agosto 30, 2019

Fundação da APM Seção de Botucatu - 70 ANOS !

 Fundação da APM Seção de Botucatu

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APM - Associação Paulista de Medicina


APM - Associação Paulista de Medicina -Botucatu
70 anos !

Neste ano de 2019, a APM Botucatu comemora seus 70 Anos de existência. Sob a presidência de Roberto Vaz Piesco, a APM marca sua trajetória histórica em Botucatu. PARABÉNS !

REGISTRO HISTÓRICO

A fundação da APM - Associação Paulista de Medicina-Seção de Botucatu foi, com certeza, fruto do período de afirmação da classe médica botucatuense. Tendo por base o Corpo Clínico da Misericórdia Botucatuense - a nossa popular Santa Casa ! -, a cidade de Botucatu estava prestes a ganhar uma representação oficial da entidade médica. A APM representava, na verdade, o que havia de mais moderno em termos de medicina e de uma pleiade de jovens profissionais que desejavam o melhor para a sua classe. Fundada em 1930, teve como seu primeiro presidente eleito o Dr. Rubião Meira, professor universitário e profissional altamente capacitado.

 Aqui eu abro um parêntese:

Dr. Rubião Meira vem a ser o pai do Dr. João Alves Meira, também professor universitário e médico conceituado que por 2 vezes dirigiu a Faculdade de Medicina da USP e foi - grande honra para Botucatu! - o primeiro diretor da FCMBB - Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. E mais: o Dr. Rubião Meira foi avô do Dr. Domingos Alves Meira, professor universitário e médico de prestígio que dirigiu a nossa Faculdade de Medicina por 2 vezes e foi o primeiro diretor de nosso Hospital das ClínicasAvô, filho e neto dedicados ao ensino médico universitário! É um exemplo! E, para Botucatu, continuam as coincidências: os três são descendentes de Rubião Junior, político paulista de grande liderança e prestígio cujo nome foi dado ao nosso Distrito de Rubião Jr., onde está sediado o principal campus das faculdades que hoje pertencem à UNESP : Medicina, Medicina Veterinária, Biologia e Enfermagem.

Aqui eu fecho o parêntese.

 A APM surgia como uma entidade médica que se preocupava em aprimorar os conhecimentos técnico-científicos de seus associados, além de propiciar educação médica continuada e, principalmente, a defesa de seus direitos no exercício profissional. As mais importantes lideranças médicas de São Paulo contribuíram para a consolidação da nova entidade. Nos idos dos anos 40, o Dr. Jairo Ramos dirigiu a APM por duas vezes (1945-1952 e 1955-1956), intercalando as suas duas gestões com a presidência do Dr. Benedito Montenegro (1953-1954).

 Aqui abro outro parêntese.

Dr. Jairo Ramos, como o Dr. Rubião Meira e o Dr. João Alves Meira, também era professor universitário e também dirigiu a Faculdade de Medicina da USP e, mais uma grata coincidência, foi um dos fundadores da FCMBB! E o Dr. Benedito Montenegro que era considerado o melhor cirurgião do Brasil, com atuação na capital paulista, era amigo dos botucatuenses Dr. Dante e Dr. Antônio Delmanto. O Dr. Antoninho se orgulhava de ter feito estágio com esse famoso cirurgião paulista. O Dr. Benedito Montenegro também foi Diretor da Faculdade de Medicina da USP.

Aqui fecho o parêntese.

 Pois bem, o Dr. Antônio Delmanto na direção do Corpo Clínico da Misericórdia desde 1937, manteve, na Capital, alguns contatos com o Presidente da APM, Dr. Jairo Ramos , objetivando a que os médicos de nossa cidade pudessem ter a sua entidade corporativa como forma de melhor defender os interesses da classe, mas, também, como forma de unir e estruturar esse importante segmento da comunidade botucatuense. Esses contatos ocorreram em meados do ano de 1949 e foram facilitados pela amizade que unia o Dr. Jairo Ramos ao Dr. Benedito Montenegro, particular amigo do Dr. Dante Delmanto, advogado de prestígio na Capital e irmão de Antônio Delmanto.

 Importante destacar que o Corpo Clínico da Misericórdia fora montado com muito cuidado. Era um grupo de médicos unidos e amigos que tinham como meta principal a assistência médica aos mais carentes. Isso em uma época em que a medicina ainda não tinha atingido o grau de socialização que hoje possui e nem possuía instrumentos como o SUS para a prestação de serviços à população. Naquela época - quase início dos anos 50 - eram somente as Santas Casas de Misericórdia que davam assistência gratuita à população mais carente. Claro que não somente aos mais necessitados. As Santas Casas eram, nas cidades brasileiras, a principal senão a única opção de atendimento médico.

Em Botucatu, a Misericórdia Botucatuense era o mais antigo e mais importante Centro Médico da cidade. Atendia a nível de excelência aos mais abastados e, também e com destaque, aos menos favorecidos pela sorte. Hoje, praticamente, não existe brasileiro que não tenha direito a atendimento médico pelo SUS, isso sem falar aos que se socorrem dos inúmeros Planos de Saúde existentes.

 Pois bem, Antônio Delmanto fora bem sucedido em sua missão em São Paulo. Fora prometido que uma Comissão visitaria a Misericórdia e selaria o início dos preparativos para a implantação de uma Seção local da APM. Em agosto de 1949, a Misericórdia Botucatuenserecebeu um comunicado da APM de que uma Comissão visitaria Botucatu no início do mês de setembro. A Comissão foi recebida pelo Corpo Clínico da Misericórdia tendo à frente o seu Diretor Clínico. Com a antecedência devida, organizou-se um almoço festivo além de visitação a pontos turísticos e às autoridades constituídas. Era importante definir os principais tópicos para que se viabilizasse a instalação dessa importante entidade representativa da classe médica em nossa cidade: sede da entidade, preparação dos estatutos sociais, organização da futura diretoria, etc.

 O jornal "Folha de Botucatu", de 03/09/1949, noticiou esse importante encontro, com a manchete
"Sodalício Médico. Durante o almoço que médicos de Botucatu ofereceram aos delegados da Associação Paulista de Medicina, em sua recente visita a esta cidade, foi tomada uma importante resolução pelo corpo médico desta cidade. Constituiu na fundação da Seção de Botucatu da Associação Paulista de Medicina. O novo sodalício visa congregar toda a classe médica num só núcleo, grande e pujante, destinado a defender os interesses e reivindicações dos médicos do Estado de São Paulo.
Para dirigir os destinos da novel entidade botucatuense, em sua fase de organização, foi aclamada a seguinte diretoria provisória: Presidente, dr. Sebastião de Almeida Pinto; 1º Secretário, dr. Jorge Lavras; 2º Secretário, dr. Adolfo Pardini Filho; Tesoureiro, dr. Benedito Canto."

 Importante notar que não eram todos os médicos da cidade que pertenciam ao Corpo Clínico da MisericórdiaHavia muita disputa entre os membros da classe médica botucatuense,sendo que o grupo pertencente à Misericórdia tomara a dianteira para a instalação de nossa Seção da APM. Tanto foi assim que a sede provisória foi instalada na própria Misericórdia Botucatuense. Lá, foram tomadas as principais providencias para que, após as eleições marcadas para o início do ano, a nova entidade tivesse seus estatutos registrados legalmente.

 Já no mês de abril, decidiu-se pela realização das eleições para início de maio de 1950. Novamente no jornal "Folha de Botucatu", de 17/05/1950, vamos buscar a notícia da eleição da primeira Diretoria da Seção local da APM- Associação Paulista de Medicina:
"Presidente: Antônio Delmanto; 1º Secretário, Jorge Lavras; 2º Secretário, Adolfo Pardini; 1º Tesoureiro, Benedito Canto; 2º Tesoureiro, Hélio de Melo Malheiros."

Durante os anos 50, importantes acontecimentos iriam mobilizar a classe médica botucatuense: a venda da "Casa de Saúde Nossa Senhora Menina" (antiga Casa de Saúde Sul Paulista) para a Associação dos Ferroviários, passando a sediar o Hospital Regional Sorocabana até a conclusão de seu prédio próprio na Vila dos Lavradores. Nos anos 60, mais precisamente em 1962, o governador Carvalho Pinto criava a nossa Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu - FCMBB, concretizando antigo sonho que já obtivera do então governador Jânio Quadros a criação de nossa Faculdade de Medicina, ampliada, por sorte nossa.

Hoje, Botucatu tem orgulho de sua Seção da APM - Associação Paulista de Medicina que tão bem representa a nossa classe médica. Todos os trabalhos para a sua instalação foram válidos. A história médica de Botucatu tem - com certeza! - na APM e seus dirigentes, marcos importantes e definitivos!

A liderança e a visão do então jovem médico Antônio Delmanto, auxiliado por seus colegas da Misericórdia Botucatuense, propiciou a que a nossa classe médica ficasse, desde os anos 50, inserida na mais destacada entidade representativa dos médicos.

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