“O Gesto
e o Quadro”, novo livro de ROBERTO DELMANTO
É o seu quarto livro de
crônicas... “Causos Criminais”, “Momentos de paraíso - memórias de um
criminalista” e “A antessala da esperança”. Definitivamente, Roberto é um
vocacionado. Escreve fácil, gostoso e nos leva para vivenciarmos essas estórias
narradas com o cuidado e o envolvimento de um autêntico cronista.
Sempre dei preferências
para as crônicas, tendo Rubem Braga como meu autor preferido. É um estilo
aparentemente mais fácil por ser mais enxuto mas, aí sim, se mostra necessário
saber dosar e mandar a mensagem desejada...
Roberto destaca na
apresentação que este “livro de crônicas retrata o mundo da advocacia criminal,
as lágrimas, as angústias, mas também a esperança dos que chegam aos nossos
escritórios. Através do humor, que nos adoça a existência e que, nos tempos
atuais, é tão necessário, o livro fala da liberdade - este bem maior que, ao
lado da honra, faz parte da nossa dignidade humana...”
Vejamos a crônica que
justifica a belíssima capa do livro:
”O GESTO E O QUADRO
A jovem, pertencente a tradicional e conceituada família, casada e
com filhos ainda menores, depois de separar-se do marido, uniu-se a um policial
militar. Após alguns anos de conturbada convivência, o companheiro, por ciúmes,
matou-a a tiros, sem dar a ela qualquer chance de defesa.
Os pais da moça eram, há muitos anos, amigos de meu pai Dante, e
ele foi no caso seu advogado. Acompanhou o inquérito policial, a instrução
judicial, a pronúncia, a confirmação desta pelo Tribunal de Justiça e, por fim,
atuou como assistente da promotoria no júri a que o policial foi submetido.
Condenado a elevada pena de homicídio duplamente qualificado, a
decisão foi confirmada em 2ª Instância e transitou em julgado. O policial, que
já estava preso provisoriamente, passou, então, a cumprir a pena privativa de
liberdade em regime fechado.
Como não havia sido firmado um contrato de honorários com a família
da vítima, esta perguntou a meu pai o valor dos honorários. Tendo ele
respondido que, em razão dos laços de amizade existentes, nada havia a ser
pago, o avô da ofendida, patriarca da família, deu a meu pai um belíssimo
quadro que adquirira em uma exposição internacional de Paris e estava na sala
principal de sua casa.
De autoria do pintor francês HENRI ROYER, o quadro mostra uma cena
na praia da Normandia. Três mulheres - mãe e duas filhas - aguardam o retorno
do marido e pai pescador, que tarda a voltar do mar agitado.
O semblante de cada uma delas é diferente: uma das filhas,
desolada, nada mais espera; a outra, muito apreensiva, teme pelo pior; já a
mãe, no meio delas, rezando o terço, tem o rosto sereno e confiante na ajuda de
Deus para a volta dele...
O quadro, lembrando o penúltimo julgamento popular de que meu pai
participou, seu nobre gesto e a gratidão do avô da ofendida, está hoje na sala
de reuniões de nosso escritório. E a figura da mãe simboliza, para mim, a
esperança que os criminalistas, como defensores ou acusadores, devem sempre ter
no triunfo final da Justiça...”
(CARTA FORENSE, novembro de
2015)
E tem mais de 70 crônicas.
Gostei. Vale a leitura. E sem espanto em constatar que um criminalista como
Roberto Delmanto, autor do mais destacado e procurado CÓDIGO PENAL COMENTADO,
pela Editora Saraiva, estaria nos brindando com crônicas tiradas do fundo da
alma...
Aproveito para colocar uma
foto de meus filhos, Marcelo e Armando, na casa de tio Dante, tendo ao fundo um
magnífico quadro de sua coleção, nos idos dos anos 80.
Parabéns, Roberto!
Obrigado e Sucesso!!!
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