outubro 14, 2011

Pátria Madrasta Vil


"A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável."
MAHATMA GANDHI


Simplesmente sensacional! Vamos divulgar neste post a redação de Clarice Zeitel Vianna Silva, vencedora de concurso nacional. Vamos lá:

"Como Vencer a Pobreza e a desigualdade"
REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES

Imperdível para amantes da língua portuguesa, e claro também para Professores. Isso é o que eu chamo de jeito mágico de juntar palavras simples para formar belas frases.

Tema:'Como vencer a pobreza e a desigualdade'
Por Clarice Zeitel Vianna Silva
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ

'PÁTRIA MADRASTA VIL'


Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência. .. Exagero de escassez... Contraditórios? ? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições.

Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.

A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição!

É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.

Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso?

Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos.
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?

Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários.
Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma redação sobre 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'


A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.

Favor divulguem, aos poucos iremos acordar este "Brasil".

6 comentários:

Anônimo disse...

Sou professora e essa redação me impressionou muito. Esse é o pensamento de grande parte dos jovens que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho. E estão assustados e revoltados. A falta total de perspectivas profissionais. As industrias brasileiras estão paralisadas, salvo uma ou outra. O mercado de trabalho tem dado espaço para a área de prestação de serviços, mas para atividades profissionais, quase nada. Espero que essa boa repercussão de uma redação de uma jovem sirva para que as nossas autoridades acordem para esse grave problema e que atinge as três esferas de governo: a federal, a estadual e a municipal. Com a soma de esforços de todos, o país é quem lucrará e a nossa juventude poderá falar de sua “mãe gentil”!
(mariceiaoliveira@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Interessante e bem focada essa interpretação da jornalista Eliane Catanhede (Folha, 14/10). Vejam só:
“Quem conhece bem Brasília sabe o quanto é difícil colocar 20 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios em pleno feriado. O movimento é quase espontâneo. Começou com anônimos indignados com a roubalheira de dinheiro público, foi alimentado pelas redes sociais e está virando o que está virando sem participação de partidos, de sindicatos e de entidades como, digamos, a nova UNE. As pessoas carregam vassouras, fantasiam-se de presidiários e usam batas pretas, máscaras e narizes de palhaços. O conteúdo é sério, a forma é alegre. Quase um Carnaval pela ética e contra os corruptos”.
Os jornalistas assalariados e que estão “mamando” no governo federal, costumam dizer que tudo é um movimento de uma “multidãozinha”... Essa jornalista é tarimbada e conceituada por suas análises sérias e isentas. Acho que é bom esse pessoal ir se acostumando porque vem chumbo grosso por aí. Quem lembra das Diretas Já, sabe que tudo começou pequeno, de forma pontual e nas cidades mais politizadas do país. De repente...bimba! A coisa se espalhou pelo país todo e deu no que deu...
A luta contra a CORRUPÇÃO e a IMPUNIDADE será vitoriosa. Cabeças rolarão e canalhas sumirão...rsrsrs(pinto.rodolfo28@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Olá, Delmanto.
Expedito comentou a notícia "A Presidente olha, lê e responde!"..

Comentário:
Venho acompanhando suas postagens e vejo coerência em seus textos. Escrever sobre política exige esta virtude e também muito desprendimento. Abraços!

Responda e leia mais no endereço http://www.dihitt.com.br/meu_conteudo#n=a-presidente-olha-le-e-responde&c=1404333

Delmanto disse...

Salve, Expedito. Obrigado por estar acompanhando o nosso trabalho. Ninguém é dono da verdade e nem nós pretendemos ser, mas o exercício da cidadania é sempre positivo. Como este post e o seu comentário. Grande abraço. Delmanto

Anônimo disse...

Prezado Armando, este texto infeliz dessa moça foi ao ar em setembro do ano de 2008, e eu o aproveitei, já que estava em domínio público, como ilustração de minha tese de posse na Academia Bot. de Letras, em 31-10-208. O que ela diz é verdade? É claro que é. Mas foi uma péssima imagem que ela passou ao exterior, de que os brasileiros têm vergonha e até ódio de sua própria pátria. A moça, que nem sabe quando foi a abolição da escravatura, porque a coloca a 200 anos atrás, acha que fez uma "redação exemplar", sugirida por muitos como modelo de bem escrever. Pois bem, ela confunde Pátria com os calhordas que enlamearam o Brasil. Mostra que a juventude não tem um mínimo de orgulho pátrio, ela pisa nos símbolos e faz trocadilho com o nome de Brasil. É nesse nível que está a mentalidade da juventude brasileira, se é que ela pode ser avaliada por essa moça. E o pior é que recebeu prêmio por isso. A unesco premiou a melhor "redação"! É lamentavel, não sei porque essa palhaçada ainda é veiculada pela internet, se já foi ao ar há mais de três anos atrás! O assunto de minha tese foi justamente o patriotismo e a auto-estima que nos falta. Não é culpando o símbolo pátrio, que vamos resolver os nossos problemas. É no mínimo conscientizando a juventude de que deve promover a limpeza do país. Afinal a Pátria somos nós, e temos que ter um sentimento de Nação, algo a ser respeitado e não achincalhado no exterior. "Vejam o que eles pensam deles mesmos!" deve ser o comentário lá fora. Repito, tudo o que ela disse é verdade, mas o disse de uma maneira imbecil.
Abraço, Tião . (jspmendes@hotmail.com)

Delmanto disse...

Valeu, Sebastião. Nada como o debate das idéias. Ao lado do texto dessa estudante está o seu, com firmeza e com intensidade. E você é claro:

“O que ela diz é verdade? É claro que é. Mas foi uma péssima imagem que ela passou ao exterior, de que os brasileiros têm vergonha e até ódio de sua própria pátria.”

O que sobra do confronto dos dois textos é uma verdade chocante, acachapante: se o texto original é de 2008, NÓS estamos permitindo que essa verdade exista, talvez com maior intensidade, há quase 5 anos depois.
Por isso é tão importante que a sociedade organizada reaja e faça a higienização política necessária. E para que a ONDA DEMOCRÁTICA que está mobilizando a Nação contra a CORRUPÇÃO e a IMPUNIDADE cresça cada vez mais é preciso que os Clubes de Serviço, as Escolas, as Associações de Classe, as ONGs, a Igreja, a Maçonaria, enfim, que a comunidade faça essa realidade , essa “verdade” mudar completamente.
O silêncio dos órgãos de imprensa, a classe política omissa e conivente, a esquerda pulha e a direita adesista só nos submete a ter que enfrentar essa “verdade” a todo tempo, MESMO que não seja através da redação dessa estudante. Afinal essa “verdade” está clara para quem quiser ver, mesmo distante, mesmo de outro país. É VERGONHOSO!
Com orgulho da Pátria, mas com a CORAGEM DOS JUSTOS, vamos expulsar do templo esses vendilhões da Pátria!
Grande abraço e obrigado pelo comentário,
Delmanto

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