outubro 03, 2018

“O Gesto e o Quadro”, novo livro de ROBERTO DELMANTO



“O Gesto e o Quadro”, novo livro de ROBERTO DELMANTO


É o seu quarto livro de crônicas... “Causos Criminais”, “Momentos de paraíso - memórias de um criminalista” e “A antessala da esperança”. Definitivamente, Roberto é um vocacionado. Escreve fácil, gostoso e nos leva para vivenciarmos essas estórias narradas com o cuidado e o envolvimento de um autêntico cronista.
Sempre dei preferências para as crônicas, tendo Rubem Braga como meu autor preferido. É um estilo aparentemente mais fácil por ser mais enxuto mas, aí sim, se mostra necessário saber dosar e mandar a mensagem desejada...


Roberto destaca na apresentação que este “livro de crônicas retrata o mundo da advocacia criminal, as lágrimas, as angústias, mas também a esperança dos que chegam aos nossos escritórios. Através do humor, que nos adoça a existência e que, nos tempos atuais, é tão necessário, o livro fala da liberdade - este bem maior que, ao lado da honra, faz parte da nossa dignidade humana...”
Vejamos a crônica que justifica a belíssima capa do livro:
”O GESTO E O QUADRO
A jovem, pertencente a tradicional e conceituada família, casada e com filhos ainda menores, depois de separar-se do marido, uniu-se a um policial militar. Após alguns anos de conturbada convivência, o companheiro, por ciúmes, matou-a a tiros, sem dar a ela qualquer chance de defesa.
Os pais da moça eram, há muitos anos, amigos de meu pai Dante, e ele foi no caso seu advogado. Acompanhou o inquérito policial, a instrução judicial, a pronúncia, a confirmação desta pelo Tribunal de Justiça e, por fim, atuou como assistente da promotoria no júri a que o policial foi submetido.
Condenado a elevada pena de homicídio duplamente qualificado, a decisão foi confirmada em 2ª Instância e transitou em julgado. O policial, que já estava preso provisoriamente, passou, então, a cumprir a pena privativa de liberdade em regime fechado.
Como não havia sido firmado um contrato de honorários com a família da vítima, esta perguntou a meu pai o valor dos honorários. Tendo ele respondido que, em razão dos laços de amizade existentes, nada havia a ser pago, o avô da ofendida, patriarca da família, deu a meu pai um belíssimo quadro que adquirira em uma exposição internacional de Paris e estava na sala principal de sua casa.
De autoria do pintor francês HENRI ROYER, o quadro mostra uma cena na praia da Normandia. Três mulheres - mãe e duas filhas - aguardam o retorno do marido e pai pescador, que tarda a voltar do mar agitado.
O semblante de cada uma delas é diferente: uma das filhas, desolada, nada mais espera; a outra, muito apreensiva, teme pelo pior; já a mãe, no meio delas, rezando o terço, tem o rosto sereno e confiante na ajuda de Deus para a volta dele...
O quadro, lembrando o penúltimo julgamento popular de que meu pai participou, seu nobre gesto e a gratidão do avô da ofendida, está hoje na sala de reuniões de nosso escritório. E a figura da mãe simboliza, para mim, a esperança que os criminalistas, como defensores ou acusadores, devem sempre ter no triunfo final da Justiça...”
(CARTA FORENSE, novembro de 2015)

E tem mais de 70 crônicas. Gostei. Vale a leitura. E sem espanto em constatar que um criminalista como Roberto Delmanto, autor do mais destacado e procurado CÓDIGO PENAL COMENTADO, pela Editora Saraiva, estaria nos brindando com crônicas tiradas do fundo da alma...






Aproveito para colocar uma foto de meus filhos, Marcelo e Armando, na casa de tio Dante, tendo ao fundo um magnífico quadro de sua coleção, nos idos dos anos 80.
Parabéns, Roberto!
Obrigado e Sucesso!!!

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