agosto 23, 2016

HOMENS QUE FIZERAM BOTUCATU - 3ª PARTE

DINUCCI & PARDINI:
Os Construtores do Futuro de Botucatu!



O bom da pesquisa histórica é a descoberta de fatos originais e inéditos. No levantamento dos dados referentes à Misericórdia Botucatuense, encontramos a presença do Engº Camilo Fernandes Dinucci nas obras de expansão do hospital. O mesmo com relação ao histórico da Casa de Saúde “Sul Paulista” (ao depois, denominada de Casa de Saúde “Nossa Senhora Menina”), temos a presença do construtor Adolpho Dinucci na ampliação do prédio e na construção do bloco central. Para completar, o “gigante” de Rubião Júnior, a sede física de nossa Faculdade de Medicina, com 40.000 metros quadrados de área construída, foi fruto do trabalho de Adolpho Dinucci para o Governo do Estado. A sua posterior adaptação, ficou sob a responsabilidade dos Engenheiros Camilo Dinucci e Geraldo Magela Rezende.
Não é brincadeira.
Dirão alguns que são serviços de empreitada e que eles recebiam por isso. E dai?!?
É a presença certa na construção do progresso de Botucatu. Só isso basta.
Esses dados nos causaram grande impressão. Mas mais descobertas estavam por vir ao pesquisarmos sobre a “história” do velho Dinucci. Aí entra a presença forte, definidora de rumos e precocemente falecida de Adolpho Pardini.
“Dinucci & Pardini”, empreiteiros de obras.
Essa história merece ser contada.
A presença dos dois Adolphos e a presença da família Dinucci, em continuidade, são de real importância na estruturação do setor médico-hospitalar de Botucatu. E mais, é importante em toda a história de conquistas de nossa cidade.
A municipalidade local está devedora de uma homenagem maior a esses dois Adolphos, além de dar nome em rua em nossos bairros. São exemplos para a juventude, são cidadãos prestantes.
O nosso escritor emérito, Dr. Sebastião de Almeida Pinto,  escreveu sobre os dois, e iremos acrescentar a este post esses dois trabalhos. Mas queremos, antes, fazer alguns comentários à respeito dos dois Adolphos.
Ambos eram naturais de Lucca/Itália, imigrantes pioneiros. Adolpho Pardini veio para o Brasil em 1890, localizando-se em Poços de Caldas. Mais ou menos na mesma época, Adolpho Dinucci veio com os irmãos para o Brasil, localizando-se em São Paulo.
Em Poços de Caldas, os dois Adolphos se conheceram e passaram a viver uma grande amizade e a realizar um trabalho profissional conjunto. Adolpho Pardini foi para São Paulo e passou a trabalhar com os Irmãos Dinucci (Adolpho e Torelo), em uma firma de construção.
Aí entra outra coincidência. Como construtores foram trabalhar, empreitando obras, para o escritório de Engenharia e Arquitetura do Dr. Ramos de Azevedo. Ramos de Azevedo é o autor dos mais belos prédios de nossa Capital. Pois bem, o nosso principal político naquela época (1890/1930), era o Dr. José (Juca) Cardoso de Almeida, várias vezes Secretário de Estado e Chefe Político do PRP – o todo poderoso Partido Republicano Paulista. O Dr. Cardoso de Almeida era cunhado do Dr. Ramos de Azevedo, casado com Dona Ismênia Ramos de Azevedo Cardoso de Almeida.
Assim, entre outras empreiteiras, os dois Adolphos passaram a trabalhar com o Dr. Ramos de Azevedo. O Dr. Sebastião de Almeida Pinto cita especificamente os prédios do Instituto de Educação “Caetano de Campos”, na Praça da República e a Escola “Ramos de Azevedo”, como duas obras nas quais atuaram os dois Adolphos.
Mas, o Dr. Cardoso de Almeida era de Botucatu e o desafio da construção do majestoso prédio de nosso Fórum e Cadeia Pública estava preocupando o nosso líder político. A presença dos já afamados construtores Dinucci & Pardini em Botucatu, era a garantia de sucesso. E foi o que ocorreu. Foram os desbravadores da construção civil em Botucatu. Foram os Construtores do Futuro!
Entre outras obras na cidade, os 2 Adolphos contruiram a Igreja e Convento “Nossa Senhora de Lourdes, dos Frades Capuchinhos, totalmente às expensas do DR. Cardoso de Almeida, como prova de confiança e estreita ligação entre eles (1911/1918).
A amizade de ambos com o Dr. Alcides de Almeida Ferrari, o primeiro advogado botucatuense e que chegou a Desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça, posto máximo da Magistratura também teve a sua origem. O Dr. Alcides de Almeida Ferrari (que hoje é o nome de nosso Fórum) era primo do Dr. Cardoso de Almeida.
É a própria história de São Paulo e de Botucatu se entrelaçando. São os homens pioneiros do final do século retrasado e início do século passado a somarem seus esforços em pról da construção da grande Capital e da cidade dos “Bons Ares e das Boas Escolas”.
Meu avô paterno, Pedro Delmanto, sempre contava histórias a respeito dos 2 Adolphos. Particularmente de Adolpho Dinucci ele contava que pela amizade de ambos, o Sr. Adolpho solicitou que ele indicasse uma pessoa de absoluta confiança, idônea, apresentável e com formação para trabalhar em seu escritório. Meu avô indicou um seu funcionário e amigo, o Sr. Francisco Venditto. Algum tempo depois, o Venditto se casava como Dona Palmyra, filha do Dinucci e se integrava à família.
Depois, aquela irmandade familiar. As famílias Dinucci e Pardini moraram sempre juntas. Aquela símbiose familiar. Aliás, típica da gente peninsular.
Mas, sem dúvida, exemplar.
Após o falecimento prematuro do amigo Pardini, o Dinucci continuou como construtor vindo, após alguns anos, a contar com a ajuda de seu filho Camilo, já formado Engenheiro. Entre os prédios construídos pelos Dinucci, podemos citar: o Hospital de Rubião Júnior; o bloco central da Casa de Saúde; o Hospital Regional Sorocabana, e a construção parcial do prédio da APAE, etc.

No "MEMÓRIAS DE BOTUCATU 2", publicado em 1993,  prestamos essa homenagem a esses dois pioneiros do progresso em Botucatu
O nosso Tião Pinto, magistralmente, retrata os dois Adolphos:

ADOLPHO PARDINI:

Nos velhos tempos, a colônia italiana de Botucatu era numerosa. Além de outros já mencionados, tenho a lembrança dos Pighinelli, Balarin, Franceschini, Varoli, Avalone, Michelucci, Torelli, Aversa Laperuta, Pardini e outros mais, que aos poucos irei evocando. Adolpho Pardini, que faleceu relativamente moço, será hoje focalizado.
Adolpho Pardini era italiano. Natural de Sant’Ana, província de Lucca. Filho de Frediano e Gesualda Pardini. Nasceu em 9 de novembro de 1896. Na terra natal, desde mocinho, já trabalhava na construção civil. Veio para o Brasil em 1890. Localizou-se em Poços de Caldas/Minas Gerais, onde residiu por algum tempo, ainda solteiro. Na conhecida estância balneária do sul de Minas, conheceu o patrício Adolpho Dinucci (também de Lucca), que havia imigrado para o Brasil, havia pouco, em companhia do irmão Torello Dinucci. Adolpho Pardini resolveu então se transferir para São Paulo, Capital, passando a trabalhar com os irmãos Dinucci. Enquanto Adolpho Pardini trabalhava na construção da Escola Normal “Caetano de Campos”, Adolpho Dinucci construia a Escola “Ramos de Azevedo”. Isso em 1897.
Em 8 de setembro de 1898, os dois Adolphos chegaram a Botucatu. Aqui se estabeleceram, aqui trabalharam o resto da vida, aqui faleceram e foram sepultados. Em 1898, pois, foi constituída a conhecida firma Dinucci & Pardini, que se tornou famosa no ramo de construções de efícios públicos. Operaram não só em Botucatu, como em várias zonas do Estado de São Paulo. Adolpho Dinucci era o técnico, o projetista, o relações públicas. Adolpho Pardini, excelente mestre de obras, era o administrador, o homem encarregado das construções. Espírito calmo, falando grosso, mas baixo, Pardini era o moderador entre as exaltações do Dinucci e os outros amigos de discussões.
Da firma Dinucci & Pardini, foi contador durante longos anos, o Sr. Manoel Fernandes Santini, o popular BIMBO, que, com a dissolução da firma, passou para a Prefeitura Municipal  de Botucatu, onde se aposentou como tesoureiro. Funcionário da firma também foi o Chiquito Venditto, que acabou se casando com Dona Palmira, filha do Dinucci.
Solteirão, sócio do boêmio FANFULLA CLUBE, que funcionava na venda do José Bolognini, Adolpho Pardini, já bem de vida, resolveu tomar estado, como se dizia. Retornou à Itália. E lá, na terra natal, em 1905, casou com Dona Maria Pardini, rumando em seguida para o Brasil, para Botucatu.
Aqui nasceram os filhos, Américo, casado com a professora Erminda Varoli Pinotti; Dr. Romeu, médico veterinário, residente em Bauru e casado com d. Amélia Serra; Hernani, diretor do SAAE (Serviço Autônomo de Águas e Esgoto), casado com Lygia de Camargo Pinto Pardini; prof. Homero, inspetor escolar aposentado, casado com a professora Ednéia de Almeida Gil Pardini, residentes em Jundiaí; professora Rosini, casada com o sr. Hentique Vettori, residentes em São Paulo; dr. Adolfo, médico, casado com a professora Lúcia Zanotto Pardini; Siliana, contadora, gerente da agência do Banco Brasul, na Avenida Angélica em São Paulo. Nesta agência só trabalhavam mulheres.
As famílias Pardini e Dinucci, sempre moraram juntas. Quando Adolpho Dinucci ficou viúvo, do seu primeiro casamento, foi dona Maria Pardini que criou as meninas Palmyra e Maria, que eram pequeninas. Depois, quando Dinucci, em segunda núpcias, se casou com dona Luciana Fernandes, as famílias continuaram unidas, constituindo o mesmo lar.
Adolpho Pardini, em 1910, foi presidente da Sociedade Italiana de Beneficência, na época uma verdadeira potência entre os peninsulares, e, por isso mesmo, um fóco de agitações, como revelavam as crônicas da época, como bem podem contar Pedro Chiaradia e Adeodato Faconti... Pardini, moderado era uma espécie de bombeiro para refrescar os ânimos.
Totó, o velho Adolpho Pardini, faleceu em 20 de setembro de 1922. Um acidente vascular liquidou-o em pouco tempo, deixando os filhos pequeninos. Siliana, nasceu uns poucos meses após a morte do pai. Em memória a Adolpho Pardini, um dos que ajudaram a construir Botucatu, na Vila dos Lavradores (Jardim Paraíso), há uma rua com seu nome.
Sebastião de Almeida Pinto (“Correio de Botucatu”, 22/04/1971).

ADOLPHO DINUCCI:

Além de arquiteto e construtor. Dinucci meteu-se na lavoura, pecuária e indústria. Comprou fazendas, montou serraria, entrou numa usina de açucar, ficou pecuarista e leiteiro, sendo acionista de várias empresas. Amealhou enorme fortuna, talvez a maior da cidade, na opinião de Rafael J. Rafael seu vizinho, que só o chamava de “Milione”...
Dinucci, se não era um mão aberta, não deixava, porém, de auxiliar as instituições assistenciais. Na Misericórdia Botucatuense, para a qual fez valiosas doações, tem seu retrato na galeria de benfeitores. Amparou o Asilo de Mendicidade. Tem seu nome numa das ruas da cidade. Na Sociedade Italiana de Beneficência era sócio destacado. E nas instituições locais, quando preciso, seu auxílio não faltava. Bom cidadão, não foi comendador e nem Cav. Uff, Mas foi, Ad-Honorem, Cidadão Botucatuense, título de que se vangloriava e orgulhava.
Adolpho Dinucci, em primeiras núpcias, foi casado com dona Maria Spinosa, espanhola (falecida muito moça), da qual houve as filhas Palmyra e Maria Dinucci. Dona Palmyra, falecida há pouco tempo, era viúva de Francisco Venditto. Deixou dois filhos: o Dr. Adolfo Dinucci Venditto e a filha Maria Jacomina, professora, casada com o Sr. Túlio Werner Soares; dona Maria Dinucci, professora é casada com o médico Dr. Humberto Gianela (do Colégio Internacional de Cirurgiões), havendo o casal numerosa descendência: os filhos Rubens, Renato, Oswaldo, Humberto, José Fernando, Cláudio, Maria Lúcia e Maria Elizabeth, e diversos netos.
Em segunda núpcias, em 21 de maio de 1910, casou-se com dona Luciana Fernandes, espanhola, até agora residente em Botucatu. Aos 82 anos, dona Luciana, muito lúcida, conta coisas interessantes do casal Dinucci na terra botucatuense e nas suas viagens pela Europa.
Dona Luciana viu a pequenina Botucatu crescer, civilizar-se e tornar-se nesta Princesa da Serra, que Trajano Pupo tão bem canta e exalta. Do seu casamento, Dona Luciana houve os filhos Camilo e Yole, residentes aqui.
O Dr. Camilo Fernandes Dinucci, engenheiro civil, casado com a professora Leontina Teixeira de Carvalho, é um dos autênticos valores botucatuenses. Está se constituindo num dos beneméritos da cidade, pelo apoio que dá às obras assistenciais e empreendimentos que visam o progresso local. Há pouco, éla Câmara Júnior de Botucatu, foi justamente homenageado pela atuação em pról da sua terra natal. A professora Yole Dinucci é casada com o industrial Jayme Fernandes Martins, havendo o casal os filhos, Jayme, universitário, e as professoras Ana Maria e Silvia.
Testemuna que sou, em mais de meio século, dos fatos e coisas que ocorrem nestes rincões, deixo aqui, palavras de amizade e respeito para aquele bom italiano, que se tornou melhor Botucatuense: - Adolpho Dinucci!
Figura interessante do velho e do atual Botucatu, que fez presente e atuante, até a pouco tempo. Adolpho Dinucci. O conhecido construtor destacou-se na colônia italiana já nos tempos de Botti, Sartori, Bertochi, Varoli, Lunardi, Bacchi e outros velhos peninsulares, que boa recordação deixaram. Dinucci tornou-se figura popular. Para isso concorreu seu linguajar característico. Era um misto de português e italiano, que se misturavam pitorescamente. Entrementes, como bom italiano que era umas blasfêmias...
Em avançada idade, conservava o espírito moço. Amigo da boa mesa, apreciando um bom vinho, bem humorado, era um “amigão”, como dizia o desembargador e ilustre botucatuense, o Dr. Alcides de Almeida Ferrari, que vinha frequentemente de São Paulo para visitá-lo. Trabalhador infatigável, era um dinamismo impressionante. Ainda aos noventa anos de idade, dando largas aos seu temperamento folgazão, Dinucci tomava parte nas folias carnavalescas.
Dinucci era italiano de Lucca. Filho de Camillo e Palmira Dinucci. Nasceu aos 30 de março de 1870. Com outros irmãos muito moço e solteiro, imigrou para o Brsil. Vindo para São Paulo, localizou-se em Botucatu, em 1890, mais ou menos. Os outros parentes, se dispersaram por outras cidades, alguns do Jaú, outros de Araraquara. Adolpho sempre residiu em Botucatu. E, por mais de sessenta anos, no prédio da rua Amando, esquina da Moraes Barros, onde até agora reside dona Luciana, sua viúva.
Em Botucatu, logo associou-se ao patrício Adolpho Pardini. Constituiram a firma Dinucci & Pardini, conhecida em todo o Estado de São Paulo, pelas dinâmicas atuações no setor da construção. Realizaram obras públicas e particulares. Construiram os maiores edifícios da cidade: Cadeia e Fórum, Grupos Escolares, Escola Normal, a Igreja de Lourdes, a Igreja Presbiteriana, os cinemas Casino, Paratodos e Vitória, rede de águas e esgotos, estação de tratamento de água, etc. Os prédios dos cines Paratodos e Vitória, pertencem à família Dinucci.
Tamanha foi sua atuação aqui na terra, que a Câmara e Prefeitura Municipal de Botucatu, a 16 de dezembro de 1964, em sessão magna, lhe conferiram o diploma de cidadão botucatuense. Justo prêmio e honra ao mérito, àquele que, logo, mais, aos 22 de dezembro de 1967, entregaria a alma ao Criador. Tombou o lutador, aos 97 anos. Faleceu em São Paulo, após delicada intervenção cirúrgica. Foi sepultado em Botucatu.
Sebastião de Almeida Pinto (“Correio de Botucatu”, 04/04/1971).

ALESSIO VAROLI -IMIGRANTE PIONEIRO

Projeto do Novo Milênio, com as raízes do passado...
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“Progetti da Capomillennio,

con i segni del passato...”

Vamos “Fazer a América”

Essa era a palavra de ordem para milhares e milhares de italianos que estavam partindo para o “Novo Mundo” cheios de entusiasmo, de alegria e de esperança, muita esperança!

O Novo Caminho

À partir de 1800, mais precisamente, à partir de 1875/87, teve início a grande imigração italiana para as Américas e, de modo especial, para o Brasil. No entanto, desde 1865, o imigrante italiano Aleixo (Alessio) Varoli já havia feito esse caminho e, nos anos 80, já era um vencedor: tinha Fazenda de Café, Indústria de Bebidas e era Agente Consular do Governo Italiano.

Aleixo Varoli era dinâmico, tendo vários empreendimentos, sendo que alguns em sociedade com seu irmão Xisto Varoli.
Tinha Fazenda de Café na região de Itu, mas estava estabelecido na cidade de Botucatu, então “boca do sertão”, onde lançou as suas raízes e edificou a sua família.

Assim, vamos destacar a presença de Aleixo Varoli nos primórdios de Botucatu.

O Pioneiro

A atuação da Colônia Italiana na virada do século passado marcou definitivamente a cidade de Botucatu. Na industrialização (chegamos a ser a 5ª cidade industrial do Estado nos primeiros anos do século XX), nos costumes, na cultura e na lavoura.

E nessa atuação da Colônia Italiana de Botucatu é preciso que se dê destaque à atuação do pioneiro industrial Aleixo Varoli. Com Indústria de Licores e RefrigerantesAleixo Varoli atuava também na cafeicultura, possuindo na região de Itu uma grande fazenda para a produção de café. Na virada do século, conseguiu unificar as entidades representativas da Colônia Italiana em nossa cidade em histórica reunião realizada, em 1902, na casa de seu genro Francisco Botti, constituindo a Società Italiana di Beneficenza (Hoje, o Centro Brasil-Itália).

Aleixo Varoli presidiu por muitos anos a Società Italiana di Beneficenza e foi Agente Consular da Itália em nossa cidade. Com o casamento de suas 3 filhas, constituiu ampla família, com efetiva influência e destaque na sociedade local.


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Seus genros, todos italianos, Francisco Botti (Francesco Botti Caffoni), Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) e Adeodato Faconti.  Francisco Botti, casado com Albina Varoli, atuou no setor bancário e deu continuidade à atuação na cafeicultura do sogro, assumindo a sua grande propriedade rural. Botti chegou a ter seu próprio banco, o Banco Brasul (absorvido em meados da década de 1970 pelo Banco Itaú) em sociedade com a família Mellão, da vizinha cidade de São Manoel. Pedro Delmanto, casado com Maria Varoli, atuou no setor calçadista, possuindo Loja de Calçados, Fábrica de Calçados e o Curtume Bella Vista, especialmente montado para servir a Fábrica DelmantoAdeodato Faconti, casado com Leonilda Varoli, sucedeu ao sogro na Industria de Bebidas, além de atuar de forma expressiva como jornalista e escritor, tendo exercido a vereança em Botucatu.

Aleixo Varoli patrocinou a vinda da família Botti para Botucatu, em 1887, como resultado de suas relações de amizade familiar e do relacionamento promissor de Francesco Botti (Botti Caffoni) com sua filha Albina, que teve início na Itália durante as férias periódicas da família Varoli, culminando com o casamento de ambos em 1898. Em 1887, vieram para Botucatu, o primogenito Giuseppe e Maddalena Botti Caffoni ( mais 2 filhos), o cunhado Francesco Sartori e sua família. No ano de 1903/4, mais uma vez a atuação providencial de Aleixo Varoli. Como Presidente da Società Italiana di Beneficenza e Agente Consular da Itália, promoveu e deu o necessário apoio ao retorno repentino de parte da família Botti para a Itália. Na Itália, na cidade de Parma, passou a ter também os seus negócios e uma propriedade rural. Giuseppe Botti representava seus interesses quando estava no Brasil.

Aleixo Varoli, à partir de 1910, passou a ficar 6 meses no Brasil e 6 meses em Parma a tratar de seus interesses na Itália.

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Primeiro Retorno (1913)
Como a educação no Brasil, no início do século, ainda não tivesse atingido o nível que hoje possui, principalmente no interior, Aleixo Varoli patrocinou a ida de seus netos para a Itália, para que pudessem estudar e preparar-se para a futura vida profissional.

Aleixo Varoli enviou seus netos para que estudassem no tradicional e conceituado “Collegio Maria Luigia”, da cidade de Parma, em regime de semi-internato. Mais uma vez, contou com a colaboração de Giuseppe Botti para que fizesse o acompanhamento, na sua ausência, da atuação dos meninos. Foram do Brasil, com média de anos, Aleixo Delmanto (filho de Pedro/Maria Delmanto) eAlfonso, Julio, Carlos e Mário Botti (filhos de Francisco/Albina Botti).

Todos fizeram do básico ao colegial na Itália, tendo Aleixo Delmanto feito também a Faculdade de Medicina da Universidade de Parma e, anos depois (1930/31), especialização na Universidade de Bolonha - a mais antiga Universidade do Mundo! Tanto Parma como Bolonha pertencem, hoje, à Região Emilia-Romagna, uma das mais desenvolvidas da Itália.

Em seu retorno ao Brasil, o jovem médico botucatuense (primeiro “oriundo” local a formar-se em Medicina), recebeu uma grata surpresa e um grande incentivo: seu pai, o industrial italiano Pedro Delmanto, construira uma réplica reduzida de um grande Hospital de Florença! Seria em 1928 a inauguração, em Botucatu, da Casa de Saúde “Sul Paulista”...


Casa de Saúde Sul Paulista – Inagurada em 1928 - Botucatu


Vamos “Fazer a Europa”

Segundo Retorno (1999)
Com a educação no Brasil já tendo nível comparável às melhores do mundo e com a completa integração da Colônia Italiana ao “modus vivendi” do Brasil, não haveria a necessidade do envio dos filhos dos “oriundi” para que buscassem no Velho Mundo a “necessária cultura”...

Agora, a palavra de ordem, no “Novo Milênio”, no Ano 2.000, passou a ser outra: Vamos “Fazer a Europa”! Sim, com a nova ordem econômica mundial e com a liderança nova que o Velho Mundo assumiu, a Europa passou a ser o cenário ideal para o aprendizado das novas normas para o relacionamento entre as Nações.

A Velha Europa se renovou. No mundo da economia globalizada, o Mercado Comum Europeu soube, a tempo e hora, tomar a dianteira das novas relações internacionais. Assim, a Europa, hoje, representa o que há de mais moderno em termos das relações entre as modernas economias. A União Européia tem servido de modelo para que os Estados Unidos priorizassem o seu sistema de integração regional e nós, da América do Sul, priorizassemos o Mercosul.
Quer dizer, mais uma vez, a Europa assumiu a liderança das relações internacionais.

Com essa visão e buscando a preservação de nossas raízes, seguiu no início de 1999 para a Itália o jovem Marcelo Delmanto (bisneto de Pedro Delmanto, neto de Antônio Delmanto e filho de Armando Moraes Delmanto, portanto, tataraneto de Aleixo Varoli). Formado em Direito em 98Marcelo Delmanto optou pelo estudo da língua de seus antepassados aqui em Botucatu (com a Irmã Sílvia, do Colégio Santa Marcelina), completando esses estudos no ano de 1999, por 7 meses, na Universidade para Estrangeiros de Perugia, Itália. Com pleno domínio da língua italiana, candidatou-se a uma vaga no “Bando di Concorso da Università Degli Studi di Bologna”, obtendo uma bolsa de estudo para o Curso de Especialização em “Diritto Delle Comunità Europee” (ano acadêmico 2.000).

A Itália que é o Berço do Direito, onde os Grandes Mestres Chiovenda, Carnelutti e Liebmann lançaram as suas lições definitivas, passou a representar, também, o ideal do relacionamento jurídico internacional perante essa nossa economia globalizada.

Nessa busca de suas raízes e de sua complementação profissional, Marcelo percorreu os lugares históricos de Parma e, aqui mais uma vez, a presença da família Botti: o Dr. Fernando Botti Caffoni, neto de Giuseppe Botti (com 82 anos!), recebeu e ciceroneou Marcelo por Parma: visitaram o túmulo de Aleixo Varoli; a casa onde os “primos brasileiros” viveram; onde estudou e onde se casou Aleixo Delmanto, enfim, um completo retorno às origens.

   Marcelo Delmanto na Facoltà di Giurisprudenza di Bologna
Bologna – Capital Cultural da Europa para o ano 2000


Fernando Botti (Botti Caffoni) é filho de um botucatuense: seu pai Giovanni Botti Caffoni nasceu na cidade de Botucatu, em 1888, filho de Giuseppe e Maddalena Botti CaffoniFernando foi Oficial-Piloto na 2ª Grande Guerra, formou-se em Direito e exerceu por mais de 35 anos cargo na Diretoria da Câmara de Comércio de Parma.

Curso de Especialização

E, por fim, o Curso de Especialização na mais antiga Universidade do Mundo - a de Bolonha! - e uma das mais destacadas da Região Emilia-Romagna e da própria Itália. A região representa a parte mais desenvolvida da Itália, com a menor taxa de desemprego e empresas como a Barilla, Ferrari, Masserati, Ferruzzi, Fiat Tratores, Ducati, CMC, Parmalat e um sem número de pequenas e médias empresas altamente desenvolvidas e com tecnologia de ponta (A Região Emilia-Romagna representa, na atualidade, modêlo de uma economia baseada na excelência das pequenas e médias empresas).

Mantem-se, assim, a tradição de origem e procura-se reforçar o vínculo entre nossos pioneiros imigrantes e a nova economia mundial globalizada.

Bolonha
Nesse retorno programado às origens familiares é importante que se tenha o cenário da região da emilia-romagna. A região é uma das maiores e mais ricas regiões da Itália. Situada na parte setentrional do país, o rio Pó constitue o seu limite setentrional enquanto que ao sul está a cadeia dos apeninos. A antiga estrada romana, a Via Emilia, atravessa toda a região de leste a oeste. Nove cidades de grande interesse histórico constelam toda a região, cuja capital é Bolonha.

Marcelo e colegas no Congresso Europeu da Regione Emilia-Romagna, realizado em SalsomaggioreParma-Itália

A região oferece muitas atrações de diferentes pontos de vista: é rica em arte e arquitetura, a agricultura é florida, o setor industrial é vário e dinâmico, o turismo é muito desenvolvido, de modo particular nas cidades à margem do Adriático. O modêlo italiano de empresa encontra, na região emilia-romagna, o ideal para representá-la: a pequena e média empresa, muito desenvolvidas, com alta tecnologia e que crescem forte através do associacionismo.

Emilia Romagna é sem dúvida uma das regiões cujos serviços sociais e atividades culturais estão entre os mais desenvolvidos da Itália. As capitais das oito províncias são algumas das cidades mais importantes da região: 
Bolonha, Ferrara, Forlí, Modena, Parma, Piacenza, Ravena e Regio Emilia.

CAPITAL CULTURAL


Na virada do século e início do Novo Milênio, a capital da região, Bolonha, viverá o seu grande momento. Considerada há anos como modêlo de administração pública (governada por esquerdistas mas dentro de um padrão ideal de gestão administrativa), a cidade sempre foi vista como a “vitrine” da Europa.

Eleita como a Capital Cultural da Europa - Ano 2000, deverá concentrar durante o Ano do Jubileu os grandes eventos culturais e turísticos da Europa. A par dessa programação especial, já estarão adiantados os preparativos para as comemorações do Centenário da morte de Giuseppe Verdi - Ano 2001, com uma grande série de eventos preparatórios. “Verdi: La Musica Del Secolo” ou “Verdi: Il Ritorno Del Maestro”.

Universidade de Bolonha


Considerada a “Alma Mater” de ilustres cientistas e estudantes de todo o mundo, a Universidade de Bolonha é a mais antiga do mundo, celebrando o seu 9º Centenário, apresenta uma curiosidade interessante para os estudantes de Direito: surgiu como um centro de estudos de Direito, com Irnério que começou a estudar o Digesto de Justiniano, surgindo daí os Glossadores (Glossas -interpretações- referentes ao Direito Romano), proporcionando o renascimento do Direito Romano na Idade Média.
Nesse cenário, é que Marcelo procurará enriquecer o seu conhecimento jurídico com a experiência e a vanguarda jurídica da Itália, há exatos 70 anos após seu tio-avô, Aleixo Delmanto, ter feito seu curso de especialização médica na Universidade de Bologna.

(Almanaque Cultural de Botucatu – Edição Especial Peabiru – Ano 2000)

Pedro Delmanto (Pietro Del Manto)

Importante destacar, nesta reconstrução da ligação da família Delmanto com a Itália, a ascendência de Marcelo Delmanto. Bisneto de Pedro Delmanto, neto de Antônio Delmanto e filho de Armando Moraes Delmanto, Marcelo viria a ser o protagonista deste retorno positivo às origens italianas. E foi de Pedro Delmanto, imigrante italiano vencedor, a sua origem.  
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Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) era casado com a brasileira, filha de imigrantes italianos, Maria Varoli Delmanto. Vindo para o Brasil em 1887, Pedro Delmanto era de Castellabate, da província de Salerno, do sul da Itália, mesma cidade da família Matarazzo. Filho de Benedetto Del Manto Caterina Malzone Del Manto, nasceu no distrito de Zoppi, em 1870, falecendo em São Paulo(Capital), em 1965. Iniciou sua vida profissional como sapateiro, na cidade paulista de Sorocaba, sempre contando com o apoio de seus conterrâneos, especialmente de Francisco Matarazzo e Francisco Grandino. Matarazzo e o mestre sapateiro Francisco Grandino foram companheiros e amigos de Pedro e de seu irmão Costabile.  
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 De Sorocaba, acompanhando o crescimento da Estrada de Ferro Sorocabana, seguiu para Botucatu, então considerada "boca do sertão". Estabelecido na cidade abriu (1891), juntamente com seu irmão Costabile, um estabelecimento comercial, "Casa Del Manto", de venda de sapatos, botas, luvas e chapéus, possuindo oficina própria para a feitura e conserto de calçados. A partir de 1900, com a volta de seu irmão para a Itália e já atuando sozinho no comércio, ampliou as oficinas para fabricar calçados, importando modernas máquinas da Alemanha. Com fábrica e loja comercial, partiu para a aquisição de um Curtume, especialmente montado para a preparação e fornecimento de couros para a Fábrica de Calçados Delmanto. Completava, assim, o ciclo produtivo: com curtume, fábrica de calçados e loja comercial! Exportou calçados para a Europa. Pedro Delmanto exerceu efetiva liderança em sua comunidade e atuou junto à colônia italiana com muita dedicação.

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Maria Varoli Delmanto e Pedro Delmanto

  Como todo imigrante, sonhava vencer e ter seus sete filhos formados. Todos eles formados! Tutti dottori! E foi assim... Três formados em medicina (Aleixo, Antônio e Orlando), dois em advocacia (Dante e Berval) e as duas filhas (Imaculada Conceição e Wanda), professoras. Sempre interagindo com seus conterrâneos, participou e foi Venerável Mestre na Loja Maçônica Italiana "Silvanno Lemmi", que era subordinada diretamente a Roma, tendo seu rito todo em italiano e dependia de correspondência epistolar para o recebimento de orientações, decisões e normas diretamente da Itália. Posteriormente, houve fusão com a Loja Maçônica Guia Regeneradora ( GOB).

      Esse imigrante italiano alcançou seguidos sucessos até a grande crise de 1929, quando encerrou seus negócios, transferindo-se, posteriormente, para a capital do estado. Antes disso, porém, em 1928Pedro Delmanto viveu a realização de outro grande sonho: a inauguração da "Casa de Saúde - Sul Paulista". Estava orgulhoso esse imigrante italiano que possuía o mais antigo estabelecimento comercial da cidade (1891).

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Publicidades da Casa de Saúde "Sul Paulista", no "Jornal de Notícias" de 29/11/1931 e 21/01/1934

Ele preparara esse pequeno hospital para o retorno de seu filho primogênito, Aleixo Delmanto, que fora com 9 anos para estudar em Parma (Itália), com seus primos Botti. Como era natural naquele tempo, seguiu para a terra natal de seu avô materno, Aleixo Varoli, Agente Consular da Itália em Botucatu. Voltava, formado médico pela Real Universidade de Parma, com especialização em Radiologia na mais antiga universidade do mundo, a Real Universidade de Bolonha.

cs

Homem de visão, Pedro Delmanto contratara para a Direção da Casa de Saúde, importante professor universitário, Catedrático da Real Universidade de Nápoles, na Cadeira de Clínica CirúrgicaProfessor Doutor Ludovico Tarsia. Na Itáliao Professor Tarsia tivera problemas políticos, tendo que se exilar no exterior.
Na Direção da Casa de Saúde Sul Paulista, além do Prof. Tarsia e de seu filho Aleixo, também estava o jovem médico italiano, com atuação como médico na Grande Guerra Mundial, Miguel Losso. A inauguração festiva do pequeno hospital foi um grande e histórico evento para a pequena Botucatu. Único hospital desse porte em toda a regiãoa sua inauguração teve grande repercussão.
DR.COSTA LEITE: 1º MÉDICO DE BOTUCATU E BENEMÉRITO FUNDADOR DA MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE!

Dr. Costa Leite
"Almanack de Botucatu - 1920"



DIA DO MÉDICO - 18 DE OUTUBRO

Em homenagem ao DIA DO MÉDICO, nada mais justo que homenagearmos o 1º Médico de Botucatu e Fundador de nosso primeiro hospital: a MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE!

Misericórdia Botucatuense, fundada em 1893, completou em 1993 - para júbilo geral! -, seu 1º. Centenário. Um século. Uma vida de bons e inestimáveis serviços prestados a Botucatu.
Entre os botucatuenses que colaboraram desde o início, destacamos a presença e liderança do médico Antônio José da Costa Leite.  Baiano de nascimento, formou-se médico em Salvador e veio ajudar na construção do Estado do Bandeirantismo, tornando-se botucatuense de coração. A influência do Dr. Costa Leite na cidade de Botucatu foi marcante. Como único médico da cidade e de toda uma grande região, Costa Leite gozava de efetivo prestígio. Botucatu era considerada "Boca do Sertão" e a rota dos tropeiros que rasgavam o solo paulista em direção a Mato Grosso e ao norte do Paraná. Àquela época, o médico diplomado exercia verdadeiro fascínio e admiração junto à população. Tratado com especial deferência, era tido como alguém possuidor de poderes especiais, quase como um representante dos deuses, dos quais receberia poderes mágicos...

 Antes da entrada do novo século, a pequena Botucatu já possuía o seu primeiro médico. E haveria de ser ele a liderar amplo movimento para a construção de nosso primeiro hospital: a Misericórdia Botucatuense.



 Na história das instituições filantrópicas, ao menos em suas origens e primeiros tempos, duas características são sentidas: a presença constante de crises financeiras e a obtenção de melhorias tecnológicas graças ao prestígio e relacionamento desses profissionais da medicina, verdadeiros sacerdotes da saúde, junto às suas comunidades.

 Assim ocorreu com a nossa Misericórdia. O Dr. Costa Leite obtém junto à matriarca Dona Isabel Franco de Arruda, rica proprietária que para aqui veio, nascida na Vila da Constituição (Piracicaba), a expressiva doação de dez contos de réis

Dez contos de réis!

Com esse primeiro capital, o Dr. Costa Leite lançou-se à luta. Antônio Ferreira da Silva Veiga Russo e Domingos Soares de Barros doaram ao novo empreendimento parte de suas propriedades, para a localização e construção das obras. Domingos Soares de Barros além dessas terras, doou propriedades na cidade como primeira fonte de renda da Misericórdia.

 O prestígio do Dr. Costa Leite estava viabilizando o hospital. Na galeria dos colaboradores iniciais, vemos os nomes de Antônio Joaquim Cardoso de Almeida (fundador do clã que tantos benefícios trouxe para Botucatu) português de nascimento e que chegou a exercer a vereança em nossa cidade, Floriano Simões, Monsenhor Paschoal Ferrari (idealizador de nossa Diocese), Raphael de Moura Campos, Antônio Cardoso do Amaral (ou Antônio Cardoso Almeida), José Cardoso de Almeida (Jucá), Armindo Cardoso de Almeida, Amando do Amaral Barros, João Morato Conceição, Brazil Gomes Pinheiro Machado, José Paes de Almeida, João Rodrigo de Souza Aranha, Antônio Amaral César, Luiz Ayres de Almeida Freitas, Raphael Nigro, Henrique Reis, João Morethzorn, Joaquim Benedito da Costa, Alberto Pereira, Luiz Augusto Tavares, Cândido Cyríaco Martins, Caetano Caldeira, Napoleão de Barros, Samuel Levy, Joaquim Francisco de Paula Eduardo, José A.       Camargo, Manoel Pinto Costa, José Moraes Costa, Francisco da Rocha Campos Bicudo, Manoel Theodoro de Aguiar, Fernando José Teixeira Guimarães, José Elias Marins, Francisco Antunes de Almeida, José Cláudio Pereira, Júlio C. Oliveira e José Pires de Almeida Moura.

 A primeira Ata de Fundação e Constituição do novo e benemérito empreendimento é datada de 02 de janeiro de 1893. A primeira Diretoria constituída é composta, além do comando do Dr. Costa Leite, dos Senhores Antônio César, Amando do Amaral Barros, João Rodrigo e Floriano Simões.
O Juiz de Direito, Dr. Luiz Ayres de Almeida Freitas, que por 20 anos dignificou a justiça em Botucatu, foi o primeiro Provedor da Misericórdia Botucatuense, tendo na administração o Sr. Antônio Ignácio de Oliveira.

 A oito de dezembro de 1901, a Misericórdia foi oficialmente inaugurada. Seu benemérito, Dr. Costa Leite, assim relatou: "...no dia da inauguração enfeitei muito bem o prédio, iluminei-o com gás acetileno, deixei tudo pronto e fugi. Fui para o Lageado e só voltei à noite, quando tudo estava terminado. No início tivemos que vencer grandes dificuldades. Quase tudo parou. Mas, o sempre caridoso povo de Botucatu veio em meu auxílio." (Folha de Botucatu, 14/12/1941).

 Na inauguração do Hospital, a eficiente pesquisa do Sr. Luiz Baptistão (Gazeta de Botucatu/edição No. 1.699), nos dá a exata dimensão dessa solenidade: "Enfim, no dia 8 de dezembro de 1901, no edifício do Hospital, reunidas a Diretoria, Exmas. famílias, Associações, autoridades e grande massa popular... Houve discurso do Agente Consular Italiano, do Representante da Sociedade Italiana "Pró-Pátria", do "Círculo Filo-Dramático Paulo Ferrari", do representante da Sociedade "Casa de Savoia", do representante da Loja Maçônica "Guia do Futuro" e "Sociedade de Caridade Maria Pia". O Dr. Costa Leite foi maçon e venerável.



 No artigo "CENTENÁRIO DA MAÇONARIA EM BOTUCATU" (http://blogdodelmanto.blogspot.com.br/2011/06/centenario-da-misericordia-botucatuense.html), publicado pela revista botucatuense de culturaPEABIRU, de setembro/outubro de 1998, numa iniciativa da LOJA GUIA REGENERADORA, foi cedido para publicação e divulgação a ficha cadastral do Dr. Costa Leite:





 O Hospital sempre enfrentou dificuldades financeiras. Para efeito didático, dividimos em 2 fases a história da Misericórdia Botucatuense: a 1a. Fase desde a sua fundação, em 1893, até o ano de 1937, quando houve a gravíssima ruptura entre o Corpo Clínico e a Diretoria Administrativa (com a demissão do Corpo Clínico) e, a 2a. Fase, a partir de 1937 até os nossos dias.

 1ª. FASE:
 Na principal fase, a da consolidação do empreendimento, além dos beneméritos já citados, é preciso citar a presença dos médicos que vieram prestar a sua colaboração à Misericórdia. É preciso que se destaque que durante a primeira fase e até meados dasegunda fase a colaboração médica era SEM REMUNERAÇÃO, era o verdadeiro sacerdócio médico.

 Afinal, a Misericórdia era e é uma Instituição de Benemerência... À partir de meados da 2a. Fase, com as modificações do setor de saúde, com a crescente socialização da medicina e maior presença estatal na assistência médica, a Misericórdia passou a atuar como um hospital conveniadocom os Institutos Federais de Previdência. No entanto, NUNCA deixou de existir o espírito que norteou a sua fundação: amparar a todos que necessitem de apoio médico, notadamente aos mais carentes.

 O primeiro médico a colaborar com o Dr. Costa Leite foi o Dr. Miguel Zacharias de Alvarenga. Ao depois, os Drs. Carvalho Barros, Vital Brasil, José Procópio Teixeira Guimarães, Aristides Franco Meireles, Vicente Vianna Júnior, Francisco Rodrigues do Lago, Jorge Vianna Bittencourt, Paschoal e Paulo Rugna, Miguel Losso, José Maria de Freitas, Moacir Corte Brilho, Jacinto Gomes, Marco Túlio de Carvalho, Antônio Gióia, Francisco Figueira de Mello, Horácio Figueiredo, Nestor Seabra, Edmundo de Oliveira e Darwin do Amaral Viegas.

Segundo relato do Dr. Olívio Stersa (Memórias da Misericórdia Botucatuense - 1988), temos a presença de médicos italianos atuando na Misericórdia: "...Entre os italianos que também freqüentavam o nosocômio, podemos citar os doutores Maggiore, Thadei, Antônio Gioia, os irmãos Paschoal e Paulo Rugna e Miguel Losso."

Em 1948, com a chegada do novo Bispo Diocesano, Dom Henrique Golland Trindade, aconteceu o "encontro histórico" entre o grande chefe maçon e o chefe da Igreja Católica:



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O FAMOSO TEATRO ESPÉRIA

 O Sr. Luiz Baptistão, que foi Provedor da Misericórdia, realizou importante pesquisa relativa à história desse hospital beneficente. Recentemente, através da "GAZETA DE BOTUCATU", de 12/03/93, trouxe ao conhecimento da comunidade botucatuense que "...os valorosos homens públicos, no correr dos tempos, antes já haviam pensado com que recursos financeiros contaria a Misericórdia para se manter em funcionamento, com as despesas de funcionários, cozinha, medicamentos, rouparia, limpeza, tudo enfim. Ocorreu-lhes, pois, a idéia, de ao mesmo tempo em que construiriam o hospital, erigiriam um teatro destinado a proporcionar alegrias e divertimento ao povo em geral, mediante pagamento de uma taxa por sessão de espetáculo, com função permanente, em proveito das finanças do hospital."




visita do Maestro Villa-Lobos a Botucatu, no Teatro Espéria.

 Essa é a origem do Teatro Santa Cruz , em terreno de propriedade do hospital, ao depois Cine Espéria e sede da Sociedade Italiana de Beneficência, que o comprou da Misericórdia. A sua construção teve também projeto do Arquiteto Francisco B. Soler e a Comissão que administrou a construção do teatro era constituída do Dr. Antônio José da Costa Leite (Presidência), Armindo Cardoso de Almeida e Amando de Barros.

  No ano de 1954, um incêndio destruiu o teatro. Não foi reconstruído. A bela arquitetura de sua fachada ficou registrada nas fotos da época... Mas nessa pesquisa, o Sr. Luiz Baptistão nos dá, também, uma sinalização da situação e mando político da época, visto a reunião da Diretoria da Misericórdia ter ocorrido, sob a presidência do "...incansável Dr. Antônio José da Costa Leite, no Salão de Leitura do "Gabinete Literário e Recreativo de Botucatu"(o mesmo prédio que sedia a Rádio Emissora de Botucatu S.A., na Rua Marechal Deodoro, 320 - antiga e linda sede do Partido Cardosista)."

 Realmente, a personalidade do Dr. Costa Leite era marcante. A par de seu desempenho como médico, era ele verdadeira locomotiva de nossa sociedade. Amante do teatro, além do empreendimento acima, participava ativamente de grupos teatrais amadores da cidade e patrocinava a vinda de companhias de fora. No esporte, foi responsável pela introdução da prática do tênis de campo em Botucatu. Liderando destacadas personalidades de nossa sociedade, Costa Leite introduziu a prática desse esporte entre nós. As quadras então existentes situavam-se próximas das atuais quadras do BTC, ao lado do Centro Cultural e da Prefeitura Municipal.


INTRODUZIU O TÊNIS DE CAMPO


Pioneiros do Tênis em Botucatu: Da esquerda: DeoclesianoPontes, Ester Portela Pontes, (?), Antônio José da Costa Leite, Augusto Viana Junior, Virgínia Neves Costa Leite, (?), Aníbal Costa Leite. ("Achegas", Hernâni Donato, 1985)

Mesmo local das atuais quadras do BTC. Os primeiros tenistas. Aníbal Costa Leite é o quarto a partir da esquerda. ("Achegas", Hernâni Donato, 1985)



Mas o pacificador e benemérito da Misericórdia Botucatuense teria que comparecer mais uma vez para garantir a estabilidade do Hospital. O risco de uma paralização era eminente. Pela "FOLHA DE BOTUCATU", de 17/03/37, a notícia de que o Dr. Costa Leite, mesmo com idade e já afastado do exercício da profissão, assumia a direção clínica do Hospital: "MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE"
Acaba de assumir a direção da Misericórdia Botucatuense o Dr. Costa Leite, o venerando facultativo a quem se deve a existência desse modelar estabelecimento de caridade em nossa cidade. Tendo agora como operador o Dr. Cyro de Oliveira Guimarães de quem fazemos referências em outra parte, está a Misericórdia Botucatuense perfeitamente aparelhada para continuar a sua rota sem tropeços, fazendo o bem e minorando os sofrimentos daqueles que necessitarem dos recursos médicos".
No final de sua 1a. Fase, a Misericórdia conseguia atravessar esse sério obstáculo pelas mãos seguras do Dr. Costa Leite.

A 2a. Fase começou em 1937, com Emílio Peduti no comando administrativo da entidade e com a convocação do Dr. Antônio Delmanto para o corpo clínico. Emílio Peduti, bem sucedido capitalista, teve por incumbência a gestão administrativa e a grave crise financeira que abalou a instituição. A Antônio Delmanto, com a colaboração inicial de pouquíssimos colegas (com especial destaque para a presença sempre firme do Dr. Antônio Pires de Campos), coube a função de reestruturar o Corpo Clínico, diante do afastamento ocorrido de toda a equipe médica que atuava no hospital.



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O HISTÓRICO DA MISERICÓRDIA

 A história da Misericórdia Botucatuense sem um perfil de seus principais protagonistas ficaria incompleta. E mais: a história desse benemérito Hospital sem o concurso da pena mágica de nosso historiador emérito, Dr. Sebastião de Almeida Pinto, o Mestre Tião, ficaria com certeza, incompleta. O Dr. Sebastião, antes de se dedicar a "contar" as histórias das coisas e da alma de Botucatu,exerceu como um sacerdócio a medicina, principalmente na Casa fundada por Costa Leite. Como seu colega Antônio Delmanto, Sebastião de Almeida Pinto cursou Farmácia antes de cursar Medicina, comum em outros tempos em uma visão de complementação na formação profissional.

 Como historiador e como partícipe da história médica em nosso primeiro Hospital, Tião Pinto nos traz, em suas histórias, o cenário real de como foi a construção dessa Entidade de Beneficência. Hoje, olhando o majestoso prédio e utilizando os excelentes serviços prestados, fica difícil dar a exata dimensão para o usuário-paciente, para o simples cidadão observador e até para o médico do atual Corpo Clínico, como tudo surgiu. A Misericórdia Botucatuense, é bom que se diga!, não tem dono. NÃO TEM DONO!

 Ela pertence a Botucatu que, através de uma sociedade civil beneficente, realiza serviços de medicina, principalmente objetivando ao atendimento dos mais carentes de recursos
.
 Tanto é assim que, se dissolvida, os bens remanescentes serão destinados a uma ou mais entidades sociais legalmente estabelecidas no município e com a mesma finalidade de atender prioritariamente a população mais carente.


MISERICÓRDIA: RETORNO ÀS ORIGENS!

REPETINDO "A Misericórdia Botucatuense, é bom que se diga!, não tem dono. NÃO TEM DONO!
 Ela pertence a Botucatu que, através de uma sociedade civil  beneficente, realiza serviços de medicina, principalmente objetivando ao atendimento dos mais carentes de recursos".

Assim, como à partir do 2º decênio deste século, aMISERICÓRDIA BOTUCATUENSE passou a ser administrada pela UNIMED – Plano de Saúde – deixou de atender à população de um modo geral, descumprindo sua finalidade.Passou a ser o HOSPITAL UNIMED (LEIA a Misericórdia não existe mais...faz parte da história: http://blogdodelmanto.blogspot.com.br/2015/01/a-misericordia-botucatuense-nao-existe.html)  Assim, NADA justifica o recebimento, por parte dos Administradores da Sociedade Mantenedora da antiga Misericórdia. Pois, realmente, NADA justifica que o alto RENDIMENTO auferido pelo arrendamento do hospital para a UNIMED, seja destinado apenas para a própria sociedade.

URGENTE: desde que a antiga MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE deixou de cumprir sua finalidade social, para a qual foi constituída uma sociedade civil para administrá-la,nada mais certo que o imóvel e seu patrimônio seja DEVOLVIDO  ao POVO DE BOTUCATU!

COMO FAZER: assim como o TAENCA deixou de cumprir sua finalidade estatutária e teve seu TEATRO devolvido à Prefeitura de Botucatu, da mesma forma, a MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE, através da Ação do Ministério Público Estadual, DEVE ter seu HOSPITAL e todo seu patrimônio DESTINADO à Prefeitura Municipal de Botucatu para quepasse a pertencer ao PATRIMÔNIO PÚBLICO DO POVO DE BOTUCATU e sendo administrado pelo Setor de Saúde (Secretária Municipal da Saúde) que atende o SUS em nossa cidade, ou seja, a grande maioria da população NÃO privilegiada com um Plano de Saúde.

Não é tarefa fácil e nem agradávelMAS não podemos admitir, em Botucatu, que uma sociedade civil beneficente, criada para administrar a Misericórdia Botucatuense com o objetivo ÚNICO de prestar serviços de saúde à população mais carente PASSE, como agora, a auferir e administrar APENAS os rendimentos advindos do arrendamento do Hospital para a UNIMED e mais os rendimentos de seus outros imóveis.

REPETINDO: 

“A Misericórdia Botucatuense, é bom que se diga!, não tem dono. NÃO TEM DONO!
 Ela pertence a Botucatu que, através de uma sociedade civil  beneficente, realiza serviços de medicina, principalmente objetivando ao atendimento dos mais carentes de recursos.”


A crônica do Dr. Sebastião de Almeida Pinto sobre o Dr. Costa Leite marca a passagem brilhante deste cidadão prestante junto à comunidade botucatuense:

"COSTA LEITE, O MAIOR

Sebastião A. Pinto



 A antiga rua da Misericórdia, chama-se rua Dr. Costa Leite. Na ajardinada praça dona Izabel, há um busto do Dr. Costa Leite. O pavilhão de homens da Misericórdia Botucatuense chama-se "Dr. Costa Leite". E este nome encima o prédio do grupo escolar noturno, mantido pela Municipalidade.
 Quem era este cidadão tão homenageado? No "Almanak de Botucatu", editado em 1.919 pelo jornalista Augusto de Magalhães, às páginas 178 e 179, está escrito: "Dr. Antônio José da Costa Leite. Um dos vultos mais proeminentes de Botucatu. Há mais de trinta anos que residenesta cidade. É o médico da pobreza, o benfeitor, o humanitário que não se  cansa de levar aos que sofrem o bálsamo que suaviza.
Quantos dos casebres ou dos leitos hospitalares, lhe não coroam sentidamente, com bênçãos, a transparência de seu coração piedoso!
 O Dr. Costa Leite tem o nome preso à Misericórdia Botucatuense. Foi ele quem se manifestou primeiro por essa fundação de caridade, entregando-se de corpo e alma para que ela ganhasse vulto e se erguesse dos alicerces, como braços estendidos à multidão dos deserdados. Não se pontuam nisso os feitos de todos os matizes por ele disseminados. O que fez, aí estão...
 Dr. Costa Leite é natural da Bahia, por cuja Faculdade de Medicina se formou no tempo do Império. Fez seu curso com raro brilhantismo, assinalado com muitas distinções. "O povo botucatuense rende-lhe a maior estima que é dado a um profissional desta natureza alcançar. E é-lhe justa e merecedora!".
 Isso foi escrito em 1.919. Agora, em 1971, posso dizer mais coisas sobre o médico e homem, que, sendo um agnóstico, praticava o BEM pelo BEM, sem esperar recompensas do mundo ou do céu.
Nasceu na cidade de Salvador, em 19-4-1860.
 Formado em medicina, transferiu-se para o Estado de São Paulo. Em 1886, o jovem baiano começou a clinicar na pequenina Botucatu. Durante mais de sessenta anos, exerceu o seu abençoado mister. Faleceu em 15-6-1.953, aos noventa e três anos de idade, sendo sepultado na necrópole local. Dorme o sono eterno na cidade que tanto amou e bem serviu.
 Sempre ouvi falar e depois constatei pessoalmente, que da medicina o Dr. Costa Leite fez um sacerdócio. Foi um justo, de mão aberta. Pai da pobreza. Por isso, morreu pobre. Dizia ele, já na Misericórdia (que fundara e servira dedicadamente) que ele era o indigente número um daquela casa de solidariedade humana. O único bem imóvel que possuiu, a casa de morada, foi-lhe dada pelo povo, por subscrição popular.
 Curando, lenindo, amparando financeiramente até, os desprotegidos da fortuna, Costa Leite se tornou figura lendária na vasta zona, onde ele foi, por muitos anos, o único médico a fazer clínica médico-cirúrgica. Naqueles velhos tempos, naquela rudeza do sertão, que começava a ser devastado, para melhor servir e cuidar dos sofredores, grandes e pequenos, principalmente os mais humildes, fundou a MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE, o primeiro hospital da zona.
  Foi em 1.893 que Costa Leite lançou os fundamentos daquela, que não sendo Santa Casa, é uma Casa Santa. Em 8 de dezembro de 1901, ohospital foi inaugurado graças ao apoio decidido que recebeu de dona Izabel Franco de Arruda, Antônio Ferreira da Silva Veiga Russo, Domingos Soares de Barras, Floriano Simões e outros bons colaboradores, numa demonstração de ecumenismo.
 Dr. Costa Leite foi cidadão emérito. Em vida ainda, recebeu a medalha "HONRA AO MÉRITO", somente concedida aos grandes benfeitores da Humanidade. E fez júz à distinção. Quando moço, espírito sociável, dirigia grupos de AMADORES teatrais, animava os esportes, era diretor de sociedades recreativas. Maçon graduado, foi venerável da Loja "Guia do Futuro".
 Pouco militou em política. E esta só lhe trouxe aborrecimentos e dissabores. Mas, firme no seu apostolado ele sempre ficou acima das mesquinharias do mundo. Do seu casamento com dona Cândida Costa Leite, baiana como ele, nasceram os filhos: Dr. Aníbal, cirurgião dentista; Dr. Orlando, advogado; Carlos César; Elvira (laia), que foi casada com Carlos Veiga Russo. Todos são falecidos. Nenhumdescendente do Dr. Costa Leite reside em Botucatu.
 Um dos seus netos, Carlos Leite César, é o presidente da Bolsa do Café, em Santos."
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dr. Antônio Delmanto que exerceu a Diretoria Clínica da Misericórdia Botucatuense, de 1937 a 1952, quando teve a oportunidade de abrigar o Dr. Costa Leite como morador do Hospital prestou este depoimento:




“Tivemos o ensejo de conviver com o saudoso Dr. Costa Leite, fundador de nossa Misericórdia e, conhecendo-o bem, pudemos admirá-lo mais ainda: homem bom, com sólida cultura médica, dedicado, grande amigo e benfeitor de Botucatu.

 Foi na sua época um grande médico. Depois de encerrar sua profissão, comparecia sempre ao seu Hospital, a Santa Casa, a sua Santa Casa, a Casa que ele fundou e onde viveu seus últimos anos, morrendo pobre, muito pobre."

 O 1o.Centenário é sempre motivo de orgulho e comemoração para qualquer instituição pública ou privada.

É uma vitória. De todos os envolvidos.
E o futuro ?

 A cidade de Botucatu tem convicção de que será novamente vencedora
.
Que se multipliquem os futuros Costa Leites. E mais importante: que existam os futuros Costa Leites...

Que do mercantilismo primitivo e selvagem que grassa em todo mundo, haja um pequeno espaço - pequeno que seja ! -, para o sonho e o sacerdócio médico.

 Que se multipliquem os bons filhos e os cidadãos prestantes.

Que seja glorioso e benemérito o futuro do “projeto social” MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE!



(do livro "Memórias de Botucatu 2", de Armando M. Delmanto, 1993)

NOSSO PRIMEIRO 
ARRANHA-CÉU & O EMPRESÁRIO PIONEIRO: JOAQUIM AMARAL AMANDO DE BARROS

 Na segunda metade dos anos 50, o mundo e o Brasil estavam experimentando uma série de novidades... O rock estava surgindo e abalava as estruturas conservadoras da sociedade, com mudança de costumes, principalmente entre a juventude.  No Brasil, até a música tradicional - o samba! - sofria uma mudança significativa: uma batida diferente estava vindo para ficar... Era diferente.  Parecia jazz ou blues... Era a Bossa Nova.
 Na sociedade do após guerra, a palavra era a reconstrução, a modernidade, a ousadia nos empreendimentos.  Novas concepções de espaço, novas posturas arquitetônicas.
            A capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, se destaca como uma das mais modernas e criativas capitais brasileiras. Era o Governo de Juscelino Kubitschek (1950/1954) e Minas entrou em acelerado desenvolvimento.  A expansão da cidade de Belo Horizonte, nos anos 50, era vertical e horizontal.  Bairros modernos e residenciais para a alta classe média foram uma constante.


            
A par disso, a construção de "arranha-céus" na capital mineira deram uma nova cara para Belo Horizonte.  Tudo isso culminando no grande centro de lazer que passou a ser a Pampulha, com jardins de Burle Marx e projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer: era Brasília se desenhando durante os anos 50 em Belo Horizonte.  Com a posse de Juscelino na Presidência, em 1956, o astral mineiro "voou" para Brasília que acabou sendo inaugurada em abril de 1960
 Uma nova música, o rock-and-roll mudando os costumes e abalando as estruturas, Elvis Presley, os Beatles, James Dean e a juventude transviada... Eram os novos tempos...


 Botucatu se manifesta

            A cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas não poderia ficar ausente dessa mudança que estava ocorrendo a nível mundial e nacional.
                       Na mesma época em que Juscelino governava Minas Gerais, a sua campanha já estava sendo feita, através da notícia bem elaborada de que havia uma nova opção, uma opção pelo crescimento, pelo desenvolvimento, pelo progresso. São Paulo não poderia ficar à margem dessa nova postura governamental: o parque do Ibirapuera (inaugurado em 1954, durante as comemorações do IV Centenário, tendo comoPrefeito Municipal, Jânio Quadros), projeto dos dois ousados idealizadores da nova Pampulha (Niemeyer e Burle Marx), serviu para divulgar ainda mais essa nova "onda" de modernidade. O Brasil todo estava acompanhando esse "boom" imobiliário e desenvolvimentista.
            Essa era a melhor propaganda: divulgar a nova postura administrativa que trazia esperança e otimismo à população.
            Em Botucatu, exatamente no dia 19 de janeiro de 1957 seria inaugurado o nosso primeiro "Arranha-Céu".   Isso há + de 50 anos atrás!  Nesse dia, Botucatu estava engalanada para as festanças da inauguração de seu maior e mais imponente edifício: o PEABIRU.   O Edifício "Pedro Amando de Barros" e "Peabiru Hotel".   Foi um acontecimento inesquecível. Botucatu inserida no desenvolvimento que acontecia em todo o Brasil.
            A "FOLHA DE BOTUCATU", de 19 de janeiro de 1957, mesmo dia da inauguração de nosso "arranha-céu", trazia um retrospecto desse "boom" imobiliário que estava acontecendo em nossa cidade, mudando o aspecto de sua principal rua de comércio:
            "... Depois do prédio "Arthur Serpa Pinto", de 3 pavimentos, em cujo andar térreo se acha instalada a Caixa Econômica Estadual, situada em frente à praça João Mendes (atual Comendador Emílio Peduti), foi construído o prédio Stefanini, igualmente de 3 pavimentos, próximo à praça Cel. Moura. Outro prédio situado no centro comercial da rua Amando de Barros, será dentro em breve inaugurado. Referimo-nos ao prédio "João e Martha Rafael", de dois simples, mas amplos andares, de propriedade da firma João Rafael e Irmãos, cujas prósperas atividades nesta praça datam de mais de meio século. No andar térreo, que ocupa uma área de 600 metros quadrados, será instalada a loja da "Casa Royal", da mesma firma. Dois outros prédios importantes estão em via de construção na mesma rua Amando. Um já com sua construção bem adiantada, situado na esquina da rua Monsenhor Ferrari, no local da antiga residência do saudoso Dr. Costa Leite, é de propriedade da firma Romani, Mori S/A, e abrigará exclusivamente o estabelecimento comercial e industrial da mesma firma (hoje, abriga a Simape). O outro prédio, que está com seus alicerces       concluídos, é de propriedade do Sr. Albertino Martins, e fica situado na mesma rua Amando, esquina da rua Velho Cardoso, onde era antigamente instalado o Bar Seleta (hoje, abriga o Posto da Telesp). Terá esse prédio 3 andares na rua Amando e 4 na rua Velho Cardoso. Esses dois últimos prédios estão sendo construídos pela Engitec Ltda., engenharia civil, mecânica e eletrotécnica, há um ano fundada nesta cidade. Como se pode constatar com grande satisfação para nós, os botucatuenses, a nossa principal artéria comercial , vai radicalmente transformando e melhorando o velho e acanhado aspecto..."
            A FOLHA foi feliz ao traçar esse cenário da principal artéria comercial de Botucatu. Era fácil constatar : Botucatu estava se desenvolvendo com rapidez - até hoje não igualado o ritmo de renovação arquitetônica em nossa cidade - única e exclusivamente graças à iniciativa dos empresários locais.  Quer dizer, a iniciativa privada foi a responsável pelo ciclo desenvolvimentista por que passou a cidade de Botucatu.       
           
O ARRANHA-CÉU

             Na mesma edição em que traçou o panorama acima descrito,o jornal "Folha de Botucatu", de19/01/57, trazia com orgulhoso destaque a notícia da inauguração do nosso arranha-céu.  Tomando toda a 1a. página,o jornal trazia foto do prédio, foto do Patrono do prédio, o Sr. Pedro Amando de Barros, genitor do proprietário, foto de Dona Nicota, genitora do proprietário e Paraninfa da solenidade, foto de Dom HenriqueGolland Trindade, então Bispo Diocesano e Paraninfo da solenidade e, com destaque, a foto do proprietário J. Amaral Amando de Barros.  No texto, os principais dados a respeito do novo edifício: "A construção do Edifício "Pedro Amando de Barros" foi inciada em 1º de Agosto de 1953, pela firma Azevedo & Travassos S/A, sob a direção direta e pessoal do Engº Dr. Antonio Araujo Azevedo. O projeto do edifício é de autoria doarquiteto dr.Gustavo Gama Monteiro. A sua decoração esteve a cargo do sr. Salvador Monteiro.
            O nome do edifício foi dado em homenagem à memória do saudoso pai do proprietário.
            O nome Peabiru dado ao hotel é ligado à história da cidade e se refere à antiga e famosa via de penetração bandeirante escalando a Serra de Botucatu.
            O prédio será ocupado : Andar Térreo, Sobre-Loja e Sub-Solo : na Ala norte: pelo Banco do Brasil ; na ala sul: pelo saguão do Peabiru Hotel.              1º Andar:         pelas firmas Omareal, Mecatral e Neiva.
Do 2º até o 7º Andar : pelo Peabiru Hotel e respectivos restaurante e bar.
            O Peabiru Hotel, possuirá 42 quartos e 12 apartamentos de 2 quartos cada um, com instalações sanitárias as mais modernas e perfeitas, e lavanderia automática.
            Os legumes, frutas, carne suína,etc., serão fornecidos pela Fazenda Boa Esperança (do proprietário do edifício).
            A firma que explorará o hotel é a SOCIEDADE PEABIRU LTDA.
         Rede telefônica interna (PBX) com cinco troncos e oitenta ramais, em via de instalação."
         O relato foi minucioso por parte da Folha.  A inauguração estava tendo a necessária e indispensável cobertura da imprensa botucatuense. O relato continuava : "...o edifício consta de 2 blocos, de linhas modernas e sóbrias; com 7 pavimentos... sendo que o primeiro andar é ocupado pelos escritórios das firmas pertencentes ao Grupo Azevedo: Neiva, Omareal e Mecatral..." E mais: "... no último andar estão instalados o Restaurante Panorâmico e o original Bar "Vista-Vision" donde se descortina toda a cidade de Botucatu.
         Servido por espaçoso e moderno elevador, o Peabiru Hotel se classifica, mercê do conforto que oferece, do bom gosto e de sua decoração e de sua magnífica localização, podendo-se afirmar que é, no momento, o melhor do interior do Estado de São Paulo.  Os móveis e as cortinas foram especialmente desenhados para oPeabiru, o mesmo acontecendo com os quadros que ornamentam seus quartos e salas, todos eles pintados por artistas de renome, o que dá ao hotel um tom de originalidade e ineditismo dificilmente superados"

"VISTA-VISION"
          O chamado Bar "Vista-Vision" na verdade era um espaço destinado para uma sofisticada Boate.  De finíssima decoração e com uma vista surpreendente e bela, o Bar"Vista-Vision" teria sido vetado pelas forças conservadoras da cidade, especialmente pela Igreja. Isso era o  que   sempre se comentou à "boca pequena" por toda a sociedade botucatuense...  A verdade é que nunca funcionou o bar ou a pretensa boate e, mais verdade ainda, é que nunca houve, por parte do proprietário, qualquer reclamação ou comentário à respeito... A verdadeira versão desse fato está perdida na imaginação popular e nas várias versões levantadas...
               
       O  Empresário  Pioneiro


Joaquim Amaral Amando de Barros

             Já dissemos que todo o "boom" imobiliário que renovou e modernizou Botucatu foi fruto da iniciativa privada.  Era a visão dos empresários "empurrando" Botucatu para o progresso e o desenvolvimento.
            Nesse contexto é que vemos a figura do empreendedor Joaquim Amaral Amando de Barros.  De todos os prédios, o Edifício "Pedro Amando de Barros" era o mais arrojado, o maior, era o nosso primeiro arranha-céu...           
            Comerciante bem sucedido no ramo de materiais de construção, o Sr.Amaral de Barros estava a demonstrar o seu tino empreendedor, a sua visão do futuro e a sua sensibilidade política.  Tanto é assim que anos mais tarde (1963), ele chegaria à Prefeitura Municipal de Botucatu, tendo como Vice-Prefeito o grande líder popular José da Silva Coelho.           
            O empreendimento foi tão positivo, que o Sr. Amaral de Barros obteve grande prestígio político junto à comunidade botucatuense e revelou-se um empresário de visão, pois a empreitada só obteve sucesso e proporcionou lucro.  Botucatu registrou o nome desse empreendedor : J. Amaral Amando de Barros.
 INAUGURAÇÃO

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 Ato Inaugural. No saguão do "Peabiru Hotel" vemos a presença do Pref. Municipal João Reis, dos Srs.  Rafael João Rafael, Adolpho Dinucci, João Passos, Lincoln Vaz, Rubens da Silva Cardoso, Pedro Chiaradia, do então bispo Dom Henrique Golland Trindade, do Monsenhor Melhado, de Dª Nicota (ao lado de Dom Henrique - ambos Paraninfos), do Dr. Amando de Barros Sobrinho, do orador pela Câmara Municipal, Dr. Antonio Delmanto, do Sr. Plínio Paganini e do casal - anfitrião Joaquim Amaral Amando de Barros e Dª Celina.
  A inauguração de nosso primeiro "arranha-céu" mobilizou toda a cidade e a imprensa botucatuense destacou o fato.  A Folha de Botucatu, de 23/01/57, sob o título "Acontecimento Auspicioso", trazia com minúcias a solenidade de inauguração :
            "Acontecimento social de grande significação, constituiu a inauguração do suntuoso edifício "Pedro Amando de Barros" e do "Peabiru Hotel", realizada sábado último, à noite.     
            Ao ato inaugural, no saguão do hotel, estiveram presentes, as mais destacadas e representativas figuras do nosso mundo social, político, religioso, econômico e financeiro.
            Falou, inicialmente, o sr. J. Amaral Amando de Barros, proprietário daqueles empreendimentos, dizendo da sua satisfação por entregar a Botucatu, aquele edifício, que tomara o nome de seu saudoso pai, em um hotel à altura do nosso progresso.  Agradeceu a presença de todos, e fez uma saudação toda especial à sua mãe, a veneranda senhora d. Nicota de Barros, e à S.Exa.Revma. Dom Henrique Golland Trindade, paraninfos do ato inaugural.         
            O Bispo Diocesano, após abençoar o prédio e o hotel pronunciou uma oração na qual manifestou seu contentamento por paraninfar uma obra que tanto veio contribuir para nosso desenvolvimento arquitetônico.  Lembrou s.exa.revma. o alto espírito altruístico do sr. Amaral de Barros, demonstrado através da sopa aos andarilhos, que vem patrocinando por intermédio da "Sociedade de São Vicente de Paula".     
            O orador seguinte foi o sr. João Passos que, em nome da Associação Comercial, também se congratulou com os realizadores de tão notáveis empreendimentos.           
            Pela Câmara Municipal, discursou o dr. Antonio Delmanto, dizendo da nova etapa de progresso que se iniciará em nossa cidade com o edifício "Pedro Amando de Barros".        
            Por último, usou da palavra o sr. Rubens da Silva Cardoso que, num belo improviso, concitou os homens de grandes recursos financeiros botucatuenses a seguirem o exemplo do sr. Amaral de Barros, empregando aqui os seus capitais, pois só assim Botucatu ganhará o lugar que merece no concerto das cidades do hinterland.  
            Ato contínuo, os convidados se encaminharam ao último andar do imponente edifício, onde se localiza o restaurante do hotel e o originalíssimo bar "Vista-Vision".  Aí, foram-lhes oferecidas lautas mesas de doces e salgadinhos, regadas à champanha, cerveja, guaraná e delicioso "ponche".     
            Foi uma festa magnífica, digna do edifício e do hotel que estavam sendo inaugurados e se prolongou até todos se fartarem.         
            Todas as dependências do confortável hotel foram mostradas aos visitantes , que manifestaram a sua admiração."
            De 1957 para cá, Botucatu conquistou outros edifícios, outros "arranha-céus", maiores do que o nosso pioneiro Peabiru... No entanto, o pioneirismo deixa, sempre, a sua marca, o seu registro.  Como, ao depois, na construção dos edifícios residenciais, o pioneirismo ficou com a empresária D. Sofia Toledo Zanoto.


            Esta reportagem da Revista Peabiru tem por objetivo oregistro histórico desse magnífico empreendimento, como forma de se resgatar a memória de Botucatu e, ao mesmo tempo, concitar, neste final e início de século, os empresários botucatuenses para que eles sejam, como o foram os empresários dos anos 50, audazes, vencedores e propulsores do progresso e do desenvolvimento de Botucatu (AMD).
 obs. : o logotipo apresentado no início deste artigo é cópia fiel do decalque original do lançamento do hotel em 1957, que nos foi fornecido pelo sr.Luiz Caramelo, então gerente do Peabiru Hotel.  As fotos que ilustram a matéria foram cedidas, ainda em vida, pelo Sr. J. Amaral Amando de Barros.
(Revista Peabiru, nº 02, Ano I, março/abril de 1997/Livro "Memórias de Botucatu III", 2000)
 Registro Histórico:
Correspondência do escritor e dramaturgo botucatuense Alcides Nogueira quando do lançamento do livro"Memórias de Botucatu III", no ano 2000, publicada no "Almanaque Cultural de Botucatu/2000", nos mostra, com destaque, a importância que a inauguração desse "arranha-céu" teve para a sociedade botucatuense nos anos 50:

"SP, 19/01/2000
        
                                                                 

Caríssimo Armando,

Mal recebi e já mergulhei na leitura das "Memórias de Botucatu III". Como sempre, você consegue aliar à pesquisa uma linguagem coloquial, o que torna a visão de nossa história ainda mais agradável e atraente. Fiquei emocionado com os detalhes da construção do nosso primeiro arranha-serra (bela expressão). As memórias do menino botucatuense misturam-se aos dados fornecidos pelo historiador. Como uma personagem do "Armacord", também eu sempre imaginei a boate do Peabiru como palco de festas suntuosas e de encontros fortuitos. E, em minha cabeça, padres furibundos barravam o meu sonho felliniano.
O "Lawrence" é material para novela!  Que história mais fantástica. E fiquei comovido ao ver a foto da casa da Sra. Leandro Dupré.  Quero saborear cada página, pois sei que aprenderei muito com essa leitura.  Mais uma vez você contribui, de forma incisiva, para que Botucatu não perca sua identidade, e para que nós tenhamos muito orgulho da cuesta.
   Obrigado pela dedicatória tão gentil, parabéns pelo belíssimo trabalho, e um abraço a todos de sua família.
 Alcides Nogueira"

Conde de Serra Negra:Maior Produtor de Café do Brasil na Monarquia e na República!





Foto Histórica: sentados da esquerda para a direita, oConde de Serra Negra e seu pai, o Barão de Serra Negra, ladeados pelos outros filhos do Barão.

Conde de Serra Negra, tinha “status” e poderio econômico: tinha 15 fazendas de café no Estado de São Paulo e no Rio de Janeiro. De tradicional família paulista, era filho do Barão de Serra Negra que além de grande proprietário rural e produtor de café, era Presidente do Banco de Piracicaba, por ele fundado e benemérito da Santa Casa de Misericórdia, tendo até um bairro (Bairro de Serra Negra) em homenagem à família. O Conde de Serra Negra era genro do Barão de Valença (da família Resende) um dos maiores produtores de café do Estado do Rio de Janeiro. Dessa forma, o Conde tinha quase 2 milhões de pés de café em suas fazendas no Estado de São Paulo e nas fazendas da família no Rio de Janeiro atingia o total de quase 4 milhões de pés de café. Era o maior produtor e exportador de café do Brasil.
Tinha em Paris, além de sua suntuosa mansão, uma moderna torrefação com depósito e distribuição do produto na França e nos países da Europa. 


Quadros (3) do pintor italiano Antonio Ferrigno, especialmente contratado pelo Conde de Serra Negra para registrar suas fazendas e fazer a divulgação do Café no exterior.





Majestoso portão de entrada, encimado pelas estátuas das estações do tempo(Botucatur).


A famosa Fazenda do Conde de Serra Negra sendo visitada pelos integrantes do "Grupo Papa Trilhas" e, em um segundo momento, já sendo restaurada pela Usina São Manuel, atual proprietária. Este último registro feito por mim, pelo Valdemar Juliani e pelo Antoninho Sanches(Grupo Papa Trilhas) que também estiveram na visita anterior.

Clique na imagem para ampliá-la. Trabalho doMestre Vinicio Aloise sobre Vitoriana: o Dr. Costa Leite em seu trole indo para a fazenda doConde; o trem da EFS chegando na Estação de Vitoriana; os tropeiros acompanhando o trem; o curral; a calma da principal venda/comércio local. É Registro Histórico!
O Conde passava seis meses na Europa e seis meses no Brasil, visitando suas propriedades, enquanto a Condessa cumpria as suas obrigações sociais e assistenciais na Corte, no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde a família convivia com o Poder Político e com os grandes financistas paulistas. No ano de 1887, o Conde de Serra Negra mantivera seguidos contatos com o Barão de Parnaíba, Presidente (governador) da Província Paulista, obtendo a promulgação da Lei queautorizava a extensão do traçado da SOROCABANA (Lei nº 25, de 19/03/1887), até Botucatu e São Manuel...

A visão de Estadista do Conde de Serra Negra, alertou o mundo oficial brasileiro para a crise do café. Antes de 1910, o Brasil começara a acusar um descontrole em sua política cafeeira, com os portos estocando cada vez mais o excedente da produção, processo que iria culminar com a crise de 1929/30. Era o fantasma da superprodução provocando o declínio dos preços e a triste realidade dos estoques encalhados de café... E o poderio econômico do Conde começava a ser implacavelmente minado... Uma a uma as fazendas iam se acabando no acerto inadiável dos débitos assumidos e sempre honrados. Uma das últimas foi a Fazenda do Conde Serra Negra, no Distrito de Vitoriana, no município de Botucatu...Essa última perda não foi presenciada pelo Conde. Ainda bem...

O PERFIL MÁGICO DO CONDE!

Histórico do Conde de Serra Negra e de Lawrence da Arábia/leia aqui



Assim, o Conde de Serra Negra, sempre sem qualquer vínculo com o mundo político oficial, continuou a “acompanhar” o crescimento de Botucatu e a evolução de sua gente: esteve com o Monsenhor Ferrari em Roma batalhando pela criação da DIOCESE DE BOTUCATU, concretizada em 1908. O Monsenhor Ferrari, grande batalhador, foi o idealizador e responsável pela criação da Diocese de Botucatu.
O Conde tinha uma amizade sincera com o comerciante português Antonio Cardoso de Almeida. Pois bem, essa amizade iria levar o Conde a uma série de novas amizades, todas elas ligadas por parentesco com o chefe do clã dos Cardoso de Almeida. Assim, foi com o Monsenhor Ferrari que era cunhado de Dona Alcinda Cardoso de Almeida Ferrari. E Estevam Ferrari e Dona Alcinda tiveram um filho, Alcides de Almeida Ferrari que se formou advogado na São Francisco, tendo sido vereador e promotor em Botucatu, ingressando posteriormente na Magistratura onde chegou a Desembargador e Presidente do Tribunal de Justiça do Estado.

O MAIOR POLÍTICO PAULISTA!



Da mesma forma, seu relacionamento com José (Juca) Cardoso de Almeida, filho de seu amigo Antonio Cardoso de Almeida, que veio a se tornar o político mais influente de São Paulo por toda a 1ª República: foi Deputado Federal e Secretário da Justiça e da Fazenda, Secretário do Interior, Secretário da Segurança Pública nos diversos governos paulistas (cujos governadores eram, como ele, formados na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco) e, no âmbito federal, foi Presidente do Banco do Brasil e Líder da Maioria no Governo de Washington Luís, sendo exilado na Revolução de 1930, morrendo em Paris, em 1931.
O Deputado Cardoso de Almeida viera a se casar com Dona Ismênia Ramos de Azevedo Cardoso de Almeida, irmã do consagrado Arquiteto Ramos de Azevedo, construtor dos mais belos prédios públicos da cidade de São Paulo (Tribunal de Justiça, Teatro Municipal, Mercado Municipal e tantos outros) e, em Botucatu, é seu projeto o prédio do antigo Fórum de Botucatu.
E entre tantas conquistas, a Família Cardoso de Almeida fora a responsável pela criação da Empresa de Força e Luz de Botucatu, em 1905 e, também, por sua transformação na CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz, sediada em Campinas. Em ambos empreendimentos, a atuação do Conde de Serra Negra seria marcante: ele indicou o Engenheiro Manfredo Costa para coordenação de toda a parte técnica desses empreendimentos bem sucedidos.

O GRANDE HERÓI: LAWRENCE DA ARÁBIA


Mas o Conde fizera muito mais pela implantação da eletricidade no Estado de São Paulo: desde 1886, continuando em 1887, fizera várias viagens à Inglaterra para contato com financistas e com as industrias de equipamentos para usinagem de eletricidade, como geradores, turbinas, etc.

LAWRENCE DA ARÁBIA: O HERÓI!/ leia aqui



O livro "Memórias de Botucatu III", lançado em 2000, trouxe todo o histórico sobreLawrence da Arábia, publicado em capítulos pela revista Peabiru

Mas essas viagens, com certeza, já são uma outra história... História envolvente, que trouxe progresso e desenvolvimento para o interior do Estado de São Paulo e CONSAGROU UM BELO CASO DE AMOR E DEIXOU MARCADA PARA HUMANIDADE A PASSAGEM DE UM HERÓI MUNDIAL, BENFEITOR DA HUMANIDADE: LAWRENCE DA ARÁBIA – modestamente um botucatuense nascido na CUESTA DE BOTUCATU!

DANTE DELMANTO
É importante registrar que no período da construção da democracia no Brasil, de 1934 a 1937, a política paulista mostrava um novo perfil: eram os "oriundi" que vieram para fortalecer a cidadania brasileira. E, entre esses, o nome de DANTE DELMANTO se destaca. Vamos apresentar o histórico de sua trajetória nesse importante período para a democracia brasileira:
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Deputado Dante Delmanto
A Maior Votação na Constituinte de 1934
            A abordagem sobre o deputado estadual constituinte mais votado em todo o Estado de São Paulo é importante pelo fato de representar a renovação política e o avanço democrático ocorridos no ano de 1934. E, exatamente por isso, nos remete ao cenário mágico que representou a Constituinte de 34.
            Nunca as elites representativas da sociedade paulista participaram de forma tão expressiva de uma eleição parlamentar.
Era a elite paulista aí representada. E, aqui, é preciso que se esclareça o verdadeiro sentido da palavraelite.  Para isso, vamos novamente buscar a lição perene de Fernando Henrique Cardoso, o sociólogo,não o Presidente:
Elite é a vanguarda, é o melhor de todos os segmentos da sociedade. Explicando: por exemplo, um dos melhores do movimento sindical foi o Luiz Ignácio Lula da Silva, um dos melhores do futebol, senão o melhor, foi o Pelé, um dos melhores do empresariado foi o Antonio Ermírio, um dos melhores do basquete foi o Oscar Schimidt, um dos melhores da medicina foi o Adib Jatene, o melhor jurista foiRuy Barbosa, etc."
            O Brasil já não era o mesmo. São Paulo já não era o mesmo. A política brasileira estava mudando, evoluindo... A grave crise econômica de 1929, a Revolução de 1930, a Revolução Constitucionalista de 1932, provocaram profundas mudanças em nossa população. Assim, a participação dos cidadãos na campanha para a Assembléia Estadual Constituinte de 1934, foi maior e muito mais democrática... Aplutocracia rural que até então ditava as regras estava, nessa campanha política, tendo que dividir a sua participação com segmentos expressivos dos crescentes setores da indústria, dos profissionais liberais, dos professores universitários e do comércio, enfim, da nova estratificação social que estava mudando a sociedade brasileira e, de forma significativa, a paulista.
            E nesse cenário mágico das eleições estaduais constituintes de 34, a votação obtida por Dante Delmanto foi marcante. Foi candidato a deputado estadual constituinte pela chapa única do PC - Partido Constitucionalista "Tudo Por São Paulo", pelo 5º Distrito (Botucatu), saindo em dobradinha com o grande líder democrático, Antonio Carlos de Abreu Sodré (promotor público e vereador na comarca de Botucatu). Os dois foram os mais votadosAbreu Sodré para deputado federal eDante para deputado estadual constituinte.
Dante Delmanto foi também o mais jovem Deputado Estadual Constituinte eleito. Com 28 anos, Dante representou, efetivamente, essa renovação política e esse avanço democrático: construiu, dentro das regras partidárias, com entusiasmo, o seu próprio potencial de votos. Explico: obteve a sua grande votação em cima do trabalho que realizou como universitário mobilizador e entusiasta, advogado militante, político atuante e dirigente esportivo que soube levar ao sucesso o trabalho de uma equipe motivada. Era o filho de imigrantes italianos plenamente integrado à nova nação brasileira na construção de sua democracia.
            Esse não era, seguramente, o perfil político que os paulistas conheciam e estavam acostumados... 
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            Havia algo de novo no panorama político de São Paulo.
            Ao lado de expressivas lideranças da intelligentzia paulista, o jovem Dante conseguiu aliderança indiscutível de votos. E entre os eleitos, tínhamos presenças de destaque na área jurídica comoClóvis Ribeiro (PC), Ernesto Leme (PC), Frederico José Marques (PRP), Francisco Mesquita-PC ("Estadão"), Cândido Mota Filho (PC), Henrique Bayma (PC), Laerte Assumpção (PC), além de engenheiros como Manfredo Antônio da Costa- PC (CPFL) e Elias Machado de Almeida (PC) e médicos/professores universitários como A.C. Pacheco e Silva e Benedicto Montenegro (PC) (considerado o melhor cirurgião do Brasil,  Diretor da Faculdade de Medicina e, posteriormente, vindo a ser eleito Reitor da USP); Alfredo Ellis Junior, Campos Vergueiro e   Adhemar Pereira de Barros, pelo PRP ( que após 1937, durante o Estado Novo, viria a ser nomeado Interventor Federal  no Estado de São Paulo). Essas citações, com certeza, são apenas pontuais, sendo certo que os demais eleitos representavam, também, a participação do que de melhor havia na sociedade paulista na disputa pela Constituinte Estadual.
            Para Deputado Federal, a chapa única do PC, também trouxe o melhor da elite paulista: Aureliano Leite, Waldemar Ferreira, Antonio Pereira Lima, Carlota Pereira de Queiroz ( a primeira mulher eleita), Theotônio Monteiro de Barros Filho, Luiz Piza Sobrinho, Paulo Nogueira Neto, Antonio Alcântara Machado, Camargo Aranha. Pelo PRP: Cel. Euclides de Oliveira Figueiredo, Rodrigues Alves Filho, Cincinato Braga, Raphael Sampaio e Laerte Setúbal. Ufa!  Com uma participação desse nível qualquer Estado ou País consegue o mais alto nível de excelência...
            Havia, sim, algo de novo no panorama político paulista!
 Botucatu e a  Assembléia Estadual Constituinte:
            Pela região de Botucatu, foram dois os candidatos eleitos: Dante Delmanto pela chapa única doPC - Partido Constitucionalista Adhemar Pereira de Barros pelo PRP - Partido Republicano Paulista. Mas ligados a Botucatu, tivemos a eleição de mais dois candidatos: o botucatuense Elias Machado de Almeida e Manfredo Antônio da Costa, que aqui residiu por muito tempo.
 DANTE DELMANTO: Construindo o próprio caminho :
 Em sua Cidade Natal
"A mãe-pátria é a nossa cidade, no sentido de que elas, as cidades, as vilas, as fazendas compõem o país. Quem ama o seu torrão natal é um grande patriota, que  idolatra o seu berço para enaltecer a grandiosidade da nação... Antes de vivermos para nós mesmos é preciso que vivamos para a nossa Pátria e ela se chama  Botucatu." Agostinho Minicucci
Para que se tenha a exata compreensão da ascensão política do jovem advogado Dante Delmanto (1907/1986) é indispensável que busquemos o cenário real que possibilitou que florescesse e crescesse uma liderança política que, em outros tempos, seria praticamente impossível.
            Filho do imigrante italiano, Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) e da brasileira, filha de imigrantes italianos, Maria Varoli Delmanto, era o terceiro de sete irmãos (cinco homens e duas mulheres). Vindo para o Brasil em 1887, Pedro Delmanto era de Castellabate, da província deSalerno, do sul da Itália, mesma cidade da família Matarazzo. Iniciou sua vida profissional como sapateiro, na cidade paulista de Sorocaba, sempre contando com o apoio de seus conterrâneos, especialmente de Francisco Matarazzo e Francisco Grandino. Matarazzo e o mestre sapateiroFrancisco Grandino foram companheiros e amigos de Pedro e de seu irmão Costabile.  
tres pri
           Publicidades da Casa de Saúde "Sul Paulista",
             no "Jornal de Notícias" de 29/11/1931 e 21/01/1934
De Sorocaba, acompanhando o crescimento da Estrada de Ferro Sorocabana, seguiu para Botucatu, então considerada "boca do sertão". Estabelecido na cidade abriu (1891), juntamente com seu irmãoCostabile, um estabelecimento comercial, "Casa Del Manto", de venda de sapatos, botas, luvas e chapéus, possuindo oficina própria para a feitura e conserto de calçados. A partir de 1900, com a volta de seu irmão para a Itália e já atuando sozinho no comércio, ampliou as oficinas para fabricar calçados, importando modernas máquinas da Alemanha. Com fábrica e loja comercial, partiu para a aquisição de um Curtume, especialmente montado para a preparação e fornecimento de couros para a Fábrica de Calçados Delmanto. Completava, assim, o ciclo produtivo: com curtume, fábrica de calçados e loja comercial!Pedro Delmanto exerceu efetiva liderança em sua comunidade e atuou junto à colônia italiana com muita dedicação.
Como todo imigrante, sonhava vencer e ter seus sete filhos formados. Todos eles formados! Tutti dottori!E foi assim... Três formados em medicina, dois em advocacia e as duas filhas, professoras. Sempre interagindo com seus conterrâneos, participou e foi Venerável Mestre na Loja Maçônica Italiana"Silvanno Lemmi", que era subordinada diretamente a Roma, tendo seu rito todo em italiano e dependia de correspondência epistolar para o recebimento de orientações, decisões e normas diretamente da Itália. Posteriormente, houve fusão com a Loja Maçônica Guia Regeneradora (do GOB).
            Esse imigrante italiano alcançou seguidos sucessos até a grande crise de 1929, quando encerrou seus negócios, transferindo-se, posteriormente, para a capital do estado. Antes disso, porém, em 1928,Pedro Delmanto viveu a realização de outro grande sonho: a inauguração da "Casa de Saúde - Sul Paulista". Estava orgulhoso esse imigrante italiano que possuía o mais antigo estabelecimento comercial da cidade (1891).
Ele preparara esse pequeno hospital para o retorno de seu filho primogênito, Aleixo Delmanto, que fora com 9 anos para estudar em Parma (Itália), com seus primos Botti. Como era natural naquele tempo, seguiu para a terra natal de seu avô materno, Aleixo Varoli, Agente Consular da Itália em Botucatu. Voltava, formado médico pela Real Universidade de Parma, com especialização em Radiologia na mais antiga universidade do mundo, a Real Universidade de Bolonha.
Homem de visão, Pedro Delmanto contratara para a Direção da Casa de Saúde, importante professor universitário, Catedrático da Real Universidade de Nápoles, na Cadeira de Clínica CirúrgicaProfessor Doutor Ludovico Tarsia. Na Itáliao Professor Tarsia tivera problemas políticos, tendo que se exilar no exterior.
Na Direção da Casa de Saúde Sul Paulista, além do Prof. Tarsia e de seu filho Aleixo, também estava o jovem médico italiano, com atuação como médico na Grande Guerra Mundial, Miguel Losso. A inauguração festiva do pequeno hospital foi um grande e histórico evento para a pequena Botucatu. Único hospital desse porte em toda a regiãoa sua inauguração teve grande repercussão.
A festança foi grande. Banda de Música, autoridades, convidados e grande massa popular. A chegada doCav. Serafino Mazzolino, Consul Geral da Itália em São Paulo, em missão oficial, deixava a colônia italiana exultante. Na edição de 27/11/1928, o jornal "Correio de Botucatu" nos relatava a solenidade da inauguração:
"Esteve brilhante o ato inaugural do suntuoso estabelecimento. Foi anteontem que se inaugurou a Casa de Saúde Sul Paulista. Foi uma bela festa a que italianos e brasileiros, numa confraternização amiga, compareceram representados por seus melhores elementos. O Monsenhor Adauto Rocha, depois de espargir água benta por todos os cômodos, pronunciou eloqüente oração saudando os dirigentes da Casa de Saúde. Em seguida, falou o Sr. Pedro Avelino. Falou depois o Cônsul da Itália. Agradeceu as saudações, em nome da diretoria, o Sr. Dante Delmanto, que estendeu os agradecimentos às autoridades e ao povo presente ao ato inaugural. O Rei da Itália fez-se representar pelo Sr. Cônsul Italiano em São Paulo."(grifo nosso)
Esse histórico é fundamental para que se possa aquilatar a origem e o potencial de Dante Delmanto junto à população de sua cidade. Tendo cursado a Escola Botucatuense e se formado na primeira turma daEscola Superior do Comércio (ao depois, Escola de Comércio "Nossa Senhora de Lourdes", terminando incorporada ao Colégio La Salle), já exercia liderança política na cidade. Participou, desde o início, da criação do PD - Partido Democrático que viria a ser a base para o PC - Partido Constitucionalista, sendo que seu irmão, Antônio Delmanto, secretariava o PD em Botucatu, sob a presidência de Antonio de  Moura Campos.
Não obstante o evento de inauguração do hospital, quando foi orador em nome da Diretoria, Dante já vinha tendo uma atuação política na comunidade botucatuense. Acadêmico de Direito no Largo de São Francisco e estagiário em escritório de advocacia, Dante participava intensamente da vida política paulista e já começava a ficar famoso por seus dons de oratória. Nos anos de 1925 e 1926, mesmo estudando na capital, dirigiu e foi Diretor dos jornais botucatuenses "A Gazeta" e "O Democrático".
 Na Capital
                                          "A estrada aí está à espera de nossos passos..."
                                                                                         Paulo Bomfim
             A estratificação social da população paulista estava em crescente mutação: era o afluxo dos imigrantes europeus, eram as novas idéias de progresso e de participação popular, era o processo de industrialização geral do estado, era a burguesia que começava a ocupar os espaços até então reservados para os que pertenciam à plutocracia rural...
            São Paulo estava mudando. E as faculdades de direito, de medicina e de engenharia exerceriam papel catalisador nessa mudança.
            À partir de 1924, o jovem acadêmico Dante Delmanto começava a ter vida própria na capital paulista. Além de cursar a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, procurou trabalhar nas redações dos jornais paulistanos e estagiar em escritório de advocacia. O ritmo de vida na capital paulista era intenso para a juventude acadêmica.
E a militância política viria a ocupar lugar de destaque na vida de Dante. Participou da movimentação estudantil durante a Revolução de 1924. Engajou-se na campanha pela implantação do voto secreto, sendo que seus artigos foram transcritos pela imprensa libertadora do Rio Grande do Sul. Fundou, juntamente com seus colegas acadêmicos, o Partido da Mocidade que precedeu o Partido Democrático. Nessa época, foi um dos oradores que mais se notabilizaram, tendo percorrido todo o Estado e feito parte da caravana, que chefiada por Assis Brasil, visitou todo o Norte do País, fazendo pregação a favor do voto secreto.
Na Academia do Largo de São Francisco, fez com bom desempenho seu curso regular tendo, ao mesmo tempo, exercido a advocacia, como estagiário no escritório de advocacia criminal do Dr. José Adriano Marrey Jr. No último ano de seu curso de Direito, Dante foi contemplado com bolsa de estudo de um ano na Holanda, por ter sido o aluno com a melhor nota em Direito Internacional. Em Haia, com singular brilhantismo, fez o curso daquela matéria, no Palácio da Paz, obtendo aprovação com distinção.
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Curso de Direito Internacional em Haia, tinha convênio com o Itamaraty, sendo que após o seu término, o diplomado poderia ter ingresso direto na Diplomacia. No entanto, Dante Delmanto, que desde o início de seu curso jurídico atuara em escritório de advocacia, preferiu dedicar-se à advocacia criminal, o grande sonho de sua juventude. Na introdução de seu livro "Defesas que fiz no Júri", Saraiva, 1978, o próprio Dante explica: "Em Botucatu, onde nascemos, presenciamos, na mocidade, um importante julgamento perante o Tribunal do Júri, de que participaram dois consagrados tribunos de São Paulo, os drs. Antônio Augusto Covelo e Alfredo Pujol.  Ele nos impressionou, profundamente, e despertou grande interesse pela advocacia criminal."
Apaixonado pela advocacia criminal, Dante trabalhou por 8 anos no escritório de Marrey Jr. À época,Marrey Jr. era considerado o melhor advogado criminal do Brasil, além de exercer liderança política nas transformações por que passaria o país, primeiro no Partido da Mocidade, depois no Partido Democrático, com participação ativa na Revolução Constitucionalista de 1932, quando coordenou oBatalhão da Justiça e preparou projeto de gestão para o futuro Governo Paulista.
Com Marrey Jr., Dante consolidou a sua formação profissional e atuou de forma decisiva na política. Na introdução citada de seu livro, Dante destaca: "...Em virtude de nossa atividade política, dentro e fora daAcademia, viemos a conhecer o dr. José Adriano Marrey Júnior e, durante alguns anos, com ele trabalhamos. Era o maior advogado criminal que, em toda a vida, conhecemos. Foi para nós um grande mestre, um grande exemplo e um grande amigo. Muito a ele devemos de nossa formação profissional..."
            O perfil democrático de Dante se destacou com a sua atuação no Partido Democrático, quando se incorporou às lideranças paulistas que somaram forças e apoiaram a Aliança Liberal que levou o gaúcho Getúlio Vargas ao poder.
            Da mesma formaa sua atuação na Revolução Constitucionalista de 1932, quando teve efetiva participação como Tenente, no Batalhão Ibrahim Nobre. "Jornal de Notícias", de11/09/1932, com a manchete "Correspondência de Soldados", trazia a seguinte nota:
"O nosso conterrâneo, Dr. Dante Delmanto, escrevendo de Casa Branca ao gerente do "Jornal de Notícias", assim diz: "Ao caro Nello (Nello Pedretti). Dante envia um grande abraço e participa que no setor de Mococa se encontram reunidos numerosos botucatuenses e entre eles: Milton Amaral, Lauro e Orlando Bonilha, Paulo Carneiro, Paulo Geraldo, Antonio Cardoso de Almeida, Roberto Fazzio, Antonio Brazil Junior, Alfredo Bueno, Álvaro Nogueira e um filho do falecido Rodrigues Cunha, além de 3 irmãos do Dr. Sodré. Gente firme e valente."
             Com a derrota militar de 32, Vargas mostra toda a sua habilidade e visão política. O caudilho gaúcho não ficaria por 15 anos no poder por acaso... Revolução de 32 havia disseminado os seus ideais - autonomia administrativa e Constituinte! - por todo o Brasil... Assim, ainda em 1932, Getúlio promulga o Código Eleitoral, inspirado na obra "Democracia Representativa", do juristaAssis Brasil. Convoca a Assembléia Nacional Constituinte em 1933 e, em agosto desse ano, indica um "paulista e civil" para Interventor de São Paulo: o ex-combatente de 32, Armando de Salles Oliveira.
            O cenário político paulista estava delineado. Com a crise econômica de 1929, a frustração com o não cumprimento dos compromissos pela Revolução de 1930, e a falta de autonomia política dos Estados e a ausência do Estado de Direito que levaram à Revolução Constitucionalista de 1932, o núcleo pensante, a intelligentzia paulista estava mobilizada. A derrota militar se transformara em vitória política!
            Sim, se o objetivo da Revolução de 32 era a Autonomia Administrativa e uma ConstituiçãoDemocráticaa vitória era dos paulistas!  As palavras de Getúlio Vargas ao indicar Armando de Salles Oliveira, diziam tudo:
 "Quero que compreendam a extensão e o significado deste ato, pois, com este decreto, entrego o governo de São Paulo aos revolucionários de 32".
 O ano de 1934 passou a representar o cenário mágico para São Paulo: além da conscientização da elite paulista para a gravidade da situação e para a necessidade da sua participação no processo eleitoral, era concreta a aceitação popular do desempenho administrativo de Armando Salles modernizando a estrutura estatal e preparando-a para a nova realidade social que a industrialização trouxera.
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Jornal de Notícias 14/10/1934; Folha de Botucatu 19/02/1936; Folha de Botucatu 01/01/1936
A mobilização política consciente das lideranças paulistas levou à formação do PC - Partido Constitucionalista, tendo por base o PD - Partido Democrático e a dissidência do PRP - Partido Republicano Paulista. São Paulo estava preparado para a campanha eleitoral da Assembléia Estadual Constituinte de 1934.
Nunca houvera, na política brasileira, a participação efetiva da nossa intelligentzia num processo eleitoral. Esse era o cenário mágico de São Paulo, em 1934!
Nesse contexto, a atuação política de Dante Delmanto levou seus correligionários do PC - Partido Constitucionalista a lançarem seu nome como candidato à deputação estadual para a Assembléia Estadual Constituinte.
Como advogado, atuando no escritório de Marrey Jr., Dante já desfrutava de expressivo reconhecimento profissional. Suas atuações no Tribunal do Júri marcaram época. Ao mesmo tempo, participava desde1932, das atividades esportivas do clube de futebol da colônia italiana: o Palestra Itália. Integrado ao grupo Matarazzo e particular amigo da família, Dante exerceu a presidência do Palestra Itália, de 19321934.
Conseguiu o único tri-campeonato paulista do Palmeiras (Palestra Itália): nos anos de1932/33/34, dando ao alvi-verde o 1º título de Campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Rio/São Paulo), além de Campeão do Campeonato Brasileiro de Basquete (1933). Administrativamente, a compra e construção do Estádio Palestra Itália, com seu Jardim Suspenso, sempre com o apoio do Grupo Matarazzo, consagraram a sua gestão.
Na advocacia, Dante desfrutava das melhores condições, no então considerado melhor escritório
de advocacia criminal. Suas atuações no Tribunal do Júri e a maestria com que trabalhava o processo penal, consolidariam uma boa clientela. Junto com o Mestre Marrey Jr., tinha intensa atuação na capital e viajava para o interior do Estado, pregando as novas idéias democráticas, a necessidade do voto secreto, a importância da autonomia do Poder Judiciário, enfim, divulgando os pontos básicos para que o país realizasse a construção da democracia brasileira.

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No Tribunal de Justiça, o seu busto com a homenagem: "Príncipe dos Advogados Criminais".
E, em Botucatu, sua cidade natal, Dante tinha militância política com os companheiros do Partido Constitucionalista, sob as lideranças de Antonio de Moura Campos e Antonio Carlos de Abreu Sodré. Pelo 5º Distrito, que abrangia Botucatu e região, foram lançados candidatos, Abreu Sodré eDante Delmanto, respectivamente para Deputado Federal e para Deputado Estadual Constituinte. ODr. Antonio Carlos de Abreu Sodré, que exercera a promotoria pública na Comarca e a vereança na Câmara Municipal de Botucatu, já tivera desempenho brilhante na Assembléia Nacional Constituinte de 1933, que promulgou, em 1934, a nova Constituição Brasileira.
Importante o registro da visita de Armando de Salles Oliveira e sua comitiva a Botucatu (jornal "O Estado de São Paulo", de 25/09/1934), na reta final da campanha política. Sua Excelência o fez após afastar-se do Governo do Estado. Isso mostra os seus profundos e legítimos princípios democráticos. Assim,Armando Salles podia lealmente defender seus ideais políticos e expor aos paulistas o seu trabalho administrativo.
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Publiciadades no jornal "O Estado de S. Paulo", de 25/09/1934 e 26/09/1934
Percorrendo o interior do Estado, Armando Salles participava da solenidade de entrega das Bandeiras doPartido Constitucionalista aos Diretórios do interior. Receberia grandiosa recepção em Sorocaba, Botucatu e Bauru. Aqui, a entrega da bandeira partidária para os Diretórios do 5º Distrito. Sua chegada naEstação Sorocabana foi triunfal, Com o pátio interno totalmente tomado por populares e caravanas das cidades vizinhas, foi recepcionado pelas autoridades presentes, tendo à frente o Prefeito Municipal de Botucatu, Nestor Seabra. A seguir, dirigiu-se para a Praça João Pessoa (atual Comendador EmílioPeduti) onde participou de grande concentração popular defronte ao Teatro Espéria, sendo saudado porAtaliba Pires do Amaral, em nome do Diretório do PC local.
Depois, sessão cívica no Teatro Casino, quando foi saudado por Sylvio Galvão, em nome dos correligionários. Destaque para a grande presença feminina no evento, com a Deputada Federal Carlota Pereira de Queiroz, a esposa de Armando, Rachel Mesquita e de dona Esther Mesquita, cabendo a saudação às visitantes feita pela jovem Dinorah Levy Silva. Após ser saudado em praça pública e no Teatro por vários oradores, Armando de Salles Oliveira pronunciou vibrante discurso a favor da eleição dos candidatos do PC em 14 de outubro e pela defesa dos ideais do Partido Constitucionalista.
    Os Campeões de Votos em  São Paulo:
 E os candidatos de Botucatu conseguem votação histórica nas eleições de 14 de outubro de 1934.Ambos se elegem já no 1º Turno, ou seja, conseguem alcançar e ultrapassar o quociente eleitoral exigido. Foi a maior votação de todo o Estado.
Apenas 5 candidatos a Deputado Estadual Constituinte conseguiram alcançar e exceder o quociente eleitoral exigido: Dante Delmanto, 9.506 votos; Joaquim Celidônio Gomes dos Reis Filho, 8.762 votos; Benedicto Montenegro, 8.224 votos; Celso Torquato Junqueira, 7.761; e Aristides Bastos Machado, 7.277 votos.
Somente o Partido Constitucionalista logrou eleger cinco candidatos para a Constituinte Estadualno 1º Turno. Também, somente o PC elegeria quatro candidatos a Deputado Federal no 1º Turno: Antonio Carlos de Abreu Sodré, 18.645 votos; Paulo Nogueira Filho, 15.689 votos; Theotônio Monteiro de Barros Filho, 13.236 votos; e Francisco Alves dos Santos Filho, 12.721 votos. Os outros candidatos do PC (31 candidatos estaduais e 17 candidatos federaisseriam eleitos completando o quociente partidário da legenda. Os candidatos do PRP - Partido Republicano Paulista (total de 22candidatos estaduais e 13 candidatos federaisse elegeram apenas em 2º Turno, completando o quociente partidário da legenda. Pela Coligação Proletária, um candidato estadual foi eleito; e peloIntegralismo, também um candidato estadual foi eleito.
     A Legislatura Estadual de 1935/1937
            A Assembléia Paulista, em 1935, apresentava profundas modificações. A mais importante seria o surgimento do pluripartidarismo: estava encerrado o domínio absoluto do famoso e temido PRP - Partido Republicano Paulista que durou por toda a Primeira República (1889/1930).
            Outras siglas políticas estavam representadas no parlamento paulista: o Partido Constitucionalista, Partido Socialista Brasileiro e a Ação Integralista. Essa legislatura marcou o fim da "exclusão das massas", ou seja, com a inovação da representação classista, o plenário da Assembléia Paulista passou a contar com a presença de camponeses, de operários, de trabalhadores de diversas categorias urbanas, de representantes patronais rurais e urbanos, além da presença feminina.
     Atuação Parlamentar de Dante Delmanto:
             Desde o cerimonial de instalação da Constituinte Paulista, quando foi o primeiro parlamentar a votar para a constituição da Mesa Diretora, por ser o mais votado, Dante primaria seu desempenho parlamentar pela lealdade aos estatutos partidários e solidariedade aos seus colegas.
            Com a indicação de seu conterrâneo, Prof. Cantídio de Moura Campos para a importanteSecretaria da Educação e Saúde Pública, Botucatu passa a ter participação de destaque nas decisões governamentais, especialmente nas áreas da educação e saúde. Na educação, a criação e instalação dasEscolas Profissionais (depois denominadas Escolas Industriais), na capital e no interior, representaram verdadeira revolução educacional, direcionando o ensino paulista para alavancar o setor produtivo. Botucatu, graças ao trabalho do Deputado Delmanto e com todo o apoio do Prof. Cantídio de Moura Campos, ganhou a sua Escola Profissional.  Tempos depois, já consolidada, recebe a denominação deEscola Industrial "Dr. Armando de Salles Oliveira."(no detalhe, busto do homenageado na Escola).
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            Com a criação da Universidade de São Paulo - USP, o nome de Armando de Salles Oliveiraficaria para sempre marcado como o Fundador da USP. São Paulo estava se transformando em espelho para os brasileiros de outros Estados.
            Procurando consolidar os ideais do Partido Constitucionalista, tanto Dante como Abreu Sodré, Piza Sobrinho e outros companheiros, levaram às novas cidades que surgiam com o avanço da ferrovia, as suas presenças e seus trabalhos políticos. Inúmeras cidades receberam essa colaboração na sua implantação e na sua consolidação. Avaré, por exemplo,  teve Dante participando ativamente da instalação de sua Câmara Municipal.
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            Especial trabalho foi desenvolvido pelos deputados Dante e Abreu Sodré, além de Luiz Piza Sobrinho na condição de Secretário da Agricultura, na emancipação administrativa e instalação do município de Regente Feijó, no ano de 1935. Os partidários do Partido Constitucionalista na região de Presidente Prudente, desde a Revolução Constitucionalista de 32, mantinham contínuos encontros partidários com esses três parlamentares. A idéia de se prestigiar o grande brasileiro e líder maçon, Padre Diogo Antonio Feijó, foi se consolidando. Feijó havia sido Deputado, Senador e Regente, além de grande líder e dirigente da Maçonaria.
            Pertencente ao município de Presidente Prudente, os partidários do PC tinham muita influência noDistrito da Memória.  E foi a transformação desse próspero distrito em município, com alteração de sua denominação para Regente Feijó, o trabalho realizado.
            O Governador Armando de Salles Oliveira, através do Decreto nº 7.262, de 28/06/1935,cria, na Comarca de Presidente Prudente, o Município de Regente Feijó.
 "Estaes todos certos de que, há um anno, estamos sustentando a batalha, todos nós, desde quando por inspiração do nosso grande amigo, Dr. Tito Lyvio Brasil, tomamos e formamos a Frente Única de Regente Feijó, para conseguirmos o nosso município.
Depois a Frente Única se transformou no Partido  Constitucionalista e que continuou firme pelo mesmo ideal. Nessa lucta contamos com o apoio decidido dos Drs. Deputados Abreu Sodré, Luiz Piza Sobrinho e Dante Delmanto, por fim o grande estadista Dr. Armando de Salles Oliveira que reconheceu a  justiça de nossa causa e assignou o Decreto número 7.262, que emancipou Regente Feijó, Indiana e José Theodoro dos nossos irmãos de Presidente Prudente, dando-nos plena autonomia..."
(jornal "Folha da Sorocabana", de 07/07/1935, discurso do Prefeito de Regente FeijóSr. Augusto César Pires).
 Particularmete, para Botucatu e região, Dante realizou importantes trabalhos. Além da já citada Escola Profissional (Escola Industrial), a construção do (3º) Grupo Escolar "Raphael Augusto de MouraCampos", localizado no antigo Largo do Rosário (atual Praça Carlos Gomes) e do (4º)  GrupoEscolar "Dom Lúcio Antunes de Souza", da Vila dos Lavradores, e a criação do Grupo Escolar do Lageado foi muito importante no trabalho de recuperação daquele importante centro da cafeicultura da região. Nos municípios da região, a criação de escolas e postos de saúde marcaram os trabalhos de Dante Delmanto e Cantídio de Moura Campos. Na verdade, a educação era meta prioritária no governo do estado, com estimativas ousadas de criação de 1.000 novas escolas em 1935 e a previsão de mais 1.000em 1936.
As Fazendas Edgardia e Lageado, de propriedade do Dr. João Batista da Rocha Conceição (irmão doSr. Manoel Ernesto Conceição - o Conde de Serra Negra, considerado, à época, o maior produtor de café do Brasil) estavam em estado de insolvência.
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Nessas fazendas, o proprietário tinha mais de 1 milhão de pés de café, em cerca de mil alqueires. Com a grave crise de 1929/30, a situação era gravíssima e corria-se o risco de se perder essa ampla área rural, fragmentando-a da forma mais prejudicial possível às famílias lá residentes e aos interesses governamentais.Dante Delmanto, contando com a colaboração de Abreu Sodré e do Secretário da Agricultura, LuizPiza Sobrinho, consegue a desapropriação, pelo Governo Federal que lá instalou o Departamento Nacional do Café (depois, transformado em Instituto Brasileiro do Café - IBC). Ministro da Justiça e Negócios Interiores, Vicente Rao - representante paulista no Governo Federal - prestou decisiva ajuda nessa conquista paulista. Anos depois, amigo pessoal e advogado dos ex-governadoresJânio Quadros e Carvalho Pinto, Dante teve atuação certa na conquista da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu - FCMBB.
Hoje, o Lageado pertence à UNESP- Universidade Estadual Paulista "Dr Júlio de Mesquita Filho" e abriga as Faculdades de Agronomia, Engenharia Florestal, Zootecnia e Medicina Veterinária. Por sua excepcional área verde é também o Cartão de Visitas de Botucatu.
 O Golpe Militar e a Ditadura do Estado Novo
 Com a implantação do Estado Novo (1937), Getúlio Vargas fecha os Parlamentos (Congresso Nacional, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais), depõe os Governadores e Prefeitos, nomeia os Interventores, revoga a Constituição Democrática de 1934, e passa a governar através de Decretos Leis... Era o desmonte da construção da Democracia: acabava com o Federalismo e a favor do centralismo autoritário, facista e anti-nacional.
O Brasil já havia visto esse filme em 1930...
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, fruto da maior mobilização das forças vivas paulistas e que trouxe a grande inovação democrática da participação de representantes classistas, foi fechada. Até 1945São Paulo restaria humilhado perante o caudilho Vargas.
 O Príncipe dos Advogados Criminais:
 Já em 1937, Dante Delmanto instala o seu escritório de advocacia criminalCom dedicação exclusiva e entusiasta, conquista fama nacional. Na apresentação de seu livro "Defesas que fiz no Júri", Editora Saraiva (1978), apresenta o seu perfil profissional:
 "Pode-se dizer, do Dr. Dante Delmanto, que ele possui a verdadeira alma do advogado criminal. É profissional que não se descuida, nem dos pontos de prova, aparentemente, mais insignificantes do processo; é o técnico, sempre pronto a recorrer a seus conhecimentos de anatomia, balística, psiquiatria, toxicologia e dos mais variados ramos da ciência, para chegar ao esclarecimento do caso; é o advogado ágil e experimentado, que consegue antever as provas que poderão levar ao sucesso; é, enfim, o debatedor seguro, que, plenamente sabedor dos pontos favoráveis e contrários da causa, usa todo o seu poder de argumentação e convicção. Somente a verdadeira vocação e a grande paixão à profissão podem conduzir o advogado a semelhante mestria..."
            "Ainda há alguns meses, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de São Paulo, entregou-lhe diploma, marcando o reconhecimento da classe pela dedicação de sua vida à causa da liberdade.Homenagem semelhante lhe foi prestada pela Câmara Municipal de São Paulo..."
                         O advogado criminalista e escritor Paulo Sérgio Leite Fernandes fez, em 1986, o prefácio do livro de Dante Delmanto e que foi subscrito por diversos colegas. Era a homenagem póstuma que seus colegas de advocacia criminal lhe prestaram. O prefácio, com maestria, retrata a vida profissional do homenageado.
"Defesas que fiz no Júri", em 4ª. edição, não  precisa de prefácio. Dante Delmanto, um dos maiores advogados criminais brasileiros, tem no próprio nome o convite à leitura atenta. Além disso, três edições esgotadas transformaram o livro em fonte obrigatória de consulta."
"Meio século no plenário do Júri é privilégio reservado a poucos. Método, energia, obstinação, cultura, paciência, qualidades raramente concentradas num só advogado, entrelaçam a personalidade do admirável tribuno, modelo de elegância e de inimitável síntese."
            Durante sua vida profissional, Dante se destacou por sua oratória envolvente, pela maestria no trato dos atos processuais e pela dedicação discreta e exclusiva a seus clientes. Tornou-se referência em mais de 50 anos no exercício da advocacia. Homenageado, em vida, por seus colegas, como o "Príncipe dos Advogados Criminais"...
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CRÔNICA DE BOTUCATU
de
ELDA MOSCOGLIATO
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"AS DEFESAS QUE FIZ NO JÚRI
Dante Delmanto
Com uma atenciosa dedicatória - o que muito nos desvaneceu e honrou - vimos de receber do Dr. Dante Delmanto, um exemplar de seu livro "DEFESAS QUE FIZ NO JÚRI", lançado pela Saraiva, em princípios de Outubro último, cuja repercussão impressionou entusiasticamente os meios jurídicos do País, eis que a obra é um paciente trabalho de dois anos em que o Autor selecionou de seus centenares de processos vitoriosos, trinta e oito casos de brilhantes lutas na esfera criminal, através dos quais sobreleva sua profunda cultura humanística sedimentando uma vida profissional admirável.
Tão grande foi o êxito do livro, que em menos de um mês de lançamento, tornou-se o campeão de vendagem na Feira do Livro de Ipanema patrocinada pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Concomitantemente eram vendidos em São Paulo-Capital, mil e cem exemplares em menos de quinze dias.
Leitura sedutora, accessível mesmo aos leigos, tocou-nos profundamente a frase inicial do Preâmbulo assim expressa : " Em Botucatu, onde nascemos..." Depois do tributo à esposa e filhos, o Autor se volta para a terra-mãe, ao berço que lhe propiciou com os estudos preliminares, o primeiro encontro com o raciocínio dialético, no Fórum local.
Palmilhando suas páginas voltamo-nos ao passado, revivendo cena antiga, em que acompanhando nossa mãe , uma vez mais, ao venerável sobradão da rua Amando de Barros, lá onde se encontra hoje a Pensão São José, que conserva ainda dos velhos tempos, a escadaria de mármore e as gradinatas rendilhadas de ferro batido das remanescentes sacadas, lá encontramos tímida e esquiva, um jovem egresso das Arcadas da São Francisco, agora em retorno de sua primeira viagem à Europa. Loquaz, comunicativo, entre um carinho à mãe amorosa e terna, e um abraço ao velho pai, orgulhoso, dava o jovem aos circunstantes suas impressões da Itália, da Holanda e da Bélgica, enquanto de mão em mão passavam as fotografias que evidenciavam sua presença nas praças, nos interiores, nas ruas e "duomos" da velha Itália. Numa delas, num barco turístico, lá estava o jovem advogado a caminho de Capri. Os tempos correram.
Optando pelo Direito Penal, o jovem, exuberante de vitalidade, inteligência e talento, transformou-se dentro em pouco, no maior criminalista de São Paulo. Uma invejável cultura humanística , enriquecida através dos anos, sedimentou-lhe a sabia e respeitável vida profissional que hoje atrai a admiração com que é seu nome conhecido. Dante Delmanto emergiu num dos centros culturais mais expressivos do País, onde, a seu tempo. Antônio Augusto Covelo, Alfredo Pujol e Adriano Marrey Júnior haviam pontificado já como luminares do Foro da Capital.
Seu livro agora, vem de consagrar-lhe os quarenta anos de vida forense, dando-nos - bem o diríamos - uma visão de terna e evocativa memória. Dando maior ênfase à passionalidade, cita, de Ivair Nogueira Itagiba : "A paixão nasce, aviva, intensa, e conduz ao delito. Na sua violência embrutece o juízo"... Abre-nos à seqüência, o emocionante "O Passional Russo". Interessantíssimo, em que intuímos, através de sua argumentação brilhante, o duelista da palavra, o espírito ciceroniano da réplica vivaz, arguta, precisa. Sobretudo, o defensor sincero e humano que devolve ao réu, a dignidade perdida.
Mais urna vez, Dante Delmanto nos conquista. Sem que se lhe diminuam os atributos de causídico irretorquível, surge-nos agora, o mestre. Sua exposição clara, cursiva, sua oralidade envolvente, transmuda-o no catedrático, no sutil pedagogo do passado, tomando pelas mãos e guiando sereno, nossos jovens e inseguros egres­sos das Faculdades".
("A Gazeta de Botucatu" - 10/11/1978)
Nota da Redação:
A saudosa escritora Elda Moscogliato é considerada a "CRONISTA DE BOTUCATU", tendo sido Secretária da Academia Botucatuense de Letras desde a sua fundação. Professora e educadora botucatuense está eternizada em crayon sobre tela pela artista plástica e também Acadêmica da ABLProfa. Maria Amélia Blasi de Toledo Piza.

(do livro "História da Vitória Política Paulista - 1934", de autoria de Armando Moraes Delmanto, da Editora Peabiruedição de 2010).
15

PEDUTÃO
Comendador Emílio Peduti:
Empresário empreendedor, Homem Público, Cidadão Benemérito e Comunicador Pioneiro!



Emílio Peduti nasceu em Botucatu (27 de maio de 1904), filho de José Peduti e Ernesta Boreli Peduti. Foi casado com Maria do Carmo Tôrres Peduti, com quem teve os filhos Lourdes, Maria Rosa e Emílio Peduti Filho, casados, respectivamente, com Antonio Soares Batista, Braz de Assis Nogueira e Lúcia Martins Barros Peduti.
Formou-se em Contabilidade pela Escola de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo, passando a exercer suas atividades profissionais em Botucatu. “Descoberto” profissionalmente pelo banqueiro Francisco Botti, logo assumiu a gerência do Banco Francês e Italiano. Entrou para o ramo de diversões, culminando com o empreendimento pioneiro no Estado de São Paulo: a EMPRESA TEATRAL PEDUTI, com rede de cinemas por todo o interior do estado. 

Era incalculável o seu poderio. Era, sem dúvida, um dos mais poderosos capitalistas do estado. Até sua morte prematura, em 1963, a ETP ainda dominava o interior do estado e a TV ainda estava engatinhando... Já nos anos 70, a TV dominava o entretenimento da população e os cinemas foram ficando vazios...A ETP entrou em concordata...



É muito difícil conseguir dar o perfil de um homem tão facetado em suas capacidades. Cidadão probo, entrou na política como um abnegado, comunicador nato fundou as duas primeiras rádios de Botucatu, foi empresário cinematográfico poderoso, benemérito social, enfim, foi um botucatuense que honrou a história da Cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas.


Acervo Diagrama/Edil Gomes

Foi muito homenageado após sua morte. A Praça João Pessoa (praça do bosque) recebeu o nome de Praça Comendador Emílio Peduti. Uma estátua de Emílio Peduti foi colocada na praça que leva seu nome. Um busto de Peduti foi colocado na Misericórdia Botucatuense, onde foi Presidente ou Provedor de 1937 a 1963, quando faleceu. E um outro busto foi colocado no jazigo da família.
Em 27 de maio de 1988, quando era diretor da FOLHA DE BOTUCATU, fiz um editorial em sua homenagem:



emílio peduti

Hoje, a praça do bosque leva o seu nome, mas durante muito tempo ele percorreu cada uma das ruas que formam esse tradicional recanto de lazer dos botucatuenses, como a deixar a sua marca, a sua lembrança e o seu exemplo de cidadania. Quer como morador, em seu solar então localizado na rua amando de barros, defronte à praça. Quer como bem sucedido empresário que comandava os seus negócios de seu escritório localizado na descida da praça, à rua Marechal deodoro. Quer como cidadão solidário que com seriedade acompanhava e respeitava os trabalhos da Loja maçônica situada na subida da praça, à rua Major Leônidas Cardoso. Quer como competente Prefeito Municipal que cuidava dos interesses de Botucatu, de sua cidade natal, diretamente do paço municipal então localizado na rua joão passos, na parte alta da praça.
Hoje, a praça do bosque merecidamente leva o seu nome: há 25 anos falecia no comando do destino de Botucatu.
Hoje, a praça do bosque leva o seu nome. Lá está a sua estátua, oferta anônima de toda a população que participou com a aquisição de bônus para a sua construção, como pleito de gratidão àquele que acreditava em sua terra e em sua gente.
Homenagem merecida.
Homenagem conquistada dia-a-dia, a pouco e pouco.
Duas vezes prefeito municipal. Com sucesso.
Comendador Emílio Peduti.
Prefeito Pedutão.
Saudades.
Armando Delmanto – diretor

Hoje é impossível imaginar o poderio da EMPRESA TEATRAL PEDUTI. E no auge de sua carreira de empresário, Emílio Peduti tinha a maioria das propriedades de seus cinemas pelo interior do estado, além de fazendas e outros empreendimentos. Vamos tentar traçar seu perfil abordando aspectos importantes de sua vida.

COMUNICADOR PIONEIRO

Homem de visão e voltado ao entretenimento, Emílio Peduti queria para Botucatu uma rádio como estava ocorrendo na capital da república (Rio de Janeiro) e em São Paulo. Em parceira com os Irmãos Bacchi, Emílio Peduti idealizou a criação, mediante ações participativas da população, de uma emissora de rádio. O controle acionário era dele e dos Bacchi. E a 30 de outubro de 1939, surgia a Rádio Emissora de Botucatu – PRF-8. Tudo era novidade para Botucatu que se orgulhava dessa importante conquista. Com programas musicais, rádionovelas e programas de auditório, a PRF-8 ia fazendo sucesso. Um de seus diretores foi Angelino de Oliveira, consagrado compositor brasileiro.


RÁDIO EMISSORA DE BOTUCATU - PRF-8

Com a política muito forte na região, eis que era de São Manuel o governador Adhemar de Barros, a rádio que surgira de uma subscrição popular, mas com o controle dos capitalistas Bacchi e Peduti, foi vendida para o “esquema político” do governador, em nome de seu irmão Geraldo de Barros, sendo posteriormente passado o controle acionário para a família Paganini. O jornal “DEMOCRACIA”, de 08/01/1950, trazia a notícia:
“A venda da Rádio Emissora repercutiu mal nos meios pessedistas locais. Como noticiamos em nosso número anterior, a Rádio Emissora de Botucatu, sociedade anônima cujas ações estavam em sua quase totalidade em mãos de dois capitalistas botucatuenses, próceres do PSD, foi vendida pela vultuosa e absurda quantia de 1.400.000,00 cruzeiros, quando seu valor real não passa de 400.000, quando muito...” E arrematava: “O  pasmo dos pessedistas locais tem sua razão de ser, ainda mais, pelo fato da venda ter-se realizado na ocasião mesma em que se anunciava com grande estardalhaço a coligação de diretórios com o fito de obter grande vitória eleitoral para o partido, resultante da união de forças e de interesses, para o qual é essencial um bom veículo de propaganda, qual seja a nossa PRF-8”
De fato, acordou-se a eleição para a presidência da Câmara Municipal de Botucatu, em 1949, lançamento de candidato único a Deputado Estadual na região (quando foi eleito o vereador Jayme de Almeida Pinto) e a eleição para Prefeito Municipal, em 1951, tudo com o APOIO DO ESQUEMA ADEMARISTA.
E Emílio Peduti se elegeu Prefeito Municipal em 1951 e viu a importância que teve a rádio em sua campanha. Quando estava à frente da Prefeitura, pela segunda vez, em 1962, Emílio Peduti (eleito em 1959), Pedutão sentia que as coisas não andavam bem... Já adoentado, Pedutão enfrentava feroz oposição. Alguns vereadores situacionistas já começavam a formar o Bloco Independente. PEDUTI COMEÇAVA A FICAR SÓ...Era pouco apoiamento político que dispunha. Um desses apoios e que permaneceu até sua morte, quando faleceu no exercício do cargo, foi de meu pai, Antônio Delmanto.

RÁDIO MUNICIPALISTA DE BOTUCATU

Foi antes do agravamento de seu estado de saúde, que Emílio Peduti realizou, em 1962, mais um grande empreendimento: a fundação da RÁDIO MUNICIPALISTA DE BOTUCATU. Era importante a atuação de uma emissora junto à população. Em sua primeira eleição, Peduti já sentira isso. Agora, em uma fase difícil na política, chegara à conclusão que precisava contrabalançar as forças da comunicação radiofônica. E pela segunda vez, fundou uma rádio em Botucatu. Até hoje a Rádio Municipalista pertence à família Peduti.

É REGISTRO HISTÓRICO!


CIDADÃO BENEMÉRITO


A atuação de Emílio Peduti à frente da MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE é digna de registro. Mas aqui é preciso dar destaque a atuação, em dobradinha cívica, de Peduti e de meu pai, Antônio Delmanto. Tanto Peduti comoDelmanto participaram e tiveram papel de destaque nessa2ª fase da Misericórdia Botucatuense. Convocado,Antônio Delmanto assumia, em 1937, a Direção Clínica do Hospital. A situação era grave. Os médicos haviam se afastado do Hospital. Urgia uma solução. Delmanto, retornando a Botucatu após seu curso de Medicina no Rio de Janeiro e estágio de 2 anos na Santa Casa de São Paulo, aceitou o desafio. Montou um excelente Corpo Clínico e remodelou e modernizou a infraestrutura hospitalar.

 Da mesma forma, em 1937,  Emílio Peduti, empresário bem sucedido, é convocado para gerir a Diretoria Administrativa da Misericórdia. A grave situação econômico-financeira precisava de uma estabilidade urgente. A escolha para essa empreitada não poderia ter sido melhor.Pedutão sabia administrar e sabia manter o comando. Antônio Delmanto permaneceu como Diretor Clínico de 1937 a 1951. Emílio Peduti permaneceu como Presidente de 1937 a 1963.

clique na imagem para ampliá-la

Pois bem, Emílio Peduti já tivera, em 1936, uma experiência política quando fora candidato a vereador e conseguira obter suplência (Jayme de Almeida Pinto, vereador, tirava licenças para propiciar a que Peduti assumisse a vereança por breves períodos). No ano de 1947, ano da redemocratização do país após a Ditadura de Getúlio Vargas,Peduti tenta novamente a vereança e se elege com 276 votos pelo PSD. Antônio Delmanto, após seu regresso a Botucatu, tenta pela primeira vez a vereança e se elege vereador com a maior votação, 945 votos, pela UDN.A votação recebida representou um recorde individual de votos até hoje não suplantado (proporcionalmente ao número de eleitores, quando obteve 11,54% dos votos válidos).
Sendo o mais votado, Delmanto assumiu a presidência da Câmara Municipal e começou a trabalhar, com sucesso, pela eleição de Emílio Peduti como vice-presidente. Adobradinha estava dando certo e precisava continuar...
Emílio Peduti, em declaração ao jornal “Correio de Botucatu”, de 05/05/1949, fazia o seu posicionamento:“O Antoninho será o Prefeito de Botucatu, com o apoio do PSD.” “...Dias atrás, em ligeira palestra que manteve com a nossa reportagem, o Sr. Emílio Peduti, do PSD, referiu-se diretamente ao assunto, fazendo questão de frisar ao repórter: “O Antoninho (Delmanto) será o futuro prefeito de Botucatu, com o nosso apoio.”E foi mais além dizendo: “Se na eleição passada, a UDN tivesse lançado a candidatura do Antoninho, nós teríamos retirado a do Lunardi (Oswaldo) e a coisa seria uma “barbada”.”
Resumindo: Antônio Delmanto e Emílio Pedutiforam candidatos a Prefeito Municipal. Emílio Peduti foi o vencedor. 


Após a campanha eleitoral de 51 e antes da divulgação do resultado, Peduti e Delmanto realizaram memorável churrasco de confraternização. Eram outros tempos e outros homens.

Depois da “quarentena” eleitoral, Peduti e Delmantoreataram o relacionamento. Por decisão de Pedutão, aComissão encarregada do 1º Centenário de Botucatu (1955), acatou a sugestão de Delmanto para que os grandes vultos do passado fossem homenageados, com a colocação de bustos em praça pública (Virgínio Lunardi, Amando de Barros, Antonio José da Costa Leite, Raphael de Moura Campos).


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Como já destaquei anteriormente, que em seu segundo mandato, Peduti fora eleito com o apoio da UDN e sofria violenta e cruel oposição e um de seus apoios, até seu falecimento, foi de Delmanto.
A GRANDE CONQUISTA: FCMBB!


Está destacado no histórico da conquista da FCMBB – FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E BIOLÓGICAS DE BOTUCATU o papel do Arcebispo de Botucatu, Dom Henrique Golland Trindade comoCoordenador da Luta pela conquista de nossa Faculdade de Medicina. Devido às diferenças políticas, tanto Jânio Quadros como Carvalho Pinto preferiram que houvesse uma paz política sobre o comando de Dom Henrique. No entanto, era indiscutível o prestígio deEmílio Peduti, como prefeito e como empresário poderoso junto ao esquema de Jânio/Carvalho Pinto. A foto da assinatura pública da autorização para a implantação da FCMBB, quando Delmanto o representou ao lado do Governador Carvalho Pinto, consagra Pedutão como o grande homem público que soube defender Botucatu e suas conquistas!

50 Anos da Faculdade de Medicina de Botucatu/leia aqui
A maior conquista de Botucatu ! - 1962 - O Governador Carvalho Pinto, em praça pública, aguarda a leitura do ato oficial da criação da FCMBB - Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. No palanque oficial, à esquerda os radialistas Jaime Contessote (Rádio Municipalista) e Plínio Paganini (também vice-prefeito, pela PRF-8) e, ao centro, entre as auoridades estaduais e municipais, o Dr Antonio Delmanto, oGovernador Carvalho Pinto e a primeira-dama Dona Yolanda.
Esse foi Pedutão sob alguns aspectos de seu rico perfil deCidadão Exemplar e Homem Público Respeitável!

É REGISTRO HISTÓRICO!
PEDUTÃO
Comendador Emílio Peduti:
Empresário empreendedor, Homem Público, Cidadão Benemérito e Comunicador Pioneiro!



Emílio Peduti nasceu em Botucatu (27 de maio de 1904), filho de José Peduti e Ernesta Boreli Peduti. Foi casado com Maria do Carmo Tôrres Peduti, com quem teve os filhos Lourdes, Maria Rosa e Emílio Peduti Filho, casados, respectivamente, com Antonio Soares Batista, Braz de Assis Nogueira e Lúcia Martins Barros Peduti.
Formou-se em Contabilidade pela Escola de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo, passando a exercer suas atividades profissionais em Botucatu. “Descoberto” profissionalmente pelo banqueiro Francisco Botti, logo assumiu a gerência do Banco Francês e Italiano. Entrou para o ramo de diversões, culminando com o empreendimento pioneiro no Estado de São Paulo: a EMPRESA TEATRAL PEDUTI, com rede de cinemas por todo o interior do estado. 

Era incalculável o seu poderio. Era, sem dúvida, um dos mais poderosos capitalistas do estado. Até sua morte prematura, em 1963, a ETP ainda dominava o interior do estado e a TV ainda estava engatinhando... Já nos anos 70, a TV dominava o entretenimento da população e os cinemas foram ficando vazios...A ETP entrou em concordata...



É muito difícil conseguir dar o perfil de um homem tão facetado em suas capacidades. Cidadão probo, entrou na política como um abnegado, comunicador nato fundou as duas primeiras rádios de Botucatu, foi empresário cinematográfico poderoso, benemérito social, enfim, foi um botucatuense que honrou a história da Cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas.


Acervo Diagrama/Edil Gomes

Foi muito homenageado após sua morte. A Praça João Pessoa (praça do bosque) recebeu o nome de Praça Comendador Emílio Peduti. Uma estátua de Emílio Peduti foi colocada na praça que leva seu nome. Um busto de Peduti foi colocado na Misericórdia Botucatuense, onde foi Presidente ou Provedor de 1937 a 1963, quando faleceu. E um outro busto foi colocado no jazigo da família.
Em 27 de maio de 1988, quando era diretor da FOLHA DE BOTUCATU, fiz um editorial em sua homenagem:



emílio peduti

Hoje, a praça do bosque leva o seu nome, mas durante muito tempo ele percorreu cada uma das ruas que formam esse tradicional recanto de lazer dos botucatuenses, como a deixar a sua marca, a sua lembrança e o seu exemplo de cidadania. Quer como morador, em seu solar então localizado na rua amando de barros, defronte à praça. Quer como bem sucedido empresário que comandava os seus negócios de seu escritório localizado na descida da praça, à rua Marechal deodoro. Quer como cidadão solidário que com seriedade acompanhava e respeitava os trabalhos da Loja maçônica situada na subida da praça, à rua Major Leônidas Cardoso. Quer como competente Prefeito Municipal que cuidava dos interesses de Botucatu, de sua cidade natal, diretamente do paço municipal então localizado na rua joão passos, na parte alta da praça.
Hoje, a praça do bosque merecidamente leva o seu nome: há 25 anos falecia no comando do destino de Botucatu.
Hoje, a praça do bosque leva o seu nome. Lá está a sua estátua, oferta anônima de toda a população que participou com a aquisição de bônus para a sua construção, como pleito de gratidão àquele que acreditava em sua terra e em sua gente.
Homenagem merecida.
Homenagem conquistada dia-a-dia, a pouco e pouco.
Duas vezes prefeito municipal. Com sucesso.
Comendador Emílio Peduti.
Prefeito Pedutão.
Saudades.
Armando Delmanto – diretor

Hoje é impossível imaginar o poderio da EMPRESA TEATRAL PEDUTI. E no auge de sua carreira de empresário, Emílio Peduti tinha a maioria das propriedades de seus cinemas pelo interior do estado, além de fazendas e outros empreendimentos. Vamos tentar traçar seu perfil abordando aspectos importantes de sua vida.

COMUNICADOR PIONEIRO

Homem de visão e voltado ao entretenimento, Emílio Peduti queria para Botucatu uma rádio como estava ocorrendo na capital da república (Rio de Janeiro) e em São Paulo. Em parceira com os Irmãos Bacchi, Emílio Peduti idealizou a criação, mediante ações participativas da população, de uma emissora de rádio. O controle acionário era dele e dos Bacchi. E a 30 de outubro de 1939, surgia a Rádio Emissora de Botucatu – PRF-8. Tudo era novidade para Botucatu que se orgulhava dessa importante conquista. Com programas musicais, rádionovelas e programas de auditório, a PRF-8 ia fazendo sucesso. Um de seus diretores foi Angelino de Oliveira, consagrado compositor brasileiro.


RÁDIO EMISSORA DE BOTUCATU - PRF-8

Com a política muito forte na região, eis que era de São Manuel o governador Adhemar de Barros, a rádio que surgira de uma subscrição popular, mas com o controle dos capitalistas Bacchi e Peduti, foi vendida para o “esquema político” do governador, em nome de seu irmão Geraldo de Barros, sendo posteriormente passado o controle acionário para a família Paganini. O jornal “DEMOCRACIA”, de 08/01/1950, trazia a notícia:
“A venda da Rádio Emissora repercutiu mal nos meios pessedistas locais. Como noticiamos em nosso número anterior, a Rádio Emissora de Botucatu, sociedade anônima cujas ações estavam em sua quase totalidade em mãos de dois capitalistas botucatuenses, próceres do PSD, foi vendida pela vultuosa e absurda quantia de 1.400.000,00 cruzeiros, quando seu valor real não passa de 400.000, quando muito...” E arrematava: “O  pasmo dos pessedistas locais tem sua razão de ser, ainda mais, pelo fato da venda ter-se realizado na ocasião mesma em que se anunciava com grande estardalhaço a coligação de diretórios com o fito de obter grande vitória eleitoral para o partido, resultante da união de forças e de interesses, para o qual é essencial um bom veículo de propaganda, qual seja a nossa PRF-8”
De fato, acordou-se a eleição para a presidência da Câmara Municipal de Botucatu, em 1949, lançamento de candidato único a Deputado Estadual na região (quando foi eleito o vereador Jayme de Almeida Pinto) e a eleição para Prefeito Municipal, em 1951, tudo com o APOIO DO ESQUEMA ADEMARISTA.
E Emílio Peduti se elegeu Prefeito Municipal em 1951 e viu a importância que teve a rádio em sua campanha. Quando estava à frente da Prefeitura, pela segunda vez, em 1962, Emílio Peduti (eleito em 1959), Pedutão sentia que as coisas não andavam bem... Já adoentado, Pedutão enfrentava feroz oposição. Alguns vereadores situacionistas já começavam a formar o Bloco Independente. PEDUTI COMEÇAVA A FICAR SÓ...Era pouco apoiamento político que dispunha. Um desses apoios e que permaneceu até sua morte, quando faleceu no exercício do cargo, foi de meu pai, Antônio Delmanto.

RÁDIO MUNICIPALISTA DE BOTUCATU

Foi antes do agravamento de seu estado de saúde, que Emílio Peduti realizou, em 1962, mais um grande empreendimento: a fundação da RÁDIO MUNICIPALISTA DE BOTUCATU. Era importante a atuação de uma emissora junto à população. Em sua primeira eleição, Peduti já sentira isso. Agora, em uma fase difícil na política, chegara à conclusão que precisava contrabalançar as forças da comunicação radiofônica. E pela segunda vez, fundou uma rádio em Botucatu. Até hoje a Rádio Municipalista pertence à família Peduti.

É REGISTRO HISTÓRICO!


CIDADÃO BENEMÉRITO


A atuação de Emílio Peduti à frente da MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE é digna de registro. Mas aqui é preciso dar destaque a atuação, em dobradinha cívica, de Peduti e de meu pai, Antônio Delmanto. Tanto Peduti comoDelmanto participaram e tiveram papel de destaque nessa2ª fase da Misericórdia Botucatuense. Convocado,Antônio Delmanto assumia, em 1937, a Direção Clínica do Hospital. A situação era grave. Os médicos haviam se afastado do Hospital. Urgia uma solução. Delmanto, retornando a Botucatu após seu curso de Medicina no Rio de Janeiro e estágio de 2 anos na Santa Casa de São Paulo, aceitou o desafio. Montou um excelente Corpo Clínico e remodelou e modernizou a infraestrutura hospitalar.

 Da mesma forma, em 1937,  Emílio Peduti, empresário bem sucedido, é convocado para gerir a Diretoria Administrativa da Misericórdia. A grave situação econômico-financeira precisava de uma estabilidade urgente. A escolha para essa empreitada não poderia ter sido melhor.Pedutão sabia administrar e sabia manter o comando. Antônio Delmanto permaneceu como Diretor Clínico de 1937 a 1951. Emílio Peduti permaneceu como Presidente de 1937 a 1963.

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Pois bem, Emílio Peduti já tivera, em 1936, uma experiência política quando fora candidato a vereador e conseguira obter suplência (Jayme de Almeida Pinto, vereador, tirava licenças para propiciar a que Peduti assumisse a vereança por breves períodos). No ano de 1947, ano da redemocratização do país após a Ditadura de Getúlio Vargas,Peduti tenta novamente a vereança e se elege com 276 votos pelo PSD. Antônio Delmanto, após seu regresso a Botucatu, tenta pela primeira vez a vereança e se elege vereador com a maior votação, 945 votos, pela UDN.A votação recebida representou um recorde individual de votos até hoje não suplantado (proporcionalmente ao número de eleitores, quando obteve 11,54% dos votos válidos).
Sendo o mais votado, Delmanto assumiu a presidência da Câmara Municipal e começou a trabalhar, com sucesso, pela eleição de Emílio Peduti como vice-presidente. Adobradinha estava dando certo e precisava continuar...
Emílio Peduti, em declaração ao jornal “Correio de Botucatu”, de 05/05/1949, fazia o seu posicionamento:“O Antoninho será o Prefeito de Botucatu, com o apoio do PSD.” “...Dias atrás, em ligeira palestra que manteve com a nossa reportagem, o Sr. Emílio Peduti, do PSD, referiu-se diretamente ao assunto, fazendo questão de frisar ao repórter: “O Antoninho (Delmanto) será o futuro prefeito de Botucatu, com o nosso apoio.”E foi mais além dizendo: “Se na eleição passada, a UDN tivesse lançado a candidatura do Antoninho, nós teríamos retirado a do Lunardi (Oswaldo) e a coisa seria uma “barbada”.”
Resumindo: Antônio Delmanto e Emílio Pedutiforam candidatos a Prefeito Municipal. Emílio Peduti foi o vencedor. 


Após a campanha eleitoral de 51 e antes da divulgação do resultado, Peduti e Delmanto realizaram memorável churrasco de confraternização. Eram outros tempos e outros homens.

Depois da “quarentena” eleitoral, Peduti e Delmantoreataram o relacionamento. Por decisão de Pedutão, aComissão encarregada do 1º Centenário de Botucatu (1955), acatou a sugestão de Delmanto para que os grandes vultos do passado fossem homenageados, com a colocação de bustos em praça pública (Virgínio Lunardi, Amando de Barros, Antonio José da Costa Leite, Raphael de Moura Campos).


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Como já destaquei anteriormente, que em seu segundo mandato, Peduti fora eleito com o apoio da UDN e sofria violenta e cruel oposição e um de seus apoios, até seu falecimento, foi de Delmanto.
A GRANDE CONQUISTA: FCMBB!


Está destacado no histórico da conquista da FCMBB – FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E BIOLÓGICAS DE BOTUCATU o papel do Arcebispo de Botucatu, Dom Henrique Golland Trindade comoCoordenador da Luta pela conquista de nossa Faculdade de Medicina. Devido às diferenças políticas, tanto Jânio Quadros como Carvalho Pinto preferiram que houvesse uma paz política sobre o comando de Dom Henrique. No entanto, era indiscutível o prestígio deEmílio Peduti, como prefeito e como empresário poderoso junto ao esquema de Jânio/Carvalho Pinto. A foto da assinatura pública da autorização para a implantação da FCMBB, quando Delmanto o representou ao lado do Governador Carvalho Pinto, consagra Pedutão como o grande homem público que soube defender Botucatu e suas conquistas!

50 Anos da Faculdade de Medicina de Botucatu/leia aqui
A maior conquista de Botucatu ! - 1962 - O Governador Carvalho Pinto, em praça pública, aguarda a leitura do ato oficial da criação da FCMBB - Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. No palanque oficial, à esquerda os radialistas Jaime Contessote (Rádio Municipalista) e Plínio Paganini (também vice-prefeito, pela PRF-8) e, ao centro, entre as auoridades estaduais e municipais, o Dr Antonio Delmanto, oGovernador Carvalho Pinto e a primeira-dama Dona Yolanda.
Esse foi Pedutão sob alguns aspectos de seu rico perfil deCidadão Exemplar e Homem Público Respeitável!

É REGISTRO HISTÓRICO!
PEDUTÃO
Comendador Emílio Peduti:
Empresário empreendedor, Homem Público, Cidadão Benemérito e Comunicador Pioneiro!



Emílio Peduti nasceu em Botucatu (27 de maio de 1904), filho de José Peduti e Ernesta Boreli Peduti. Foi casado com Maria do Carmo Tôrres Peduti, com quem teve os filhos Lourdes, Maria Rosa e Emílio Peduti Filho, casados, respectivamente, com Antonio Soares Batista, Braz de Assis Nogueira e Lúcia Martins Barros Peduti.
Formou-se em Contabilidade pela Escola de Comércio Álvares Penteado, em São Paulo, passando a exercer suas atividades profissionais em Botucatu. “Descoberto” profissionalmente pelo banqueiro Francisco Botti, logo assumiu a gerência do Banco Francês e Italiano. Entrou para o ramo de diversões, culminando com o empreendimento pioneiro no Estado de São Paulo: a EMPRESA TEATRAL PEDUTI, com rede de cinemas por todo o interior do estado. 

Era incalculável o seu poderio. Era, sem dúvida, um dos mais poderosos capitalistas do estado. Até sua morte prematura, em 1963, a ETP ainda dominava o interior do estado e a TV ainda estava engatinhando... Já nos anos 70, a TV dominava o entretenimento da população e os cinemas foram ficando vazios...A ETP entrou em concordata...



É muito difícil conseguir dar o perfil de um homem tão facetado em suas capacidades. Cidadão probo, entrou na política como um abnegado, comunicador nato fundou as duas primeiras rádios de Botucatu, foi empresário cinematográfico poderoso, benemérito social, enfim, foi um botucatuense que honrou a história da Cidade dos Bons Ares e das Boas Escolas.


Acervo Diagrama/Edil Gomes

Foi muito homenageado após sua morte. A Praça João Pessoa (praça do bosque) recebeu o nome de Praça Comendador Emílio Peduti. Uma estátua de Emílio Peduti foi colocada na praça que leva seu nome. Um busto de Peduti foi colocado na Misericórdia Botucatuense, onde foi Presidente ou Provedor de 1937 a 1963, quando faleceu. E um outro busto foi colocado no jazigo da família.
Em 27 de maio de 1988, quando era diretor da FOLHA DE BOTUCATU, fiz um editorial em sua homenagem:



emílio peduti

Hoje, a praça do bosque leva o seu nome, mas durante muito tempo ele percorreu cada uma das ruas que formam esse tradicional recanto de lazer dos botucatuenses, como a deixar a sua marca, a sua lembrança e o seu exemplo de cidadania. Quer como morador, em seu solar então localizado na rua amando de barros, defronte à praça. Quer como bem sucedido empresário que comandava os seus negócios de seu escritório localizado na descida da praça, à rua Marechal deodoro. Quer como cidadão solidário que com seriedade acompanhava e respeitava os trabalhos da Loja maçônica situada na subida da praça, à rua Major Leônidas Cardoso. Quer como competente Prefeito Municipal que cuidava dos interesses de Botucatu, de sua cidade natal, diretamente do paço municipal então localizado na rua joão passos, na parte alta da praça.
Hoje, a praça do bosque merecidamente leva o seu nome: há 25 anos falecia no comando do destino de Botucatu.
Hoje, a praça do bosque leva o seu nome. Lá está a sua estátua, oferta anônima de toda a população que participou com a aquisição de bônus para a sua construção, como pleito de gratidão àquele que acreditava em sua terra e em sua gente.
Homenagem merecida.
Homenagem conquistada dia-a-dia, a pouco e pouco.
Duas vezes prefeito municipal. Com sucesso.
Comendador Emílio Peduti.
Prefeito Pedutão.
Saudades.
Armando Delmanto – diretor

Hoje é impossível imaginar o poderio da EMPRESA TEATRAL PEDUTI. E no auge de sua carreira de empresário, Emílio Peduti tinha a maioria das propriedades de seus cinemas pelo interior do estado, além de fazendas e outros empreendimentos. Vamos tentar traçar seu perfil abordando aspectos importantes de sua vida.

COMUNICADOR PIONEIRO

Homem de visão e voltado ao entretenimento, Emílio Peduti queria para Botucatu uma rádio como estava ocorrendo na capital da república (Rio de Janeiro) e em São Paulo. Em parceira com os Irmãos Bacchi, Emílio Peduti idealizou a criação, mediante ações participativas da população, de uma emissora de rádio. O controle acionário era dele e dos Bacchi. E a 30 de outubro de 1939, surgia a Rádio Emissora de Botucatu – PRF-8. Tudo era novidade para Botucatu que se orgulhava dessa importante conquista. Com programas musicais, rádionovelas e programas de auditório, a PRF-8 ia fazendo sucesso. Um de seus diretores foi Angelino de Oliveira, consagrado compositor brasileiro.


RÁDIO EMISSORA DE BOTUCATU - PRF-8

Com a política muito forte na região, eis que era de São Manuel o governador Adhemar de Barros, a rádio que surgira de uma subscrição popular, mas com o controle dos capitalistas Bacchi e Peduti, foi vendida para o “esquema político” do governador, em nome de seu irmão Geraldo de Barros, sendo posteriormente passado o controle acionário para a família Paganini. O jornal “DEMOCRACIA”, de 08/01/1950, trazia a notícia:
“A venda da Rádio Emissora repercutiu mal nos meios pessedistas locais. Como noticiamos em nosso número anterior, a Rádio Emissora de Botucatu, sociedade anônima cujas ações estavam em sua quase totalidade em mãos de dois capitalistas botucatuenses, próceres do PSD, foi vendida pela vultuosa e absurda quantia de 1.400.000,00 cruzeiros, quando seu valor real não passa de 400.000, quando muito...” E arrematava: “O  pasmo dos pessedistas locais tem sua razão de ser, ainda mais, pelo fato da venda ter-se realizado na ocasião mesma em que se anunciava com grande estardalhaço a coligação de diretórios com o fito de obter grande vitória eleitoral para o partido, resultante da união de forças e de interesses, para o qual é essencial um bom veículo de propaganda, qual seja a nossa PRF-8”
De fato, acordou-se a eleição para a presidência da Câmara Municipal de Botucatu, em 1949, lançamento de candidato único a Deputado Estadual na região (quando foi eleito o vereador Jayme de Almeida Pinto) e a eleição para Prefeito Municipal, em 1951, tudo com o APOIO DO ESQUEMA ADEMARISTA.
E Emílio Peduti se elegeu Prefeito Municipal em 1951 e viu a importância que teve a rádio em sua campanha. Quando estava à frente da Prefeitura, pela segunda vez, em 1962, Emílio Peduti (eleito em 1959), Pedutão sentia que as coisas não andavam bem... Já adoentado, Pedutão enfrentava feroz oposição. Alguns vereadores situacionistas já começavam a formar o Bloco Independente. PEDUTI COMEÇAVA A FICAR SÓ...Era pouco apoiamento político que dispunha. Um desses apoios e que permaneceu até sua morte, quando faleceu no exercício do cargo, foi de meu pai, Antônio Delmanto.

RÁDIO MUNICIPALISTA DE BOTUCATU

Foi antes do agravamento de seu estado de saúde, que Emílio Peduti realizou, em 1962, mais um grande empreendimento: a fundação da RÁDIO MUNICIPALISTA DE BOTUCATU. Era importante a atuação de uma emissora junto à população. Em sua primeira eleição, Peduti já sentira isso. Agora, em uma fase difícil na política, chegara à conclusão que precisava contrabalançar as forças da comunicação radiofônica. E pela segunda vez, fundou uma rádio em Botucatu. Até hoje a Rádio Municipalista pertence à família Peduti.

É REGISTRO HISTÓRICO!


CIDADÃO BENEMÉRITO


A atuação de Emílio Peduti à frente da MISERICÓRDIA BOTUCATUENSE é digna de registro. Mas aqui é preciso dar destaque a atuação, em dobradinha cívica, de Peduti e de meu pai, Antônio Delmanto. Tanto Peduti comoDelmanto participaram e tiveram papel de destaque nessa2ª fase da Misericórdia Botucatuense. Convocado,Antônio Delmanto assumia, em 1937, a Direção Clínica do Hospital. A situação era grave. Os médicos haviam se afastado do Hospital. Urgia uma solução. Delmanto, retornando a Botucatu após seu curso de Medicina no Rio de Janeiro e estágio de 2 anos na Santa Casa de São Paulo, aceitou o desafio. Montou um excelente Corpo Clínico e remodelou e modernizou a infraestrutura hospitalar.

 Da mesma forma, em 1937,  Emílio Peduti, empresário bem sucedido, é convocado para gerir a Diretoria Administrativa da Misericórdia. A grave situação econômico-financeira precisava de uma estabilidade urgente. A escolha para essa empreitada não poderia ter sido melhor.Pedutão sabia administrar e sabia manter o comando. Antônio Delmanto permaneceu como Diretor Clínico de 1937 a 1951. Emílio Peduti permaneceu como Presidente de 1937 a 1963.

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Pois bem, Emílio Peduti já tivera, em 1936, uma experiência política quando fora candidato a vereador e conseguira obter suplência (Jayme de Almeida Pinto, vereador, tirava licenças para propiciar a que Peduti assumisse a vereança por breves períodos). No ano de 1947, ano da redemocratização do país após a Ditadura de Getúlio Vargas,Peduti tenta novamente a vereança e se elege com 276 votos pelo PSD. Antônio Delmanto, após seu regresso a Botucatu, tenta pela primeira vez a vereança e se elege vereador com a maior votação, 945 votos, pela UDN.A votação recebida representou um recorde individual de votos até hoje não suplantado (proporcionalmente ao número de eleitores, quando obteve 11,54% dos votos válidos).
Sendo o mais votado, Delmanto assumiu a presidência da Câmara Municipal e começou a trabalhar, com sucesso, pela eleição de Emílio Peduti como vice-presidente. Adobradinha estava dando certo e precisava continuar...
Emílio Peduti, em declaração ao jornal “Correio de Botucatu”, de 05/05/1949, fazia o seu posicionamento:“O Antoninho será o Prefeito de Botucatu, com o apoio do PSD.” “...Dias atrás, em ligeira palestra que manteve com a nossa reportagem, o Sr. Emílio Peduti, do PSD, referiu-se diretamente ao assunto, fazendo questão de frisar ao repórter: “O Antoninho (Delmanto) será o futuro prefeito de Botucatu, com o nosso apoio.”E foi mais além dizendo: “Se na eleição passada, a UDN tivesse lançado a candidatura do Antoninho, nós teríamos retirado a do Lunardi (Oswaldo) e a coisa seria uma “barbada”.”
Resumindo: Antônio Delmanto e Emílio Pedutiforam candidatos a Prefeito Municipal. Emílio Peduti foi o vencedor. 


Após a campanha eleitoral de 51 e antes da divulgação do resultado, Peduti e Delmanto realizaram memorável churrasco de confraternização. Eram outros tempos e outros homens.

Depois da “quarentena” eleitoral, Peduti e Delmantoreataram o relacionamento. Por decisão de Pedutão, aComissão encarregada do 1º Centenário de Botucatu (1955), acatou a sugestão de Delmanto para que os grandes vultos do passado fossem homenageados, com a colocação de bustos em praça pública (Virgínio Lunardi, Amando de Barros, Antonio José da Costa Leite, Raphael de Moura Campos).


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Como já destaquei anteriormente, que em seu segundo mandato, Peduti fora eleito com o apoio da UDN e sofria violenta e cruel oposição e um de seus apoios, até seu falecimento, foi de Delmanto.
A GRANDE CONQUISTA: FCMBB!


Está destacado no histórico da conquista da FCMBB – FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS E BIOLÓGICAS DE BOTUCATU o papel do Arcebispo de Botucatu, Dom Henrique Golland Trindade comoCoordenador da Luta pela conquista de nossa Faculdade de Medicina. Devido às diferenças políticas, tanto Jânio Quadros como Carvalho Pinto preferiram que houvesse uma paz política sobre o comando de Dom Henrique. No entanto, era indiscutível o prestígio deEmílio Peduti, como prefeito e como empresário poderoso junto ao esquema de Jânio/Carvalho Pinto. A foto da assinatura pública da autorização para a implantação da FCMBB, quando Delmanto o representou ao lado do Governador Carvalho Pinto, consagra Pedutão como o grande homem público que soube defender Botucatu e suas conquistas!

50 Anos da Faculdade de Medicina de Botucatu/leia aqui
A maior conquista de Botucatu ! - 1962 - O Governador Carvalho Pinto, em praça pública, aguarda a leitura do ato oficial da criação da FCMBB - Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. No palanque oficial, à esquerda os radialistas Jaime Contessote (Rádio Municipalista) e Plínio Paganini (também vice-prefeito, pela PRF-8) e, ao centro, entre as auoridades estaduais e municipais, o Dr Antonio Delmanto, oGovernador Carvalho Pinto e a primeira-dama Dona Yolanda.
Esse foi Pedutão sob alguns aspectos de seu rico perfil deCidadão Exemplar e Homem Público Respeitável!

É REGISTRO HISTÓRICO!

Um comentário:

Delmanto disse...

As duas primeiras publicações dos HOMENS QUE FIZERAM BOTUCATU (1ª parte e 2ª parte) foram publicadas na “FOLHA DE BOTUCATU”, nos anos de 1988/89. Na época não tínhamos os recursos que a internet nos proporciona (para fotos, ilustrações, etc.) e que usamos, agora, na 3ª parte referente ao tema. A História de Botucatu se enriquece na medida em que são divulgados os feitos e o idealismo dos homens que construíram Botucatu.

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