de Carvalho Azanha, Walter Losi, Walter Aristides Fávero, Vanderci Gaste, Alcino de Toledo Pisa Rodrigues Alves, Jaime Burini, José Edy Carmello, Aracy dos Santos Temer, Jamil Adib Antonio. A sede foi solenemente inaugurada no aniversário de Botucatu, 14 de abril de 1972.



Hoje, a APAE continua cumprindo, de forma modelar, a sua nobre missão. A atual diretoria está concluindo o seu mandato e nova eleição está proclamada para a próxima semana. Ela tem a seguinte composição: presidente, Paulo Roberto Jesuíno; vice-presidente, José Joaquim Titton; 1ª Secretária, Olga Aun; 2ª Secretária, Denilde Vivan; 1º Diretor Financeiro, José Armando Pescatori; 2º Diretor Financeiro, José Gilmar Correa Araújo; Diretor de Patrimônio, João Emílio Filho; Diretor Social, Rubens da Silva Cardoso; Procurador Geral, Samir Daher Zacharias; Procurador Adjunto, Antonio Henrique Nicolosi Garcia.

CAMILLO FERNADES DINUCCI

Uma das evocações mais gratas para os que lhe conheceram a simplicidade da vida, a lhaneza de trato e a integridade de caráter aliados a um severo senso de trabalho e honestidade profissional a toda a prova.

Assim se impõe a todos os contemporâneos a figura admirável do Dr. Camillo Fernandes Dinucci.

Quando, de certa feita, ele propôs aos meios políticos locais ser o candidato único para o pleito municipal que se avizinhava, a elementaridade ambiente não lhe captou os propósitos e rejeitou-lhe a proposta.

Desgostoso com a recusa e desiludido com a incompreensão, ele se retirou da política. Botucatu perdeu assim, a oportunidade única de ter um Prefeito à altura de seu tradicionalismo histórico. Perdeu mais: a herança de um grande filho, profissional brilhante e um político íntegro, de visão privilegiada. Uma vez eleito, ele despenderia sua fortuna pessoal num Plano Diretor que teria transformado Botucatu pacata e antiga numa cidade superdesenvolvida e modernizada para o século XXI.

Essa foi a maior oportunidade que Botucatu perdeu.
O Dr. Camillo Fernandes Dinucci foi um dos mais avançados espíritos que Botucatu gerou. Filho de Adolpho Dinucci e de dona Luciana Fernandes Dinucci. Sua esposa, profa. Leontina Dinucci.

Fez o curso primário em Botucatu e na Capital completou os estudos secundários. Formado em segundo lugar pela Escola Politécnica de S. Paulo, coube-lhe por prêmio estágio de dois anos na Prefeitura da Metrópole, período em que pôs à prova sua competência de grande estudioso dos problemas da Capital. Botucatu tem a honra de contar com seus relevantes serviços em todas as áreas da administração pública. Participação notável foi a sua na construção do Hospital para Tuberculoso, em Rubião Júnior, transformado depois em perfeito para a Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, mais tarde tornada Faculdade de Medicina – UNESP.


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Na área educacional foi ele o construtor dos prédios do D. Lúcio Antunes de Souza, José Gomes Pinheiro, Raphael de Moura campos, tendo feito a reforma do Grupo Escolar Cardoso de Almeida.

Construiu o Hospital da Sorocabana. Adquiriu e doou à Creche Criança Feliz a casa própria, dotando-a das reformas condizentes. Adquiriu e doou um terreno para a Igreja N. Sra. de Fátima.
De todas essas benemerências, o povo botucatuense saberá, através dos poderes constituídos, tributar-lhe o agradecimento e a memória. O Dr. Camillo Fernandes Dinucci é pessoa lembrada com carinho e saudade por todos seus amigos.


À frente, a casa onde morou Camillo Fernandes Dinucci, em sua planta original.

Soldado em 1932, recebeu com grande honra, em Sessão Solene na Câmara Municipal, a Medalha de Combatente da Revolução de 1932.
Pelos seus grandes feitos, seu nome brilhará no Panteon dos Grandes Homens que viveram e fizeram Botucatu. (AMD)
(“Folha de Botucatu” 12/11/1989).

A cidade de Botucatu lhe prestou homenagem através de ato da Prefeitura Municipal que denominou de TEATRO MUNICIPAL “CAMILLO FERNANDES DINUCCI”, o antigo CINE PARATODOS, propriedade da família Dinucci.

É Registro Histórico.

2 comentários:

Delmanto disse...

Camillo Fernandes Dinucci foi um Cidadão Prestante. Ajudou o desenvolvimento de Botucatu como um técnico competente e como um excelente cidadão. É exemplo a ser seguido. É Registro Histórico!

Anônimo disse...

Maria Oliveira (Facebook):
Senti de perto a realidade da APAE, um dos meus filhos trabalhou lá como professor de educação fisica, me lembro de sua dedicaçao e carinho para com aquelas crianças, vamos dizer assim!!!

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