março 30, 2017

Viveu (e Morreu) em Botucatu o Neto do Inconfidente-Poeta Alvarenga Peixoto?!?

Viveu (e Morreu) em Botucatu o Neto do Inconfidente-Poeta Alvarenga Peixoto.


A matéria sobre a vida e morte do neto de Alvarenga Peixoto - O Inconfidente-Poeta - deverá polarizar as discussões da "intelligentzia" botucatuense Revista Peabiru apresentou nessa matéria com muita pesquisa, mais um desafio à pesquisa: teria o neto de Alvarenga Peixoto vivido e morrido na cidade de Botucatu ?!?



Em sua poesia nativista do “Canto Genetlíaco”, Alvarenga Peixoto, aludindo em determinado trecho à sua “bárbara terra mas abençoada”, dizia:

“Isto, que Europa barbaria chama,
Do seio das delicias tão diverso,
Quão diferente é para quem ama
Os ternos laços do seu pátrio berço”.

Herói da Inconfidência Mineira. Juntamente com Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antonio Gonzaga, pertencente ao núcleo intelectual do movimento pioneiro da libertação nacional. Poetas Inconfidentes...

Inácio José de Alvarenga Peixoto, Juiz, fazendeiro, minerador, poeta, conspirador, dispôs de duas portas para entrar na história: o renome poético e o martírio patriótico. Serviu-se de ambas. Suas poesias: estão em todas as antologias como expressões maiores de um tempo e uma escola. Seu nome, em primeira linha quando se cogita da Inconfidência Mineira.


Ouviu, no cárcere a sentença de morte, o perdão real, o mandado final de degredo para Angola onde morreu, vítima de febre, não muito depois de chegado.
Deixara nas Minas Gerais, além de fortuna avantajada, que o Estado reinol confiscou, a esposa famosa então e ainda mais no futuro - Bárbara Heliodora - e quatro filhos. Os cinco, marcados pelo terrível sêlo desqualificante, parte da sentença condenatória: infames, por serem mulher
e filhos de um tal réu. Vale dizer: exilados em sua terra, invalidos para qualquer ação com o poder público, o que era, então, imobilizador.
Dos filhos, a primogênita faleceu em 1794. O moço João Damasceno parece não ter visto filhos seus. Insistem os cronistas (ver Domingos Carvalho da Silva). Outro rapaz, Tristão Antônio morreu solteiro. Para manter a descendência restou José Eleutério que da espôsa, Mariana da Silva Lopes, recebeu cinco filhos. O quarto filho foi batizado Tristão Antônio em homenagem ao
tio.
Fosse por razões econômicas (já não havia ouro nas Gerais enquanto em São Paulo o café gerava fortunas) ou por outras, Tristão Antônio procurou outras cidades para viver. Não fica mal o lembrar que embora o Brasil fosse independente, a família reinante - Bragança - era a mesma que cominara a pena de degredo e o ferrete de infâmia à família Alvarenga Peixoto.  O assunto Inconfidência ainda não era tratável ( só o foi com a República) e a infâmia não fora levantada.
Fato é que Tristão Antônio escolheu Botucatu, cidade entre as mais realizadas e promissoras. Não se conhece quando veio mas sabe-se que foi Capitão da Guarda Nacional e que aqui faleceu entre março de 1866 e junho de 1867.
E sabe-se por existir na biblioteca do poeta, crítico, professor e acadêmico Domingos Carvalho da Silva, exemplar do livro que terá sido especialmente prezado pelos Alvarenga Peixoto botucatuenses. Volume das “Obras Completas ” do avô e bisavô, o poeta inconfidente.. Na famosa edição de 1865, preparada por Joaquim Norberto. Não havendo livreiro em Botucatu (que se saiba), os Alvarenga Peixoto terão mandado buscar exemplar no Rio de Janeiro e o elevaram à condição de ícone. No volume, a família quis deixar bem claro - fazendo-o de Bíblia para assentamentos - o quanto admiravam o ancestral e se orgulhavam do nome Alvarenga Peixoto.
Do frontespício constam as assinaturas de Tristão Antônio de Alvarenga Peixoto Lopes e de Guilhermina Carolina de Alvarenga Peixoto. O marido, neto do condenado, uma geração em seguida ao degredo, ostenta o nome da família materna. Sua esposa e todos os filhos orgulham-se com o ser Alvarenga Peixoto e ostentam o nome.
É assim que se apresentam na página seguinte ao frontespício, conforme uso do tempo entre gente que se preza e ir sua ascendência: “Tristão Antônio de Alvarenga Peixoto Lopes e seus filhos: José Ignácio de Alvarenga Peixoto, Guilhermina C. de Alvarenga Peixoto, Marianna Guilhermina D'Alvarenga Mello, Ana Augusta de Alvarenga Peixoto, Laura Amélia(ou Amália) de Alvarenga Peixoto, Francisco Ignácio de Alvarenga Peixoto,  Jorge Frederico de Alvarenga Peixoto, Affonso Henriques de Alvarenga Peixoto, Maria Efigênia de Alvarenga Peixoto. Botucatu, Março de 1866”. A família como que se recenseou para que melhor a conhecessemos.
A edição, carioca, é de 1865; o rol de assinaturas aposto de certo algum tempo depois dos nomes grafados no frontespício (pai e mãe) é de março de 1866. Em junho de 1867 o precioso volume foi remetido para São Paulo: “Os filhos do finado Tristão Antônio de Alvarenga Peixoto Lopes offerecem este livro ao Ilmo. Sr. Dr. João Pinto de Castro. Botucatu, 20 de junho de 1867”. O patriarca local se fora, era “finado”. A mãe, também, pela dedicatória e mesmo pela lista do ano anterior.
Domingos Carvalho da Silva identificou o destinatário do volume: formara-se em direito naquele ano. Viria a ser genro do Barão do Ramalho. Curiosamente, nos anos quarenta, Domingos Carvalho da Silva trabalhou na Fazenda Lageado, então federalizada. Procurou, sem resultados, elementos maiores sobre os Alvarenga Peixoto em Botucatu. Trata-se, pois, de uma pesquisa a ser feita. Como teriam os botucatuenses daqueles anos recebido e convivido com gente vinda sob a legenda da conspiração, da desgraça e da infamia ?!? Metade da população da pequena Botucatu de então era proveniente de Minas mas a totalidade não falaria, com agrado, dos sucessos da Inconfidência. Era a norma nacional...

Não fique sem enfase o ter sido Tristão neto de uma avó com lugar muito especial na crônica das musas e mesmo, segundo alguns estudiosos da vivencia poética, no tirocínio do poeta e que foi Bárbara Heliodora.

Registro Histórico 1 - Inconfidência Mineira: leitura dinâmica.

Foi o primeiro movimento que manifestou a intenção de promover a separação de Portugal
- A exploração econômica portuguesa sobre o Brasil foi a causa principal e atingiu o seu auge no final do século XVIII.
Era o colonialismo predatório. As riquezas do Brasil estavam se esgotando, principalmente o ouro. Portugal, no entanto, achava que os colonos fraudavam a Coroa. Não acreditava que o ouro estivesse acabando. O Marquês de Pombal, em 1750, estabeleceu a cota de 100 arrobas (1.500 Kg) como imposto anual a ser pago em ouro. A população não conseguia atingir essa quantia. Então, foi implantada a derrama, em 1763, como meio de obrigar a população a pagar o faltante através da expropriação de seus pertences, sem se levar em conta se mineradores ou não.
O agravamento da crise com o consequente aumento do sentimento de revolta ocorreu em 1785, quando D. Maria I - a louca -, Rainha de Portugal, decretou alvará proibindo as manufaturas no Brasil e obrigando que as mesmas devessem ser importadas de Portugal.
A Metrópole asfixiava a incipiente economia brasileira. A revolta entre a classe dirigente da Colônia era geral.

A par da situação econômica, havia a influência do liberalismo e da independência americana. A Influência do liberalismo era sentida com o retorno dos filhos das famílias ricas do  Brasil que estudavam na Europa. Os jovens retornavam ao Brasil impregnados pelas novas idéias, como o liberalismo, do inglês John Locke e as idéias do iluminismo, pregadas pelos franceses Montesquieu, Voltaire e Rousseau.

No entanto, o que mais influenciou, sem dúvida alguma, foi a repercussão da Independência dos Estados Unidos da América, ocorrida em 1781: era a prova provada de que a independência de uma colônia era possível de ser alcançada...

ALVARENGA PEIXOTO (Marcos Ricca) e TIRADENTES (Humberto Martins)



revista Peabiru

Líderes da Inconfidência: A maioria era pertencente à elite econômica. Talvez só Tiradentes fosse remediado. Os outros, se jovens estudantes, eram filhos de famílias ricas, os demais ,eram abastados proprietários rurais e mineradores.
Principais Líderes: Cláudio Manuel da Costa, poeta et rico minerador; Luíz Vieira da Silva, cônego; Alvarenga Peixoto, poeta, próspero minerador e fazendeiro; Tomás Antônio Gonzaga, poeta, intelectual e Ouvidor de Vila Rica; Carlos Correia de Toledo e Melo, vigário de São João Del Rei e próspero minerador; José Alvares Maciel, estudante de Química e filho do Capitão-Mor de Vila Rica; o estudante José Joaquim Maia que tentou conquistar o apoio do Presidente Americano, Thomas Jefferson para a causa da Independência; Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente-coronel comandante do Regimento dos Dragões; os irmãos Francisco Antônio e José Lopes de Oliveira, o primeiro militar e o segundo padre, ambos grandes proprietários rurais; Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, principal organizador e líder político da rebelião, era alferes, posto da carreira militar logo acima de sargento.

Fim do Sonho: Teve início a 15 de março de 1789, quando o traidor Joaquim Silvério dos Reis, esperançoso de ter as dívidas perdoadas, denunciou seus companheiros ao governador, o Visconde de Barbacena. Presos, 11 inconfidentes foram condenados à morte, sendo que D. Maria I estabeleceu o degredo perpétuo para 10 desses inconfidentes, sendo só Tiradentes o bode expiatório: seria enforcado (21/04/1792), sendo sua cabeça cortada e levada a Vila Rica, onde seria pregada em alto poste, em lugar público movimentado, sendo que seu corpo seria dividido em quatro quartos e pregado em postes nos sítios de maiores povoações.
Tiradentes é declarado réu infame, e seus filhos e netos. Seus bens são confiscados. A casa em que vivia em Vila Rica seria arrasada e o solo salgado...

O SONHO: Com a independência, a Nova República teria São João Del Rei como Capital. A criação de uma Universidade, a Abolição da Escravatura, o incentivo a industrialização eram metas do inconfidentes... (AMD)

Registro Histórico 2: ALVARENGA PEIXOTO

Inácio José de Alvarenga Peixoto - 1744/93 - nasceu no Rio de Janeiro. Estudou no Colégio dos Jesuítas, em Braga, Portugal. Formou-se (1768) advogado pela Universidade de Coimbra.
Ocupou o cargo de Juiz de Fora da  Vila de Sintra e, em 1775, foi nomeado Ouvidor do Rio das Mortes (MG).
Em 1781, casou-se com Bárbara Heliodora, poetisa, descendente de ilustre família paulista.
Deixando a Magistratura, permaneceu em Minas Gerais, ocupando-se da lavoura e da mineração. Em companhia de seu parente, Tomás Antônio Gonzaga, foi implicado na Inconfidência Mineira.
Após ter a sua sentença de morte declarada, teve a pena comutada para degredo em Angola. Condenado ao desterro, foi conduzido primeiramente ao presídio da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro indo, posteriormente, para o presídio em Ambaca (África), onde faleceu pouco tempo depois de chegado.

Alvarenga Peixoto embora fosse grande proprietário de escravos, defendia a abolição, sempre argumentando que a abolição faria dos negros, agradecidos, adeptos da revolução.

A bandeira que seria adotada pela Nova República teve duas sugestões: a de Tiradentes era um símbolo triangular, representativo da Santíssima Trindade e a de Alvarenga Peixoto que era a figura de um índio rompendo as correntes, com a inscrição do início de um verso do poeta latim Virgílio: “Libertas quae sera tamen” (a Liberdade ainda que tardia...) Portanto, a bandeira dos inconfidentes ficou com o símbolo triangular proposto por Tiradentes e a frase proposta por Alvarenga Peixoto...
(AMD)

Registro Histórico 3:

A D. Bárbara Heliodora
(remetida do cárcere na Ilha das Cobras)

Bárbara bela,
Do Norte estrela,
Que o meu destino

Sabes Guiar,
De ti ausente,
Triste somente
As horas passo
A suspirar.

Isto é castigo
que Amor me dá.

Por entre as penhas
De incultas. brenhas
Cansa-me a vista
De te Buscar;
Porém não vejo
Mais que desejo,
Sem esperança
De te encontrar.

Isso é castigo
que Amor me dá.
Eu bem queria
A noite e o dia
Sempre contigo
Pode passar;
Mas orgulhosa
Sorte invejosa
Desta fortuna
Me quer privar.

Isso é castigo
que Amor me dá.

Tu, entre os braços,
Ternos abraços
Da filha amada
Podes gozar.
De ti e dela,
Busca dois modos
De me matar.

Isso é castigo
que Amor me dá.


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