setembro 30, 2013

JOSUÉ DE CASTRO: 40 ANOS SEM O GRANDE MESTRE!

DOIS MOTIVOS PARA O TEMA "FOME":
O LIVRO "DESTRUIÇÃO EM MASSA" E O ARTIGO "40 ANOS SEM JOSUÉ DE CASTRO":

GEOPOLÍTICA DA FOME!!!
“O livro que o leitor terá em mãos, embasado diretamente na experiência dessa década de ação combativa, é o fruto mais recente da inesgotável capacidade de trabalho e de luta de Ziegler. Resgatando – e sobretudo reivindicando – a herança do inesquecível mestre (outro grande intelectual público internacional) que foi Josué de Castro, Ziegler opera uma rigorosa desmistificação das várias formulações ideológicas contemporâneas (neomalthusianas ou não) que naturalizam o fenômeno da fome, situa-o como o ominoso e criminoso escândalo do tempo presente, aponta os seus verdadeiros responsáveis e desmascara os seus falsos e mentirosos argumentos. Ao mesmo tempo, não se limita à denúncia necessária, mas sugere as vias de solução, indicando os sujeitos sociais que podem implementá-la”.
José Paulo Netto.

O lançamento do livro “Destruição em Massa – Geopolítica da Fome”, do sociólogo Jean Ziegler coloca em discussão o combate à fome no Brasil. Ele é claro: “O combate à pobreza precisa de mudança de 180º no Brasil”. E arremata: “Não houve a reforma agrária no Brasil, prometida por Lula e Dilma. E o problema é que, agora, só o assistencialismo (Bolsa Família) não dará resultado.”

Ziegler destaca que “é verdade que o Brasil adota uma política de superávit comercial. Além disso, Lula precisava governar e isso exigiu acordos com a Bancada Ruralista (vide a aprovação do Código Florestal, com coordenação do “comunista” Aldo Rebello) no Congresso...Politicamente, eu entendo tudo isso. Mas, intelectualmente, precisamos deixar claro que o modelo fracassou. Com um país do tamanho do Brasil, não há motivo para não conseguir alimentar sua população. Não há nenhuma justificativa.”
É famoso e competente o sociólogo suíço, Jean Ziegler. A polêmica e a provocação fazem parte da trajetória de Ziegler. Ex-relator da ONU para o combate à fome não compreende como o Brasil – pátria do sociólogo, médico e ex-dirigente da FAO, Josué de Castro! – procura não só ignorar Josué de Castro, mas adotar políticas assistencialistas a lembrar dos antigos “Coronéis do Sertão” que “davam migalhas” para seus "currais eleitorais" em troca do voto eleitoral...
Josué de Castro
Nestes 10 Anos de Governo NEOLIBERAL do PT, não vi um programa sério para solucionar a pobreza e a fome do povo brasileiro. Uma ação efetiva e não meramente assistencialista! E o que o sociólogo Ziegler coloca é, exatamente, o fracasso dessa ação meramente assistencialista. NADA de REFORMA AGRÁRIA. Nada de se prestigiar o pequeno agricultor.
Josué de Castro: O Mestre Esquecido!/ leia aqui

É preciso que se coloque em discussão os trabalhos do brasileiro e ex-dirigente da FAO, Josué de Castro. É preciso escutar o “recado” dado pelo sociólogo Jean Ziegler, ex-relator da ONU para o combate à fome. O PT precisa se reencontrar com os problemas do POVO BRASILEIRO, sem as “espertezas” de um Lula da Silva...


 Sergio Caldieri
Josué Apolônio de Castro nasceu em 5 de setembro de 1908, em Recife, e morreu em 24 de setembro de 1973, durante o seu exílio em Paris. Médico, geógrafo, escritor, filósofo, sociólogo e político. Estudou Medicina em Salvador e Filosofia na Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, foi uma das personalidades que mais se destacaram no cenário brasileiro e internacional não só por seus trabalhos científicos sobre a fome no mundo, mas também por sua atuação no plano político e em organismos internacionais.
O sociólogo da fome, como era conhecido mundialmente, foi professor de Geografia Humana na Faculdade Nacional de Filosofia; pertenceu ao Serviço Técnico de Alimentação Nacional; presidente do Conselho da Organização de Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO); do comitê governamental da Campanha de Luta contra a Fome, (ONU); do conselho do Comitê Intergovernamental para as Migrações Européias; do Centro Internacional para o Desenvolvimento, em Paris, e do Comitê Mundial por uma Constituição dos Povos, em Denver (EUA); além de vice-presidente da Associação Parlamentar Mundial em Londres, e professor da Sorbonne em Paris.
Josué de Castro escreveu 29 livros, traduzidos em mais de 25 línguas. Preocupado com o futuro,  foi o pioneiro na defesa do meio ambiente, um semeador de idéias que encantava o público com seus discursos. Darcy Ribeiro o considerava “O homem mais inteligente e brilhante que eu conheci”.
GEOPOLÍTICA DA FOME
Era famoso nos EUA e Europa também como “advogado do Terceiro Mundo”, depois do sucesso do livro “Geopolítica da fome”. Em 1971, foi indicado pela segunda vez ao Prêmio Nobel da Paz. Em 1958, foi eleito deputado federal com 33.657 votos, o mais votado do PTB no Nordeste. Seu companheiro de chapa para deputado estadual era Francisco Julião, advogado e líder das Ligas Camponesas. E seria indicado para disputar o governo do Estado com apoio do ministro do Trabalho João Goulart.
Josué  foi um dos fundadores da Academia Nacional de Cultura junto com os amigos Mário de Andrade, Jorge Amado, Vinícius de Moraes, Anísio Teixeira, Cecíia Meireles, Cândido Portinari, Darcy Ribeiro, Oscar Niemeyer, Barbosa Lima Sobrinho, Celso Furtado, entre outros.
Quando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, liderou a Ação da Cidadania Contra e Fome, a Miséria e pela Vida, em 1992, teve a patente do pioneirismo de Josué de Castro. O ex-presidente da ABI Barbosa Lima Sobrinho, disse: “O Brasil tem duas cartas de descobrimento. A primeira é a de Pero Vaz de Caminha. A segunda é Geografia da Fome, de Josué de Castro.
Em 1955, visitou a URSS em plena guerra fria, e conseguiu a façanha de ser reconhecido, por seus estudos, tanto pelos soviéticos como pelos norte-americanos. Os países inimigos consagraram o estudo de Josué como fundamental para se pensar a existência da humanidade na mancha subdesenvolvida – como produto do desenvolvimento e a miséria na África, parte de Ásia e na América Latina. Na escola do MST, em Veranópolis (SP), os ensinamentos do sociólogo servem de base teórica para a organização do movimento dos sem-terra.
CASSADO NO AI-1
Logo após o golpe militar de 1964, Josué teve os direitos políticos cassados pelo Ato Institucional Nº 1 juntamente com Miguel Arraes, Leonel Brizola, Celso Furtado, Darcy Ribeiro e outros, considerados perigosos agentes do comunismo.
Seu crime: ter denunciado ao mundo a vergonha da fome como obra dos homens. Viveu exilado durante nove anos até a sua morte, aos 65 anos, em Paris. Quando o SNI autorizou a sua volta, em 28/9/1973,  Josué de Castro já estava morto desde o dia 24. Somente vestido de caixão, para lembrar os versos de João Cabral de Mello Neto sobre os camponeses pernambucanos, os militares permitiram a sua volta. Mas era um homem grande demais para caber em sete palmos de terra. Enquanto houver fome, latifúndio e subdesenvolvimento, ele estará vivo entre todos nós.
A morte do sociólogo da fome foi manchete nos jornais do Brasil, e nos principais jornais da Europa e Estados Unidos. E Josué havia confidenciado aos amigos no exílio parisiense, em 1973: “Não se morre só de enfarte, ou de glomero-nefrite crônica… morre-se também de saudade”.”

“Tribuna da Imprensa”, 30/09/2013)

setembro 25, 2013

José Eduardo Martins: Mestre do Piano & Benfeitor Solidário!


José Eduardo Martins: Mestre do Piano & Benfeitor Solidário!

No dia 26 de outubro, estará sendo realizado Recital de Piano, do consagrado pianista José Eduardo Martins, no Colégio Santa Marcelina, com a renda totalmente destinada à Vila dos Meninos Sagrada Família. Essa instituição beneficente, idealizada e criada pelo saudoso Bispo Diocesano, Dom Henrique Golland Trindade, foi inaugurada em 1966, mas desde o ano de 1952 é que começou o movimento a favor de sua construção. O projeto foi do consagrado Benedito Calixto e representa o que há de mais avançado para o abrigo de meninos desamparados.

NO TÚNEL DO TEMPO

E desde os seus primórdios encontramos as presenças de José Eduardo Martins e de seu irmão João Carlos Martins realizando concertos a favor dessa iniciativa de Dom Henrique. Fizeram, nesse mesmo Colégio Santa Marcelina, alguns concertos. A Família Gandra Martins era amiga do Bispo de Botucatu. Os dois irmãos ficavam hospedados por Dom Henrique. Isso no início e em meados da década de 1950! Nas vindas dos irmãos Gandra Martins a Botucatu, tinha também a presença de Ives Gandra Martins, hoje brilhante jurista, mestre respeitado e ex-Reitor da Universidade Mackenzie. José Eduardo é Professor Titular da USP, tendo dedicado a sua vida à música, com cursos no exterior onde recebeu homenagens, fez concertos e deixou seu nome gravado entre os grandes músicos. João Carlos Martins, já homenageado por este blog, além de mestre do piano, está se consagrando como Maestro voltado a inclusão social através da música em suas atuações por todo o Brasil. José Eduardo tinha sua preferência pela obra de Debussy, enquanto João Carlos tornou-se o maior conhecedor e divulgador da obra de Johann Sebastian Bach.
Eu Sou o Mestre do Meu Destino!
Importante o texto escrito pelo próprio José Eduardo Martins sobre a sua admiração por Dom Henrique:

“Em 1952, João Carlos e eu demos um recital na Igreja de São Francisco, no Largo do mesmo nome, em São Paulo. Era uma homenagem ao eminente prelado. Nos anos subsequentes, oferecíamos um recital no Colégio Santa Marcelina, em Botucatu, com a renda inteiramente destinada à Vila dos Meninos. Por várias vezes fomos passar alguns dias no Arcebispado da cidade e, orientados por Dom Henrique, apreciávamos, nos mínimos pormenores, a belíssima pintura de Henrique Oswald na ábside da Capela. Foi nosso padrinho de crisma. Em 1963, em Campinas, oficiaria o meu casamento com Regina.
Recordações tornam-se necessárias. Dom Henrique mostrava-me, em seu quarto, algumas imagens em madeira, a representarem S. Francisco. Chamou-me a atenção sua cama, uma larga tábua envernizada coberta por lençol e manta, sem qualquer colchão ou acolchoado. Perguntei-lhe o porquê. Disse-me que era o mínimo de penitência a ser feita. Indaguei-lhe certa vez a respeito da corrente e do crucifixo, assim como do anel de autoridade eclesiástica, todos em madeira, seus objetos pessoais de todos os dias. Respondeu-me que ouro ou pedras preciosas, comuns à alta hierarquia da Igreja, representavam ostentação. Em outra oportunidade, no início da década de 70, dera um recital em Botucatu e no dia seguinte, bem cedo, fui visitá-lo na Vila dos Meninos, onde há muito se recolhera. Econtrei-o ajoelhado, naquela manhã fria, a podar umas rosas. Tentei levantá-lo. Disse-me que estava bem. Perguntei ainda como se sentia, após a renúncia da arquidiocese muito tempo antes, a fim de cuidar de crianças desamparadas. Baixou o capuz e serenamente respondeu: “Enquanto eu tiver braços para levantar e louvar a Deus, estarei bem”.
Grande orador sacro, seus sermões não apenas cativavam pela profundidade dos ensinamentos, mas igualmente pelo vernáculo impecável. Escreveu vários livros, entre os quais Matt Talbot – O Operário Penitente (Petrópolis, Vozes, 1945, 181 págs.) e Os Nossos Pobres Contos (Petrópolis, Vozes, 1952, 171 págs). Para este Natal, lembrei-me de um conto de Dom Henrique inserido no segundo livro mencionado. Em 1954, nosso padrinho ofereceu-nos essas duas pequenas obras. Li-os, e muito ficou naquele fundo da memória reservado àquilo de que gostamos.
Telefonei à Editora Vozes e gentilmente aquiesceram no sentido da publicação on line de Velho Natal, um conto, entre centenas de outros, escritos por autores os mais díspares, divulgados pelo mundo e relativos ao evento máximo da cristandade. Porventura um dos mais simples e despojados, características essenciais da personalidade de Dom Henrique.”

LANÇAMENTO DE LIVRO

Nessa noite estará sendo realizado, após o concerto, o lançamento do livro “Botucatu – Notas Musicais”, da musicista, escritora e membro efetivo da Academia Botucatuense de Letras – ABL, Maria Amélia Blasi de Toledo Piza. Nesse livro, a autora traz toda a história da música em Botucatu, fruto de intensa pesquisa. A acadêmica Maria Amélia é a organizadora desse concerto musical no Colégio Santa Marcelina.

setembro 24, 2013

Festival Nacional do Saci - 2013 - Botucatu/SP

O Saci o que é?!?
Imagem extraída do Jornal acontecebotucatu.com

O SACI é nacionalmente conhecido. Figura expressiva do nosso folclore, teve em Câmara Cascudo um de seus mais importantes divulgadores. Pela Rede Globo de Televisão conheceu a fama por ser personagem de destaque do “SÍTIO DO PICAPAU AMARELO”, genial criação de Monteiro Lobato.

Em Botucatu, desde 2001 é promovido o FESTIVAL NACIONAL DO SACI, resultado da atuação da Associação Nacional dos Criadores de Sacis, presidida por Oswaldo Guimarães. Durante os Jogos Abertos do Interior (2005), realizados na cidade, com cerca de 70 mil visitantes, esse “esperto personagem” do nosso folclore teve a sua grande divulgação: foi o símbolo dos Jogos e teve uma aceitação muito boa.
Imagem extraída do Jornal acontecebotucatu.com

O Festival Nacional do Saci foi idealizado por um grupo de pessoas que fundaram a Associação Nacional dos Criadores de Sacis e contaram com o decidido apoio da Secretária Municipal do Turismo, à época comandada por Lúcia Peduti. Para esses “criadores” o folclórico personagem do Saci encontrou nas florestas da Cuesta de Botucatu o seu “habitat” natural.

Imortalizado por esses moradores - que fazem questão de dizer aos visitantes que os criam, o personagem ganhou essa Associação, com sede no município, evidentemente com o intuito de fomentar o folclore. Assim, a cidade de Botucatu passou a ser conhecida como a Capital Nacional do Saci.

Após breve período de interrupção, o FESTIVAL NACIONAL DO SACI voltou a ter sua programação oficializada, desde 2011, pelo Prefeitura Municipal, segundo o secretário municipal de turismo, Fred Pimentel.

Foi pela divulgação obtida na Rede Globo, através do programa da apresentadora Ana Maria Braga, que tem propriedade rural na região de Botucatu, que o personagem do SACI obteve grande repercussão por vagar pelas matas da região, já tão rica em “mistérios” famosos, como a Lenda das Três Pedras, sendo a Pedra do Meio em formato de um FALO, construída há milênios pelos adoradores do culto negro fálico (ver link no final do post).
FESTIVAL NACIONAL DO SACI – 2013 será realizado de 27 a 29 de setembro, na Praça da Catedral. A mudança do local deveu-se às reformas por que passa o Espaço Cultural “Dr. Antonio Gabriel Marão”.

Com início na sexta-feira, terá a apresentação de artistas, shows, praça da alimentação com culinária típica do Saci e do Lobisomem, artesanato do folclore local, expositores, recreação e brinquedos monitorados.