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Quando se comemora os 80 Anos (1934/2014) da Fundação da melhor e mais importante universidade brasileira (USP), vamos buscar a manifestação de dois expoentes da intelectualidade brasileira: o ex-presidente da república, Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro da saúde, Adib Jatene:
“A USP foi criada há 80 anos em um momento no qual o Brasil se renovava, mas ainda havia muita incerteza sobre nossa capacidade para enfrentar os desafios do mundo. Na ocasião, as camadas dirigentes de São Paulo, que haviam perdido sua luta para consolidar os avanços democráticos no plano nacional, reagiram criando uma instituição de ensino superior que preparasse as gerações futuras para os grandes desafios do desenvolvimento do País. Em consonância com a atitude moderna e destemida que o momento requeria, a USP iniciou seus passos abrindo-se ao mundo, sem preconceitos provincianos. Assim, buscou os melhores professores europeus para ajudarem, junto com o que de melhor havia em SP, a revolucionar as práticas de ensino e pesquisa. Foi graças a esse espírito pioneiro que a universidade conseguiu ser o que é até hoje: tanto um local onde se preserva o saber, como uma fonte de inovação. Para que essa característica se mantenha, a USP precisa continuar aberta socialmente, incluindo cada vez mais as novas camadas sociais, sem perder o sentido do mérito e da inovação. Estes requerem competição e abertura de espírito, sem temor dos influxos intelectuais vindos de outras universidades brasileiras ou estrangeiras." Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e cientista político, ex-ministro da Fazenda e das Relações Exteriores e presidente do Brasil entre 1995 e 2002. graduado em 1952, começou a lecionar lá na mesma década
“Foi na Faculdade de Medicina da USP, junto à equipe do prof. Zerbini, que eu fiz toda a minha capacitação em cirurgia cardíaca. Se tenho algum mérito, eu o devo à USP”
Adib Jatene, ex-ministro da Saúde e diretor-geral do HCOR; Formando em 1953
("Estadão" - 24/01/2014)
REGISTRO HISTÓRICO DA USP
"A Universidade cria as elites. E a crise brasileira não é popular, mas das classes superiores; não é das massas, mas dos que devem dirigi-las e não se acham preparados, nem conjugados para lhes imprimir direção...
São Paulo compreendeu isso e vai iniciar a grande marcha. A Universidade que estamos fundando, servida por especialistas eminentes, vai formar e disciplinar para a vida pública, para as necessidades de sua política e de sua ciência, a primeira geração homogênea, depois da República..." (12)
Armando de Salles Oliveira
O cenário da educação brasileira, em 1934, não era dos melhores. Já possuía, isoladamente, escolas superiores de qualidade, mas eram unidades de ensino estanques, isoladas e que não se comunicavam entre si. O Governo Federal criara, em 1920, a Universidade do Rio de Janeiro, mas não efetivara a sua instalação. Só no papel é que existia a Universidade. O Brasil era, de fato, no ano de 1934, um dos únicos países da América a não possuir uma Universidade.
A USP foi criada por Armando de Salles Oliveira, através do Decreto Estadual nº 6.283, de 25/01/1934, tendo como seu primeiro Reitor, o prof. Reynaldo Porchat, da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
O fundador da USP sabia da importância dessa iniciativa. Incentivado e apoiado por seu cunhado, Júlio de Mesquita Filho, e por uma plêiade de idealistas, com destaque para Paulo Duarte, Benedicto Montenegro, Cantídio de Moura Campos, Waldemar Ferreira, Teodoro Ramos, André Dreyfus, Sampaio Dória, Plínio Ayrosa, Luiz Cintra do Prado, José Carlos de Macedo Soares, Vicente Rao e tantos outros, idealizou a criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras- FFCL, planejada dentro do melhor que havia sobre ensino universitário na Europa e nos Estados Unidos.
O jornalista Júlio de Mesquita Filho e seu cunhado, o governador Armando de Salles Oliveira ("Estadão" - 25/01/2014)
A nova Universidade era composta por cursos de direito, engenharia, medicina, artes e ciências humanas, contando também com Instituições reconhecidas pela sociedade científica, como o Instituto Biológico e o Instituto Butantã. A FFCL foi planejada para ser o centro da USP e teve sucesso porque para ela foram convidados vários professores e cientistas estrangeiros. À época, a influência cultural da Europa era total, principalmente da França.
Assim, "da Alemanha vieram: o Prof. Ernest Breslau, zoólogo de renome internacional, grande conhecedor da fauna brasileira; o químico Heinrich Rheinboldt, que desfrutava de fama mundial, apontado como didata extraordinário pela calareza e profundidade de seus conhecimentos; e o botânico Felix Rawistscher, universalmente conhecido pelos seus trabalhos originais relativos à adaptação da planta ao meio ambiente. Na França foram contratados: o Prof. Emile Coornaet, que ocupava a cátedra de História da Civilização da Escola de Altos Estudos da Sorbonne; Paul Arbousse Bastide, professor de Sociologia da Universidade de Besançon, que permaneceu muito tempo entre nós, realizando trabalhos notáveis; Roberto Garric, da Faculdade de Direito de Lille e da Sorbonne, professor de Literatura Francesa; Pierre Deffontaines, professor de Geografia do Instituto Católico de Lille e de Paris; Ettiene Borne, professor de Filosofia e Psicologia da Universidade de Paris; e Michel Berveiller, professor de Literatura Greco-Latina da Universidade de Paris. Na Itália, foram contratados: Francesco Piccolo, professor de Latim da Universidade de Roma; Luigi Fantappié, figura expoente da matemática italiana; Ettore Onorato, professor de Mineralogia e Petrografia, da Universidade de Cagliari; e o Prof. Gleb Whatagin, para a cátedra de Física Geral e Experimental, um dos maiores físicos do mundo, que formou entre nós brilhante escola." (A.C. Pacheco e Silva, in "Armando de Salles Oliveira", Livraria Martins Editora, 1966, págs. 126/127)
Os ensinamentos do Mestre Paul Bastide, por exemplo, na cátedra de Sociologia, da FFCL, nos deu uma plêiade de expoentes da Sociologia que vieram a formar gerações de brasileiros. Os professores Florestan Fernandes, Octávio Ianni e Fernando Henrique Cardoso representaram o sucesso que foi a criação da FFCL e a importância de termos, entre nós e emtempo integral, mestres do nível e da qualidade de Paul Bastide, que aplicaram em suas aulas, método de ensino diferente e mais avançado do que tradicionalmente era ministrado entre nós.
Sabia o Governador Armando de Salles Oliveira do perigo de tão importante obra educacional sofrer interferências negativas por conta das mudanças políticas que poderiam ocorrer. Com essa preocupação, deixou o seu "Um Apelo aos Futuros Governantes":
"...É uma obra a ser continuada pelas gerações, através de um trabalho ininterrupto, cuja cadência dará a medida dos homens que tiveram a direção do governo. Se alguns deles, por desvios de inteligência e de visão, ilustrando mais uma vez o "pendent opera interrupta" de Virgílio, cometerem o crime de interromper a obra, que começamos, nada se perderá na aparência. A nossa prosperidade material, assegurada pela riqueza das terras ainda virgens, conservará certamente brilho. Nunca, porém, a nacionalidade poderá adquirir uma consciência bastante forte para resistir aos ataques que desferissem contra a sua integridade. Improvisam-se soldados, mas não se improvisa a consciência coletiva de uma nação." (13)
Era justificada a preocupação de Armando Salles com a possibilidade de ser truncado, no futuro, o crescimento da USP. A sociedade paulista ainda vivia a época das grandes transformações econômicas e políticas...Com a implantação do Estado Novo, em 1937, e a nomeação de Adhemar Pereira de Barros como Interventor Federal em São Paulo, em 1938, Vargas estava jogando com o agrupamento partidário mais condenável do antigo regime, e agora aliado, - o PRP! - para destruir a grande obra educacional do governo democrático do PC -Partido Constitucionalista.
O objetivo era o fechamento da FFCL. Sim, quiseram acabar com esse avanço educacional que era incompatível com a estrutura ditatorial de um governo de costas para os avanços do 1º Mundo. Tentaram acabar (1938) com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, através do Prof. Alexandre Correa que, no entanto, não concordando com esse objetivo, pediu demissão, desistindo da empreitada. Nova investida do Interventor Estadual: é nomeado Alfredo Ellis Jr., para Diretor da FFCL , tendo essa finalidade como missão. Historiador e Deputado Estadual Constituinte do PRP, Ellis não consegue sucesso diante da forte resistência que encontra no corpo docente. Porém, a convivência com a nova realidade acadêmica e com os colegas docentes conquista Ellis que passa, então, a defender a permanência da FFCL na estrutura da nova Universidade. Foi uma vitória da cultura paulista. A USP se manteve íntegra.
Cidade Universitária "Armando de Salles Oliveira"
Era necessário a construção de uma Cidade Universitária para que houvesse entrosamento entre alunos e professores de suas diversas escolas e institutos, em ambiente propício à formação do espírito universitário. Em uma área pertencente à antiga Fazenda Butantã, foi projetado o futuro campus universitário.
Nos anos 60 é que viria realmente a ter a estrutura que hoje apresenta. Primeiramente, para atender aos atletas estrangeiros que vieram para o Jogos Pan-americanos de 1963. E, durante toda a década de 60, foram construídas a maioria das unidades universitárias. Hoje, a USP possui 80 mil alunos, mais de 5.700 professores, 214 cursos de graduação , 587 cursos de pós-graduação e 11 campi.
3 comentários:
Hoje – 80 anos após a sua fundação em 1934 – a USP é a melhor universidade brasileira. É a única universidade do Brasil citada entre as melhores do mundo!
O seu fundador – Governador Armando de Salles Oliveira! – trouxe o que havia de melhor e mais avançado em termos de ensino para ser adequado à nova instituição de ensino. E foi além: contratou professores das universidades europeias para que viessem transmitir seus conhecimentos no Brasil e formar novos docentes. A presença entre nós de Paul Bastide é vivo exemplo: preparou e formou professores do nível de Florestan Fernandes, Octávio Ianni, Oliveiros S. Ferreira, Fernando Henrique Cardoso e tantos outros que tanto dignificaram a cultura nacional e transmitiram às novas gerações seus ensinamentos.
A USP foi a 1ª. Universidade do Brasil. Formou gerações de cidadãos profissionalmente preparados. É um orgulho dos brasileiros. É a marca, o perfil de São Paulo!
A Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira” da USP é, hoje, importante área de lazer da população paulistana, além de ser sede da melhor universidade do Brasil. A estátua do fundador da USP, governador Armando de Salles Oliveira, é uma obra de arte do consagrado Bruno Giorgi. Reconhecida no mundo todo por sua qualidade de ensino, a USP está completando seus 80 anos com os aplausos dos paulistas e dos brasileiros que sentem orgulho de tão importante instituição de ensino. Vamos divulgar! É isso mesmo!
(haroldo.leao@hotmail.com)
Boa, Delmanto. A USP é a certeza de que o Brasil dará certo! É orgulho de todo brasileiro. #tamosjuntos!!! (p.gomes@yahoo.com.br)
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