Deputado Fernando Henrique Cury: no entorno das denúncias e o Direito de Defesa...
Lembro-me bem... Estávamos na luta pela redemocratização do país e fundando um novo partido: o PMDB. Na casa do Jamil Cury, na Moraes Barros, recebemos o Covas e, ao depois, o Fernando Henrique Cardoso que era a grande expressão intelectual do PMDB, ou melhor, da oposição. Bons tempos de muita luta e de muito, muito entusiasmo...
RESUMINDO: o Jamil Cury já havia disputado para deputado estadual e não se elegera e era o nome definido pelo partido como candidato a prefeito municipal. E em homenagem a Fernando Henrique, deu o nome de Fernando Henrique Cury a seu filho. Depois, já na campanha para a prefeitura, o PMDB tinha duas chapas: a do Jamil/Joel e a nossa, Armando/Sogayar. E aí entra o menino Fernando, filho mais novo do Jamil... Na inocência da infância e desconhecendo as divergências próprias da política, queria porque queria a camiseta da nossa campanha, “Armando Delmanto e Roberto Sogayar – uma dupla pra mudar”, com a nossa foto. Gostamos do pedido do menino e lhe mandamos, via Dona Erô, a camiseta da campanha. Esse era o registro que queria fazer sobre o hoje deputado estadual Fernando Cury.
AS DENÚNCIAS – A DEFESA – O CRIME HEDIONDO
Reproduzimos, abaixo, a denúncia que saiu no jornal “O ESTADO DE S. PAULO” e depois foi reproduzida na revista VEJA:
POR PEDRO VENCESLAU E FAUSTO MACEDO
ESTADÃO - 12/02/2016, 05h00
"Relatório da polícia de Alckmin indica que Fernando Cury recebia Marcel Ferreira Júlio, que está foragido, em seu gabinete na Assembleia Legislativa de São Paulo
Deputado estadual Fernando Cury do PPS. Foto: Alesp
Deputado estadual Fernando Cury, do PPS. FOTO: Alesp
A Operação Alba Branca liga o deputado estadual Fernando Cury, do PPS, ao lobista Marcel Ferreira Júlio, da organização que fraudava licitações da merenda escolar. Relatório da Polícia Civil do governo Alckmin indica relações próximas de Cury e o lobista, que está foragido desde 19 de janeiro, quando foi deflagrada Alba Branca – investigação que põe sob suspeita pelo menos 22 prefeituras e contratos da Secretaria da Educação do Estado.
O documento resume interceptação telefônica que pegou Marcel falando com um interlocutor que a Polícia chama de “Felix” ou “Péricles”.
O lobista caiu no grampo dia 16 de dezembro de 2015, às 16 horas. Para os investigadores da Alba Branca, o diálogo indica que Marcel frequentava a sala do parlamentar no Palácio Nove de Julho, sede do Legislativo paulista, no Ibirapuera.
“Marcel conversa com interlocutor e pede pra que ele o procure na Assembleia Legislativa, no gabinete do deputado Fernando Cury”, diz trecho do relatório da Alba Branca.
Em seguida, o documento cita César Augusto Lopes Bertholino, então diretor financeiro da Coaf, cooperativa apontada como carro-chefe da quadrilha que vendia produtos agrícolas superfaturados para composição da merenda.
O relatório policial afirma que Marcel e César estiveram na Secretaria da Agricultura do Estado, acompanhados do deputado do PPS. “Quando César e Marcel foram na Secretaria da Agricultura, o deputado Fernando Cury estava junto.”
A polícia ressalta que o parlamentar tem bastante proximidade com o lobista a ponto de fazer uso de seu telefone para fazer contato “com um vereador”.
Segundo Alba Branca, a organização também mirava em contratos da Secretaria da Educação do governo Alckmin. O ex-chefe de gabinete da pasta Fernando Padula, quadro do PSDB, está sob investigação.
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Marcel teve prisão temporária decretada em janeiro, pela Justiça da Comarca de Bebedouro – região de Ribeirão Preto – onde fica a sede da Coaf.
Na sexta-feira, 5 de fevereiro, a Procuradoria-Geral de Justiça requereu ao Tribunal de Justiça do Estado ordem de prisão preventiva contra Marcel, que permanece foragido.
Alba Branca mostra que Marcel circulava com desenvoltura na Assembleia Legislativa, cujo presidente, deputado Fernando Capez (PSDB), é citado como suposto beneficiário do esquema de propinas da merenda escolar. O tucano nega taxativamente envolvimento com a organização. Capez se diz indignado com a citação a seu nome.
A investigação mostra elos do lobista foragido com aliados do tucano, entre eles Jéter Rodrigues Pereira, que trabalhava para o parlamentar, em seu escritório político e na Assembleia.
Outro ex-assessor do tucano, José Merivaldo dos Santos, o “Meriva”, caiu no grampo cobrando “58” do lobista. Alba Branca mira ainda em Luiz Carlos Gutierrez, o Licá, assessor e cabo eleitoral de Capez.
A Procuradoria pediu a quebra do sigilo bancário e fiscal de Jéter, “Meriva” e Licá. Também foi requerido acesso aos computadores da Assembleia usados pelos aliados de Capez.
Do próprio presidente da Assembleia a Procuradoria requereu a quebra do sigilo bancário e fiscal. Fernando Capez informa que abriu mão espontaneamente do sigilo de seus dados.
COM A PALAVRA, O DEPUTADO FERNANDO CURY (PPS)
Confira a nota divulgada pelo deputado:
“Após questionamentos da imprensa sobre as relações que poderia manter com pessoas citadas pela Operação Alba Branca, o deputado estadual Fernando Cury esclarece que não é alvo da referida investigação. Interessado no esclarecimento das circunstâncias em que seu nome foi citado no curso das apurações, o parlamentar deslocou-se ate o município de Bebedouro, na tarde desta quinta-feira, 11 de fevereiro, sendo recebido pelo delegado Mário José Gonçalves, que preside o inquérito.
Na oportunidade foi expedida uma certidão atestando que o deputado não é investigado no Inquérito Policial 105/15 do qual culminou a Operação Alba Branca. Também foi esclarecido pelo delegado que o assunto tratado durante uma conversa telefônica entre investigados, em que teria surgido o nome do parlamentar, não tem nenhuma relação com os fatos apurados.
Por ter a Agricultura como uma de suas principais bandeiras, constantemente lideranças e representantes de entidades ligados ao setor procuram o gabinete do deputado. Quanto ao questionamento sobre sua presença em uma reunião na Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, com a presença de um dos investigados pela Operação Alba Branca, o deputado Fernando Cury nega ter participado de qualquer encontro. Para comprovar sua afirmação, o parlamentar já solicitou oficialmente o registro de presenças do dia 15 de dezembro de 2015, data em que a referida reunião teria ocorrido.
O deputado se colocou à disposição para eventuais esclarecimentos, mas o delegado que preside o inquérito disse não ser necessário, visto que seu nome não consta na lista de parlamentares sob investigação, documento este já encaminhado aos órgãos competentes.
Empenhado no prosseguimento das apurações, o deputado Fernando Cury assinará a proposta de abertura de uma CPI para investigar o suposto esquema de fraudes na compra de produtos agrícolas destinados à merenda escolar. ”
COM A PALAVRA, A SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
“A Secretaria de Agricultura e Abastecimento informa que não há qualquer fundamento nas declarações dos representantes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) e que as ilações da reportagem são descabidas e absolutamente irresponsáveis. O secretário Arnaldo Jardim não recebeu as pessoas citadas nas gravações da Polícia Civil na secretaria tampouco discutiu com elas a inclusão de qualquer item na cesta básica estadual.
Todos os servidores citados na Operação Alba Branca, assim como os contratos de cooperativas agrícolas com a Secretaria da Educação dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), são alvo de investigação da Corregedoria Geral da Administração.”
Trata-se da OPERAÇÃO ALBA BRANCA que apura os desvios criminosos da MERENDA ESCOLAR do Estado de São Paulo, citando até o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Fernando Capez. Na reportagem é dito que o relatório sobre a OPERAÇÃO cita o deputado Fernando Cury como tendo uma ligação estreita com o “pivot” dos desvios, o filho, Marcel Julio, do ex-presidente da Assembléia Paulista (Leonel Julio), cassado no “escândalo das calcinhas”. Pois bem, o que envolve o parlamentar de Botucatu é a acusação de sua ligação com esse elemento e que o mesmo fazia do gabinete do deputado Fernando Cury o lugar para receber seus contatos. E o relatório, para destacar essa ligação, afirma que o deputado até teria ligado para um vereador do interior, usando o celular do citado Marcel Julio. Esse é o núcleo do suposto envolvimento do deputado Fernando Cury nessa OPERAÇÃO que tinha a Secretária da Agricultura, a Assembléia e várias Prefeitura Municipais envolvidas.
DEFESA EXAGERADA QUE DIVULGOU MAIS AINDA A DENÚNCIA CONTRA FERNANDO CURY
De imediato, o deputado estadual Fernando Cury, procurou obter documentos que afirmavam que ele não era investigado e que não estivera determinado dia na Secretaria da Agricultura. Também, de imediato, passou a dar entrevistas para várias rádios de Botucatu e para os jornais locais, ao mesmo tempo que a internet foi inundada com reproduções dos documentos citados divulgadas por amigos e correligionários.
RESUMINDO: quem ainda não sabia da denúncia, passou a saber. Com absoluto exagero se divulgou a OPERAÇÃO ALBA BRANCA que trata de verdadeira corrupção na MERENDA ESCOLAR, que levou um leitor a afirmar em seu comentário que “roubar merenda de criança pobre deveria ser CRIME HEDIONDO”!
O SAGRADO DIREITO DE DEFESA E A PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO.
O atual secretário da agricultura, Arnaldo Jardim, do PPS, foi o único do seu partido que foi citado com destaque no escândalo do METRÔ. Agora, novamente é citado no caso da merenda escolar. É sabido que em São Paulo, ao contrário da OPERAÇÃO LAVA-JATO – que vem revolucionando a luta contra a corrupção no país! – é muito lenta a apuração desses escândalos. O caso do ex-Chefe da Casa Civil de Covas e depois Presidente do TCE – Tribunal de Contas do Estado, Robson Marinho, de onde está afastado, é emblemático. Tudo denunciado, com provas e...nada de prisão...
Já no caso de Deputado Estadual Fernando Cury, a meu ver e até que se prove o contrário, ele é INOCENTE e tem o DIREITO DE DEFESA a lhe assegurar a cidadania e a “ficha limpa” no exercício de seu mandato parlamentar.
3 comentários:
O Direito de Defesa é SAGRADO! Mas a apuração precisa ser feita. É preciso acabar com a falta de apuração de denúncias de desvios de dinheiro público em São Paulo. É uma vergonha para os paulistas verem a OPERÇÃO LAVA-JATO, sob o comando do juiz Moro, caminhando para a acabar com a corrupção no Brasil, doa a quem doer e, em São Paulo, que já teve o mais vibrante MP, com a figura lendária de IBRAHIM NOBRE, tudo caminha em passos lentos, muito lentos...
Antonio Roberto Mauad (Facebook):
Posso esta equivocado, mas época um deles ainda era Secretário de Estado, acho que de Logística. O deputado(figura institucional do Legislativo paulista) Fenando Cury, a quem eu e muitos o conhecem bem desde pequenino, não sabia como todos não sabem da real/intima intenção das pessoas e seus atos futuros, dai a foto com dois secretários (figuras institucionais do Executivo paulista), que não condena ninguém. O falecido arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns tem fotos com Lula nos tempos idos, e isto não mancha a imagem de Dom Paulo.
Junior Cury (Facebook):
Caro Dr. Delmanto, o Fernando quem me pediu para enviar a mensagem, uma vez que o "perfil" dele no Facebook" é "página", e, por ser assim, ele não consegue comentar. Forte abraço! Jr
Querido amigo Delmanto, agradeço por ter me levado a uma viagem até minha infância ao recordar da passagem em que me presenteou com uma camiseta da sua campanha eleitoral para prefeito de Botucatu. Minha mãe, dona Erô, com muito bom humor, nos contou algumas vezes sobre esse acontecimento um tanto pitoresco da minha história, que já anunciava os primeiros contatos com a política. Em relação ás suas observações sobre minha defesa, entendo que explicações são necessárias para esclarecer e informar a população que não estou entre os investigados e não tenho qualquer envolvimento com as irregularidades apontadas pela operação Alba Branca, como comprovam os documentos publicados em minha página aqui no Facebook. Não posso permitir que minha imagem seja maculada injustamente por informações que não refletem a verdade. Além de minha honra e caráter, tenho um compromisso com aqueles que confiaram em mim como seu representante. Agradeço pelo apoio. Gde abraço!
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