março 14, 2017

OS BRASÕES DE BOTUCATU: REGISTRO HISTÓRICO!


O Brasão de Botucatu

Os Símbolos do Município de Botucatu tem sido, nos últimos tempos, objeto de acaloradas discussões, protestos e movimentos organizados. Isso revela que a nossa simbologia cívica está necessitada de uma maior adequação à história botucatuense.
 Foram 3 os Brasões de Botucatu:

1º Brasão - o Brasão do Centenário - foi o que mais permaneceu oficialmente.  Surgiu por ocasião das comemorações de nosso 1º Centenário.  A municipalidade atendeu às reivindicações das forças representativas da comunidade e à necessidade de o município elaborar o seu símbolo representativo, designando o escritor botucatuenseHernâni Donato e o professor Gastão Dal Farra para que elaborassem o Brasão de Botucatu.  Como era o nosso primeiro Brasão, contou com  entusiástica  colaboração doProf. Sebastião  de  Almeida Pinto.  O Brasão elaboradotrazia em seu bojo a história de Botucatu, tendo passado pelo crivo exigente do Prof. Sebastião de Almeida Pinto, destacado historiador botucatuense, do Prof. José Pedretti Neto, também destacado estudioso de nossa história e do parecer minucioso de nosso 1º Arcebispo - Dom Henrique Golland Trindade.
Na perspectiva do preciosismo da heráldica, com certeza, em alguns aspectos técnicos do brasão, haveria falha técnica em sua elaboração.  É compreensível.  No entanto, destaque-se o encontro perfeito e completo de nossa história com o simbolismo gráfico do brasão.
2º Brasão surgiu no final dos anos 70.  Foi uma grita geral.  Após 26 anos, as autoridades constituídas resolveram mudar o Símbolo Oficial do Município.  A ausência de participação dos botucatuenses e a pressa na mudança foi destacada por pronunciamentos dos Vereadores e claro posicionamento das Entidades representativas, com destaque para a Academia Botucatuense de Letras.  Trabalho do Sr. Lauro Escobar, especialista em heráldica, o nosso 2º Brasão foi elaborado na mesma época que o Brasão da vizinha cidade de Anhembi.  Eram parecidos.  Nosso 2º Brasão estava condenado a ter vida curta...
No ano de 1983, a Prefeitura Municipal de Botucatu patrocinou nova mudança em nosso Símbolo Municipal.
Nosso 3º Brasão surgiu de consulta pública, sob a coordenação da Prefeitura Municipal e colaboração da Academia Botucatuense de Letras.
Embora aberta à participação da comunidade, a elaboração do 3º Brasão de Botucatu não empolgou, eis que não houve motivação suficiente para que os botucatuenses se mobilizassem.
É sabido que não basta ser perito em heráldica para ser capaz de compor um Brasão.  É preciso ir além.  É preciso conhecer o espírito do povo, a sua história, para que o Símbolo Oficial a ser elaborado seja, realmente, o intérprete desses fatores, quer sob o aspecto histórico, quer sob o aspecto de sua plasticidade técnica.  Um perito em português, é sabido, nem sempre faz a melhor poesia...
Optou-se pela mudança , mais uma vez...No entanto, o 3º Brasão  não  empolgou a população , nem durante a sua feitura e, o que é mais grave, nem depois que se transformou, por força de lei, em Símbolo Municipal.  De uma técnica perfeita e de uma plasticidade inatacável, o nosso 3º Brasão  é irritantemente ínsipido e frio e vazio, em termos de mensagem e simbolismo.
movimento pró-retorno do Brasão do Centenáriocontinua...Isso é significativo.  Por ocasião das discussões à respeito da mudança de nosso Brasão, o historiador botucatuense escreveu vigoroso artigo e deixou o seu alerta: "...Em futuro não remoto, a Academia, o Centro Cultural, a Casa de Cultura, os jornais e as rádios bem que poderiam levar o assunto à tribuna irrecorrível: o plebiscito..."
Breve, Botucatu estará comemorando o seu 159ºaniversário.  Quem sabe será uma oportunidade para que haja o tão esperado casamento entre os nossos Símbolos Municipais e a História deste povo que soube construir, no cimo da serra, uma comunidade participativa e orgulhosa de seu passado, vivenciando o seu presente e construindo o seu futuro.

SUGESTÃO: Já demos a nossa sugestão e vamos repetí-la: que se mantenha o atual Brasão e se eleve a nível de BRASÃO DO CENTENÁRIO o nosso Brasão Histórico, elaborado por Hernâni Donato e Gastão Dal Farra. Nos links apresentados na abertura “O Brasão de Botucatu I e II”, apresentamos toda a luta pela manutenção do Brasão do Centenário, com o o artigo do Hernâni Donato, os discursos dos vereadores e artigo dedicado ao nosso símbolo municipal. Vale a leitura

A seguir, daremos os aspectos técnicos de cada Brasão.

O Brasão do Centenário
1º Brasão (de 1952 a 1978)

Criado  pela Lei nº 273, de 28/08/52, o 1º Brasão de Botucatu foi elaborado pelo historiador botucatuenseHernâni Donato e desenhado pelo também botucatuense Prof. Gastão Dal Farra. Prefeito: Emílio Peduti.
"Descrição : Escudo redondo português encimado pela coroa mural da municipalidade, dividido em dois quartéis sendo o primeiro cortado.  No primeiro quartel, na parte de dextra, em sinople, três montanhas heraldicas, cortadas do leste para o oeste geográficos por um caminho em ascensão e ao pé das montanhas uma capela rústica encimada por uma cruz.  No primeiro quartel, na parte de senextra, em blau, da esquerda para a direita um sol e uma estrela sobre dois rios paralelos.  No segundo quartel, um livro, um báculo e um arado manual.  Na coroa, em escudete, um fuso encimado pelo seu significado de atividade matriarcal, o orago da cidade.  Como suportes, à dextra, um ramo de café frutado em goles, à senextra um ramo florido de algodão em cor natural.  No listél, em letras de ouro sobre sinople, a palavra "Botucatu".
Justificativa: O escudo português, redondo, liga a origem da cidade e o povoamento do município à tradição lusitana no Brasil.  No primeiro quartel, à dextra, as montanhas heraldicas mostram a Serra de Botucatu, balisa no caminho dos bandeirantes, principal distintivo geográfico da região e primeiro elemento da mesma que compareceu na História.  O caminho ascendente lembra as estradas coloniais que fizeram da serra um carreadouro de civilização e de povoamento, a ponto de haver um governador da província determinado que a ida ou o retorno do sertão se fizesse atravessando aquelas serras.  A capela ensina que a primeira construção e tentativa de povoamento é devida aos padres da Companhia de Jesus que ali mantiveram uma fazenda de criar, de 1719 até 1760, na qual fazenda nasceram os primeiros botucatuenses cristãos.  A capela mostra ainda que a cidade nasceu para a civilização, tal como o Brasil e São Paulo, sob o signo da Cruz de Cristo.  O campo em sinople relembra as pastagens que constituiram o motivo, a formação das primeiras fazendas e núcleos populacionais.  Na parte da senextra, o campo blau diz da pureza do clima que veio dar o nome à região, sabido que Botucatu significa bons ares.  A estrela, símbolo das virtudes teologais afirma que a cidade e o povo foram sempre firmesem sua Fé erguendo inúmeros templos de várias profissões religiosas; constante na sua caridade, mantendo asilos e casas de abrigo, e da sua permanente Esperança nos dias futuros.  Os rios paralelos que são o Tietê e o Pardo, confirmam o ensinamento de que Botucatu cumpriu desde os seus primeiros dias a missão de conduzir através de seu território a civilização e a conquista.  O Tietê conquistou o sertão do Brasil, nos séculos XVII e XVIII e o Pardo povoou o sertão de São Paulo no século XIX.  No segundo quartel, o livro, o báculo e o arado dizem que a projeção da cidade e do município veio do seu trabalho profícuo e da sua atividade espiritual pois durante meio século Botucatu foi o maior centro educacional do sudoeste paulista e do território de sua diocese é que sairam os territórios de várias outras dioceses paulistas.
     Na coroa, em escudete, o fuso, significando atividade matriarcal, demonstrando que o orago da cidade é Sat´Anna.  Como suportes, à dextra um ramo de café frutado lembrando que o município não só foi grande produtor de café mas também origem de uma importante variedade: o "café amarelo" ou "café de Botucatu".  À senextra, um ramo florido de algodão que foi outro importante produto agrícola da região.  A final, é consignado o nome do município no listél, objetivando bem individualizar o brasão."

 2º Brasão
(de 1978 a 1983)

Criado pela Lei nº 2.130, de 12/03/78, foi elaborado porLauro Ribeiro Escobar.  Prefeito: Luiz Aparecido da Silveira.
"Descrição : Escudo ibérico, de blau, com um monte de três cabeços de jalde, movente da ponta, carregado de um fuso de goles, um aquilão de argente sainte de nuvens do mesmo, movendo do ângulo sinistro do chefe e bordadura de goles, carregada em chefe de uma cruz flordelizada, acompanhada em orla de sete flores de liz, tudo de jalde.  O escudo é encimado de coroa mural de argente, de oito torres, suas portas abertas de goles e tem como tenentes, à dextra, a figura de um bandeirante e à sinistra, a figura de Minerva, em trajes característicos, ambos de carnação.  Listél de blau, com o topônimo "BOTUCATU" e letras de jalde.
Justificativa :Escudo ibérico, em azul, usado em Portugal à época do descobrimento do Brasil, evoca os primeiros colonizadores de Botucatu; um monte de três cabeças - em amarelo - simboliza a Serra de Botucatu; aquilão prateado, saindo das nuvens, simboliza o topônimo Botucatu: "Ybiti", ventos, ares, e "Katu", bons; fuso em vermelho, evoca Santana, padroeira da cidade; coroa prateada significa emancipação política do Município; bandeirante, à direita, evoca os bandeirantes que tinham seu marco na Serra de Botucatu, em sua caminhada para oeste; Minerva, à esquerda, deusa da Sabedoria representa o centro de cultura, que é Botucatu, pelas famosas escolas; listél com topônimo Botucatu, em amarelo."
 3º Brasão
(desde 1983)

Criado pela Lei nº 2.397, de 10/11/83, foi elaborado a partir do concurso aberto, sob a Coordenação da Prefeitura e Academia Botucatuense de Letras, buscou, em substituição ao 2º Brasão, a elaboração de um brasão tecnicamente bem elaborado.  Prefeito: Antonio Jamil Cury.
"Descrição :Escudo português.  Portas abertas das torres. Campo azul. Fuso de prata. Terra do verde. Perfil da cuesta e ramos de café amarelo.
Justificativa : O escudo português indica a cultura que fundamenta a comunidade pátria e a local, cuja categoria de município é atestada pela coroa mural. As portas das torres, abertas em azul, asseguram a hospitalidade aos que chegam. O campo azul reflete o céu e o clima que inspiraram ao indígena o nome ybytukatu, significando bons ares. O fuso de prata, símbolo do trabalho e de Sant´Anna, a Padroeira, nele reverencia os fundadores da cidade e nela celebra as virtudes da Mãe e Mestra. O verde do terrado acentua a fertilidade da terra e evoca o dilatado território original botucatuense, matriz de muitos outros municípios. A faixeta de prata evidencia o perfil da cuesta, impressiva característica geográfica da região, recordando, ainda, caminhos que mesmo antes do descobrimento do Brasil, cruzando o chão municipal, serviam de intercâmbio de conhecimentos e riquezas, os ramos de cafeeiro, frutificados em amarelo ouro, realçam a variedade chamada "Café Amarelo" ou "Café Botucatu", privilégio das lavouras locais. O topônimo "Botucatu", em prata listél azul, valoriza o respeito dos municípios pelos legados do passado, reafirma o seu zelo pelas singularidades da terra e a perseverança nos valores espirituais e fraternos e garantias de futuro melhor." (AMD)

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