CENTENÁRIO E
HISTÓRICO DO GRUPO VOTORANTIM
O grande industrial português, nasceu em Baltar, distrito de Porto, em 29 de março de 1875, filho de João Pereira Ignácio e Maria Coelho Pereira.
Acompanhado dos pais, chegou em Sorocaba em meados de 1886, e logo começou a aprender as primeiras letras, sempre à noite, para não atrapalhar o trabalho junto ao pai e tio, ambos sapateiros. Menino esforçado chegava a trabalhar até 20 horas por dia, na antiga rua do Hospital, hoje Rua Dr. Álvaro Soares. Em 1890, seus pais mudaram-se para Itapetininga. O jovem Antonio, passa três anos trabalhando por conta própria em São Manuel. Nova mudança, agora para Boituva.
Boituva, foi o início de seus negócios, aonde o algodão era o seu meio de vida. Muda-se para Botucatu, aonde encontra e casa-se com Dona Lucinda, e lá residem de 1900 a 1905. Volta novamente a Sorocaba, a Manchester Paulista, fundando logo após sua chegada a fábrica de óleo de algodão “Santa Helena”, na rua Álvaro Soares.
Sempre procurando novas tecnologias, viaja em 1906, aos Estados Unidos, precisamente em Birmighan, no Alabama, aonde adquire da Continental Gin Company, máquinas de última geração, para a ampliação da sua fábrica de óleo. E orgulhoso de ser o primeiro e único, a possuir esta instalação no Brasil, e o segundo, após o Egito, que se faz fora dos EUA. Retornando em 26 de março, é recebido na estação da Sorocabana, com grandes festejos patrocinados pelos amigos e sociedade sorocabana.
Demorou mais de um ano, para o perfeito funcionamento das novas máquinas, e a 29 de Junho de 1907, inaugura a seção de descaroçamento do algodão, com grande sucesso e curiosidade de muitos, pois o algodão em caroço entrava por um lado, e pelo outro já saiam os fardos de algodão prontos para embarque. As sementes, já separadas para a moagem eram automaticamente conduzidas.
Começa a formar-se um monopólio no ramo de produção de óleo, liderado pelo italiano Francesco Matarazzo, depois Conde, em que simplesmente comprou todas as fábricas de óleo do Estado e tomou conta do mercado lançando já em 1912, o óleo comestível “Sol Levante”. Pereira Ignácio também vendeu.
Os negócios de algodão prosperavam. E em 1915, adquiriu dos Lichtenfels, a então Companhia Telefônica Sul Paulista, que o ligava diretamente com Boituva, Tatui, Itapetininga e Guareí. Com sua experiência empresarial, trouxe a central da mesma para Sorocaba, à rua Padre Luiz, centro da cidade, formando assim a primeira rede telefônica da cidade.
Em 1915, traz para Votorantim, todo o algodão de Guareí, terceirizando assim seus serviços de beneficiamento, aguardando somente os fardos da felpa ou o algodão descaroçado.
No ano seguinte, envia representantes para os mais diversos lugares, para divulgação de seus produtos aonde a concorrência era maior.
Já a alguns anos arrendava do Banco União a seção de descaroçamento de algodão, quando em 16 de Julho de 1917, depois da maior greve geral até então havida em Sorocaba, que abrangeu todas as fábricas têxteis, a fábrica não reabriu. O comércio fechou suas portas. Vieram 60 praças da capital. Até oTiro de Guerra interveio para auxiliar o policiamento. Os patrões reuniram-se e acharam justas as reivindicações, atendendo-os imediatamente. E já no dia seguinte, começava o retorno ao trabalho.
O Banco União não conseguiu atender as metas acordadas e não podendo pagar o aumento de salário e por outras dificuldades devido a 1ª Grande Guerra Mundial, acabou tendo sua falência decretada no mesmo mês, não mais reabrindo a fábrica. O caos estava formado. Houve miséria, operários esmolando.
Com a falência decretada, a massa falida ficou a cargo do liquidatário, Nicolau Scarpa, que autorizou a venda, através de leilão, da Fábrica Votorantim, incluíndo as obras hidráulicas, 440 casas de operários, linha férrea, Fazenda Itupararanga e fornos de cal, totalizando uma área territorial de 1.800.000 metros quadrados.
Formou-se então um grupo de investidores interessados na aquisição da massa falida, este grupo comandado por Pereira Ignácio e Francisco Scarpa, era composto por João Soares Hungria, Raphael de Cunto, João Cancio Pereira, Domingos Picirillo, José Ventura Fernandes da Silva, José de Cunto e Roque de Cunto.
Enfim o esperado leilão aconteceu em 09/01/1918, realizado pelo leiloeiro Albino de Moraes, aonde foram arrematadas as propriedades imóvel e móvel do Banco União, pela quantia de2.142 contos de réis.
Feito o leilão, e sendo Pereira Ignácio e Scarpa, os sócios majoritários, foi respeitado o contrato de arrendamento da Fábrica Votorantim - seção de beneficiamento de algodão, feito entre o Banco União e a firma Pereira Ignácio & Cia. Foi acertado o pagamento anual de 1.100 contos de réis, pelo prazo de 5 anos.
Infelizmente, a fatalidade encontrou Francisco Scarpa em seu caminho. Em 21 de Abril de 1918, indo com seu filho Nicolau à Itupararanga, num auto de linha ( espécie de trem de inspeção), foi vítima de um encontro com outro auto de linha, sendo este carregado com dormentes.
Na colisão, os dormentes quebraram o vidro protetor do auto em que viajavam os Scarpa. Ambos machucaram-se muito, e o mais prejudicado foi Francisco Scarpa, que perdeu o olho direito devido aos estilhaços de vidro. Seu filho, Nicolau sofreu pancadas no abdômem, estômago e peito.
Hospitalizados, infelizmente Francisco Scarpa veio a falecer, no dia 05 de maio próximo, 15 dias após o fatídico acidente, em razão de seu grave estado.
Após a morte de Scarpa, que era um dos esteios da fábrica e da nova Sociedade Anônima Votorantim, ficam por fim donos do maior número de debêntures da sociedade formada, o Sr. Nicolau Scarpa e Antonio Pereira Ignácio, que aos poucos foram adquirindo as outras partes menores.
Mal começaram os trabalhos, quando ambos compreenderam que juntos não iam. Conta-se que Nicolau, duvidando que Pereira Ignácio arranjasse o capital, ofereceu comprar ou vender, para assim ficar só.
Pereira Ignácio preferiu comprar. Fê-lo assinar escritura de compromisso de venda por 2 mil contos de réis e correu ao Rio de Janeiro, onde seus patrícios que sempre investiram em seu progresso, novamente o ajudaram. Teve como financiador do novo negócio, seu patrício Souto Maior.
Pereira Ignácio queria plantar, colher, descaroçar, fiar, tecer, tudo junto. Nesta euforia, vê-se em abril de 1918, pela [primeira vez o título de Sociedade Anônima Votorantim num curioso anúncio jornalístico, aonde promete-se 2.500 alqueires de terras “aos lavradores que quiserem enriquecer”.
Sempre querendo agilizar a produção e facilitar o transbordo de vagões da Estrada de Ferro Sorocabana para a Fábrica Votorantim, Pereira Ignácio envia ao Ministro da Viação, em 1921, as plantas para as obras de mudança da bitola para 1 metro e eletrificar toda a rede, da então via férrea a vapor, com bitola de 60 cm., com ligação entre a fábrica e Sorocaba, usada diariamente para transporte de empregados e carga.
Tudo aprovado, foi posta em operação a nova linha, que com grandes festividades foi inaugurada pelo Exmo. Dr. Washington Luiz, presidente do Estado de São Paulo, a 04 de fevereiro de 1922, e foi dado o nome de Estrada de Ferro Elétrica Votorantim. Os bondes de transporte de passageiros circularam até 1966 e os trens de carga até 1998.
Em 1925, casou sua filha Helena com o jovem José Ermírio de Moraes, genro e sócio que todo pai procura. Do enlace nasceram os filhos: José Ermírio, Antonio Ermírio, Maria Helena e Ermírio.
No ano seguinte, José Ermírio já assume a diretoria dos negócios e juntamente com o sogro, transforma a tecelagem num conglomerado de empresas com tentáculos em vários segmentos do mercado, fundando a fábrica de cimento, cuja produção inicial foi destinada à construção do Viaduto do Chá, em São Paulo.
Na década de 30, a Fábrica Votorantim, tinha como seu maior patrimônio, os seus funcionários e para atendê-los mantinha:1.100 casas, ligadas com água, luz e esgoto; teatro; cinema; campo de futebol; piscina; creche; escola maternal; grupo escolar; açougue frigorífico e um grande armazém fornecendo todos os gêneros alimentícios a preço de custo. Seu apego aos funcionários era tanto que em todos os dias 1º de Maio, Dia do Trabalho fazia questão de compartilhar com eles esta tão tradicional data.
Faziam parte de seu patrimônio: máquinas de descaroçar algodão em Boituva; Fábricas de Tecidos: Lucinda em São Bernardo do Campo, Luzitana e Paulistana em São Paulo e a Votorantim, que era a maior fábrica de tecidos da América do Sul; vastas glebas de terras desde Pantojo, Rodovalho, Piragibú, Inhaiba até Votorantim; a grande e extinta fábrica de cimento em Rodovalho, hoje em franca construção de grandes pavilhões de cimento armado; Fornos de cal, em Inhaíba; Fábrica de cimento Santa Helena-Votoran; 8 Km da via férrea com a Estrada de Ferro Elétrica Votorantim; Fábrica de papel - Votocel; Fábrica de Alumínio; Usina Elétrica da Cachoeira da Fumaça; Companhia Nitroquímica e a Usina Siderúrgica Barra Mansa.
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Benfeitor convicto, sempre colaborou com sociedades e casas de caridade, como o Hospital Santo Antônio, Hospital Santa Lucinda e a Faculdade de Medicina, entre outras.
Reconhecido seu valor, foi condecorado pelo Governo Português com o título de Comendador. Mas logo em seguida, em 1936, o Presidente Getúlio Vargas conferiu-lhe a mais alta distinção civil do Brasil, a Comenda da Ordem do Cruzeiro do Sul.
Humildade sempre à prova, conservou a visitação dos curiosos em sua fábrica, e expôs na inauguração do novo mercado municipal de Sorocaba, em 1938, a sua banca de sapateiro. E nunca escondendo seu passado pobre, sempre dizia orgulhoso: “Eu fui sapateiro...trabalhei muito...e fui sempre comedido e sóbrio”. Chegou ao cume, graças a este gênio, tanto maior quanto mais humilde as suas origens.
O gigante do algodão adormeceu para enfim descansar, às 21 horas, de 14 de Fevereiro de 1951, em sua residência à rua Guadalupe, 67, na capital paulista, aos 75 anos de idade.
Muitas homenagens póstumas foram feitas em Sorocaba, a Câmara Municipal deu o nome de “AVENIDA PEREIRA IGNÁCIO”, ao antigo caminho para Votorantim, próximo ao Hospital Santa Lucinda e a Faculdade de Medicina, ambos que ele ajudou a construir.
Também em 24 deAbril de 1951, o deputado estadual por Sorocaba, Dr. Gualberto Moreira, apresentou à Assembléia Legislativa Estadual, o projeto de mudança do nome daEstação Alumínio, ex-Rodovalho, para “ESTAÇÃO Antonio Pereira Ignácio”. Unanimemente aprovado, mas infelizmente nunca cumprido.
O lema do Conde Matarazzo, FIDES-HONOR-LABOR (Fé-Honra-Trabalho), encaixa-se perfeitamente ao Comemdador Pereira Ignácio, devemos este resgate de sua história, sempre estará ao lado e cuidando de seu maior tesouro: seus fiéis funcionários.
Bibliografia:
* Acervo do Museu Histórico Sorocabano
* Acervo Particular de Aparício Tarcitani
* Almeida, Aluísio de; Biografias Sorocabanas; Ver. Arquivo Municipal; CLII; 1952
* Almeida, Aluísio de; História de Sorocaba; 1969
* Almeida, Aluísio de; Jornal Cruzeiro do Sul; 08/10/1978
* Folha popular; 29/03/1952
* Gaspar, Antonio Francisco; Cruzeiro do Sul; 01/08/1967
* Gaspar, Antonio Francisco; Sorocaba de Ontem; 1954
* Isto é; Especial 10; Empreendedores do Século; 1999
* Vieira, Rogich; Um dia como hoje; Jornal Cruzeiro do Sul; 26/03/1991
* Vieira, Rogich; Um dia como hoje; Jornal Cruzeiro do Sul; 22/03/1992.
Gilberto Fernando Tenor - Presidente de Honra do Club Philatélico Sorocabano, Membro da Academia de Letras de Sorocaba e Secretário da Federação das Entidades Filatélicas do Estado de São Paulo.
Registro Histórico - O Comendador Antonio Pereira Ignácio iniciou, de fato, sua atividade profissional em Botucatu. Aqui chegando em 1900, instalou-se na Vila dos Lavradores (Major Matheus), com uma sapataria. Tornou-se muito ligado a Pedro Delmanto que tinha sua loja de calçados, sua fábrica de calçados e o Curtume Bella Vista, no Bairro Alto. Atuando no mesmo ramo, tornaram-se amigos.Posteriormente, Pereira Ignácio montou armazém e continuou a atuar no comércio do algodão. Aqui em Botucatu, casou-se com Lucinda Rodrigues Viana. Tiveram 3 filhos: João, Paulo e Helena
De Botucatu, Pereira Ignácio voltou a Sorocaba onde acabou por estrutrar essa potência que é o conglomerado Votorantim.Veio a ser seu genro, o engenheiro José Ermirio de Moraes, que o sucedeu em suas empresas, tornando-se, anos mais tarde, Senador da República.
Para Botucatu, o Comendador Antonio Pereira Ignácio sempre mostrou sua gratidão. A sua casa própria, doou-a à Misericórdia Botucatuense, sendo que o seu retrato e de Dona Lucinda se destacam na galeria dos benfeitores do Hospital. Anos depois de sua partida, Pereira Ignácio voltou a ajudar a Misericórdia Botucatuense. Quem faz o relato é o Dr. Antônio Delmanto (filho de Pedro Delmanto) que foi Diretor Clínico do Hospital e responsável pela modernização da Misericórdia, consolidando, assim, essa grande obra do Dr. Costa Leite:
“...Outro problema a resolver era o aparelho de Raio X, cuja aquisição era dificílima, quase impossível, dado o preço do mesmo, absolutamente fora do alcance da Misericórdia.
Lembrei-me do Comendador Pereira Ignácio, amigo e colega de meu pai na mocidade, quando trabalhava na Vila dos Lavradores com comércio de calçados. Depois foi para Sorocaba onde fundou esse império que é a Votorantim ( é avô do empresário Antonio Ermírio de Moraes). Apelei para o Comendador Pereira Ignácio, expondo as nossas dificuldades e a impossibilidade financeira de adquirirmos tão caro equipamento. Pedi que ele abrisse a campanha para a aquisição do Raio X.
Qual não foi a nossa grande surpresa quando Pereira Ignácio enviou, de presente, um novo e moderníssimo Aparelho de Raio X para a Misericórdia Botucatuense...”
( do livro “Memórias de Botucatu II”, pág. 30, 1993).
Conde Francesco Matarazzo: o Empreendedor do Século XX!/leia aqui
A matéria abaixo é de autoria de LUCIANA CONTRIM e retrata São Paulo Antigo & Moderno ( matéria encaminhada por MANFREDO ANTONIO COSTA NETO).
Série Avenida Paulista: da “casa” de Pereira Ignácio ao Edifício Anchieta.
A Série Avenida Paulista desta semana começa com um desafio: descobrir uma fotografia da casa que contaremos a história. Topa o desafio?
A mansão era localizada na Avenida Paulista número 7, na antiga numeração, quase já em Higienópolis. Na foto aérea, ela estaria no fim da imagem, do lado direto onde acaba a avenida. Está vendo ela lá? Nem eu. Por enquanto, ela é uma casa “muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada…”. Mas vamos descobri-la. Você ajuda?
Esse desafio foi postado em agosto de 2016, e só agora em março de 2017, portanto 8 meses depois ele foi desvendado. Devemos essa façanha a uma querida leitora, Maria Lourdes Pereira, amante de fotos da antiga São Paulo, que, como ela mesma diz, “coleciona imagens que fazem o coração acelerar”.
Pois foi Maria Lourdes que descobriu uma reportagem publicada na Revista Fon Fon, de março de 1918, na coluna Vivendas Paulistanas com a apresentação da casa de Antonio Pereira Ignácio. E agora, com a contribuição de maria Lourdes, podemos dividir com todos a imagem publicada na revista. Um imenso agradecimento a ela, que nos proporcionou essa possibilidade de conhecer a casa do empresário.
A residência pertencia a Antonio Pereira Ignácio, grande empresário deste país. Primeiramente, apresentaremos sua trajetória e, em seguida, contaremos o que sabemos sobre a casa. Antonio Pereira Ignácio nasceu em Baltar, Portugal, no dia 29 de março de 1874. Imigrou para o Brasil em 1884, junto com seu pai João Pereira Ignácio.
A família instalou-se primeiramente em Sorocaba, onde Antonio se alfabetizou. Jovem, em 1889 vai para o Rio de Janeiro, procurar ajuda com o português, João Reynaldo Faria, com quem trabalha por 3 anos.
Volta para São Paulo com um capital de 300 contos e abre comércios com seu pai em cidades como São Manuel do Paraíso, Itapetininga e, fixa-se em Botucatu, com sua primeira firma de secos e molhados Rodrigues S. Pereira.
Em 1899, com 25 anos de idade, casa-se com Lucinda Rodrigues Viana, com 15 anos e filha de seu grande amigo Francisco Manoel Viana. Em 1900 nasce o primeiro filho, João e, em 1902, o seu segundo filho, Paulo. Sua filha Helena nasce em 1904, que seria a esposa de José Ermírio de Moraes, outro grande luso brasileiro.
Em 1903 inicia os negócios com algodão, fundando com um sócio, a Pereira Ignácio& Cia. em Boituva. Passa anos nos EUA, como operário da Wilson North Carolina para aprender novos métodos técnicos e administrativos.
Retorna ao Brasil e, a partir de 1907, investe na indústria de algodão e seus derivados. Em pouco tempo, adquiriu as tecelagens Fábrica de Tecidos Bom Retiro, Fábrica de Tecidos Paulistana, Tecelagem São Bernardo e fundou a Fábrica de Tecidos Lusitânia. Comprou também empresas como a Cia Telefônica Paulista, Usina de Força do Pilar, Água Mineral Plata e a Cia de Cimento Rodovalho.
Um fato interessante é que foi ele quem construiu os primeiros conjuntos habitacionais para trabalhadores, creches, escolas, o primeiro posto de abastecimento e o primeiro restaurante de uso exclusivo dos operários.
Tornou-se arrendatário da fábrica Votorantim, do Banco União de São Paulo e, em 1915, monta escritório na Rua São Bento 47 em São Paulo. Em seguida, como único dono deste império, criou a Sociedade Anônima Fábrica Votorantim e transformou em uma empresa saudável e produtiva novamente.
Em uma viagem da família à Europa, sua filha Helena, conhece seu futuro esposo José Ermírio de Moraes. Com uma festa grandiosa, os noivos casam-se em 1925. Seu genro passa a ser seu principal executor, na expansão dos negócios da Votorantim.
Na filantropia, o empresário foi um dos grandes beneméritos do Hospital Beneficência Portuguesa e da Santa Casa de Misericórdia. Na área de esportes foi presidente da Associação Portuguesa de Desportos, no ano de 1935, quando este clube foi pela primeira vez campeão paulista. Na vida social, tornou-se a comenda das Ordens Portuguesas de Cristo e da Ordem Brasileira do Cruzeiro do Sul.
O empresário faleceu em 14 de fevereiro de 1951 e foi sepultado no Cemitério São Paulo, ao lado de sua esposa.
Nosso principal objetivo é resgatar a história da casa número 7 da Avenida Paulista. Ela já aparece na lista telefônica, em 1917, no nome do proprietário Antonio Pereira Ignácio. A casa abrigava desde 1915 uma escola: o Gymnasio Lusitano, que se mudou para a Rua 13 de maio em 1917. Vendo a imagem da casa, observamos a grandiosidade da construção, só assim para ter abrigado um colégio antes de virar residencia. Muito provavelmente a casa foi reformada para receber a família do proprietário.
Outra referência à casa encontra-se no livro “Votorantim – 90 anos – Uma história de Superação”, em que lemos sobre Helena, a filha de Pereira Ignácio, que era uma moça animada, adorava e não perdia o corso da Avenida. A casa passou por uma grande reforma, quando a família viajou para a Europa em 1924, no retorno ainda tiveram que se hospedar no Hotel Esplanada, pois a reforma não havia terminado.
No dia 18 de maio de 1925, com a casa pronta, abriu-se as portas para a cerimônia civil, com uma grande festa do comentadíssimo casamento do casal Helena e José Ermírio de Morais, que assumiu os negócios de seu sogro e foi o responsável pelo sucesso do Grupo Votorantim.
Isso é tudo que sabemos sobre a casa da Avenida Paulista número 7. Alguém poderia dar mais informações sobre ela? A imagem já conseguimos com a colaboração de Maria Lourdes.
Um comentário:
Adorei muito este artigo. Aprendi a bela história do começo deste gigante que é a Votorantim. Parabéns Dr. Delmanto.
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