março 08, 2012

Celso dos Mil Erros

- artigo de Arthur Virgílio -

             CELSO DOS MIL ERROS
                                   *ARTHUR VIRGÍLIO
Lisboa – O Embaixador Celso Amorim, Ministro da Defesa do governo Dilma Rousseff, errou redondamente ao anunciar que puniria, por indisciplina, os militares da reserva que, em manifesto, criticaram o governo. Antes de mais nada, deixo bem claro que sou terminantemente contrário à manifestação pública de militares da ativa. E, como democrata, obediente às leis do meu país, nada tenho contra a manifestação pública de militares da reserva.
No primeiro caso, sou contra porque feriria um princípio básico da disciplina militar: a crítica à Presidente, que é, por quatro anos, comandante-em-chefe das Forças Armadas. Já os da reserva, sem tropa, sem comando, sem armas, viram cidadãos comuns, aos quais não deve ser negado o direito de opinião política.
Não está em jogo aqui se concordo, ou não, com o que escreveram no manifesto, mas sim a inegável prerrogativa que a lei lhes assegura de dizer o que pensam abertamente. Criticaram Sarney, Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula. Por que não poderiam criticar Dilma?
Celso Amorim foi longe demais. O manifesto, que nasceu pequeno, já reúne milhares de assinaturas de militares e civis. Foi longe para, depois, recuar: “os chefes militares decidirão se deve haver punição”.
Está cansado de saber que não haverá punição nenhuma e que, se houvesse, ela seria derrubada nos tribunais. A única coisa que conseguiu com a “valentia” foi perder um naco de sua autoridade para os próprios chefes das três forças. E expôs faceta autoritária do governo que aí está.
Impressionante é que o Celso “esquerdista” de hoje serviu com desenvoltura à ditadura militar, presidindo a Embrafilme. Naquela época, quem falava grosso era o militar da ativa. Alguns, como eu próprio e tantos outros, íamos às ruas em luta pela redemocratização. Ele, exatamente como faz hoje com o petismo, limitava-se a aplaudir e obedecer.
Antes, curvava-se aos militares da ativa; hoje, gostaria de poder silenciar os da reserva, que têm amparo legal para falar livremente. A “competência” para servir ao poder é a mesma de sempre. Afinal, foi quem primeiro chamou o então Presidente Lula de “nosso guia”. Na Rússia stalinista, denominavam o ditador sanguinário de “guia genial dos povos”. Mas aí a culpa não é do Celso, que nem nascido era e, portanto, não conheceu Stálin e nem serviu ao seu governo.
Lembro-me do “King Kong” internacional que fez Lula passar, induzindo-o, junto com a Turquia e à revelia das grandes potências, a “negociar” limites para o programa nuclear iraniano. Não houve quem levasse a sério a “armação”. Nem o próprio Irã, que queria, a todo custo, sair do isolamento e encontrou incautos, dizendo acreditar em suas intenções “pacíficas”.
Celso dos mil erros. Como Ministro da Defesa, já levou o primeiro puxão de orelha dos militares da reserva. Tomara que seja o último.
*Diplomata, foi líder do PSDB no Senado

4 comentários:

Delmanto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

O jornalista e blogueiro, Reinaldo Azevedo, chama o ex-ministro Celso Amorim de “Megalonanico”. Esse Celso Amorim que hoje é o Ministro da Defesa por indicação do Lula, ficou famoso como membro dos “TRAPALHÕES DA POLÍTICA EXTERNA” juntamente com o assessor “jurássico” Marco Aurélio Garcia (famoso pelo gesto obsceno do “top-top”). Pois não é que o “Megalonanico” voltou à cena com essa postura “stalinista” e burra contra os militares da reserva? E a lembrança de que ele foi um atuante “cupincha” da Ditadura Militar é importante. Faz ter valor aquele ditado: “quem nasceu para “borra-botas”nunca a chega...”
(bastosgustavo@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Muito importante esse posicionamento do ex-senador Arthur Virgílio. Aliás, muita postura vem sendo disseminada contra os militares. É preciso um maior respeito. Já foi dito, e com acerto, que a DEMOCRACIA DE FARDA é a garantia da própria DEMOCRACIA. Isso quer dizer que as Forças Armadas representam a garantia da manutenção da ordem no país e das liberdades e garantias constitucionais. As Forças Armadas representam, sim, a DEMOCRACIA DE FARDA!
A quantidade de “PENSÕES” para os “torturados” pelo Regime Militar é uma vergonha! Virou uma “fábrica” de heróis. Se houvessem tantos militantes como temos de “pensionistas da ditadura”, eles teriam vencido e tomado o Poder... E, agora, vem esse Celso Amorim alimentar uma posição “ditatorial” contra os militares da reserva!
A presidente Dilma precisa colocar “rédea curta” em seus ministros, já que tem que engolir as indicações políticas!(haroldo.leao@hotmail.com)

Paulo Pitaluga disse...

Como até já mandei para a coluna do Leitor da Veja: Esse Celso Amorim é o que há de mais avançado em matéria de atraso. Paulo Pitaluga
ppitalug@terra.com.br

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