julho 02, 2020

Governador Abreu Sodré

Governador Abreu Sodré




1936 - referente às Eleições da Constituinte de 1934, com a dobradinha Antonio Carlos de Abreu Sodré e Dante Delmanto, os mais votados do Estado de São Paulo

 
1934 referente às Eleições da Constituinte de 1934, com a dobradinha Antonio Carlos de Abreu Sodré e Dante Delmanto, os mais votados do Estado de São Paulo

1958 referente à dobradinha Antonio Delmanto e Roberto de Abreu Sodré

1958 referente à dobradinha Antonio Delmanto e Roberto de Abreu Sodré






 1964 - Visita a Botucatu do governador Carlos Lacerda, da Guanabara (Rio). Da esquerda para direita: Dep. Fed. Herbert Levy, gov. Lacerda, Dep.Est. Abreu Sodré e Ver. Antonio Delmanto, em palestra no Circulo Operário de Botucatu

1967 primeira visita como Governador de São Paulo ao interior do Estado, onde recebeu o título de Cidadão Botucatuense

 1968 e 1969



 INAUGURAÇÃO DA TV CULTURA E INAUGURAÇÃO DO TRECHO/PLANALTO DA RODOVIA DOS IMIGRANTES







 
1968

 1971


Amanhã, 21 de Junho, comemora-se o aniversário do ex-governador Roberto Costa de Abreu Sodré (1967/1970). Tendo sido o primeiro governador de São Paulo eleito, de forma indireta, pela Assembleia Legislativa, durante o Período Militar.
Fez um governo moderno, notadamente nos transportes (com a criação do DERSA - Desenvolvimento Rodoviário S/A), com a construção da Rodovia Castelo Branco e da Rodovia dos Imigrantes (quando inaugurou o trecho do planalto) e no setor cultural com a criação da TV CULTURA - televisão educativa, uma das pioneiras do Brasil.
Tendo sido deputado estadual e presidente da ALESP - Assembleia Legislativa de São Paulo, Abreu Sodré encerrou sua carreira política como Ministro das Relações Exteriores, no governo de José Sarney.
Toda a sua carreira teve como propulsor a grande liderança política exercida por seu irmão, Antonio Carlos de Abreu Sodré, político de destaque do Partido Democrático e, posteriormente, do Partido Constitucionalista pelo qual se elegeu Deputado Federal na Constituinte de 1934, como o mais votado do Estado em dobradinha com Dante Delmanto, eleito Deputado Estadual com a maior votação do Estado.
Assim, vamos reproduzir, abaixo, trecho publicado no livro “Memórias de Botucatu”, de 1990:

“Aqui abro mais um parêntese
Certos fatos de nossa história sempre estão "amarrados" a fatos passados. Por isso a importância da memória na vida de um povo e em nossa própria vida.
 A ligação da família Delmanto com a família Abreu Sodré remonta aos anos 20/30. O Dr. Antonio Carlos de Abreu Sodré foi Promotor Público e Vereador em nossa cidade, sendo líder do Partido Democrático - PD. Seu irmão, Sr. Francisco, muito adoentado, residiu em Botucatu em busca de recuperação. Isso não ocorreu, vindo a falecer em nossa cidade. O irmão menor de Antonio Carlos (Roberto) e que viria a governar o Estado de São Paulo, chegou a cursar o Ginásio Diocesano. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, o então tenente Dante Delmanto, na frente localizada em Casa Branca, conviveu com vários botucatuenses e, inclusive, com 3 irmãos da família Abreu Sodré.
 Com a manchete "Correspondência de Soldados", o Jornal de Notícias, de 11/09/32, trazia a seguinte nota:
"O nosso conterrâneo, Dr. Dante Delmanto, escrevendo de Casa Branca ao gerente do "Jornal de Notícias", assim diz: "Ao caro Nello (Nello Pedretti), Dante envia um grande abraço e participa que no setor de Mococa se encontram reunidos numerosos botucatuenses e entre eles: Milton Amaral, Lauro e Orlando Bonilha, Paulo Carneiro, Paulo Geraldo, Antonio Cardoso de Almeida, Roberto Fazzio, Antonio Brasil Junior, Alfredo Bueno, Álvaro Nogueira e um filho do falecido Rodrigues Cunha, além de 3 irmãos do Dr. Sodré. Gente firme e valente".
 Após a Revolução Constitucionalista de 32, Botucatu partiu coesa para as eleições gerais de 1934 (Assembléia Constituinte). Para Deputado Federal, o Partido Constitucionalista lançou o Dr. Antonio Carlos de Abreu Sodré, destacado líder do partido e que era Promotor Público em Botucatu. Para Deputado Estadual, o PC lançou a candidatura do jovem advogado botucatuense, Dr. Dante Delmanto, com atuação de destaque no Fórum de São Paulo (pertencia ao escritório de advocacia do Dr. Marrey Jr., jurista e político de prestígio) e nos meios esportivos, eis que era Presidente do Palestra Itália (Palmeiras) onde acabara de conseguir o tricampeonato paulista -1932/33/34.
 Ambos foram eleitos com a maior votação individual de todo o Estado de São Paulo. Pois bem, de 1937 a 1945 tivemos o período ditatorial de Getúlio Vargas. A redemocratização só ocorreria em 1946. À partir de 46, os políticos que militaram no antigo Partido Democrático aglutinaram-se na recém fundada União Democrática Nacional - UDN. O Dr. Antonio Carlos de Abreu Sodré falecera e o Dr. Dante Delmanto afastara-se da política durante o período ditatorial, dedicando-se exclusivamente à sua banca de advocacia criminal.
 Já nos anos 50, lança-se candidato a Deputado Estadual o irmão mais novo do Dr. Antonio Carlos de Abreu Sodré: Roberto Costa de Abreu Sodré. Em Botucatu, Antônio Delmanto continuava em sua militância política e estreava como o vereador mais votado de Botucatu, nas primeiras eleições após a Ditadura de Vargas.
 Nos anos 50, Delmanto pertencia aos diretórios nacional e estadual da UDN, exercendo liderança efetiva em nossa região. Grandes amigos e Deputados Federais do partido, Antonio de Souza Noschese (cujo pai residia em Botucatu e aqui foi enterrado após sua morte) era Vice-Presidente da FIESP e Herbert Levy que era presidente do Banco da América, convocaram Antônio Delmanto para que representasse Botucatu e região como candidato a Deputado Estadual pela UDN.
 Convocado pelos companheiros do partido e pelos correligionários da cidade, Delmanto decidiu-se pela aceitação de sua candidatura. No entanto, visita de Roberto Costa de Abreu Sodré alterou sua decisão. Em nome dos velhos tempos, Abreu Sodré pedia a Delmanto que saísse candidato a Deputado Federal para que ele pudesse contar com os votos de Botucatu e região como candidato a Deputado Estadual. E foi o que ocorreu. Naquela época não havia essa história de se apoiar candidato de fora em troca de "financiamento de campanha". Nada disso. Era na base do idealismo. A base partidária do partido "bancava" os seus candidatos. Nada de dinheiro sem origem e nada de "fantasmas".
 Sempre que havia eleição, Abreu Sodré votava em Botucatu (à época era possível ao candidato escolher onde votar), sempre desfilando pelas ruas da cidade ao lado do Dr. Antônio Delmanto e dos udenistas locais. Com a dobradinha, Abreu Sodré elegeu-se Deputado Estadual, sendo certo que os votos de Botucatu e da região foram decisivos para sua vitória. Eleito, Abreu Sodré ampliou sua base política. Elegendo-se Presidente da Assembléia Legislativa por 3 vezes consecutivas.
 Em 1966, com prestígio entre os deputados estaduais e em seu partido, a ARENA, Roberto Costa de Abreu Sodré é indicado e eleito Governador do Estado de São Paulo, pela Assembléia Legislativa, sendo o primeiro governador eleito de forma indireta, na vigência do regime militar.
 Com a eleição de Abreu Sodré, a cidade de Botucatu passa a "sonhar" com a boa sorte e os bons tempos. Uns diziam que o Dr. Antônio Delmanto, médico de prestígio e político em ascensão, seria Secretário de Estado, convocado pelo amigo. Isso não ocorreu.
 A bem da verdade, Antônio Delmanto da mesma forma que seu mano Dante Delmanto, nunca aceitou cargo remunerado na administração pública. Durante o governo de Abreu Sodré, Antônio Delmanto, juntamente com o Dr. Rafael de Moura Campos, exerceu o cargo de Representante da Comunidade Botucatuense junto à FCMBB-Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. Essa representação junto ao Conselho Diretor da FCMBB, por 2 anos, foi sem remuneração.
 No campo político a amizade entre Delmanto e Abreu Sodré haveria de custar ao primeiro a eleição municipal. Em 1968, a cidade de Botucatu vivia um período singular. Em plena Ditadura Militar, Botucatu tinha a sua greve de estudantes e a primeira greve (rebelião) de padres católicos do país e, se isso não bastasse, seriam realizadas eleições municipais.

1968

Não é preciso dizer que a oposição da época através do MDB, ganhou. A ARENA ganhou em quase todo o Estado, em Botucatu, não. Nesse quadro político, a oposição cresceu na cidade. O MDB local não era forte, mas com a nova realidade local aglutinou em torno da legenda os políticos da antiga base de sustentação do regime Vargas que estavam marginalizados e descontentes. Não havendo candidato disposto a enfrentar o candidato oficial, tido como "irmão" do governador, a oposição lança um candidato desconhecido: o Sr. Luiz Aparecido da Silveira. Pois bem, sem o saber estavam lançando uma nova liderança política. Os "caciques" da velha república esperavam que Lico Silveira, homem simples e ligado à terra, se eleito, fosse facilmente manobrado: que fosse um homem de cabresto.
 Lêdo engano! O homem tinha personalidade. Fez governo próprio e descartou "um-a-um" os figurões. Na verdade a candidatura de Lico Silveira selava o fim de um período em Botucatu. Botucatu estava caminhando para uma nova realidade social e a política também teria que mudar.
 O Governador Abreu Sodré, após sua posse, em março de 1967, realizou a primeira visita ao interior do Estado vindo, exatamente, para a cidade de Botucatu. Aqui recebeu o seu primeiro título de "Cidadão" como Governador, durante as festividades do aniversário da cidade (14/04/67).
 Com a eclosão da crise na faculdade de Medicina, motivada pela falta de verbas oficiais e recursos (por falta de previsão orçamentária) e com a oposição política local atuando a nível estadual em "conluio" com os "inimigos de peso" do esquema estadual (a chamada linha dura de Gama e Silva), Abreu Sodré começa a manter Botucatu sob reserva. Em 1968, já em início de campanha eleitoral, vem à cidade quando ocorre o famoso atrito com os estudantes. Hernâni Donato nos traz o relato em seu "Achegas", com a devida isenção:
"Os tumultos de julho, 1968. O ano foi de convulsões estudantis no mundo. No Brasil, à falta de canais que a exprimissem, a inquietação dos jovens espraiou-se na contestação. Contra o que existisse organizado.
Botucatu, naqueles dias, estarrecia-se diante da "rebeldia de seus padres contra a designação papal do novo arcebispo. Movimento esse que o Cardeal Rossi considerara o mais sério e grave registrado no país.
Na Faculdade, faltava material essencial para o ensino médico. Havia, pois, suficiência de motivos para a explosão juvenil.
Ela aconteceu em julho quando o governador Abreu Sodré visitou a cidade. Tinha razões para fazê-lo e também para o esforço que, reconhecidamente, desenvolvia, dentro das limitações, no sentido de favorecer a Faculdade Membros de sua família, em passado remoto, residiram exatamente em Rubião Junior, quando seu irmão, Antonio Carlos, elegera-se constituinte; ele próprio fora aluno do Colégio Diocesano e, repetidamente, arrebanhava a quase totalidade da votação municipal da União Democrática Nacional. Com a visita, prestigiava amigo íntimo, Antonio Delmanto, candidato a prefeito. Julgava-se com direito à compreensão dos estudantes. E pouco tempo antes estendera aos ferroviários do Estado, o gozo do horário tipo "Semana Inglesa", o que teve algo a ver com os acontecimentos do dia.
Anunciado o almoço do governador na casa do candidato Delmanto, dois grupos posicionaram-se próximos dela. Dos ferroviários, menor e bem comportado, para agradecer. Mais distante, mais rumoroso, o dos estudantes. Estes, à chegada do governador, atiraram contra ele, ovos e tomates, sem atingi-lo, enquanto gritavam eslogãos agressivos.
Aos policiais que se aprestaram a protegê-lo, Sodré ordenou se afastassem e dirigiu-se para os que o vaiavam. Alguns dentre os ferroviários e partidários acorridos, passaram a aplaudi-lo, evidenciando-se um quase conflito. O governador buscou dialogar com os promotores da manifestação, no que se demorou mais de cinco minutos retornando depois à casa Delmanto".
 O Sr. Luiz Aparecido da Silveira foi eleito Prefeito Municipal. Em março tomou posse e, já em abril, ingressava na ARENA pelas mãos do então poderoso Ministro da Justiça do Governo Militar e autor do AI-5, Gama e Silva. Nos primeiros meses de seu mandato, Lico Silveira já alterava a sua equipe, atitude que repetiria outras vezes, sempre que sentia que o queriam "marionetar"... Por mais uma vez voltaria à Prefeitura (1976), quando enfrentaria graves problemas e o risco de "impeachment"... Mas isso já é outra história.
Fecho o parêntese...”

WIKIPEDIA:

Roberto Costa de Abreu Sodré (São Paulo21 de junho de 1917 — São Paulo14 de setembro de 1999)[1] foi um advogadoempresário e político brasileiro. Foi deputado estadualgovernador do Estado de São Paulo e ministro das Relações Exteriores do Brasil.
Foi um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN) em 1945, e posteriormente integrante da Arena, a partir de 1966. Foi eleito de maneira indireta para o governo de São Paulo, cargo que ocupou de 31 de janeiro de 1967 a 15 de março de 1971.
Foi casado com Maria do Carmo Mellão de Abreu Sodré, falecida em 24 de janeiro de 2012, que foi presidente do Fundo de Solidariedade Social, que ela própria estimulou o marido a criar assim que assumiu o governo paulista em 1967.[2]
Seu pai, Francisco Sodré, foi o segundo prefeito do município de Santa Cruz do Rio Pardo e o responsável pela chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana.
Irmão do grande líder democrático, Antonio Carlos de Abreu Sodré que foi um dos políticos mais importantes de São Paulo no período de 1930 a 1945. A presença forte e exemplar de seu irmão na política paulista lhe propiciou sua caminhada política sólida e positiva.

Testemunho Pessoal:
Em 1967, a pedido de meu pai, passei a trabalhar no Gabinete do Governador Sodré, como o mais novo membro de sua equipe e...ainda "careca" como calouro da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco (USP). Texto do Blog do Delmanto mostra bem minha participação no governo:


MUDANÇA RADICAL

Da esquerda para direita, entre os oficiais militares: Chefe Manolo, Laudo Brancato, Helio Motta Filho, Marco Antonio Castelo Branco, Armando Moraes Delmanto e Roberto Wolf.


Essa mudança em meus planos e objetivos políticos, de forma radical, passando de militante contestador para ser o mais jovem membro da equipe do 1º governador eleito pela Assembléia Legislativa, Roberto Costa de Abreu Sodré.

Eu já havia sido aprovado para ser Revisor no jornal "O ESTADO DE SÃO PAULO", através de seu Redator Chefe, Flávio Galvão,  quando recebi um pedido de meu pai para que fizesse parte da equipe do Governador eleito, Roberto Abreu Sodré.  Foi uma mudança radical em meus planos...  Tive uma experiência enriquecedora. Como Secretário do Dr. Nelson Marcondes do Amaral, Secretário do Governador, pude aprender muito e participar dos atos do governo, especialmente daqueles ligados a Botucatu.




EM 1967 - OPERAÇÃO ANDARILHO





 1 ANO DEPOIS...






O governador Abreu Sodré após a sua posse, em março de 1967, realizou a primeira visita ao interior do Estado vindo para Botucatu. Aqui recebeu o seu primeiro título de “Cidadão” como governador (durante o aniversário da cidade – 14.04.1967). Mas era ano eleitoral e a atuação do governo estadual para Botucatu foi muito negativa.


Em 1971, participei do último ato oficial do governador Abreu Sodré: a inauguração da Rodovia dos Imigrantes (trecho do planalto), juntamente com o prof. Américo Campiglia, presidente do DERSA.


Inauguração da Rodovia dos Imigrantes: à partir da esquerda, prof.  Américo Oswaldo Campiglia, presidente do DERSA, governador Abreu Sodré, Armando Moraes  Delmanto e Tharsício de Souza Campos (1971)

2 comentários:

Delmanto disse...

Histórico da TV CULTURA: http://blogdodelmanto.blogspot.com/2017/10/revolucao-culturalpaulista-tv-cultura.html

Delmanto disse...

Histórico da TV CULTURA: http://blogdodelmanto.blogspot.com/2020/07/tv-cultura-revolucao-cultural-paulista.html

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