outubro 31, 2011

A Bandeira Queimada e a Democracia de Farda


A notícia correu o Brasil. Estudantes da USP revoltados com a ação da PM contra três colegas que fumavam maconha no campus, depredaram carros da polícia, invadiram prédio e colocaram fogo nas Bandeiras do Brasil e de São Paulo. O prédio invadido é o da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e está ocupado desde então. A mobilização foi dos estudantes ligados ao DCE com a ajuda do Sindicato dos Funcionários da USP.

Essa história está muito mal contada. O campus da USP, na Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira”, é hoje uma cidade com mais de 100 mil habitantes. A violência tem sido uma constante na USP: assaltos , estupros e até assassinato transformaram a vida na Cidade Universitária um verdadeiro terror. Era e é importante a presença da PM para dar segurança aos estudantes e a todos que circulam por ela. O mais estranho foi que uma das maiores faixas dizia:
“FORA PM DOS MORROS E DA USP”
Êpa! Aí tem coisa... FORA DOS MORROS?!? Que morros, ô cara pálida?!? Essa palavra de ordem mostrou a origem do movimento...


Estudantes colocam faixa de protesto (Foto: Evelson de Freitas/Agência Estado)

DEMOCRACIA DE FARDA NA USP

Uma das mais perfeitas definições para a ação policial contra baderneiros em um Estado Democrático é o uso da DEMOCRACIA DE UNIFORME! Exatamente, a DEMOCRACIA DE FARDA é que garante a liberdade de ir e vir e que protege as instituições governamentais, os serviços públicos e a população das ações daqueles que, bradando por liberdade, procuram ferir o Estado de Direito. A “PM, num regime democrático, é uma das manifestações da democracia de farda”, segundo o jornalista e blogueiro Reinaldo Azevedo.

E é a afirmação do Reinaldo Azevedo que ilustra bem a atual realidade da USP:
“O TRÁFICO NA USP É UMA ATIVIDADE MUITO RENTÁVEL. A PM no campus está atrapalhando os negócios. Acontece na universidade o que se dá no Morro do Alemão, no Rio. O narcotráfico está reagindo à presença da lei e estimula confrontos entre a polícia (naquele caso, Exército) e a população para que possam exercer o seu comércio sem ser molestados por ninguém. Como a universidade é uma espécie de “território livre”, o tráfico ali não servia apenas a consumidores locais; era um ponto de distribuição da mercadoria.”

BANDEIRAS DO BRASIL E PAULISTA SÃO QUEIMADAS


Bandeira queimada em frente a prédio ocupado pelos estudantes (Foto: Letícia Macedo/G1)

É o fim do fim do mundo. Queimar o símbolo nacional?!? Isso só ocorreu uma vez, em 1937, quando o Ditador Getúlio Vargas, após implantar o chamado ESTADO NOVO queimou, em praça pública, as Bandeiras de TODOS os Estados Brasileiros. Era o centralismo político, o fascismo caboclo que tentava destruir o civismo da Nação Brasileira. Agora, vem uns privilegiados, sim, porque estão estudando DE GRAÇA na MELHOR UNIVERSIDADE DO PAÍS queimar o símbolo nacional!

É o caso de reproduzirmos as palavras pesadas de Pedro Marangoni sobre esse triste episódio:
“Esqueçam os convênios de segurança, as rondas da Polícia Militar dentro do campus da Universidade de São Paulo. Chamem as mães e as liberem para dar umas palmadas nas róseas bundinhas dos idiotas imberbes que se julgam adultos diferenciados e com poder. Poder de quê? De comprar maconha com a mesada dos país?
Ontem entraram em crise histérica novamente, chilique coletivo porque a PM prendeu três estudantes encontrados com maconha dentro de um veículo. Por conta desta ação legítima dos representantes do Estado, o mesmo que paga o ensino aos estudantes, enfrentaram os policiais tentando impedir a prisão, apedrejaram e danificaram patrimônio público, feriram pessoas. Depois invadiram um prédio e lá estão, se sentindo heróis da resistência enquanto apenas estão repetindo o infantil ato de melindrar-se quando não ganham guloseimas e se trancam num quarto...”


O Reitor... Ah!...esse Reitor....


Aí é que pega a engrenagem...As Instituições, no regime democrático, precisam estar acima de qualquer suspeita. E, no caso da USP, a coisa está feia. Desde o Regime Militar que a USP não passava por tamanho constrangimento. Naquela época, o Reitor Gama e Silva, usou a Faculdade de Direito e a USP para fazer política e chegar ao Ministério da Justiça, onde realizou a maior perseguição seguida da cassação de mais de três dezenas de Docentes da USP (Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, Paulo Duarte e outros tantos brilhantes professores, MAS desafetos de Gama e Silva, acusados de comunistas). Pois agora, o Reitor Rodas, veio também da Faculdade de Direito (onde já foi declarado persona no grata), está na Reitoria, guindado a esses dois postos, por influência partidária, assim como Gama e Silva que só foi Diretor, Reitor e Ministro por “influência” do Regime Militar. E outra coincidência: Gama e Silva, depois de deixar o Poder, tentou voltar para a Faculdade de Direito e NÃO FOI ACEITO POR SEUS PARES!!!! Em outras palavras, foi considerado “persona non grata”!

(Diretoria, Corpo Docente, Centro Acadêmico XI de Agôsto decidem, no famoso Páteo das Arcadas do Largo de São Francisco (Fac. Direito/USP) : Reitor Rodas é "persona non grata!")

O REITOR A SERVIÇO DO PSDB

O Reitor nunca negou a sua ligação com o PSDB. A Reitoria da USP está sendo objeto de uma investigação pelo Ministério Público Estadual. É mantido em sigilo o Inquérito Civil 088/2011. Tem por objeto verificar a possível “violação aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, burla ao acesso de cargo mediante concurso público, lesão aos cofres públicos e improbidade administrativa”.
A investigação é levada a efeito pelo Promotor de Justiça Valter Foleto Santin, da Promotoria do Patrimônio Público e Social do MPE. Entre outros atos do Reitor João Grandino Rodas, estariam as nomeações para Procuradores da USP – sem concurso – de um seu assessor político e do filho da ex-reitora, Suely Vilela.

Outra ação política negativa que está repercutindo mal no meio acadêmico paulista é a promessa de Rodas de criar uma FACULDADE DE MEDICINA EM BAURU, cidade do presidente estadual do PSDB, o deputado Pedro Tobias. Mesmo sabendo que tem uma FACULDADE DE MEDICINA ESTADUAL na cidade de Botucatu (a 100 Km de Bauru) e mais duas FACULDADES DE MEDICINA ESTADUAIS nas cidades de Marília e São José do Rio Preto (100 km acima de Bauru). NÃO SE JUSTIFICANDO ESSA ATITUDE POLITIQUEIRA DO REITOR! Quer dizer, com esse Reitor TUDO FICA MAIS DIFÍCIL...

PALAVRA ABALISADA DE UM EX-REITOR da USP


O Governo do Estado tem que preservar a ordem e manter a segurança na USP. Nesse sentido, a importante palavra do ex-Reitor da USP, ex-Secretário da Educação de São Paulo e ex-Ministro da Educação, o prof. José Goldemberg. Em entrevista ao “Estadão”, de 30/10, sob o título de “Hoje, é a PM que garante a segurança da USP”, o conceituado prof . Goldemberg afirma:
“Isso é coisa que vem desde os anos 1970 e começou na Europa. A idéia é que a universidade é um território livre, tem de haver liberdade de pensamento, onde é possível discutir de idéias marxistas a religião. Durante o governo militar, essa rejeição à polícia se tornou muito aguda aqui (na USP)...Muitos reitores tentaram evitar essa presença. E isso foi adiante (após o fim do regime). Eu mesmo, como reitor, tive de impedir a presença da PM. Havia maus tratos contra alunos, até casos de tortura.” E perguntado se essa realidade ainda existe nos dias de hoje, é enfático: “Não, pelo contrário. Hoje, dado o clima de insegurança, é a presença da PM que garante a segurança física dos alunos. À noite, a USP é um lugar muito perigoso. Estavam ocorrendo muitos assaltos, houve até a morte de um aluno. Agora, estão trocando a iluminação para trazer mais segurança.” E perguntado o por quê dessa reação contrária aos policiais, destaca o professor Goldemberg: “Muita gente se aproveita da ausência da polícia para práticas que não tem a ver com discussão política. Droga, pela legislação, é uma atividade criminosa. Há quem queira descriminalizar (a maconha). E essa discussão deve acontecer também na universidade. Mas não se pode reivindicar a saída da PM do campus para poder praticar crimes. Pela legislação, repito, maconha é crime. Uma pessoa drogada perturba as atividades do campus. Não se pode usar a descriminalização como bandeira para retirar a PM daqui. Pode-se discutir.” E conclui: “Não. Nós lutamos muito para haver liberdade de pensamento e ela existe dentro do campus. Misturar as duas coisas não é correto.”



5 comentários:

Delmanto disse...

A crise na USP guarda uma gravidade gigantesca. Vamos aos fatos:
1- Baderneiros travestidos de “estudantes” se revoltam contra a ação da PM que prende em flagrante 3 estudantes portando e fumando maconha. Fazem quebra-quebra, danificam veículos, invadem e tomam o prédio da USP. Não contentes, colocam fogo nas Bandeiras de São Paulo e do do Brasil!!!
2- Em uma das faixas o resumo claro de tudo: “Fora PM dos Morros e da USP”!!! O narcotráfico “escorregou” nessa... Entregou o jogo!
3- Nas palavras do prof. Goldemberg a postura de todos nós que temos alguma ligação com a USP: “Mas não se pode reivindicar a saída da PM do campus para poder praticar crimes. Pela legislação, repito, maconha é crime. Uma pessoa drogada pertuba as atividades do campus. Não se pode usar a descriminalização como bandeira para retirar a PM daqui. Pode-se discutir. Não. Nós lutamos muito para haver liberdade de pensamento e ela existe dentro do campus. Misturar as duas coisas não é correto.”

Ao mesmo tempo, como forma de agravamento da crise, vemos na Reitoria da Maior e Melhor UNIVERSIDADE do país, a USP, um Reitor com um perfil carreirista, fazendo, às claras, a política do PSDB que governa o Estado. ERRADO! O Reitor deve, SIM, fazer política, MAS só a política da Instituição (USP) isenta do partidarismo que destrói os mais sólidos argumentos e derruba o respeito e mancha o prestígio de uma Instituição Paulista – a UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO! – que é orgulho de todo o Brasil.

E essa postura do Reitor da USP, vimos repetida por algumas Faculdades e Universidades Públicas, pelo interior do Estado, com seus dirigentes, claramente, participando e apoiando candidatos do PSDB. Isso é de tal gravidade que deve, que PRECISA ser MUDADO COM URGÊNCIA, restaurando a autonomia universitária e o seu prestígio acadêmico.
Espera-se do Governo do Estado, em que pese ser do PSDB, a tomada de posição para coibir posturas subservientes e que denigrem a Autonomia Universitária.
Que se restabeleça a SEGURANÇA NA USP com a PM zelando pelo patrimônio e pela vida dos estudantes e de todos que precisam ou circulem pela Cidade Universitária.
A DEMOCRACIA DE FARDA é a garantia do Estado de Direito!

Anônimo disse...

Prezado Delmanto. É de estarrecer. Atos simbólicos dizem muito. É típico dos países orientais islâmicos pisar nos retratos de seus tiranos vencidos. Queimar uma bandeira considerada inimiga também. Mas cidadãos de um país queimar a bandeira de seu próprio país... Isso só seria em parte inteligível quando se quer advogar uma espécie de cosmopolitismo segundo o qual o ser humano não deveria ter pátria, pátria dele seria o mundo todo. Mas mesmo os bolchevistas, quando fizeram a revolução socialista na Rússia, desfraldaram uma bandeira... russa. Isso mostra que o assunto foge bem do âmbito político, eis que a juventude dos anos sessenta fazia suas badernas, mas havia uma motivação política, e carregavam bandeiras brasileiras, fossem direitistas ou esquerdistas. E quando a coisa foge do idealismo político e mesmo assim quer passar essa motivação, fica claro que trata-se de anarquismo no mais primitivo sentido. Os baderneiros sabem muito bem de que lado estão. A eles não interessa o coletivo, como os depredadores de pomares em fazendas produtivas (MST) como vimos não faz muito tempo. Interessa a eles a vantagem imediatista de grupelhos sem visão de nacionalismo sadio. No caso em questão então, isso é um gravíssimo sintoma de que parte alarmante da juventude (os que deveriam ser sadiamente nacionalistas e politizados) fazem o jogo dos corruptos, em função de seus interesses imediatistas e viciosos. Vamos contar agora com quem? Se a esperança da Nação, que são os jovens, demonstram esse tipo extremista de comportamento? Sempre achei que o esporte sadio lhes seria a motivação para crescer interna e externamente, por isso olhei feliz para a quase utópica sediação brasileira das olímpiadas e da copa. Mas com essa demonstração daqueles que deveriam ser a nata da juventude (os estudantes esclarecidos) creio que pouca diferença isso fará. É urgente que o povo acorde e faça surgir uma justiça atuante, através de um Estado democrático no bom sentido, e por isso mesmo, forte. Sebastião (jspmendes@hotmail.com)

Anônimo disse...

Olá, Delmanto.
Inforpaulo comentou a notícia A Bandeira Queimada e a Democracia de Farda.

Comentário:
Viva Delmanto.
Como você descreveu no seu Blog, isso é um reflexo do que está por cima, em que a Reitoria da USP está sendo objeto de uma investigação pelo Ministério Público Estadual

Um abraço

Responda e leia mais no endereço http://www.dihitt.com.br/meu_conteudo#n=a-bandeira-queimada-e-a-democracia-de-farda&c=1420086

Anônimo disse...

Olha, Delmanto, esse reitor Rodas é mesmo vinculado ao PSDB. E o atual presidente estadual desse partido é o deputado estadual Pedro Tobias. Você acredita que ele, que é médico formado no Brasil e que aqui vive há muito tempo, faz questão de falar como qualquer descendente de árabe recém chegado ao país? Fala tudo errado, num verdadeiro desrespeito ao Brasil e à língua portuguesa. Pois não é que o Papa quando veio ao Brasil – em respeito à língua portuguesa e aos brasileiros – falou quase sem sotaque. E esse “brimo” de Bauru quer fazer politicagem aproveitando a fraqueza de um reitor submisso aos Tucanos! Tenha a santa paciência! O Governo do Estado precisa tomar cuidado. Acho que por estarem há tanto tempo na chefia do Governo Estadual, os dirigentes perderam a noção dos limites. A Universidade precisa ser respeitada, em sua autonomia e em sua tradição. É vergonhoso!
(carla.bueno2011@bol.com.br)

Anônimo disse...

Falha técnica! Põe falha técnica nessa “furada”! Como é? “Fora PM Assassina dos Morros e da USP”...rsrsrs Vai ter gente pagando caro pelo “burrice”! Entregaram o ouro. O mandante dessa “bagunça sem causa” é o NARCOTRÁFICO!!!
Dá pra imaginar a “mamata” que era ter um grande ponto de distribuição na Cidade Universitária: mais de 100 mil pessoas e absoluta IMPUNIDADE e, de repente, passa a ter PM fiscalizando e pegando o pessoal fumando (pacau, baseado, crack) e distribuindo...
Essa mamata dos traficantes vai acabar e a “moleca mula” vai ter que se virar para fumar o seu...rsrsrs Essa é pra ninguém esquecer. (luisroberto-souza@yahoo.com.br)

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