CENTENÁRIO DE LICO
SILVEIRA - EX-PREFEITO DE BOTUCATU - 31-07-1917 / 31/07/2017
No dia de ontem comemorou-se o Centenário de Nascimento do
ex-prefeito de Botucatu, Luiz Aparecido da Silveira (Lico Silveira), lembrado
na internet por iniciativa de ANTONIO CARLOS DOS SANTOS, cidadão prestante e
atento de Botucatu. Assim, vamos divulgar artigo que fizemos para a REVISTA
PEABIRU, nº 26, de setembro/outubro de 2008:
ELE
CONSTRUIU UMA CIDADE EM BOTUCATU
Março/69 - Posse de Luiz Aparecido da Silveira e José Carlos Fiuza de Andrade.
É fundamental que haja isenção na
análise de determinado período político. E é exatamente o que ocorre no
presente caso. Ao focalizarmos a figura política do Sr. Luiz Aparecido da Silveira, ficamos à vontade, eis que nunca perfilhamos
politicamente com ele e lhe fizemos efetiva oposição na hora e no momento
devido.
E nesta análise, queremos destacar o período (1977 a 1982) de 6 anos em que exerceu, pela segunda vez, o cargo de Prefeito
Municipal de Botucatu. É muito importante esta análise na medida em que
pretendemos fazer um estudo comparativo do período citado somado às gestões
anteriores e o período de 1983 a 2008 , representando a
comparação a 25 anos da vida cívica de Botucatu, no qual
gerações de botucatuenses viram perdidas as esperanças de um futuro melhor.
Nesse sentido, faremos um retrospecto rápido da
carreira política do Sr. Luiz Aparecido
da Silveira – conhecido popularmente como Lico Silveira:
1 – Luiz Aparecido da Silveira/José Carlos Fiúza de Andrade, eleitos nas
acirradas eleições de 1968,
pelo partido do MDB – Movimento
Democrático Brasileiro. A oposição derrotou os candidatos da situação, Antônio Delmanto/João Queiroz Reis, da Arena – Aliança Libertadora Nacional,
em um cenário que lhe foi bastante favorável: greve dos estudantes
universitários da FCMBB (Operação Andarilho), 1ª. greve de padres católicos do Brasil, contrários à posse do Arcebispo
designado, Dom Vicente Marchetti Zioni;
Chegada do Ministro Gama e Silva no Aeroporto de Botucatu (14/abril/1969)
Solenidade de recebimento do Título de Cidadão Botucatuense (14/abril/1969)
Encontro partidário da ARENA para o ingresso do Prefeito Luiz Aparecido da Silveira (14/abril/1969).
2 – Tomando posse no mês de março/69,
já no mês de abril/69 mudava
para o partido do governo tendo como padrinho
político o então Ministro da Justiça e autor do famigerado Ato
Institucional nº 05 (AI 5), Luiz Antonio da Gama e Silva, que
marcou a Nação Brasileira por um de seus períodos mais dramáticos e cruéis,
quando a democracia brasileira sofreu seu mais forte revés;
3 – No seu primeiro mandato, o Sr.
Lico Silveira recebeu a influência e a orientação política, alternadamente,
dos ex-deputados estaduais Jayme de
Almeida Pinto (sogro do seu vice-prefeito) e Vasco Bassói. Revelou-se um hábil articulador, nunca deixando que
fosse marionetado por terceiros;
4 – Seu primeiro mandato (1969/1972), não apresentou grandes mudanças.
Nesse período, a cidade de Botucatu como todo o Brasil “amargou” o período mais
duro do Regime Militar, usufruindo, por outro lado, um período economicamente
muito positivo e desenvolvimentista;
5 – No ano de 1976, o Sr. Lico Silveira se candidata
novamente ao cargo de Prefeito
Municipal. Convidado para ser seu vice-prefeito, declinei do convite e
optei por sair candidato a vereador pelo grupo político que apoiava as
candidaturas de Domingos Alves
Meira/Álvaro Line Ceriliani (Pupo).
Na ocasião, o seu vice-prefeito, arquiteto Eugênio
Monteferrante Netto, foi escolhido em reunião realizada na residência de
meu pai, que referendou a substituição;
Prefeito Lico Silveira, Governador Paulo Egídio Martins e vice-prefeito Eugênio Monteferrante Netto
6 – Desde sua posse no cargo, contou sempre com a assessoria do
ex-deputado estadual e advogado Dr.
Vasco Bassói e com o apoio técnico-profissional do seu vice-prefeito, Eugênio Monteferrante Netto. Esse apoio
e assessoria política durou até o ano de 1978/79
quando estourou o escândalo da compra de terreno para a construção de casas
populares pelo governo estadual, através da CECAP. Valendo pouco mais de dois milhões de cruzeiros,
o terreno foi pago no valor de mais de 7 milhões de cruzeiros, sendo
certo que a diferença foi dividida entre os envolvidos e o proprietário da
gleba, Sr. Apolinário de Almeida, só
recebeu o valor de pouco mais de 2 milhões, conforme noticiário amplamente
divulgado na época;
7 – No dia 10 de outubro de 1978,
no exercício do cargo de vereador, apresentei o Requerimento que criava a Comissão Especial de Inquérito – CEI “para apuração de todos os fatos
relacionados com o envolvimento e implicação do município e a determinação das
respectivas responsabilidades” na compra de terreno para construção de
casas populares pela CECAP.
Assinaram o Requerimento os vereadores: Armando
Moraes Delmanto (autor), Progresso Garcia, Walter Paschoalick Catarino, Elias Francisco
Ferreira, Jorge Thiago da Silva, Hernâni dos Reis e José Ramos. Eram necessárias 5 assinaturas. No ano de 1980, os cidadãos botucatuenses, Eder Trezza, Bahige Fadel e Antonio de
Andrade, de acordo com a legislação vigente, fizeram denúncia pormenorizada e pediram à Câmara Municipal
de Botucatu a criação de Comissão Processante para a cassação do mandato do Prefeito Lico Silveira. No âmbito político o
impedimento do prefeito não aconteceu,
sendo que o Prefeito obteve maioria na votação dos vereadores; houve a
reparação financeira aos cofres públicos no âmbito judicial;
8 – Em seu segundo mandato (1977/82),
o Sr. Lico Silveira conseguiu duas
grandes vitórias: a construção de 1.560
unidades residenciais, acima do bairro do Lavapés, denominada COHAB 1 – Conjunto “Humberto Popolo”; e
a vinda para o município de Botucatu da CAIO
– Companhia Americana Industrial de Ônibus, cujos proprietários tinham
parentesco com o escritor botucatuense Francisco
Marins que efetivamente atuou para essa conquista. Na sequência, vieram as
empresas Brashidro e Frontal;
Solenidade de inauguração do Conjunto Residencial "Humberto Popolo". Á esquerda, vereador João Carlos Moreira, à direita a viúva de Humberto Popolo e o Prefeito Luiz Aparecido da Silveira (1981)
9 – Com a construção da COHAB 1-
Conjunto “Humberto Popolo”, o Prefeito Lico Silveira conseguia o
grande feito de trazer para Botucatu um conjunto residencial popular MAIOR que muitos municípios
vizinhos ( Bofete, Conchas, Itatinga,
Pardinho). É de justiça destacar a colaboração efetiva da Câmara Municipal
para o sucesso desse empreendimento, aprovando a destinação de 100 mil cruzeiros para toda a
infra-estrutura desse conjunto habitacional. Depois disso, no gráfico
técnicamente elaborado e abrangendo até o ano de 1996, será possível ver que de 1983
até o ano de 1996, muito pouco coisa foi feita em
termos de diminuir o deficit
habitacional de nosso município. Ao mesmo tempo, no ano de 1978, o esforço realizado pela
Prefeitura de Botucatu, como um todo (e aqui é preciso destacar a atuação
técnica do arquiteto Monteferrante e
assessoria política e jurídica do dr
Vasco Bassoi) para concretizar a instalação da CAIO, obteve êxito: a
doação de terreno, a concessão de incentivos fiscais e a gigantesca
terraplenagem (vide foto na contra-capa da revista) realizada no área
onde hoje está situada a CAIO/INDUSCAR
é uma mostra positiva desse esforço. Como Chefe do Executivo, Lico Silveira teve uma atuação
realmente eficiente e bem assessorada nesse caso. De sua gestão para cá, infelizmente, a cidade de
Botucatu NÃO MAIS CONSEGUIU atrair
industrias de porte, De destaque a atuação da equipe do ex-prefeito Lico Silveira juntamente com a atuação do vereador Ageo Maurício de Oliveira, como presidente da Câmara Municipal, com o apoio decisivo do deputado federal e presidente da ARENA, Salvador Julianeli CONSEGUIRAM verba do Governo Federal para a construção das Avenidas Marginais do Lavapés. No "JORNAL DE BOTUCATU", de 30 de janeiro de 1982, reproduzida neste texto e que trata dos detalhes do projeto CURA - CENTRO ORGANIZADOR E ENCAMINHADOR DE PROJETOS DE URBANIZAÇÃO PARA CIDADES, do governo federal, que fornece dinheiro a fundo perdido e que, graças ao apoio do deputado federal Salvador Julianelli é que CONSEGUIMOS obter esse grande projeto, a fundo perdido, para a construção das tão sonhadas AVENIDAS MARGINAIS.
O DESASTRE DE UMA DECISÃO ERRADA
A partir de 1983, com a vitória do PMDB em todo o estado e em Botucatu, optou-se por deixar de lado todo o trabalho e a conquista do Projeto CURA, feito pelo prefeito anterior sob a alegação de que havia suspeita quanto à idoneidade do escritório que havia feito o projeto. Com grande prestígio no partido, Mário Covas, repetidas vezes, é citado com destaque por autoridade locais e líderes peemedebistas, que afirmam que Covas conseguiria um financiamento a fundo perdido para a construção das Avenidas Marginais muito melhor para Botucatu. CONSEGUIRIA...
No Ministério dos Transportes, à partir da esquerda, o presidente da Câmara Municipal, vereador Ageo Maurício de Oliveira, o prefeito municipal, Luiz Aparecido da Silveira, o deputado federal e presidente da ARENA, Salvador Julianelli e o Ministro dos Transportes, Mário Andreazza (1981).
10 – De inteira justiça citarmos que durante a gestão de Plínio Paganini (1973/76) já tínhamos o cenário positivo da economia e,
consequentemente, a vinda das industrias Staroup,
Costa Pinto, Hidroplas e Estrutec; apenas o déficit habitacional não foi
atendido. DEFINITIVAMENTE o
município de Botucatu NÃO
mais contou com a vinda, de 1983 para
cá, de unidades industriais, sendo que houve novo século uma grande demanda
governamental na construção de conjuntos habitacionais, quer pelo governo
federal (“Minha Casa, Minha Vida”), quer pelo governo estadual (CDHU).
2 comentários:
Antonio Coine (Facebook):
Caro Confrade Dr. Armando Moraes Delmanto. O verdadeiro historiador é aquele que escreve, sem parcialidade e rompantes emocionais, os fatos ocorridos na história para deixar como legado positivo para as gerações futuras aquilo que foi verdadeiro. Isso é o que penso sobre você, nobre confrade e historiador da nossa cidade. Por isso agradeço pela maneira séria e honesta com que escreveu a história do nosso tio Luiz Aparecido da Silveira, conhecido como "Lico Silveira'. Lembro-me que conversando, certa feita com o nosso saudoso e nobre amigo, o Engenheiro Eugênio Monteferrante, e ele nem sabia que eu era sobrinho dele, se referiu ao tio Lico como uma pessoa que tinha visão do futuro. E o tio Lico soube escolher pessoa tão ilustre como Monteferrante, bem como outros ilustres cidadãos botucatuenses para realizar o governo que você descreve com maestria. Agradeço em nome da família. Abs nossos.
Caro Confrade da Academia Botucatuense de Letras e Reverendo Pastor Emérito da Igreja Presbiteriana Monte Sião e Pastor Jubilado da Igreja Presbiteriana do Brasil, Reverendo Antonio Coine, sua manifestação, em nome da família do ex-prefeito Luiz Aparecido da Silveira (Lico Silveira), deixou-me realmente emocionado. É reconfortante sentir que o trabalho feito é aceito e elogiado. O ex-prefeito Lico Silveira governou Botucatu por 10 anos! Os exemplos que citei, as Avenidas Marginais, a COHAB 1 e a CAIO servem para reforçar o que lhe foi dito pelo saudoso arquiteto Monteferrante que o ex-prefeito tinha boa visão do futuro. As fotos que ilustram a matéria me foram dadas pelo ex-prefeito. Recordo-me que no último mês de vida de meu pai, o ex-prefeito foi lhe fazer uma visita e solicitou que eu estivesse presente. É assim que deve ser uma comunidade. E essa foi a homenagem que lhe prestei...É REGISTRO HISTÓRICO!
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