março 24, 2016

O BISPO/ORADOR SACRO & O SERMÃO DAS SETE PALAVRAS !

FAMOSO SERMÃO DAS SETE PALAVRAS!

O resgate que este Blog conseguiu do inteiro teor do famoso “Sermão das Sete Palavras”, proferido pelo Bispo-Orador, Dom Luiz Maria de Sant’Anna, é uma grande vitória. Cantado em prosa e verso por sucessivas gerações de botucatuenses, coroa nosso trabalho jornalístico e justifica a nossa caminhada peabiruana. Principalmente, agora, pela esperança trazida pelo novo Papa Francisco à Igreja Católica e pelo período daSemana Santa que estamos vivendo, o que torna mais oportuna ainda a lembrança do sacrifício do Calvário... Dom Frei Luiz Maria de Sant'Anna foi Frade Capuchinho, Bispo de Uberaba (MG), Orador Sacro Consagrado e nosso 3° Bispo Diocesano , de 29/06/38 a 05/05/46.


Graças à revista botucatuense de cultura – PEABIRU, este sermão foi recuperado e divulgado. A Revista Peabiru com apublicação desta obra sacra, absolutamente inédita, teve o prazer de apresentar os seus mais sinceros agradecimentos à Prof.a Zélia Meira Coelho Delmanto que teve a feliz visão de taquigrafar -há praticamente 68 anos atrás! - as palavras de nosso entãoBispo Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna, consagradoorador sacro. Este Sermão das Sete Palavras, foi proferido no dia 30/03/1945 - Sexta-feira Santa – com a Catedral deSant'Ana lotada e a praça tomada por verdadeira multidão.

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Fica a nossa sugestão para que sejam divulgados, no futuro, outros discursos proferidos por nosso Bispo-Orador. Juntamente com aProf.a Maria Inês Galvão, a Prof.a Zélia taquigrafou outros sermões proferidos na Catedral ou na Igreja de Nossa Senhora de Lourdes em louvor à Festa de Sant'Ana, à família, à caridade , à fraternidade, etc.

O nosso 3º Bispo, Dom Frei Luiz Maria de Sant’Annarepresentou, no seu tempo, uma das maiores e mais consagradasculturas sacras do país. Considerado orador brilhante, Dom Frei Luiz Maria era sempre convidado para fazer a oração principal nas solenidades religiosas. Coincidentemente, por duas oportunidades esteve em Botucatu, bem antes de ser nosso Bispo, como orador convidado. 

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Primeiramente, no lançamento da pedra fundamental deconstrução do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, em 11/02/1911, especialmente convidado por Dom Lúcio, nosso primeiro Pastor. 

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(fotos do livro "Memórias de Botucatu", de Armando M. Delmanto, 1990)

Novamente como convidado, agora para a inauguração do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes e sua Gruta, em 08/09/1918. Nas duas ocasiões, as presenças do Dr. José (Jucá) Cardoso de Almeida Benemérito do Santuário e seuProvedor - e do Monsenhor Paschoal Ferrari.

Santuário de Nossa Senhora de Lourdes

Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna era frade capuchinho, tendo nascido na Itália, na cidade de Sant'Anada província dePáduaem 21/03/1886. Dois anos depois já estava no Brasil,para onde seus pais imigraram.

Revista Peabiru considerou, à época, de fundamental importância a divulgação e o registro histórico desta obra sacrade Dom Frei Luiz Maria. E, agora, o Blog do Delmanto procura dar a esse sermão a dimensão da mídia virtual, para que cada vez mais se conheça esta obra magníficaNão basta que tenhamos conhecimento de que um de nossos dirigentes católicos, mais precisamente nosso  Bispo, era considerado um dos maioresoradores sacros do Brasil se não temos conhecimento de nenhum de seus sermões !!!

Graças à iluminada visão de duas então jovens professoras, conseguimos resgatar tão im­portante obra! E na Revista Peabirue aqui no Blog do Delmanto, nosso filho e colaborador, Marcelo Delmanto, fez as respectivas edições.

Hoje - 68 anos depois ! - podemos dizer que conhecemos e podemos admirar um dos discursos de nosso Bispo-Orador,Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna. Já velho amigo daIgreja de Botucatu foi convocado para assumir a Diocese em um momento de gravíssima crise. Soube cumprir com brilho a sua missão: restabeleceu a normalidade administrativa e financeira daMitra, apazigou a comunidade católica, concluiu obras (Catedral e Convento Santa Gema Galgani) e pregou com brilho a palavra de Deus!

Catedral Metropolitana de Sant'Anna

Nosso  Bispo Diocesano (de 29/06/1938 a 05/05/1946)estava a merecer as homenagens e a divulgação de sua palavra. Foi um grande Pastor!

Algumas opiniões sobre o nosso Bispo-Orador:


1) “O Bispo-Capuchinho foi grande na Ordem, maior no tronoEpiscopal e sobre-humano no mundo espiritual em que se encerrou sob os olhares únicos da Divindade Suprema!
“Omnes et in omnia Christus”... As mesmas pegadas de Francisco de Assis, o mesmo profundo espírito de meditação: a mesma imensa sabedoria. Reservado e bom. Imensamente bom e manso. Zeloso ao extremo pelos seus e severo consigo mesmo. Batalhador aguerrido encerrado numa cela – pela força da Oração. Apóstolo impertérrito, num gabinete modesto – pelo vigor convincente de sua pena invulgar.
- “Vai Francisco e repara minha Casa...”
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Seus dons oratórios arrebataram-no muitas vezes da cela humilde do Palácio para que a palavra divina fosse ouvida lá longe, na Metrópole ou nos confins da Pátria pela intelectualidade patrícia sempre ávida e expectante dos seus sermões memoráveis.
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A palavra do Bispo-Orador era transbordante de Fé e Religiosidade. Conhecia a natureza humana como um verdadeiro dissecador de almas.“O que afugenta os homens do seio da Igreja Católica são seus próprios erros e defeitos que ela anatematiza. Por isso, guerreiam-na sem tréguas”, disse ele um dia. Seu olhar de psicólogo vasculhava num relance as insondáveis profundezas do coração humano e de lá desentranhava os erros, com a palavra cristalina da compreensão, da persuasão, da caridade cristã.
No trato dos problemas sua análise severa escandescia os mais rijos obstáculos para depois, com o mesmo arroubado transporte do“Poverello” em êxtases místicos, indicar à sociedade o caminho a seguir sob a luz única do Farol da Igreja.
Como Vieira em seus “Sermões de ouro” é mais conhecido do que através dos valiosos e múltiplos serviços prestados à causa dos Jesuítase à Pátria, assim também o Bispo-Capuchinho, se lhe faltassem à memória veneranda os méritos concretizados pelas inúmeras obras realizadas, bastaria tão somente a arma que manejou reerguendo a moral de uma Diocese: a Oração.
Grande-Orador deixou indelével no coração dos que tiveram a ventura de ouvi-lo, o sêlo da verdadeira Apostolicidade.”
(in “Perfil de um Capuchinho”, de Elda Moscogliato, revistaPeabiru nº 14 – março/abril/1999);

2) "...Não o veremos mais no púlpito, qual vulcão de eloqüência, a pregar as palavras de Cristo, entre a admiração de todos - católicos ou não -mas que sabe avaliar, na palavra, a expressãopotente da cultura; não o veremos mais..." (trecho do artigo deJosé Pedretti Neto, no jornal "Folha de Botucatu", de 11/05/46);
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3) "...Dom Luiz morreu. Nessa lutuosa tarde de maio, quando os restos mortais do grande D. Luiz postaram-se ao lado da cinza do grande Dom Lúcio, ao último dobrado dos sinos dessaCatedral - que ele encontrou ao rés do chão e deixou na linha do céu -fechou-se esse brilhante capítulo da história evangélica de Botucatu - D. Frei Luiz Maria de Sant’Ana.
Em Sant’Ana dei Boschi, branca aldeiola do coração de Pádua, nasceu; Luiz de Sant’Ana chamou-se, claro desígnio da intenção divina; Sant'Ana de Botucatu, salvou - para sua glória e nossa redenção..."
(trecho do artigo de Hernâni Donato, no jornal "Folha de Botucatu", de 11/05/46);
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4) "...Luiz, o Bispo-Orador! Vós que em vida pregastes asSagradas Escrituras, que servistes com devoção à causa doSenhor, ensinando aos homens o verdadeiro caminho da felicidade espiritual, hoje, na mansão em que descansam os justos no seu derradeiro sono, recebei as homenagens sinceras doPOVO DE BOTUCATU !" (trecho do editorial do jornal"Correio de Botucatu", de 09/05/46, de autoria deAdolpho Pinheiro Machado);
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5)"...Orador primoroso, missionário, pastor tolerante e clarividente, era considerado um dos expoentes da Província Eclesiástica..." (trecho do artigo de Sebastião de Almeida Pinto, publicado na "Folha de Botucatu", de 15/05/ 46);

6)"...Na véspera cálida de outono, um tepor estivo de primavera em flor... Um grupo de populares, modestos espectadores do fúnebre cortejo, enaltecia as virtudes e a grande obra realizada pelo Extinto.
Um pobre homem, maltrapilho e grisalho, alheio à conversa, talvez aquele mesmo anônimo de rua, que fora visto velar, durante a madrugada inteira, cabisbaixo e insone, o esquife do seu Bispo naCatedral silenciosa - sentenciou comovido: - "E nunca mais ouviremos um Sermão das Sete Palavras !"
No erro de expressão, a interpretação de uma grande verdade!
Sim, nunca mais, meu nobre e pobre Amigo!
Ouviremos sons, verbos, piedosas orações...vozes altissonantes, evocadoras do Sacrifício e Ressurreição;conceitos nobres e pensamentos de brilho invulgar... E braços erguidos para o céu em gesto teatral, na tentativa vã de captar uma estrela...
Nunca mais, porém - quiseste justamente frisar - um "Sermão da Semana Santa" comparável aos inesquecíveis do grande"Bispo-Orador", do teu "Bispo dos Pobres"!
É na Semana Santa, que a nossa alma plangente evocará a sagrada figura do Pastor, sua bondade, seu Verso.
Na Semana da Paixão, tu, infortunado mortal, símbolo da pobreza, que lutas para não morrer, procurarás no púlpito saudoso o vulto miguelangelesco do teu "Bispo-Orador".
Seus gestos fraternais e amigos são a ti bem notos!
As modulações de sua voz patriarcal, no silêncio do Templo, ecoam na profundeza de tua alma singela, amenizando a dor, em um acorde misterioso de instrumentos divinos.
A fisionomia severa, ora triste e abrumada, elevada para o céu num lampejo de extrema devoção, na dádiva sobrenatural de todoo seu ser, encerra uma expressão vigorosa de louvor religioso, um sentimento puríssimo de piedade cristã.
Seus dedos fidalgos e nervosos, quando os braços se dirigem para o Altar numa imploração elevada de Amor, numa demonstra­ção impressionante de vitalidade espiritual, parecem empunhar, volteante e irrequieta, a batuta imaterial do maior dos diretores de orquestraE então?
...Às vezes, no início, um prelúdio sentimental de músicaschubertiana, pairando, como um cântico de nostalgia, na penumbra mesta do templo silente.
As místicas notas, num ritmo fluente de clássica harmonia, vibram, estumecem as íntimas fibras do coração mais incrédulo, como se partícipe da já prodigiosa orquestra evangélica.
E depois, num "crescendo" impetuoso de música rossiniana, as pupilas atentas, fixas na batuta do Mestre, entreabrem-se numa expressão incontida de admiração sobre-humana.
Num ritmo vertiginoso, enfim, de sinfonia wagneriana, os corações palpitam frementes com o latejar violento do pulso; a respiração ofegante arqueja uníssona com o acelerado ritmo orquestral, e, como se eletrizadas pela batuta mágica do Mestre, as almas trêmulas sofrem, estáticas, a Paixão do Senhor!
E no fim? Catadupas de sons angélicos, gorgeio harmonioso de pássaros, coro verdiano de argentinas vozes itálicas e êxtase sublime perante o Sacrifício do Amor !
Foi esse extenuante esforço físico e mental de tantos anos, de milhares de preces, de memoráveis sermões, que sacrificaram o modesto, grande, bondoso Servo de Deus, um Sublimeholocausto ao Mártir do Calvário.
Na Semana Santa vindoura, memore e sincero, procurarás novamente abeberar-te no cálice da sagrada amargura e olharás mais uma vez para o púlpito amigo.
E verás o teu "Bispo-Orador", altivo e sereno, pronunciar em silêncio o celebre "Sermão das Sete Palavras" e abençoar em seguida, no largo gesto fraternal, os fiéis admiradores da Paróquia brasílica de Sant'Ana..."
trecho do discurso em homenagem a D. Frei Luiz Maria de Sant’Anna, proferido pelo Dr. Aleixo Delmanto, noCentro Cultural de Botucatu, publicado na "Folha de Botucatu", de 25/05/46).

Os artigos em homenagem ao seu passamento e o vibrante discurso perante a intelectualidade exprimem bem como repercutiu em nossa comunidade a sua perda...
Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna...Saudades! (AMD)

3 comentários:

Delmanto disse...

São passados exatos 70 anos!
Nos últimos 10 anos, qual grande líder e orador sacro teve a Igreja Católica no Brasil?
Nos últimos 20 anos, qual grande líder e orador sacro teve a Igreja Católica no Brasil?
Nos últimos 30 anos, qual o grande líder e orador sacro teve a Igreja Católica no Brasil?
Nos últimos 40 anos, qual o grande líder e orador sacro teve a Igreja Católica no Brasil?
Nos últimos 50 anos, qual o grande líder e orador sacro teve a Igreja Católica no Brasil?
Ora, prestem atenção!!!
Nos últimos 70 anos, qual o grande líder e orador sacro teve a Igreja Católica no Brasil?!?
Estagnou. Enclausurou-se. Afastou-se. Isolou-se.

A Igreja Católica tem perdido milhões de fiéis. De 160 milhões de brasileiros fiéis, DESPENCOU para 110 milhões!!!
Então, uma revisão de postura e de atuação É URGENTE!

O PAPA FRANCISCO representa uma esperança concreta de mudança e de postura!

“Vai Francisco e repara minha Casa...”

E a Igreja PRECISA de novos LUIZ MARIA DE SANT’ANNA!!!

Precisamos de NOVOS BISPOS-ORADORES a reunir os fiéis e a levar a palavra de Cristo. De LEVAR! Sim, é preciso uma maior mobilidade. É preciso sair do Templos Luxuosos e ir até onde está o católico, abandonado e sujeito à cooptação de falsos pregadores que só querem enriquecer da forma mais vil.

Que este histórico do que foi o BISPO-CAPUCHINHO, o BISPO-ORADOR possa mobilizar toda a Igreja Católica a começar por seus “soldados de cristo”.

O SERMÃO DAS SETE PALAVRAS é um testemunho e uma raridade histórica!!!

Anônimo disse...

Meu caro Delmanto,

Depois de várias vezes me ver tentado a lhe escrever, hoje
obedeço à minha vontade, estimulado por este excelente artigo
onde o senhor coloca em evidência o "SERMÃO DAS SETE PALA-
VRAS", proferido pelo saudoso D. Frei Luiz Maria de Santàna. Me
emocionou, me levou de volta à minha juventude, à minha querida
Terra Natal, onde estudei e vivi os melhores anos de minha vida. Me
levou de volta à praça da Catedral, em frente ao Grupo CArdoso de
Almeida, quase em frente à Escola Normal; praça apinhada de gente
onde às Sextas-feiras Santas, tive a oportunidade de acompanhar o
"Sermão das Sete Palavras", pronunciado por D.Frei Luiz Maria de
Sant´Ana, que o consagrou como "o maior orador sacro da Igreja ca-
tólica".Fecho os olhos e em meus ouvidos, o troante de sua voz
drámática,com os braços erguidos para o alto-"PAI...PERDOAI-HES
ELES NÃO SABEM O QUE FAEM"...Lembranças...Lembranças..l
lembranças, meu caro Delmanto, que me emocionam e me levam
de volta ao Palácio do Bispo (como era conhecido emBotucatu),
onde algumas vezes, tive a felicidade de estar ao lado dele, D. Frei
Luiz Maria de Sanbt´Ana, gosando o privilégio de seu aplauso, seu
carinho, sua amizade e suas bençãos sagradas. Eu explico: menino,
aos 13, 14 anos de idade, me tornei o "menino prodigio" de Botucatu por cantar, com perfeição, imitando o Vicente Celestino
que era o grande ídolo cantor da época, em todo Brasil. A PRF-8 -
Rádio Emissora de Botucatu, e os programas infantis, ao tempo de
Angelino de Oliveira (seu diretor), foram os veículos promotores do
meu nome - Odayr Marsano, até que me tornasse o tal "menino
prodígio" cantor. Viajei por todas as cidades vizinhas de Botucatu,
para atender pedidos de me apresentar cantando. Uma de suas
parentas, dona Wanda Delmanto, chegou a me levar para S.Paulo,
para que eu me apresentasse no programa infantil mais famoso do
rádio brasileiro, dirigido e apresentado por Homero Silva, na Rádio
Difusora de S.Paulo. Os convites para a apresentação do menino
cantor não cessavam, e entre êles aconteceu o convite para que eu
fosse ao Palácio do Bispo, cantar, em audiência particular, para Dom
Fei Luiz Maria de Sant´Ana, bispo de Botucatu. Àquela primeira vez,
seguiram-se outras, e consequentemente,estabeceram um clima de
amizade entre êle, meu saudoso pai, que sempre me acompanhava, e eu menino. Por essa longa estória que lhe contei, meu caro Delmanto, o senhor pode avaliar a dimensão da minha emoção, ao ler este seu artigo. Com um abraço fraterno, fico-lhe, imensamente,
agradecido,
Odayr Marsano



Anônimo disse...

Ilza Maria Nicoletti Souza (Facebook):
Vamos ficando repetitivos ao elogiarmos seus posts , mas não tem como ser de outro jeito . Muito bom !!! Uma preciosidade !!! O discurso do Dr . Aleixo !!! Como diria o meu avô: Coisa de espavento !! Parabéns Armando e Dr.Marcelo . Sempre um trabalho perfeito !!!

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