julho 04, 2017

SUMÉ, AS TRÊS PEDRAS, O PEABIRU

SUMÉ, AS TRÊS PEDRAS, O PEABIRU

Atendendo a inúmeros pedidos, trazemos um tema palpitante: o mistérios das TRÊS PEDRAS, o CAMINHO DO PEABIRU tão pesquisado por HERNÂNI DONATO que escreveu especialmente para a revista botucatuense de cultura PEABIRU e, também, o perfil do frade capuchinho FREI FIDÉLIS.
É matéria que empolga e nos leva a “viajar” pelas estórias que encantam a CUESTA DE BOTUCATU.

Sumé – Mistério/Maravilha, Peabiru, Frei Fidélis
                                         Hernâni Donato


         Certa revista especializada em arqueologia pediu-me um artigo centrado na conexão Sumé-Peabiru. Enquanto discorria sobre essa fascinante conjunção de dois entre os mais poderosos episódios da História pré-colombiana, vi-me siderado quase por uma iluminação: bem que as teorias de Frei Fidélis, objeto de sarcasmo, ceticismo, até de ridículo (vide críticas de Paulo Duarte) bem que poderiam estar jungidas ao núcleo da mítica que entretece a textura das civilizações ameríndias.
            Mas, antes do convite que me pareceu oportuno estender às gerações de admiradores do frei imaginoso, parece oportuno dar notícia breve do que terá sido e realizado o Sumé. Tendo presente que o Peabiru é suficientemente conhecido.

ESTEVE POR TODA PARTE

A América é comprida. E diversa. Alonga-se do gelo ártico ao antártico; transpira, debaixo do equador; amorena-se sob os trópicos; banha-se dos dois grandes oceanos. E em toda a sua extensão, do Alasca à Terra do Fogo, está fortemente presente na tradição do nativo encontrado pelo europeu do Descobrimento, a tradição, os sinais, a crença, a atuação do Sumé. Se aqui ou ali, o nome dessa criatura prodigiosa aparece registrado diferentemente, será isso devido à língua européia dominante na área, à exemplo da forma Sommay, imposta pela aculturação francesa sobre os nativos antilhanos.
            Se nos planaltos andinos dizem que ele calçava sandálias e entre os peles vermelhas queriam-no usuário de mocassins, se os tupis viram-no palmilhar descalço as extensões brasileiras, admita-se o propósito de “nacionalizá-lo”. No principal, contudo, o Sumé é um, como se indivíduo fora ou se participe de grupo reduzido, rigidamente fiel a uns poucos princípios e objetivos.

DESCRIÇÃO

         Em 1551, o espanhol Betanzos recolheu dos andinos um retrato falado:”...disseram que, de acordo com a informação que possuíam, era um homem alto com roupa branca que chegava até seus pés, e que sua veste tinha um cinturão, e trazia o cabelo curto com um tonsura na cabeça, à maneira de um padre, e que carregava nas mãos uma certa coisa que parecia lembrar-lhes o breviário que os padres trazem nas mãos.” Rupert Furneaux (“Grandes Mistérios da Humanidade”), mostra-nos, na tradição de Oscar Mendes, um Sumé “branco, trajando vestes flutuantes e de semblante imponente.”
            Esta FORMOSURA é traço indesligável. Por exemplo: no seu prestigiado “De Orbe Novo”, de pouco depois do descobrimento do Brasil, Pedro Mártir de Anghiera informa que “interrogados os povos americanos do norte e do sul porque derramavam água em forma de cruz sobre a cabeça dos recém-nascidos responderam categoricamente: um homem de grande formosura passou outrora por este país e nos ensinou a fazer estas coisas.”
         Também uniforme é o processo do aparecimento, da ação, da retirada. Comecemos pelo nosso Hans Staden (“Viagem ao Brasil...”) que assim narra o sucedido com o Meire Humane: “misterioso personagem que veio do mar (...) e nessa direção desapareceu depois que, molestado por alguns, se desgostou e deu por terminada a sua missão de legislador e mestre de todos eles...”
            Siggfried Huber (“O Segredo dos Incas”) situa o Sumé peruviano atuando entre os colla: “...pregou-lhe a palavra do bem e censurou sua imortalidade. Furiosos por verem seus excessos censurados, os camponeses se apoderaram de Tonapa, flagelaram-no e amarraram-no a três pedras. Subitamente, três magníficas águias desceram dos céus; com o bico serrado, cortaram as amarras e libertaram o prisioneiro. Tornou à praia, estendeu seu manto sobre as ondas e, vogando nele como num barco rumou para...”
            Jean de Léry (“História de uma viagem à terra do Brasil”) mostra que na margem atlântica sulamericana, a atuação e a retirada tinham identidade: “...sabemos (disse-lhe um ancião conselheiro tribal) por tradição que um homem vestido como vós trazendo barba, passou por este nosso país, teve a mesma língua que vós, e esforçou-se por converter os nossos antepassados ao culto de Deus. Mas os nossos antepassados recusaram-se a isso...”
            Entre os botucudos, Manizes, citado por Arthur Ramos (“Introdução à Antropologia Brasileira”) encontrou a veneração por Maré, dito “o antigo”, “cabeleira ruiva e estatura maior que a dos outros homens, anda à tona das águas ou sobre as nuvens.” Essa criatura portentosa ensinou os homens a servirem-se da natureza, inventou o botoque e as danças e fere com flecha invisível o coração de seus inimigos.”
            E no meio, no coração florestal e ribeirinho da América do Sul, esteve também o Sumé, localmente dito Zumé ou, no Paraguai, Pay-Tomé a quem se creditou a abertura do Peabiru.
            Nas três Américas, de extremo a extremo, assim se resume a estada e as fazenças de Sumé: “...saíra das águas para ensinar o cultivo da mandioca e muitas técnicas de cultura material. Fora ouvido e estimado. Quisera legislar, moralizar. Condenara a antropofagia e a poligamia. Os homens aborreceram-se. Em alguns lugares incendiaram a cabana em que o encerraram. Em outros, dispararam-lhe dezenas de flechas. Também quiseram lapidá-lo. Ileso dos atentados, aborrecido com o proceder traiçoeiro dos beneficiados, retirou-se, andando de costas sobre as águas do mar, ou do lago, ou do grande rio – conforme a versão local. Lamentoso, em silêncio, desapareceu tão misteriosamente quanto aparecera. Deixou, em todas as nações, a promessa de que voltaria em melhores tempos, para o cumprimento final da missão recebida em paragens não terrenas.”

A VOLTA

         Nenhuma das variantes relativas a Sumé, omite a promessa de volta, nega a necessidade do ameraba reencontrar-se com seu guia, chame-se ele Quetzalcoatl, Sommay, Sumé, Zemi, Zamima, Pay Abara...
            O primeiro europeu a chegar oficialmente à América e a nos deixar relato desse aproamento, foi Colombo. A 6 de novembro de 1492, o genovês registrou: “...os meus mensageiros contam ter encontrado, após uma marcha de doze milhas, uma aldeia que podia contar cerca de 1.000 habitantes. Os indígenas os acolheram festivamente, conduziram-nos às melhores casas, carregando-os nos braços, beijando suas mãos e seus pés e procurando explicar de todas as maneiras que eles também sabiam como os homens brancos haviam chegado da morada dos deuses. Cerca de cinqüenta – entre homens e mulheres suplicaram-lhe que os reconduzissem com eles ao céu dos deuses imortais...”
         Pierre Honoré (“ich faud den Weissen Gott”), citado por Holosimo, resume: “...Em toda parte os espanhóis foram acolhidos com a palavra Viracocha, que consideram uma fórmula de saudação, sem imaginar nem de longe o seu significado. Por fim, souberam em Kusco que se tratava do nome do “grande deus branco”, vindo em tempos remotos para trazer aos índios os dons da ciência, da técnica, das leis mais sábias – o deus que depois se fora, deixando a solene promessa de voltar.”
            Clovis Lugon (“A republica comunista cristã dos guaranis”) informa que “no Paraguai, na região de Tuiati, os missionários em nome do Pay Abara, com extraordinária alegria que os encheu de surpresa.” Na costa brasileira, dando-se crédito ao cronista espanhol Bernal Dias de Lugo, narrou-se por dois séculos, pelo menos, a lenda do índio Etiquera, que estando no litoral e vendo desembarcar os primeiros portugueses, brancos, barbudos, correu, literalmente correu duzentas léguas de campo e floresta, para anunciar aos seus irmãos guaranis da mesopotâmia sulamericana, o cumprimento da grande promessa, a volta de Sumé, o Pay Abara.
            Deixando-se de lado o episódio em nada menos curioso e digno de atenção, de ter o nome Sumé e embaralhado com Tomé, o apóstolo das Índias, discípulo de Cristo, muito nos sobra de significado, importância e sugestão para estudo.

NADA FOI DITO...

         ...neste escrito, que seja novidade. O propósito não foi senão reviver o assunto, aquecer o interesse e confiar em que, assim procedendo de tempos em tempos, sejam despertados pesquisadores jovens e afoitos o suficiente para ligar as pontas, revelar minúcias e em definitivo escrever o capítulo que Sumé reclama e merece na História Americana.

E BOTUCATU COM ISSO ?

         Pois é, entendo que nos rastros do Sumé, um desafio especial para os pesquisadores botucatuenses, mormente os que continuam perplexos ante as indagações e as afirmações do Frei Fidélis.
            Todo o prestígio angariado e sustentado post mortem pelo religioso capuchinho que optou por viver em Botucatu visgado que esteve pelo mistério que pressentiu na morraria, na etimologia e no roteiro do Peabiru, vem, resumidamente, da crença em que uma cultura refinada, espiritualizada, missionária, atuou na América. Mais ainda, teria feito assento nesta região e nomeado a geografia.
            Se isso ocorreu, seu pontífice teria sido o Sumé. Buscar esse liame, definir esses parâmetros, deslindar essas incógnitas, capazes em si, de obrigação ao refazimento de toda a História continental, incumbe aos jovens. Contribuo com esta faísca. Que ela acenda a chama que forja os grandes pesquisadores. E culmina nas grandes descobertas. Mãos à obra, jovens.
            Não é sem espicaçante perplexidade que me dou conta de que, decorridos séculos e séculos, esse benemérito pessoal que ao lado da ESTÂNCIA DEMÉTRIA impulsiona um Instituto endereçado a dar ao tópico a agricultura cabível no trópico, elege o nome SUMÈ – incientes destas conjeturas acima arroladas, para patrono de um de seus centros de estudo. Frei Fidélis sorriria, correndo a ampliar anotações.

Hernâni Donato é escritor botucatuense, Patrono da Academia Botucatuense de Letras, membro da Academia Paulista de Letras e exerceu a Presidência do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.

VAMOS PESQUISAR ?

         Começa a assumir ares de Lenda o trajeto de Frei Fidélis e a história das 3 Pedras e seus poderes energéticos. Mas não é lenda. Frei Fidélis Maria Di Primiero era estudioso e como historiador pesquisou a nossa realidade e as nossas lendas. Um dos poucos historiadores que dominava a língua suméria, o capuchinho, austríaco de nascimento, tinha uma concepção completamente revolucionária para explicar o povoamento das Américas.
            Estudioso, o nosso capuchinho historiador escreveu muito sobre as suas pesquisas, com muito vigor e coragem, colocando com clareza a sua interpretação referente às origens históricas da nossa região. Era colaborador de jornais e revistas locais, usando com maior constância o pseudônimo de Da Mota.
         Pacientemente, traduziu para o sumério a Bíblia e os nomes das ruas de nossa cidade e principalmente os nomes das cidades de nossa região encontrando significados surpreendentes e diversos dos apresentados pela língua Tupi: Botucatu seria BOT-UK-AT-U, significando na língua suméria “Templo ou fortaleza da serpente no meio das pedras” ou “Santuário onde as serpentes se estendem sobre as pedras”. Bofete, BO-FE-TE, seria a“região dos cantores negros”; Porangaba, POR-AN-GAB-A
Seria o “templo da serpente à esquerda da serra”; Anhembi, AN-NHEM-BY, seria o “templo do culto negro” e o nosso conhecido Rio Tietê, TI-E-TE, seria o “rio do templo negro”.  A verdade é que essa é a tradução literal dos nomes na língua suméria.
           
O CAMINHO DO PEABIRU


         Dizia Frei Fidélis que “no Brasão da cidade de Botucatu notamos ao lado das Três Pedras, uma que os autores do escudo entendiam relacionada com um caminho que os Brasis denominavam Peabiru e que os Jesuítas deram como “Caminho de São Tomé”. Os estudos do capuchinho centraram-se nas Três Pedras , às quais interpretou que eram formações rochosas (uma delas a Pedra do Meio, com formato fálico) seriam um “EX-TU: TEMPLO NEGRO FÁLICO” , catalizando em torno de si energias cósmicas profundas, constituindo-se em verdadeiro epicentro de fenômenos misteriosos. Para  Frei Fidélis, o TEMPLO NEGRO FÁLICO não seria composto de formações rochosas naturais e sim um templo construído 5.000 anos atrás para ser o centro de um culto negro e que teria sido destruído por Xumé ou Sumé, grão sacerdote sumério.
            Aí a importância deste artigo de Hernâni Donato para começo de entendimento de tão palpitante interpretação histórica.
         Frei Fidélis dizia que “o Peabiru era um caminho encontrado antes da vinda dos conquistadores europeus, caminho aberto miraculosamente pela passagem do apóstolo São Tomé, o grande missionário das Índias, caminho largo, uns oito palmos, a estender-se por mais de duzentas léguas, desde a Capitania de São Vicente a Kusko, no Peru.” Na revista “Anhembi”, vol. XI, pág. 288, B. Pereira diz: “ o Peabiru, a primeira estrada das bandeiras chamada por Anchieta –“porta de inúmeras gerações de gentios” era para o gentio “Caminho do Pai Sumé”, uma picada de 200 léguas, que com duas varas de largura, ia do litoral (S.Vicente) até Assunção do Paraguay, passando por São Paulo...” E o próprio Frei Fidélis nos esclarecia: “ o dito caminho, saindo de São Paulo, passando por Sorocaba e pela fazenda dos Jesuítas em Botucatu, dirigia-se a São Miguel, junto ao Paranapanema e costeando esse rio pela esquerda, tocava Encarnação, S. Xavier e S. Inácio; em seguida, substituído por canoas no Paraná, subia o Invinhema até o Paraguai, pelo qual ia subindo. Pelo Tributário do Paraguai, podia subir até o Peru.” E mais: “o grande Marata, Sumé, viajou pelo Peabiru quando perseguido pelos homens do culto negro, fugiu da Guanabara para o Peru, onde fundou o magnífico templo de Kusko (KUS-KU, “brilhante santuário”). Em sua anterior estada no Peru, Sumé fundara nas vizinhanças do Lago Titicaca, a Vila e o Templo de Tiahuanaco.
            São Lendas? É a História a ser montada? É sonho?
            Ainda estudante de Sociologia e Política, na mesma escola em que estudei, Hernâni Donato suspendeu seus estudos e formou grupo de interessados em retraçar o percurso do caminho pré-cabralino do Peabiru, entre São Vicente e Kusko.
            Hoje, o seu artigo. Os escritos de Frei Fidélis estão em Botucatu.
            Vamos pesquisar? A revista Peabiru dá o primeiro passo e lança, com o artigo do Hernâni, o primeiro desafio: VAMOS PESQUISAR?
(Armando M. Delmanto)

Três Pedras,
o Pé do Mistério


Nestes vários anos de pesquisa, um dos lugares dos quais já se ouviu  falar  muito,  é onde estão localizadas as famosas Três Pedras.
Então, vamos agora conhecer um dos lugares mais misteriosos da região, onde a noite e o dia não apagaram o passado com suas lendas e estórias.

Frei Fidélis e alguns de seus trabalhos


Frei Fidélis nasceu em Primiero, província de Trento, na Itália, aos 6 de janeiro de 1885.  Foi batizado com o nome de Bernardo Mott mudando-o, depois de sacerdote, para Frei Fidélis Maria de Primiero.  Veio para o Brasil com apenas alguns meses e aqui se naturalizou.  Entrou para o Seminário dos Capuchinhos em 1897.  Após terminar os estudos filosóficos e teológicos, ordenou-se sacerdote, em 16 de junho de 1907, na antiga Catedral da Sé, de São Paulo, pela imposição das mãos do Arcebispo D. Duarte Leopoldo e Silva.
Durante sua vida exerceu importantes cargos na Província dos Capuchinhos do nosso Estado: foi professor nos Seminários de Taubaté e Piracicaba, foi reitor dos Seminários dos Capuchinhos, em 1938 foi eleito Superior Maior de todos os frades capuchinhos do Estado de São Paulo, foi Superior e Guardião de várias casas religiosas da ordem.
Teve uma ativa e louvável atividade como jornalista e escritor.  Na área religiosa temos as obras: “Capuchinhos em Terras de Santa Cruz, Os Missionários Capuchinhos no Brasil”, “Mais Perto de Ti”, “Pedagogia do Catecismo”, “Pontos de Religião para Crianças”.  Como livros de romance, encontramos: “Noiva e Leprosa”, “Entre os Selvagens da Amazônia”.   Como resumo de seus trabalhos ligados com a língua suméria, escreveu: “América Pré-Histórica e Hércules”, “Fomos e Somos Atlântida”.  Escreveu também na revista “Anais Franciscanos” e nos jornais “Folha de Botucatu” e “Gazeta de Botucatu”.
Além do sumério, Frei Fidélis conhecia com muita perfeição a língua guarani.  Foi até consultado pelo Dr. Afonso D’Escragnoli Taunay, membro da Academia Brasileira de Letras e grande Historiador das Bandeiras Paulistas, que sempre o procurava.
Era também profundo conhecedor do Sânscrito (a língua mais primitiva que existe e que deu origem às línguas antigas).
Frei Fidélis se dedicou com exclusividade ao estudo do sumério, chegando a descobrir uma segunda história oculta na história bíblica e nas lendas tupis, isto através das traduções que fez para o sumério.
Em 1952, Frei Fidélis passou a residir aqui em Botucatu, no Convento do Santuário “Nossa Senhora de Lourdes”.  Aqui continuou seus estudos ligados à língua suméria e à povoação das Américas.  Começou a traduzir o nome de nossa cidade para o sumério que segundo ele era: YB-UT-U-KA-TU - “O Templo ou Fortaleza da Serpente no Meio das Pedras”.  O que mais ele estudou aqui da nossa região  foram  as famosas Três Pedras, pois estas, ele dizia, vieram comprovar suas teorias sobre o povoamento das Américas, que para ele foram povoadas pelos “Cantores Negros”, que adoravam e ofereciam sacrifícios a Satã, adorando-o na forma de falos (órgão reprodutor do sexo masculino) esculpidos em rochas, como é o caso da pedra do meio nas Três Pedras.
Através de seus estudos ligados às Três Pedras, Frei Fidélis levou o nome de Botucatu para os principais jornais e revistas da capital, tais como: as revistas “O Cruzeiro” e “Expoente” e os jornais “Diário da Noite”, “Folha da Manhã” ( hoje, “Folha de São Paulo”).
Alguns exemplares de seus trabalhos se encontram a disposição na Biblioteca Municipal de Botucatu.
Em 1967, quando Frei Fidélis completou 60 anos de sacerdócio, como reconhecimento aos trabalhos por ele prestados à nossa cidade e também pelo grande amor que tinha por Botucatu, a Câmara Municipal concedeu-lhe o título de “Cidadão Botucatuense”.
Frei Fidélis faleceu aos 19 de fevereiro de 1968, vítima de edema fulminante, com 83 anos, 1 mês e 13 dias no Convento de Botucatu.  Seus restos mortais encontram-se sepultados no Cemitério Portal das Cruzes, no túmulo dos Capuchinhos, sob o número 35-805.
Frei Fidélis  traduziu para o sumério o nome de algumas cidades da região de Botucatu, bem como outras do estado e o resultado foi o seguinte:
PY-RA-TY-NYN-GA: “bacia do rio que corre para o templo”.
Rio TY-E-TÊ: “que corre para o grande templo”.
AN-HEM-BY: “templo dedicado à serpente”.
PE-A-BYR-U: “caminho da serpente adorada no templo das pedras”.
PYR-AM-BO-Y-A: “cidade dos cantores da serpente do templo das pedras”.

OBS.: Este trabalho foi extraído das pesquisas do Grupo “Peregrino Vidal”, sob a coordenação de Edmilson José Zanin.

As Lendas e Minhas Explicações

As lendas propriamente ditas, são resultado das montagens de pequenas estórias, extraídas dos caboclos do local e que ganharam maior força com a vinda do Frei Fidélis.  Divulgadas principalmente através da revista “O Cruzeiro” e no “Jornal da Tarde”, de São Paulo.
No entanto, algumas lendas não são verdadeiras, então começaremos a conhecer as principais já publicadas e, consequentemente, as minhas explicações em cima de minhas pesquisas: “Da época dos jesuítas, contam que quando eles eram donatários da Fazenda de Botucatu, um enorme carregamento de ouro estava sendo levado para São Paulo quando foram atacados por índios.  Procuraram refúgio na Pedra do Meio, onde descobriram uma entrada secreta e ali esconderam as barras de ouro.  Mas, mortos pelos índios, foi-se o segredo da entrada secreta de um tesouro.  No entanto, houve um rapaz da cidade de Conchas, de família pobre, que há muitos anos atrás aparecia todo mês nas Três Pedras, passava lá a cavar uns dois dias e depois andava a gastar nas redondezas como um milionário, mas um dia o rapaz desapareceu e nunca mais se teve notícia.” (Revista PSI-UFO).
Explicação: Acredito que tenha existido esses carregamentos de ouro, porém, não se sabe o local exato por eles deixado.  Contudo, nas Três Pedras, não está, pois muitos pesquisadores já andaram por toda redondeza dessas enormes rochas.
No entanto, cheguei a encontrar as ruínas das casas dos padres jesuítas, muito longe dali, onde estão totalmente abandonadas e perdidas na mata, cujo local pessoas teimam em escavar à procura de ouro.
E, quanto ao rapaz de Conchas, realmente ele existiu!  Em minhas pesquisas em Conchas, apenas pude encontrar com muito esforço, sua esposa Aparecida Caprioli.  Em minha conversa com ela, contou-me que seu falecido marido (Benedito Aparecido de Camargo) quando trabalhava no DER (Departamento de Estradas de Rodagem) onde desempenhava o cargo de tratorista.  Estava  abrindo na época a estrada que liga Bofete à Rodovia Marechal Rondon e, nos seus intervalos de serviço, visitava, próximo dali, o Morro dos Órgãos  à  procura de ouro.
Infelizmente o que ele achou foi somente pequenas pedras cristalinas, às quais ele dizia a sua esposa e suas filhas serem diamantes, no entanto, sempre a procura de mais e com seu estado de saúde crítico, ele veio a falecer não revelando onde guardou estas pedras que jamais foram analisadas.
Assim, muitos colonos da região contam a outra versão, de que ele visitava as Três Pedras, não sabendo a verdadeira história.
“A Mãe D’Ouro sempre aparece nas noites frias e de vento.  Ela é toda amarela e brilha muito e algumas vezes ela paira de repente em cima das Três Pedras, se separa e vem caíndo como se fosse lágrima.”(O Cruzeiro /1968).
Explicação: Nas muitas explorações que fiz no local, sozinho, e algumas vezes acompanhado de meus colegas de expedições, nunca vimos estas aparições.
Mas estas bolas de fogo realmente são vistas pelos colonos do local, e existe uma explicação científica para o fenômeno chamado “fogo-fátuo” (inflamação espontânea de gazes emanados dos pântanos e dos sepulcros, ou seja, são gases produzidos por carvão vegetal ou carcaças de animais mortos que quando em contato com o oxigênio se inflamam).
Os nossos índios chamam estas bolas de fogo de Boi-Tatá, já o pessoal da vida rural, chaman-nas de Mãe D’Ouro.  No entanto, para muitos ainda restam dúvidas e sempre a mesma pergunta: se ocorrem tantos “fogos-fátuos” no local, de onde vem tantos gases, se não existem jazidas de carvão vegetal e nem carcaças de animais em grande quantidade?
Só existe uma resposta: O mistério ainda continua...
“Foi por volta de 1750 que as terras percorridas pelos bandeirantes ficaram pertencendo ao Brasil, pois antes do Tratado de Madri, Portugal as havia negociado com a Espanha.  As expedições bandeirantes partiam de São Paulo e seguiam os cursos dos rios São Francisco, Tietê e outros, com a missão de percorrer todo território devassando sertões, procurando metais e pedras preciosas, bem como objetos de adorno e fundando vilas e aldeias, que mais tarde se transformariam em grandes cidades.
Por essa época, Bofete foi cruzada por uma dessas Bandeiras de heróis que, abrindo picadas pelas matas virgens, seguiam em direção a Pardinho e Botucatu.  Essas picadas foram posteriormente transformadas em caminhos que haveriam de ser utilizados pelos sertanistas.  A eles também atribuia-se uma parcela de heroísmo na luta contra o setão isnópito, no desbravamento das matas, no cultivo de terras e na formação de povoados.
Antes, porém, dos sertanistas, Bofete já havia recebido seus primeiros habitantes.  Diversos grupos de jesuítas em fuga, depois de terem sido expulsos, perseguidos e açoitados pelas forças do Marques de Pombal, nomeado primeiro ministro da Coroa Portuguesa, resolveram fixar-se em três locais deste município.  Traziam consigo muita riqueza e grande carregamento de ouro em barras, transportado em lombo de animais, formados em lotes denominados tropas.  Traziam ainda apreciável número de escravos que os ajudavam, incumbidos dos serviços braçais, como preparo do solo e plantio de cereais para a necessária garantia da sobrevivência.  Essas riquezas costumavam os jesuítas guardá-las enterradas em locais onde montavam suas moradas.  Precavinham-se, contudo, elaborando mapas que permitissem acesso no futuro.” ( livro “Berço do Gigante que Dorme”, pág. 17, autor: Alcebíades de Camargo).
Explicação: Então podemos ver que em algum lugar realmente foi guardado e ao mesmo tempo está perdido esse tesouro, que pela narrativa de Alcebíades e pela continuação de suas lendas em seu livro, chegamos à conclusão que estamos próximos da formação do Gigante Adormecido, consequentemente nos Bairros do Estreito, Quilombo e Três Pedras, onde antigamente se diziam aparecer espíritos, contando a alguns colonos o local onde deveriam cavar.

O Pé do Gigante Adormecido


Para o Frei Fidélis, Botucatu traduzido na língua suméria significa: “Templo da Serpente no Maio das Pedras”, onde ele acreditava que a pedra do meio nas Três Pedras, seria esse Templo construído a 3.000 AC devido à sua formação, na qual o pico deste aparenta, de longe, Grandes FalosEntão vamos conhecer este lugar tão falado por muitos que, no entanto, em várias explorações e pesquisas ainda restam dúvidas que, por enquanto, não podemos provar realmente os grandes estudos deste Frei.


Para chegarmos às Três Pedras, existem duas estradas, uma que vem de cima da cuesta e outra da rodovia Marechal Rondon (10 Km), no entanto, estas duas estradas não chegam próximas às pedras, assim, de carro ou a pé é uma aventura.
No mapa esquemático abaixo, vemos os poucos acessos para os sítios e fazendas próximos das Três Pedras e do Gigante Adormecido.


As Três Pedras apresentam uma extensão de 300 mts desde a primeira grande pedra à terceira pedra menor, com seus 50 mts de altura, sendo que todas elas ao redor dominadas por paredões íngremes.
A primeira pedra é a mais difícil de ser escalada e não se tem notícias de pessoas que conseguiram chegar até o seu topo.
A segunda pedra, a que apresenta o falo, somente foi escalada através de pinos fixados nas rochas.
A terceira pedra é a mais fácil, chegando ao seu topo, por lugares com poucos paredões do lado sudeste, no entanto em todas elas devemos ter cuidado com abelhas e quedas fatais.
Ao redor das pedras nas descidas quase suaves são encontrados pequenos e grandes blocos de pedras, decorrentes dos desabamentos antigos das pedras.  Para dar um exemplo, vemos na foto da primeira pedra, na qual podemos ter uma idéia do topo, dos paredões ao redor e da descida suave.
Atrás da primeira pedra (da foto), em um dos blocos espalhados na descida, foram encontrados desenhos feitos sob picoteamento negativo e indecifráveis.  Outro desenho foi encontrado nos blocos à sudeste da terceira pedra.



Sobre a cavidade nas Três Pedras foram encontradas somente cinco grutas, não existindo nenhuma mais, e as localizadas estão somente do lado sudeste, no qual da cidade de Bofete, vemos a sudoeste.

Visão a Sudoeste e a Posição das Grutas de A - E


Nestas cavidades visitadas não existem nada de estranho, nem tampouco inscrições nas suas paredes.  Nas explorações feitas nesses locais, conseguimos encontrar apenas duas nascentes de água, uma que nasce na primeira pedra e a outra na pedra do meio, como mostra o desenho acima.


A respeito de fenômenos sobrenaturais, o que ocorre é que as bússulas se descontrolam perto das pedras e nos vales em frente a primeira pedra, não presenciando o mal funcionamento de aparelhos eletrônicos e lanternas.
No desenho abaixo, vemos na frente da primeira pedra o grande vale que vai ligar-se a outros na direção do Cuscuzeiro.

(do livro “Nas Trilhas do Peabiru”, de Francisco Marcelo Camargo, edição do autor, 71 páginas, 1996).

             



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