BOTUCATU É CONSERVADORA ?!?
BOTUCATU É REFRATÁRIA ÀS MUDANÇAS?!?
BOTUCATU PRECISA MUDAR !!!
O resgate de
parte da entrevista dada à revista BOCA DE CENA, então sob o comando de JAIME
SANCHEZ – teatrólogo, jornalista e agitador cultural! – no limiar da virada
para o novo século (novembro de 1999), sobre Botucatu, seu conservadorismo, sua
estagnação cultural e suas perspectivas para o futuro, CONTINUAM atualíssimas e
precisam ser debatidas para que no próximo ano – das eleições municipais! – o
município de Botucatu possa ter um PLANO MUNICIPAL DE MOBILIDADE URBANA E DE
PLANEJAMENTO URBANÍSTICO E DESENVOLVIMENTISTA que lhe assegure melhor
qualidade de vida.
Em
novembro de 1999, Botucatu estava agitada: era a virada do século XX para o
século XXI e a vontade de MUDAR DE FORMA POSITIVA era o que a nossa população
queria.
Daí
o convite para a entrevista (revista “BOCA DE CENA”, Ano I, Nº 4, novembro de
1999): um bate-papo sobre a cidade, o seu conservadorismo (entenda, aqui,
CONSERVADORISMO, como uma realidade refratária às mudanças...) que tem brecado,
sempre, o seu desenvolvimento e a necessidade de mudança política. Serve – como
uma luva! – para a nossa realidade que também está às vésperas das eleições
municipais de 2020 e deseja, ou melhor, PRECISA superar o CONSERVADORISMO
NEGATIVO (refratário às mudanças) que ainda “trava” o desenvolvimento
sustentável de Botucatu:
“BOCA
– Por quê? É assim em todas as cidades,
ou a gente tem aqui muita fama e pouco desempenho?
Armando –Eu acho que Botucatu é uma cidade diferente.
Outro dia, esteve numa entrevista na Serrana o médico Paulo
Villas Boas. Ele falou uma coisa, que eu repeti umas dez vezes, já. Então eu
acho que isso aí é muito importante: “Botucatu é a segunda cidade, no Estado de
São Paulo, em população mais idosa”. Isso aí representa muita coisa. O que quer
dizer isso? É uma população velha. É uma cidade centenária. Conservadora.
Então, daí você pega... Estruturada, conservadora estruturada. Uma cidade
conservadora estruturada é contrária à mudança. Então, por quê não há mudança
política? Porque é uma cidade conservadora. Por quê não se dá um avanço
cultural? Porque é uma cidade conservadora. Por que a indústria não se
reestruturou depois da queda de 30? Porque é uma cidade conservadora.
Praticamente fechou-se as portas da cidade ao desenvolvimento industrial. Vão
falar, não é a vocação de Botucatu, a indústria? Não. Eu acho que hoje não é
mais. Inclusive a UNESP fez um estudo, o diagnóstico do município de Botucatu,
e chegou à conclusão de que Botucatu é o ecoturismo e a tecnologia de ponta, a
nível universitário. São as Faculdades da UNESP. Mas no primeiro ciclo
industrial de Botucatu, dos imigrantes, ela foi uma cidade industrial. Acho que
a quinta do Estado de São Paulo, em termos de indústria. Porque houve a queda
de 30, mas depois, a cidade estruturada, conservadora, se fechou pra novas
iniciativas. O que tinha de indústria na época, o Bacchi, o Lunardi...morreram
à mingua. Desmontaram o império desses grandes industriais, fechando as portas.
Então, Botucatu sofre com isso. O primeiro ciclo industrial vai até 1930. De 30
a 60 e pouco, é o segundo ciclo: medíocre. Não teve indústria nenhuma de
expressão, praticamente. Fora a Catu, que também não teve sucesso, e a Neiva,
mais ou menos, não é? Daí, na época de 70, já o terceiro ciclo com a Staroup,
Duratex, Caio, Costa Pinto... Mas não por causa de Botucatu. Não vieram pra cá
porque tinha um planejamento, um distrito industrial... Não, a Duratex veio
porque houve um planejamento no Estado, e a região de Botucatu era propícia ao
reflorestamento. A Caio, pela ligação do Marins: o filho é caso com uma Massa.
Quer dizer, não tem... Botucatu ganhou o 3] ciclo industrial, apesar de tudo.
De não ter um distrito industrial, estruturado, com equipamento urbano... Não
tem nada disso. Não tinha à época. E ganhou essas indústrias. Então, Botucatu,
não tem mais o perfil industrial. E isso se aplica à cultura? Por quê que não
evolui? Porque é uma cidade conservadora. Você vê que em política, não há
mudança política em Botucatu. E eu, particularmente, eu sigo uma política que é
de meu pai, não é? A mesma política de luta. Não interessa se ganha ou não. Tem
que disputar. Quer dizer: é uma postura diferente. Nós somos oposição aqui há
40, 50 anos. Não é brincadeira. Por quê? Então, porque eu não sou situação é
que a cidade é ruim? Não. É que não há mudança. Se você pega: o poder econômico
predominou desde a época de 30 até hoje, em Botucatu, é verdade. Com
pequenos períodos, assim, de acenos, que é o Renato de Oliveira Barros, que foi
um prefeito voltado ao popular... Tanto que nunca mais se elegeu, não é?
Porque, ele entrou porque era primo do Adhemar (de Barros). Mas, como prefeito
ele se revelou popular. Fez as primeiras casas populares de Botucatu, na Vila
Maria. Fez o açougue do povo, distribuindo carne. Quer dizer, não interessa pra
elite conservadora, que não quer mudanças, não é? Então o Renato não mais
ganhou. Vamos dizer o Plínio, com lampejos populares, mas também bem integrado
no status quo, naquela época já. Também foi um... Não deu trombada
com a elite, mas também nunca mais teve chance. Então, o que vem: continua a
mesma época. De 30 pra cá, o poder econômico estruturado em Botucatu... Vamos
dizer assim, o capitalismo primata, que é selvagem, é burro, não é? Ele
não chega lá... Então, é um negócio complicado. Botucatu está sofrendo por
isso. Eu sempre dou o exemplo de Marília, que é uma cidade nova, na idade e na
população. Então, houve um movimento contra o radar, aqui em Botucatu e em
Marília. Em Botucatu, continuou o radar. Em Marília, o prefeito teve que tirar
o radar, não é? O governador quer a Febem. Foi pra Marília. Tinha visto o
local, já, na zona urbana. A população fez um movimento. O prefeito, que não
vai dar trombada com o governador, colocou a unidade da Febem na divisa com
Assis. Isso quer dizer o quê? A população, que no regime democrático, a pressão
popular, é lugar de destaque. Isso não é contra as regras do jogo. É a regra do
jogo. Agora, a pressão popular de uma sociedade organizada. Que sabe o que
quer. Então, Botucatu peca por isso. Está aí o radar, se vier a Febem, vem a
Febem... Já ganhamos o pedágio. Então, não é discutir o mérito desses castigos
pra Botucatu. É outro enfoque. Nós queremos conquistas. E nós estamos
discutindo esses castigos, não é? ”
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