Projeto do Novo Milênio, com as raízes do passado... |
“Progetti da Capomillennio,
con i segni del passato...”
Essa era a palavra de ordem para milhares e milhares de italianos que estavam partindo para o “Novo Mundo” cheios de entusiasmo, de alegria e de esperança, muita esperança! O Novo Caminho À partir de 1800, mais precisamente, à partir de 1875/87, teve início a grande imigração italiana para as Américas e, de modo especial, para o Brasil. No entanto, desde 1865, o imigrante italiano Aleixo (Alessio) Varoli já havia feito esse caminho e, nos anos 80, já era um vencedor: tinha Fazenda de Café, Indústria de Bebidas e era Agente Consular do Governo Italiano.
Marcelo Delmanto (1999) visitando o Cimitero di Parma (Villetta),
tomba de Alessio Varolli - morto il 31/01/1916.
Aleixo Varoli era dinâmico, tendo vários empreendimentos, sendo que alguns em sociedade com seu irmão Xisto Varoli. Tinha Fazenda de Café na região de Itu, mas estava estabelecido na cidade de Botucatu, então “boca do sertão”, onde lançou as suas raízes e edificou a sua família. Assim, vamos destacar a presença de Aleixo Varoli nos primórdios de Botucatu. O Pioneiro A atuação da Colônia Italiana na virada do século passado marcou definitivamente a cidade de Botucatu. Na industrialização (chegamos a ser a 5ª cidade industrial do Estado nos primeiros anos do século XX), nos costumes, na cultura e na lavoura. E nessa atuação da Colônia Italiana de Botucatu é preciso que se dê destaque à atuação do pioneiro industrial Aleixo Varoli. Com Indústria de Licores e Refrigerantes, Aleixo Varoli atuava também na cafeicultura, possuindo na região de Itu uma grande fazenda para a produção de café. Na virada do século, conseguiu unificar as entidades representativas da Colônia Italiana em nossa cidade em histórica reunião realizada, em 1902, na casa de seu genro Francisco Botti, constituindo a Società Italiana di Beneficenza (Hoje, o Centro Brasil-Itália). Aleixo Varoli presidiu por muitos anos a Società Italiana di Beneficenza e foi Agente Consular da Itália em nossa cidade. Com o casamento de suas 3 filhas, constituiu ampla família, com efetiva influência e destaque na sociedade local. clique na imagem para ampliá-la
Seus genros, todos italianos, Francisco Botti (Francesco Botti Caffoni), Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) e Adeodato Faconti. Francisco Botti, casado com Albina Varoli, atuou no setor bancário e deu continuidade à atuação na cafeicultura do sogro, assumindo a sua grande propriedade rural. Botti chegou a ter seu próprio banco, o Banco Brasul (absorvido em meados da década de 1970 pelo Banco Itaú) em sociedade com a família Mellão, da vizinha cidade de São Manoel. Pedro Delmanto, casado com Maria Varoli, atuou no setor calçadista, possuindo Loja de Calçados, Fábrica de Calçados e o Curtume Bella Vista, especialmente montado para servir a Fábrica Delmanto. Adeodato Faconti, casado com Leonilda Varoli, sucedeu ao sogro na Industria de Bebidas, além de atuar de forma expressiva como jornalista e escritor, tendo exercido a vereança em Botucatu.
Aleixo Varoli patrocinou a vinda da família Botti para Botucatu, em 1887, como resultado de suas relações de amizade familiar e do relacionamento promissor de Francesco Botti (Botti Caffoni) com sua filha Albina, que teve início na Itália durante as férias periódicas da família Varoli, culminando com o casamento de ambos em 1898. Em 1887, vieram para Botucatu, o primogenito Giuseppe e Maddalena Botti Caffoni ( mais 2 filhos), o cunhado Francesco Sartori e sua família. No ano de 1903/4, mais uma vez a atuação providencial de Aleixo Varoli. Como Presidente da Società Italiana di Beneficenza e Agente Consular da Itália, promoveu e deu o necessário apoio ao retorno repentino de parte da família Botti para a Itália. Na Itália, na cidade de Parma, passou a ter também os seus negócios e uma propriedade rural. Giuseppe Botti representava seus interesses quando estava no Brasil.
Aleixo Varoli, à partir de 1910, passou a ficar 6 meses no Brasil e 6 meses em Parma a tratar de seus interesses na Itália.
Primeiro Retorno (1913) Como a educação no Brasil, no início do século, ainda não tivesse atingido o nível que hoje possui, principalmente no interior, Aleixo Varoli patrocinou a ida de seus netos para a Itália, para que pudessem estudar e preparar-se para a futura vida profissional. Aleixo Varoli enviou seus netos para que estudassem no tradicional e conceituado “Collegio Maria Luigia”, da cidade de Parma, em regime de semi-internato. Mais uma vez, contou com a colaboração de Giuseppe Botti para que fizesse o acompanhamento, na sua ausência, da atuação dos meninos. Foram do Brasil, com média de 9 anos, Aleixo Delmanto (filho de Pedro/Maria Delmanto) eAlfonso, Julio, Carlos e Mário Botti (filhos de Francisco/Albina Botti). Todos fizeram do básico ao colegial na Itália, tendo Aleixo Delmanto feito também a Faculdade de Medicina da Universidade de Parma e, anos depois (1930/31), especialização na Universidade de Bolonha - a mais antiga Universidade do Mundo! Tanto Parma como Bolonha pertencem, hoje, à Região Emilia-Romagna, uma das mais desenvolvidas da Itália. Em seu retorno ao Brasil, o jovem médico botucatuense (primeiro “oriundo” local a formar-se em Medicina), recebeu uma grata surpresa e um grande incentivo: seu pai, o industrial italiano Pedro Delmanto, construira uma réplica reduzida de um grande Hospital de Florença! Seria em 1928 a inauguração, em Botucatu, da Casa de Saúde “Sul Paulista”...
Casa de Saúde Sul Paulista – Inagurada em 1928 - Botucatu
Vamos “Fazer a Europa”
Segundo Retorno (1999) Com a educação no Brasil já tendo nível comparável às melhores do mundo e com a completa integração da Colônia Italiana ao “modus vivendi” do Brasil, não haveria a necessidade do envio dos filhos dos “oriundi” para que buscassem no Velho Mundo a “necessária cultura”... Agora, a palavra de ordem, no “Novo Milênio”, no Ano 2.000, passou a ser outra: Vamos “Fazer a Europa”! Sim, com a nova ordem econômica mundial e com a liderança nova que o Velho Mundo assumiu, a Europa passou a ser o cenário ideal para o aprendizado das novas normas para o relacionamento entre as Nações. A Velha Europa se renovou. No mundo da economia globalizada, o Mercado Comum Europeu soube, a tempo e hora, tomar a dianteira das novas relações internacionais. Assim, a Europa, hoje, representa o que há de mais moderno em termos das relações entre as modernas economias. A União Européia tem servido de modelo para que os Estados Unidos priorizassem o seu sistema de integração regional e nós, da América do Sul, priorizassemos o Mercosul. Quer dizer, mais uma vez, a Europa assumiu a liderança das relações internacionais. Com essa visão e buscando a preservação de nossas raízes, seguiu no início de 1999 para a Itália o jovem Marcelo Delmanto (bisneto de Pedro Delmanto, neto de Antônio Delmanto e filho de Armando Moraes Delmanto, portanto, tataraneto de Aleixo Varoli). Formado em Direito em 98, Marcelo Delmanto optou pelo estudo da língua de seus antepassados aqui em Botucatu (com a Irmã Sílvia, do Colégio Santa Marcelina), completando esses estudos no ano de 1999, por 7 meses, na Universidade para Estrangeiros de Perugia, Itália. Com pleno domínio da língua italiana, candidatou-se a uma vaga no “Bando di Concorso da Università Degli Studi di Bologna”, obtendo uma bolsa de estudo para o Curso de Especialização em “Diritto Delle Comunità Europee” (ano acadêmico 2.000). A Itália que é o Berço do Direito, onde os Grandes Mestres Chiovenda, Carnelutti e Liebmann lançaram as suas lições definitivas, passou a representar, também, o ideal do relacionamento jurídico internacional perante essa nossa economia globalizada. Nessa busca de suas raízes e de sua complementação profissional, Marcelo percorreu os lugares históricos de Parma e, aqui mais uma vez, a presença da família Botti: o Dr. Fernando Botti Caffoni, neto de Giuseppe Botti (com 82 anos!), recebeu e ciceroneou Marcelo por Parma: visitaram o túmulo de Aleixo Varoli; a casa onde os “primos brasileiros” viveram; onde estudou e onde se casou Aleixo Delmanto, enfim, um completo retorno às origens.
Marcelo Delmanto na Facoltà di Giurisprudenza di Bologna
Bologna – Capital Cultural da Europa para o ano 2000 Fernando Botti (Botti Caffoni) é filho de um botucatuense: seu pai Giovanni Botti Caffoni nasceu na cidade de Botucatu, em 1888, filho de Giuseppe e Maddalena Botti Caffoni. Fernando foi Oficial-Piloto na 2ª Grande Guerra, formou-se em Direito e exerceu por mais de 35 anos cargo na Diretoria da Câmara de Comércio de Parma. Curso de Especialização E, por fim, o Curso de Especialização na mais antiga Universidade do Mundo - a de Bolonha! - e uma das mais destacadas da Região Emilia-Romagna e da própria Itália. A região representa a parte mais desenvolvida da Itália, com a menor taxa de desemprego e empresas como a Barilla, Ferrari, Masserati, Ferruzzi, Fiat Tratores, Ducati, CMC, Parmalat e um sem número de pequenas e médias empresas altamente desenvolvidas e com tecnologia de ponta (A Região Emilia-Romagna representa, na atualidade, modêlo de uma economia baseada na excelência das pequenas e médias empresas). Mantem-se, assim, a tradição de origem e procura-se reforçar o vínculo entre nossos pioneiros imigrantes e a nova economia mundial globalizada. Bolonha Nesse retorno programado às origens familiares é importante que se tenha o cenário da região da emilia-romagna. A região é uma das maiores e mais ricas regiões da Itália. Situada na parte setentrional do país, o rio Pó constitue o seu limite setentrional enquanto que ao sul está a cadeia dos apeninos. A antiga estrada romana, a Via Emilia, atravessa toda a região de leste a oeste. Nove cidades de grande interesse histórico constelam toda a região, cuja capital é Bolonha. A região oferece muitas atrações de diferentes pontos de vista: é rica em arte e arquitetura, a agricultura é florida, o setor industrial é vário e dinâmico, o turismo é muito desenvolvido, de modo particular nas cidades à margem do Adriático. O modêlo italiano de empresa encontra, na região emilia-romagna, o ideal para representá-la: a pequena e média empresa, muito desenvolvidas, com alta tecnologia e que crescem forte através do associacionismo. A Emilia Romagna é sem dúvida uma das regiões cujos serviços sociais e atividades culturais estão entre os mais desenvolvidos da Itália. As capitais das oito províncias são algumas das cidades mais importantes da região: Bolonha, Ferrara, Forlí, Modena, Parma, Piacenza, Ravena e Regio Emilia. CAPITAL CULTURAL
Na virada do século e início do Novo Milênio, a capital da região, Bolonha, viverá o seu grande momento. Considerada há anos como modêlo de administração pública (governada por esquerdistas mas dentro de um padrão ideal de gestão administrativa), a cidade sempre foi vista como a “vitrine” da Europa.
Eleita como a Capital Cultural da Europa - Ano 2000, deverá concentrar durante o Ano do Jubileu os grandes eventos culturais e turísticos da Europa. A par dessa programação especial, já estarão adiantados os preparativos para as comemorações do Centenário da morte de Giuseppe Verdi - Ano 2001, com uma grande série de eventos preparatórios. “Verdi: La Musica Del Secolo” ou “Verdi: Il Ritorno Del Maestro”. Universidade de Bolonha Considerada a “Alma Mater” de ilustres cientistas e estudantes de todo o mundo, a Universidade de Bolonha é a mais antiga do mundo, celebrando o seu 9º Centenário, apresenta uma curiosidade interessante para os estudantes de Direito: surgiu como um centro de estudos de Direito, com Irnério que começou a estudar o Digesto de Justiniano, surgindo daí os Glossadores (Glossas -interpretações- referentes ao Direito Romano), proporcionando o renascimento do Direito Romano na Idade Média. Nesse cenário, é que Marcelo procurará enriquecer o seu conhecimento jurídico com a experiência e a vanguarda jurídica da Itália, há exatos 70 anos após seu tio-avô, Aleixo Delmanto, ter feito seu curso de especialização médica na Universidade de Bologna. (Almanaque Cultural de Botucatu – Edição Especial Peabiru – Ano 2000)
Pedro Delmanto (Pietro Del Manto)
Importante destacar, nesta reconstrução da ligação da família Delmanto com a Itália, a ascendência de Marcelo Delmanto. Bisneto de Pedro Delmanto, neto de Antônio Delmanto e filho de Armando Moraes Delmanto, Marcelo viria a ser o protagonista deste retorno positivo às origens italianas. E foi de Pedro Delmanto, imigrante italiano vencedor, a sua origem.
Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) era casado com a brasileira, filha de imigrantes italianos, Maria Varoli Delmanto. Vindo para o Brasil em 1887, Pedro Delmanto era de Castellabate, da província de Salerno, do sul da Itália, mesma cidade da família Matarazzo.
Benedetto Del Manto, pai de Pietro Del Manto
Filho de Benedetto Del Manto e Caterina Malzone Del Manto, nasceu no distrito de Zoppi, em 1870, falecendo em São Paulo(Capital), em 1965. Iniciou sua vida profissional como sapateiro, na cidade paulista de Sorocaba, sempre contando com o apoio de seus conterrâneos, especialmente de Francisco Matarazzo e Francisco Grandino. Matarazzo e o mestre sapateiro Francisco Grandino foram companheiros e amigos de Pedro e de seu irmão Costabile. clique na imagem para ampliá-la
Antônio, Fióca, Pedro, Alice, Orlando, Rina com Rubens, e Wanda.
Abaixo: Fióquinha Maria, Peggy e Glória (casamento de Dante e Cecília - Botucatu).
De Sorocaba, acompanhando o crescimento da Estrada de Ferro Sorocabana, seguiu para Botucatu, então considerada "boca do sertão". Estabelecido na cidade abriu (1891), juntamente com seu irmão Costabile, um estabelecimento comercial, "Casa Del Manto", de venda de sapatos, botas, luvas e chapéus, possuindo oficina própria para a feitura e conserto de calçados. A partir de 1900, com a volta de seu irmão para a Itália e já atuando sozinho no comércio, ampliou as oficinas para fabricar calçados, importando modernas máquinas da Alemanha. Com fábrica e loja comercial, partiu para a aquisição de um Curtume, especialmente montado para a preparação e fornecimento de couros para a Fábrica de Calçados Delmanto. Completava, assim, o ciclo produtivo: com curtume, fábrica de calçados e loja comercial! Exportou calçados para a Europa. Pedro Delmanto exerceu efetiva liderança em sua comunidade e atuou junto à colônia italiana com muita dedicação.
Como todo imigrante, sonhava vencer e ter seus sete filhos formados. Todos eles formados! Tutti dottori! E foi assim... Três formados em medicina (Aleixo, Antônio e Orlando), dois em advocacia (Dante e Berval) e as duas filhas (Imaculada Conceição e Wanda), professoras. Sempre interagindo com seus conterrâneos, participou e foi Venerável Mestre na Loja Maçônica Italiana "Silvanno Lemmi", que era subordinada diretamente a Roma, tendo seu rito todo em italiano e dependia de correspondência epistolar para o recebimento de orientações, decisões e normas diretamente da Itália. Posteriormente, houve fusão com a Loja Maçônica Guia Regeneradora ( GOB).
Esse imigrante italiano alcançou seguidos sucessos até a grande crise de 1929, quando encerrou seus negócios, transferindo-se, posteriormente, para a capital do estado. Antes disso, porém, em 1928, Pedro Delmanto viveu a realização de outro grande sonho: a inauguração da "Casa de Saúde - Sul Paulista". Estava orgulhoso esse imigrante italiano que possuía o mais antigo estabelecimento comercial da cidade (1891).
Publicidades da Casa de Saúde "Sul Paulista", no "Jornal de Notícias" de 29/11/1931 e 21/01/1934
Ele preparara esse pequeno hospital para o retorno de seu filho primogênito, Aleixo Delmanto, que fora com 9 anos para estudar em Parma (Itália), com seus primos Botti. Como era natural naquele tempo, seguiu para a terra natal de seu avô materno, Aleixo Varoli, Agente Consular da Itália em Botucatu. Voltava, formado médico pela Real Universidade de Parma, com especialização em Radiologia na mais antiga universidade do mundo, a Real Universidade de Bolonha.
Homem de visão, Pedro Delmanto contratara para a Direção da Casa de Saúde, importante professor universitário, Catedrático da Real Universidade de Nápoles, na Cadeira de Clínica Cirúrgica: o Professor Doutor Ludovico Tarsia. Na Itália, o Professor Tarsia tivera problemas políticos, tendo que se exilar no exterior.
Na Direção da Casa de Saúde Sul Paulista, além do Prof. Tarsia e de seu filho Aleixo, também estava o jovem médico italiano, com atuação como médico na Grande Guerra Mundial, Miguel Losso. A inauguração festiva do pequeno hospital foi um grande e histórico evento para a pequena Botucatu. Único hospital desse porte em toda a região, a sua inauguração teve grande repercussão.
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setembro 16, 2015
Imigração Italiana: Projeto do Novo Milênio, com as raízes do passado...
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Do trabalho publicado no livro "Memórias de Botucatu" sobre os CICLOS INDUSTRIAIS, fizemos a divisão do desenvolvimento industrial do município em três ciclos: o 1º Ciclo Industrial, indo de 1890 a 1930; o 2º Ciclo Industrial, após o período depressivo da economia com a crise de 1930 que arruinou muitas indústrias locais e perdurou de meados dos anos 50 até quase o final dos anos 60; e o 3º Ciclo Industrial, que estamos vivendo em toda a sua intensidade, iniciou-se praticamente nos anos 70, sendo que começou a ter maior e melhor desempenho de meados dos anos 80 até os dias atuais.
Os pioneiros da industrialização em Botucatu foram os imigrantes. O nosso 1º Ciclo Industrial começou com o início das atividades dos valorosos imigrantes no último decênio do século passado (1890) e veio até a crise econômica de 1929 (arrastando-se até meados dos anos 30) que sacudiu o Brasil e arruinou muitas industrias e estagnou muitas cidades. O escritor botucatuense Hernâni Donato, em seu livro "ACHEGAS", registra pormenorizadamente a atuação dos imigrantes no início da industrialização e, ao depois, na consolidação e ampliação de nosso parque industrial. No "Achegas", os nomes dos pioneiros imigrantes que se encarregaram de abrir com ousadia o caminho:”Petrarca Bacchi, Virgínio Lunardi, Aleixo Varoli, Atílio Losi, Pedro Delmanto, Pedro Stefanini, Antônio Michelucci, Adeodato Faconti, João Pescatori, Felipe di Sanctis, Serafim Blasi, Eugênio Monteferrante, Ângelo Milanesi, João Spencieri e Palleóge Guimarães”.
E a trajetória (“Projeto do Novo Milênio, com as raízes do passado...”) do pioneiro italiano na industrialização de Botucatu, Aleixo (Alessio) Varoli, com início em 1865, está registrada no link http://www.armandomoraesdelmanto.com.br/?area=artigos&id=6&pagina=6"
Esse diálogo ocorrido em uma cidade do interior paulista em uma reunião de imigrantes, mostra bem a união, a alegria e os sonhos daqueles que estavam literalmente construindo uma cidade, uma comunidade, uma nova pátria:
“...Pino Filiponi, que trabalhava na chave da estrada sorocabana, animava as festas de Pietro Aloisi, com sua charmosa e romântica sanfona. Ela falava, no seu gemido, muito da saudade da Itália.
- Vamos, Pino, o sole mio...
Os italianos de Botucatu estavam chegando, eram os Martin, os Pedretti, os Delmanto, os Minicucci, os Guadagnini, os Alfredi, os Tortorela, os Simonetti, os Losi, os Lunardi, os Blasi, os Bacchi, os Pompiani, os Molini, os Bertochi, os Mori, os Monteferrante.
Cada encontro era saudado com gritos, palavrões, corteses gesticulações napolitanas, esbravejamentos calabreses e risadas a Campobasso.
A comida farta e generosa, regada pelo melhor vinho, esquentava os ânimos, esparramava alegria, esfusiava gestos, explodia gargalhadas. Alambari revivia a Itália.
Esses almoços em Alambari, constituíam um prolongamento dos encontros italianos na conhecida “Pensão Franchino” em Botucatu (baixada), famosa pela qualidade de suas massas e de propriedade de Francesco Aloisi, “fratello” de Pietro. E falava-se de tudo, desde Vittorio Emanuelle até Il Duce, da Revolução de 24 ao Prefeito Cardosinho de Botucatu.
Era proibido falar italiano, pois a diversidade de dialetos impedia o entendimento. Também não se podia falar o português. Mas todos se entendiam na alegria, no vinho, nos abraços e nos apetitosos quitutes de Da. Antonia e suas filhas que não paravam o dia todo na faina de bem servir.
Vado Tonin, com sua máquina fotográfica, tipo caixão, comprada no Progresso Garcia, ia imortalizando as cenas daquela província da Itália, chamada Alambari.
- Qui é La própria Itália...Qualquer giorno, o Vesúvio começa a vomitar brasa ali...E mostrava a Serra de Botucatu...Guarda Dr. Aleixo, não parece próprio a nostra Itália?!?
A festa ia pela madrugada afora...” (do livro “As Boiadas Passam...As lembranças Ficam...”, 1992, de Agostinho Minicucci e Benedito Vinício Aloise).
É registro histórico.
O saudoso prof. Agostinho Minicucci, professor e escritor de renome, com mais de 70 livros publicados, tendo dirigido e expandido as Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU , possui muitos trabalhos sobre os imigrantes italianos. Em um artigo de jornal (Gazeta de Botucatu, 27/09/85), em certo trecho ele relata um pouco da atuação dos imigrantes em uma cidade do interior: “A infância de nossa cidade foi marcada por um surto industrial, em primeiro lugar pelo pioneirismo da colônia italiana, ávida de grandes realizações e da conquista da nova pátria. Os oriundi, como os Bacchis, os Blasis, os Lunardis, os Milanesis e tantos outros, verdadeiros capitães de indústrias, trouxeram o knowhow da Itália e deixaram marcos em prédios que ainda hoje são símbolos de uma época áurea na efervescência da convivência de imigrantes e brasileiros.
Petrarca Bacchi marcou um ciclo na indústria botucatuense levando-a a competir com a poderosa Companhia Paulista de Força e Luz e a instalar uma usina hidroelétrica e outra termoelétrica, chegando à ousadia de fornecer energia à cidade. Produziu cerveja apreciada em todo país. Introduziu o primeiro elevador em indústria, em São Paulo e distribuía de brinde um sifão fabricado na Alemanha.
O berço da Votorantim foi Botucatu e tivemos o início de um ciclo de calçados, com o dinâmico Delmanto. E nisso precedemos a cidade de Franca e a lembrança são os nossos curtumes. A Antarctica andou por Botucatu, criando uma vila com seu nome e chegou a comprar uma fazenda para cultivar cevada...”
(revista cultural Peabiru, nº 09, edição especial comemorativa/maio/junho/98)
Silvio Poggi Nunes (Facebook):
Foi casado com minha tia avó Maria Delmanto filha da minha bisavó arberesh Francisca Cucci, de Spezzano Albanese, na província de Cosenza, bisavó também da Biral Faconti Alexandra. Já meu avô Angelo Poggi era filho do primeiro casamento da Francisca com Augusto Poggi, que era engenheiro falecendo em Botucatu, casando depois com o Consul da Italia, Alessio Vanolli. Não tenho certeza mas parece que meu bisavô veio para cá porque foi contra a unificação italiana, que realmente destruiu com a economia do Sul da Italia que estava em franco desenvolvimento daí a existência de tantas fábricas de sobrenome italano pela América Latina, a começar pelo Matarazzo, que era de Stellamare di Stabia, província de Salerno.
Romualdo Del Manto Netto (Facebook):
Pois é, Armando Moraes Delmanto. Zoppi é o berço de boa parte da família, junto com Perdifumo e algumas outras "Comunes" de Salerno. Local mágico, lindo e inspirador. Também me apaixonei pelo lugar, especialmente quando conheci a casa do Nono Giovanni, pai do Nono Romualdo (ela ainda existe). Infelizmente, a maior parte da nossa família acabou imigrando para o Brasil e EUA, de forma que existem poucos Del Manto em nossa terra natal. Mesmo assim, me senti "em casa" quando estive por lá, e lembro de uma frase do meu Nono, que meu pai mencionava sempre: "gato que nasce no forno é gato, não é biscoito". Sempre estaremos ligados àquela região da Itália, pelo menos com o coração. Abração.
É vero, Romualdo: "gato que nasce no forno é gato, não é biscoito"... Aliás, essa é base da cidadania italiana. Espalhados pelo mundo, nós, os descendentes, somos, sim, italianos! E Zoppi/Castellabate são de um encantamento único. A Casa dos Matarazzo com placa comemorativa, a Igreja, San Marco, a casa dos Del Manto, enfim, na visita se sente que ali está - com certeza! - um pedaço de nós... Valeu. Grande abraço.
Lembro de meus pais falando da Casa de Saúde de Botucatu. Morávamos em Conchas, mas Botucatu era o caminho para as compras e para se tratar da saúde. Ele dizia que era um centro avançado da medicina e que se equiparava aos hospitais da capital. Muitos médicos atendiam alguns dias da semana na Casa de Saúde e o resto da semana em hospitais da capital. Fiquei com saudades. Bons tempos. . (ludmila.cunha@yahoo.com.br)
Caro Armando, li com especial agrado o seu artigo sobre a "Casa de Saúde Sul Paulista". Feito com minúcia e verdade histórica. Já tenho seu texto impresso e aguardando nova edição do "Achegas". Certamente alguém o atualizará por mim mas uma ficha sobre o hospital do seu avô já estará arquivada e a espera. Muito obrigado e parabéns pelo seu blog. Hernâni (Hernâni Donato).
3 de julho de 2011 21:38
Maria de Lourdes Bossa (Facebook):
marido tbem italiano esta matéria muito boa vou mostrar pra ele.
José Italo Bacchi Filho (Facebook):
Orgulho em fazer parte da família Bacchi, a qual iniciou um dos maiores ciclos revolucionários do interior paulista! Famiglia Bacchi, aqui corre o sangue valente italiano
Salve, José Ítalo Bacchi Filho. O patriarca Petrarca Bacchi era considerado o "Matarazzo do Interior" por seu empreendedorismo. Valeu. Grande abraço.
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http://blogdodelmanto.blogspot.com.br/.../petrarca-bacchi...
Raquel Faconti (Facebook):
Que linda parte da história de sua família, Armando!!!!! O Dr Aleixo cuidou muito de meu avô, papai sempre teve muito carinho por ele... fico muito feliz e emocionada de termos as histórias de nossas famílias compartilhadas!!!!!
O Papai era Varoli, por parte da Vovó Leonilda!!!! Faconti por parte do Vovô...
Fui várias vezes visitá-los com meu pai que aproveitava para consultá-los Bons tempos...
Adeodato Faconti foi um vivo exemplo do valor do imigrante italiano. Com destaque para a sua atuação intelectual, como autor de artigos, livros e peças teatrais. Exerceu a vereança em Botucatu. http://www.armandomoraesdelmanto.com.br/?area=artigos...
Raquel Faconti (Facebook):
Armando Moraes Delmanto Obrigada, Armando!!!!!!!! Já conferi e fiquei muito emocionada!!!!! Tenho muito orgulho da nossa origem!!!!!!! Estamos com um material da família muito rico, também!!!!!! Se precisar de algo, estamos por aqui!!!!!! Abraço enorme!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Linda historia de sua familia!!! Tambem quero ver se consigo descobrir a de meus antepassados. Meu bisavô Gaetano Aprile então com 4 anos de idade chegou em 1901 juntamente com os cunhados Angelo Barbato e Giovanna Marino desembarcando do Vapor Minas em Santos com destino a Botucatu para trabalharem numa fazenda cujo o proprietario ou administrador se chamava Porfiro Machado. Isso é o inicio que eu e minha familia sabemos. Caso o Srº. Delmanto tenha fontes para saber mais sobre meus antepassados ficara muito grato em me ajudar. Um grande abraço.
Salmeron Souza
salmeronsouza79@gmail.com
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