novembro 11, 2013

O jornal impresso NÃO precisa sobreviver?!?

O jornal impresso NÃO precisa sobreviver?!?
“Eu sempre acreditei que até a democratização dos meios de comunicação seria uma luta política. Acabei descobrindo que se tornou uma conquista tecnológica. Hoje, todo mundo pode ser o seu próprio Roberto Marinho...”Fernando Morais – jornalista e escritor.

A Revolução da Informação promete muitas novidades para o futuro. Hoje, podemos ler os principais jornais do país em casa em nosso Ipad, Notebook ou em nosso PC...
Essa democratização da informação, esse acesso ilimitado do leitor às suas fontes preferidas de informação é algo inimaginável há alguns anos... Da mesma forma, os sites e os blogs representam uma democratização efetiva do jornalismo, fazendo com que a frase genial do jornalista e escritor Fernando Morais se transformasse na CHANCELA, na MARCA da NOVA MÍDIA que surgiu em nossa ALDEIA GLOBAL!
Jornalismo Artesanal: Jubileu de Ouro!/leia aqui
A entrevista do Caio Túlio Costa, pioneiro no controle de qualidade do jornalismo e na interação on-line com os leitores é muito importante e nos mostra, com precisão, o que será e o que se esperar do jornalismo no futuro.


ENTREVISTA / CAIO TÚLIO COSTA
‘O jornal impresso não precisa sobreviver’
Por Eder Fonseca em 05/11/2013 na edição 771
Reproduzido do Panorama Mercantil, 30/10/2013

Caio Túlio Costa, nasceu na cidade mineira de Alfenas em 1954. Jornalista, professor, doutor em Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da USP, executivo na área de comunicação digital e Visiting Research Fellow na Columbia University Graduate School of Journalism, em Nova York. Caio
Túlio trabalhou durante 21 anos no jornal Folha de S. Paulo onde foi editor, secretário de redação, correspondente na Europa, baseado em Paris, diretor de revistas e pioneiro nos investimentos do jornal em internet. Ainda na Folha, foi escolhido o primeiro ombudsman da imprensa brasileira. Em maio de 2006 assumiu o cargo de presidente do Internet Group, braço de internet da Brasil Telecom, que controlava os portais e provedores iG, iBest e BrTurbo. Deixou o iG em janeiro de 2009 depois que a empresa foi adquirida pela Oi.
Para o Panorama Mercantil, o jornalista afirma que a data mais provável para o fim dos jornais impressos é 2044.
O senhor acredita que 2027 seja mesmo a data da morte dos jornais impressos?
Caio Túlio Costa – Absolutamente não. A data mais provável é 2044.
Muitos jornalistas dizem que a função do jornal hoje é mais analítica. Mas se uma empresa online fizer esse papel com qualidade e competência, qual será a saída para o impresso sobreviver?
C.T.C – O jornalismo se faz em qualquer meio de comunicação, seja online ou offline, eletrônico ou impresso. Uma das funções do jornalismo, além de noticiar, é mesmo analisar, comentar, ilustrar, didatizar, vulgarizar (no bom sentido). Isto pode ser feito em qualquer suporte. O jornal impresso não precisa, necessariamente, sobreviver. O que precisa e vai sobreviver, porque a sociedade necessita desta mediação, é o jornalismo. Um jornalismo independente, abrangente, crítico em relação aos centros de poder – políticos ou econômicos. Não importa qual suporte o abrigue.
Por que a mídia tem tanta dificuldade de debater a própria mídia e seus excessos?
C.T.C – Tem mesmo? Esta entrevista não está fazendo isso? O seu site não é mídia? Você já viu oObservatório da Imprensa? A Folha não tem ombudsman para analisar seus excessos? Por que esta generalização? – pergunto eu.
Como um dos criadores do UOL, o maior portal do Brasil, acredita que será a internet depois da web 2.0?
C.T.C – Considero limitadora a definição de web 2.0. O meio digital vai continuar crescendo e criando inúmeras oportunidades de publicação e de interação. Basta ficar atento e acompanhar a evolução tecnológica, seja como consumidor passivo seja como desenvolvedor – mas disposto a investir. Qualquer empresa, instituição ou indivíduo que estiver atento, focado e disposto a investir, tem tudo para se dar bem no meio digital.
Na França, todos que acompanham a mídia de uma forma geral, sabem que o jornal Le Mondeé de centro-esquerda e o Le Figaroé conservador. Por que, no Brasil, os grandes veículos ainda tem tanta dificuldade de falar que tem um lado, sobretudo um lado político?
C.T.C – No Brasil todos leitores sabem que a Folha é mais liberal, que o Estadão é conservador, que a Vejaé conservadora, que a Carta Capital é de esquerda. Não procede a sua dúvida.
Qual seria o limite do jornalista na busca de informações, ou desde que essa busca seja legal, não existe limites?
C.T.C – Escrevi um livro inteiro para tentar dar conta disso, o Ética, Jornalismo e Nova Mídia – Uma moral provisória. Receio não ter dado conta. Os limites são os limites morais, e eles deveriam ser muito mais fortes do que os legais.
Muito se tem falado nos últimos anos, sobre o controle social da mídia. Como enxerga esse tema?
C.T.C – Acho que já existe este controle. Um jornal, uma revista, uma rádio ou um canal de TV estão sempre sob controle social. Quando alguém deixa de comprar um jornal ou muda o canal de TV está realizando este controle, está tirando o mandato que deu ao veículo para informá-lo. O que se tentou, ou se tenta fazer no Brasil, é o controle ideológico da mídia, o que é inaceitável e contrário à liberdade de expressão.
Existe liberdade de imprensa no país, ou isso é um privilégio apenas dos donos dos veículos de comunicação?
C.T.C – Este seu site de entrevistas é uma resposta para isso. Você não tem liberdade de imprensa para entrevistar e publicar o que acha relevante? Se não houvesse liberdade de imprensa isso seria possível? É claro que existe plena liberdade de imprensa no Brasil e a proliferação de sites, blogs e posts nas redes sociais são provas contínuas disso. Há exceções? Há juízes que censuram a imprensa? Previamente até? Há. Mas há mecanismos jurídicos para contestar isto e ser contestado.
O que deve ser feito para que tenhamos uma imprensa alternativa pujante no país?
C.T.C – É só ter quem tenha vontade de fazê-la. Há fenômenos midiáticos – como o Mídia NINJA, por exemplo – que se encaixam numa ideia de modelo alternativo. A web é um celeiro para isso. Basta querer fazer. Tem muito blogueiro alternativo por aí.
Muitos profissionais diplomados criticam veementemente e até desmerecem quem não tem um diploma de jornalismo. Afinal, o jornalista precisa ter diploma para exercer a sua atividade?
C.T.C – Não necessariamente. Mas se tiver um diploma universitário, qualquer um, vai estar – teoricamente – mais preparado do que quem não o tem. O jornalismo é um ofício e, enquanto tal, quanto mais preparada estiver a pessoa para exercer este ofício, melhor.
A jornalista Suzana Singer nos disse que o jornalismo colaborativo não substituirá o tradicional. O senhor concorda com ela, ou acredita em algo que possa juntar essas duas formas de comunicação?
C.T.C – Falsa questão. O jornalismo passa por transformações. Não há oposição nestes dois pontos. Nem necessariamente eles precisam andar juntos.
***
Eder Fonseca é jornalista, diretor-executivo do Panorama Mercantil
(do "Observatório da Imprensa", 11/11/2013)

7 comentários:

Anônimo disse...

Presenciei várias vezes a feitura de jornal em minha cidade, Ribeirão Preto. Naquela época, era o linotipo. Não dá para quem não conheceu imaginar o que eram aquelas máquinas gigantescas, o jumbo quente derretido para a composição das “linhas” do texto, e a impressão com todo aquele material pesado e graxa pra todo lado...Hoje é “facinho” fazer jornal. Houve, sem dúvida nenhuma, a democratização da comunicação. E mais barato, também. Então, não é que o Fernando Morais está com a razão: hoje, qualquer um, com disposição e criatividade, pode ser o seu próprio Roberto Marinho, ou seja, pode ter o seu veículo de comunicação, virtual que seja. Acredito que essa revolução da comunicação não vá parar por aqui. Muita inovação e criatividade virão para democratizar ainda mais as comunicações e facilitar a união dos povos. É um mundo melhor que todos nós almejamos. Parabéns por seu trabalho inédito nas comparações, na adaptação do layout dos veículos mais avançados para a sua jornada jornalística no interior. É pra ler e pra guardar. (haroldo-leao@hotmail.com)

Delmanto disse...

Salve, Leão. Falou o que é certo. Li, no Observatório da Imprensa o Alberto Dines
reclamando que um universitário, no 4º ano de jornalismo, não sabia qual a função de um linotipista, você acredita?
Era um profissional fundamental para aquela fase da produção de jornais. E também o impressor...
E tudo mudou da água pro vinho. A facildade é gigantesca e isso só pode somar para a democratização da notícia e do jornalismo.
Vamos torcer para que tudo continue nessa somatória positiva dessa tecnologia da nova mídia virtual. Grande abraço,
Delmanto

Anônimo disse...

Além dos grandes jornais tradicionais que estão sentindo essa mudança e procurando uma adaptação que permita a sobrevivência. Existem por todo o interiorizão deste Brasil, os pequenos jornais, sendo que a grande maioria é viciada no “mamar nas gordas tetas do Poder Público...”
São os famosos “jornais chapa branca” que surgem e se mantém por longos anos grudados nas “gordas tetas” das Prefeituras Municipais. Alguns, depois de tanto tempo, até conseguem caminhar com as próprias pernas. Mas são, invariavelmente, jornais sem “curriculum vitae”, ou melhor, a “fotografia” deles mostra muito bem o “rabo preso”.
Mas é como diria aquele outro da TV: “Faz parte”... Só esperamos que a coisa mude com o tempo. E as comunidades possam ter veículos informativos com a independência necessária para valorizar o papel da imprensa na construção da cidadania. Tamos de olho!!!
(jair.castro66@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

É importante que se leia com atenção o que escreveu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, vejam este trecho:
“Pois bem, a imensa maioria destes grupos – sem excluir as camadas de trabalhadores urbanos já integrados ao mercado capitalista – está ausente do jogo político-partidário, mas não desconectada das redes de internet, Facebook, YouTube, Twitter, etc. É a estes que as oposições devem dirigir suas mensagens prioritariamente, sobretudo no período entre as eleições, quando os partidos falam para si mesmo, no Congresso e nos governos. Se houver ousadia, os partidos de oposição podem organizar-se pelos meios eletrônicos, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates verdadeiros sobre os temas de interesse dessas camadas”
O que ele propõe é uma nova forma de fazer política. Os militantes partidários terão que sair das sedes do partido e partir para a nova realidade da comunicação global (internet, facebook, Orkut, twiter, blogs, noticiário na rede, etc). O mundo está mudando e nós temos que mudar também. E ousar. Deixe o pessoal do PT “mamando nas gordas tetas”, dando bolsa família e partamos para o trabalho político que dá resultado. É só ver o que está acontecendo no mundo! Acontecerá aqui, também. Parabéns FHC, até que enfim!!!
(maria-de-lourdes2004@hotmail.com)

Anônimo disse...

Caro Delmanto,
Primeiro é um privilégio ser parceiro do amigo em qualquer empreitada. Ainda melhor em uma cruzada democrática. Tens razão, muitas vozes juntas, com propósitos "limpos" podem fazer diferença.
Grande abraço.
Aluísio. Aluísio Batista Lima Filho (bemestarsaudeenutricao.blogspot.com)

Anônimo disse...

Marlene Caminhoto Nassa (Facebook); saudades do grande amigo Fernando Morais... apresentação nossa a você... Bons tempos, Armando Moraes Delmanto... bjs

Anônimo disse...

Marlene Caminhoto Nassa (Facebook): Prefacia seu belo livro Constituinte, Armando Moraes Delmanto! Tive a honra de estar presente no lançamento... 1981... bons tempos de lutas políticas... Parabéns.

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