"Tudo vale a pena se a alma não é pequena". Fernando Pessoa
É extremamente prazeroso fazer um trabalho como este. Pelo tema e pelo conteúdo. É praticamente uma revisitação à história de nossa língua, um olhar atento à construção da cidadania brasileira (dia 10 de junho é comemorado como o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas).
Viva Portugal, Camões e as Comunidades Portuguesas/Registro Histórico/leia aqui
O destino do Brasil, já o dissemos na edição da revista cultural Peabiru n°24, de maio/junho de 2008, dedicada a Dom João VI, nas comemorações dos 200 Anos da redescoberta do Brasil (1808/2008), estava ligado a Portugal.
O nosso Descobrimento, em 1500. A nossa Redescoberta, em 1808!
“Foi o único que me enganou!"
Napoleão Bonaparte, nas suas memórias escritas pouco antes de morrer no exílio da Ilha de Santa Helena, referindo-se a D. João VI, rei do Brasil e de Portugal.
A citação é destaque no livro “1808” , de Laurentino Gomes, edição Planeta, 2007. Ao procurarmos trazer o perfil definitivo de Dom João VI, esse desabafo de Napoleão Bonaparte é marcante. Hoje, praticamente integrada, a colônia portuguesa foi muito importante na formação da Nação Brasileira.
E todos sabemos, pois é da nossa história, que D. Pedro I teve que abdicar do trono brasileiro a favor de seu filho D. Pedro II, pois o trono de Portugal, destinado a sua filha - futura rainha D. Maria II - , havia sido usurpado por seu irmão D.Miguel. E foi tão carinhoso e determinado o apoio que recebeu da população portuguesa ao desembarcar no Porto, em 1832, que o ex-Imperador do Brasil, Dom Pedro I (Dom Pedro IV, de Portugal), em reconhecimento, deixou, após sua morte, seu coração, que se encontra encerrado numa urna de prata, na Igreja da Lapa, na cidade do Porto.
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E a revista cultural Peabiru, buscando homenagear a data dedicada a Portugal, a Camões e às Comunidades Portuguesas - o 10 de junho ! — procurou dar destaque ao grande poeta português - a alma da nacionalidade portuguesa ! - LUIZ VAZ DE CAMÕES! A data da morte do poeta passou a ser a data oficial das comemorações: 10 de junho!
Hino Triunfal a Camões/Carlos Gomes/ouça aqui
Amália canta “Alma Minha Gentil”/Luís Vaz de Camões/ ouça aqui
Declamação do poema “Alma Minha Gentil”/Luís Vaz de Camões/ouça aqui
Buscando cultuar os grandes escritores portugueses, como Camões, Camilo Castelo Branco, Gil Vicente, Eça de Queiroz, Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Júlio Resende, Florbela Espanca e tantos outros, culminando com o único representante da língua portuguesa que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura: JOSÉ SARAMAGO.
É um esforço nosso. Impossível destacar todos os grandes escritores portugueses. A ligação entre escritores e intelectuais brasileiros com os intelectuais portugueses é exemplo positivo da valorização da língua portuguesa, da nossa origem comum e do futuro brilhante que nos espera através da posição geográfica de Portugal.
Portugal, hoje, é a melhor entrada de viajantes e de mercadorias de brasileiros na Europa (assim como a Espanha o é para os hispano-americanos).
Não apenas nos aproxima a língua, mas também os costumes. Se do seu imenso império do século XVI, somente restou a Portugal esse pequeno território europeu, com certeza lhe restou a amizade fraternal de mais de 250 milhões de pessoas que nos 5 continentes falam a mesma língua e respeitam e amam a Pátria-Mãe!
SALVE O DIA 10 DE JUNHO: DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS !
Texto do professor da Universidade de Coimbra, Eduardo Santos:
HOJE É DIA DE PORTUGAL, DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS! MAS É MESMO?
Outrora foi dia de Camões, de Portugal e da Raça… Também, suplementarmente, dia do Santo Anjo da Guarda de Portugal, que segundo rezam os crédulos apareceu em Fátima.
Hoje também se comemora o dia das Forças Armadas Portuguesas, para seu consolo, pois tão depauperadas estão, que já não conseguiam fazer outra revolução.
Hoje também se comemora o dia das Forças Armadas Portuguesas, para seu consolo, pois tão depauperadas estão, que já não conseguiam fazer outra revolução.
Dia de Portugal: mas é mesmo? Ainda existimos? Hoje num mundo onde os estados-nação desapareceram e apenas temos macrorregiões globalizadas, onde a Europa reina a partir da Alemanha, que impõe tratados económicos, cuja única ideologia é o do controlo financeiro totalitário da soberania dos países europeus, e das suas leis constitucionais, o que resta?
O que é Portugal? Uma loja dos trezentos em que a China nos transformou, um paraíso fiscal para os generais angolanos? Uma ampliada Olivença espanhola?
E o que é a Europa? Um sítio onde um dia se destroem muros e mais tarde se constroem outros de arame farpado e miséria? Onde muitos membros da EU querem agora fugir? É um mundo à deriva, onde os fluxos financeiros de dinheiro sujo deixaram de ter regulação e punição, onde os fluxos humanos de refugiados e migrantes se tornaram num inferno dantesco.
E agora Portugal? Fazer como dantes? Venderes-te uma vez mais aos USA e à NATO, agora que a guerra fria dos ocidentes com a Rússia voltou, e o Islão entrou em caos completo. Já o fizeste antes, pois não “estávamos orgulhosamente sós”, como mentia Salazar: deram-te 48 anos de fascismo, quando o mundo clamava por democracia, deram-te a colonização vergonhosa de África, pois havia outros “amigos”, como a África do Sul, a Rodésia, o Zaire, etc. E em troca ofereceste as nossas ilhas açorianas… como alvo, entre outros bens.
Mas fizeste uma Revolução depois… Parabéns! E agora?
Dia de Camões, também: um arquétipo bem português! Ele que morreu injustiçado e pobre, génio da literatura e poesia mundiais, glorificado como herói depois de morto… Eis a atual situação da cultura e da ciência no nosso país.
Dia das Comunidades Portuguesas, ou daqueles que para terem um mínimo de dignidade tiveram de migrar sem vontade? Pois se há vocação, que se façam as malas, mas não deste modo lamentável, enquanto se convidam corruptos estrangeiros para aplicarem as suas fortunas à beira-mar…
Mas o espetáculo continua: ontem voou para o Euro 2016 a seleção portuguesa de futebol, em busca da quimera do campeão. Partiu num avião da TAP, que já não é companhia nacional, de nome Eusébio, e cujo comandante se chamava Viriato!!! Simbólica caravela… Ao pormenor a encenação… Vamos, na tarefa nobre de, em terras francesas martirizadas pelo terrorismo e pelas políticas do seu governo, engalanar a montra bilionária de um desporto ferido de morte por atos criminosos. Enquanto se chutam bolas e milhões, bem perto morrem afogados milhares de refugiados do terrorismo. Para esses, a Europa não tem solução, passa a bola à Turquia, da NATO ora bem. Pois como se pode ser a solução de algo, quando se é parte integrante do problema???
Se gosto de Portugal? Amo-o! E por isso, luto aqui e em toda a parte por ele, para que, no meio de uma desastrosa e anedótica ignorância histórica de muitos portugueses, possamos vencer o verdadeiro jogo, o único que interessa, o da Vida!
Não o de muitos políticos, dirigentes, patrões, sindicalistas, e outras “raças”, que não passam de gente de 3ª classe, como bem nos lembra o livro de leitura no tempo do fascismo!
Não o de muitos políticos, dirigentes, patrões, sindicalistas, e outras “raças”, que não passam de gente de 3ª classe, como bem nos lembra o livro de leitura no tempo do fascismo!
Camões, sim: também ele se indignou com o seu El-Rei D. Sebastião, e contra o poder político perverso. Do Canto IX da Ilha dos Amores, ficam estas três estrofes:
27
E vê do mundo todo os principais
Que nenhum no bem púbrico imagina;
Vê neles que não têm amor a mais
Que a si sòmente, e a quem Filáucia ensina;
Vê que esses que frequentam os reais
Paços, por verdadeira e sã doutrina
Vendem adulação, que mal consente
Mondar-se o novo trigo florecente.
28
Vê que aqueles que devem à pobreza
Amor divino, e ao povo caridade,
Amam sòmente mandos e riqueza,
Simulando justiça e integridade;
Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade;
Leis em favor do Rei se estabelecem,
As em favor do povo só perecem.
29
Vê, enfim, que ninguém ama o que deve,
Senão o que sòmente mal deseja.
Não quer que tanto tempo se releve
O castigo que duro e justo seja.
Seus ministros ajunta, por que leve
Exércitos conformes à peleja
Que espera ter co a mal regida gente
Que lhe não for agora obediente.
E vê do mundo todo os principais
Que nenhum no bem púbrico imagina;
Vê neles que não têm amor a mais
Que a si sòmente, e a quem Filáucia ensina;
Vê que esses que frequentam os reais
Paços, por verdadeira e sã doutrina
Vendem adulação, que mal consente
Mondar-se o novo trigo florecente.
28
Vê que aqueles que devem à pobreza
Amor divino, e ao povo caridade,
Amam sòmente mandos e riqueza,
Simulando justiça e integridade;
Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade;
Leis em favor do Rei se estabelecem,
As em favor do povo só perecem.
29
Vê, enfim, que ninguém ama o que deve,
Senão o que sòmente mal deseja.
Não quer que tanto tempo se releve
O castigo que duro e justo seja.
Seus ministros ajunta, por que leve
Exércitos conformes à peleja
Que espera ter co a mal regida gente
Que lhe não for agora obediente.
VIVA PORTUGAL
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