maio 07, 2016

DONA FIÓCA, minha mãe!

HOMENAGEM
08 DE MAIO 
DIA DAS MÃES!


É um óleo sobre tela, 50cm x 35cm, de autoria do artista plástico, dramaturgo e escritor botucatuense, Quim Marques (1968).


“Ah, que vontade de escrever bobagens bem meigas, bobagens para todo mundo me achar ridículo e talvez alguém pensar que na verdade estou aproveitando uma crônica de rapaz; e, entretanto, eu hoje não me sinto rapaz, apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico...”
Rubem Braga



E é como um menino que estou homenageando a minha mãe. 
Atenção!
- Estátua!
Capturando um momento passado e o registrando para sempre...
Saudades...
Sim, saudades como as de um menino...

Minha irmã Fióca Helena, minha mãe Fióca, meu irmãoDécio e eu.


Meu pai Antônio, minha mãe Fióca , meu irmão Décio, minha irmã Fióca Helena e eu.

A vida, me disseram um dia, passa rapidamente e, quando percebemos, ela já passou...se foi...
Minha mãe se chamava Rita, mas tinha o apelido de Fióca, coisas daquele seu tempo no interior... Uma sua irmã era a tia Fiinha (Lucila) e a outra, a tia Nenê (Jandira ). Meus pais resolveram dar o nome de Fióca Helena para a minha irmã, a Fióquinha. Sempre achei essa escolha muito criativa.


Ela sempre foi uma guerreira. Num determinado momento de sua vida, enfrentando dificuldades, passou a buscar peças para o enxoval das noivas, em São Pedro, perto da suaPiracicaba. E saia pelas ruas íngremes de Botucatu, nas casas de sua clientela de moças casadoiras... Sempre se deu bem. Nunca ouvi uma reclamação de sua boca.


Era uma raridade na família. Visitava os parentes distantes e nunca deixou de ir a um enterro de alguém da família, mesmo que distante. Era sempre solidária. Convidada pelo então Bispo, Dom Henrique Golland Trindade, eravice-presidente da Vila dos Meninos “Sagrada Família”, entidade assistencial presidida pelo Sr. Luiz Baptistão. Permaneceu e trabalhou pela entidade desde a sua criação (1953), até a sua inauguração (1966).

Gostava como ela cuidava da nossa casa, das plantas, da comida, da arrumação, dos quadros, dos enfeites. Os meus aniversários eram sempre alegres e cheios de amiguinhos e parentes. Num deles, o bolo era uma piscina, me lembro bem. Num outro, era um campo de futebol. Era costume a presença dos primos e das primas e dos adultos também, as tias e as pessoas mais amigas.

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Depois, a adolescência e, antes, o internato em São Paulopor dois anos. Um mundo novo e surpreendente se abriu para mim. Cresci com aquela “independência” repentina, cheia de novidades e responsabilidades. Passei a ser mais um entre tantos. Foi bom e me entrosei bem. Os jogos, o horário de estudo, as missas... O Colégio era dosPadres Salesianos. Todo dia tinha missa e, no final da tarde, tinha a reza. Lá, garanti minhas indulgências plenárias...

Tiro de Guerra. Os Bailes de Carnaval e o conselho de sempre: “- Não exagere em nada. Tome cuidado.” O bom período no Colégio La Salle, onde eu me descobri aluno assíduo e presente. A volta a São Paulo para fazer oCurso Preparatório. Em Botucatu, o prof. Agostinho Minicucci tinha feito meu teste vocacional. Surpresa. Estava fazendo o Curso Científico, visando a Medicina e o teste deu “política e direito”...



Entrei nas Faculdades de Direito e de Sociologia e Política. Não fui trabalhar em jornal, mas fui para apolítica. O mais jovem de toda a equipe, “careca” da São Francisco e batalhando pelas causas da minha cidade. Cada vez tinha menos oportunidade de vê-la. Masela sempre acompanhava cada passo que eu dava.

O meu casamento com a Beth, os nascimentos doMarcelo e do Armandinho. A sua presença sempre meiga e incentivadora. A minha eleição para vereador de Botucatu. A sua preocupação com os imprevistos da política. O meu retorno a Botucatu, onde instalei meuescritório de advocacia.



Mais uma vez, a volta para a capital. Novos desafios profissionais. A importância de pertencer a um grupo competente e prestigiado. Foi quando a perdi. Já vinha adoentada, mas a perda sempre é amarga e sinalizadora...
Sim, sinalizadora. Um vazio tomou conta de mim. A dimensão da sua lembrança era e é imensaDiferentedas outras ausências de pessoas queridas... Diferente.

é assim que eu escrevo esta crônica. Diferente. Não é o avô da Laura e do Neto, nem o pai do Marcelo e doArmando que a está escrevendo... mas “apenas um menino, com o amor teimoso de um menino, o amor burro e comprido de um menino lírico...”

24 comentários:

Delmanto disse...

Que este meu desabafo que fui buscar lá no fundo da alma para escrever esta crônica seja, também, uma homenagem a todas as mães! Especialmente, às minhas amigas que acompanham este Blog e lhe dão vida e expressão.
Nunca é fácil falar da família. Mas, às vezes, não só é preciso como fundamental. E falar da minha mãe resultou de uma inspiração espontânea que brotou e cresceu e tomou conta deste escriba. Quem bom que tenha sido assim... Espontânea.
Espero que gostem. E espero que guardem um pouco da imagem que guardo dela, que compreendam a saudade que tenho dela e entendam a magia que me fez escrever este post.
É isso. Tudo muito simples... A vida é assim... Ainda bem.

Anônimo disse...

Oi, pai, quando você pediu para que eu tirasse uma foto do quadro da vovõ Fióca, não desconfiei de nada, mas quando eu fiz a montagem das fotos de seus antigos aniversários, já comecei a imaginar que alguma de família sairia no blog. Ficou muito bom. Muito bom mesmo. Marcelo Delmanto (adv.marcelo.delmanto@gmail.com)

Anônimo disse...

Armando Delmanto (Facebook): compartilhou sua foto.
Homenagem a minha avó paterna, vovó Fióca! Saudades...
Que bom vc ter esse sentimento pela vovó. Sinal que ela soube demonstrar o amor nas pequenas coisas do dia a dia! E é o amor verdadeiro, gratuito, enfim, o amor que apenas os pais podem dar! Receba um grande abraço do seu filho Armando

Anônimo disse...

Jo Sant'Iago (Facebook)compartilhou a sua publicação.
E muito linda, esta sua homenagem a sua mae!
Parabens Armando Moraes Delmanto!

Anônimo disse...

Ilza Maria Nicoletti Souza (Facebook):
EMOCIONANTE !

Anônimo disse...

Maria De Lourdes Losi (Facebook):
Parabéns Armando, tudo realmente era tão diferente de hoje, havia uma simplicidade advinda da vida difícil dos muitos imigrantes que aqui chegaram e fizeram história! Os aniversários eram assim mesmo como descreveu, família reunida na sala, quitutes caseiros sendo servidos, muitas vezes às custas de muito empenho; minha saudosa mãe com tantos filhos não deixava de proporcionar momentos que agregassem os familiares ! Adorei sua homenagem!

Anônimo disse...

Caro Armando
Há 62 anos, quando fui procurar dr. Antonio Delmanto prá saber se eu estava grávida (e estava), QUEM ME ABRIU A PORTA FOI Dª FIOCA. Jamais esqueci-me da sua gentileza, ao me receber.
Os corpos físicos morrem mas as almas são eternas. O coração físico morre, mas o coração d'alma continua pulsando. Assim será eternamente
Abraço forte
Neide Sanches

Anônimo disse...

Ilza Maria Nicoletti Souza (Facebook):
Eu entendo que faço parte desse grupo de amigas que você citou , portanto devo agradecer : MUITO OBRIGADA!
Este post dever ter feito muitos nós nas gargantas de quem o leu .
Comigo foi assim .
Abraço

Anônimo disse...

Maria Oliveira (Facebook):
Boa tarde Dr. Armando, prazer em conhecer um pouco dessa história emocionante referente à sua propria pessoa!!!

Anônimo disse...

Armando Jesus Barbieri Barbieri (Facebook):
Oi Xará, Você tem uma história linda e nosso amor elevado aos céus faz com que todas as mães estejam num jardim florido e cheio de glórias em companhia de anjos quirubins e, archanjos porque deixaram na terra muito amor e nossas saudades . Feliz dia das mães para nossas esposas !

Anônimo disse...

Armando Jesus Barbieri Barbieri (Facebook):
Quando lembramos de nossa mãe, cada um tem uma história, e sempre uma história de amor. Minha mãe chamava-se Regina e meu pai à chamava de Ginin.... Lindo não ?

Anônimo disse...

Nilza Favero (Facebook):
Ah as mães!!!
Cheias de acertos e erros, presentes e ausentes, por vezes incompreendidas pela nossa imaturidade e experiências não vividas, mas que trazem na alma o bem querer.

Cordão umbilical eternizado nas lembranças de seus cuidados e amor, cada uma a seu modo.

Linda homenagem Armando!

Anônimo disse...

Nilza Favero (Facebook):
Armando Moraes Delmanto Mto Obgda Armando!
Abço à Beth e todas as mães da família.

Anônimo disse...

Maria Eneida Marcondes Aiello (Facebook):
Parabéns pela linda homenagem ...lembro me bem de sua mãe é daquele coque que ela usava com uma personalidade ímpar..era uma mulher lindíssimas me passava uma aura de mistério!

Anônimo disse...

Dalila Albuquerque (Facebook):
Eu era pequena, ainda.Dona Fióca, às vezes passava em casa. Quando eu chegava na copa, lá estava ela conversando com minha mãe, tomando chá... Conheci a beleza delas em suas conversas de mãe!

Anônimo disse...

Zeza Canutti (Facebook):
Lembro-me bem da elegância delicadeza e amizade de mamãe c/ d. Fioca... e tbem da Fioquinha e se não me engano Décio o Mano tão lindo

Anônimo disse...

Bernadete Barros (Facebook):
Lindo o seu depoimento! Me emocionei!
A Vó Fióca foi a primeira pessoa importante que perdi. Ela era uma vó que ouvia Beatles e nos acompanhava nos bailes. Era uma vó muito participativa. Ela era uma descolada. Ela nos acompanhava nas nossas viagens de férias. Quando ela adoeceu, cuidávamos dela sempre fofa e carinhosa.
Sinto uma saudade imensa dela!

Anônimo disse...

Zulma Bittencourt (Facebook):
Boa tarde Armando Moraes Delmanto achei muito lindo, seu desabafo este amor de menino para com sua maezinha me deixou emocionada Parabéns amigo, Abraço paz e bem.

Anônimo disse...

Maria Aurea Coraini Irikura (Facebook):
Lembro bem de sua mãe,uma jovem senhora ,muito bonita,que sempre via no jardim de sua casa,Mãe , sempre agradável e divertido relembrar nossos tempos em sua companhia.Hoje uma saudade gostosa

Anônimo disse...

Antonina Mendonça (Facebook):
Parabéns Armandinho pela bela homenagem prestada á sua querida mãezinha. Lembro-me muito bem dela. Abraços.

Anônimo disse...

Vera Winter (Facebook):
Que bonita!!!

Alcides Nogueira disse...

Querido Armando, que bela e emocionante homenagem à sua mãe. Eu me lembro tão bem de dona Fióca: muito bonita, elegante, sempre gentil... Um beijo para a Beth e todas as mães de sua família. Alcides

Delmanto disse...

Ah, Alcides, você sempre presente e amigo. Obrigado. Presto minhas homenagens à saudosa Dona Lali, mãe dessa família especial. Dois eventos tive a honra de contar com a presença de Dona Lali e familiares: quando tomei posse na ABL, em 1983, indicado pelo saudoso Dr. Sebastião de Almeida Pinto e no lançamento do livro “Memórias de Botucatu 2”, em 1993. Lembranças boas de pessoas queridas. Valeu, meu amigo. Grande abraço

Alcides Nogueira disse...

Querido Armando, nossas famílias possuem laços muito fortes... e sei que eternos. Dona Fióca e mamãe eram amigas... Papai tinha imensa admiração por você, assim como eu.
Abraços

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