outubro 10, 2015

ALEIXO DELMANTO - Primeiro dos "oriundi" de Botucatu a se formar em Medicina!

ALEIXO DELMANTO (1901- 1994)

Aleixo (Alessio) Varoli foi um dos pioneiros da imigração italiana (1875/1887). Já em 1865, estava estabelecido na região de Itu, onde tinha fazenda e negócios. De Itu, veio para Botucatu onde se estabeleceu com Indústria de Bebidas. Ficou representante Consular da Itália e exerceu efetiva liderança na poderosa colônia italiana de Botucatu. Presidiu por muitos anos a Società Italiana di Beneficenza exercendo o cargo de Agente Consular da Itália em nossa cidade. Com o casamento de suas 3 filhas, constituiu ampla família, com efetiva influência e destaque na sociedade local

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Seus genros, todos italianos, Francisco Botti (Francesco Botti Caffoni), Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) e Adeodato Faconti.
Francisco Botti, casado com Albina Varoli, atuou no setor bancário e deu continuidade à atuação na cafeicultura do sogro, assumindo a sua grande propriedade rural. Botti chegou a ter seu próprio banco, o Banco Brasul (absorvido em meados da década de 1970 pelo Banco Itaú) em sociedade com a família Mellão, da vizinha cidade de São Manoel. Pedro Delmanto, casado (1900) com Maria Varoli, atuou no setor calçadista, possuindo Loja de Calçados, Fábrica de Calçados e o Curtume Bella Vista, especialmente montado para servir a Fábrica Delmanto. Adeodato Faconti, casado com Leonilda Varoli, sucedeu ao sogro na Industria de Bebidas, além de atuar de forma expressiva como jornalista e escritor, tendo exercido a vereança em Botucatu.

Pedro Delmanto e Maria Varoli Delmanto, tiveram 7 filhos: Aleixo, Antônio, Dante, Orlando, Berval, Peggy (Imaculada Conceição) e Wanda. Queria todos formados, tutti dottori...




Os imigrantes italianos que vieram para Botucatu no final do século retrasado (1887), chegaram carregados de esperanças e com uma só determinação: serem vencedores na nova pátria.
Como a educação no Brasil, no início do século, ainda não tivesse atingido o nível que hoje possui, principalmente no interior, Aleixo Varoli patrocinou a ida de seus netos para a Itália, para que pudessem estudar e preparar-se para a futura vida profissional.

Aleixo Varoli enviou seus netos para que estudassem no tradicional e conceituado “Collegio Maria Luigia”, da cidade de Parma, em regime de semi-internato. Mais uma vez, contou com a colaboração de Giuseppe Botti para que fizesse o acompanhamento, na sua ausência, da atuação dos meninos. Foram do Brasil, com média de 9 anos, Aleixo Delmanto (filho de Pedro/Maria Delmanto) e Alfonso, Julio, Carlos e Mário Botti (filhos de Francisco/Albina Botti).




Todos fizeram do básico ao colegial na Itália, tendo Aleixo Delmanto feito também a Faculdade de Medicina da Universidade de Parma e, depois (1930/31), especialização na Universidade de Bolonha - a mais antiga Universidade do Mundo! Tanto Parma como Bolonha pertencem, hoje, à Região Emilia-Romagna, uma das mais desenvolvidas da Itália.

Em seu retorno ao Brasil, o jovem médico botucatuense (primeiro “oriundo” local a formar-se em Medicina), recebeu uma grata surpresa e um grande incentivo: seu pai, o industrial italiano Pedro Delmanto, havia construído uma réplica reduzida de um grande Hospital de Florença! Seria em 1928 a inauguração, em Botucatu, da Casa de Saúde “Sul Paulista”...


CASA DE SAÚDE "SUL PAULISTA"









No inicio dos anos 20, a então poderosa colônia italiana em Botucatu atingia o auge de sua prosperidade. Era mais unida e o sentimento da origem comum ainda era forte. A colônia italiana tinha a sua escola, a sua banda musical, o seu jornal, o seu clube social, o seu teatro, os seus estabelecimentos comerciais, as suas fábricas e até a sua loja maçônica. Longe deles qualquer sentimento divisionista, ao contrário, o que havia era uma natural aglutinação de pessoas com a mesma origem, os mesmos costumes, a mesma paixão pelas coisas...

Como ocorrera, com muito sucesso, na capital, onde a colônia italiana erguera, sob ocomando do Conde Matatarazzo, o imponente Hospital Umberto Primo, em 1904, ampliando-o sucessivamente, o exemplo passou a ser seguido pelos núcleos mais expressivos dos imigrantes italianos nas cidades do interior do estado.

E Botucatu estava situada no limite de onde chegara a Estrada de Ferro Sorocabana, em 1889 e dali partindo para a conquista do interior, “plantando” cidades com o progresso que as suas paralelas levavam: Lençóis Paulista, Bauru, Assis, Ourinhos e Presidente Prudente se destacando entre tantas outras...
Inaugurada com toda a pompa, com banda de música, a presença de autoridades e comparecimento expressivo da população num verdadeiro congraçamento dos imigrantes com os botucatuenses e, suprema honra, com a presença do Cônsul Geral da Itália representando o Rei da Itália. Sucesso. Com a Direção do Prof. Dr. Ludovico Tarsia, compunham a Diretoria: os Drs. Aleixo Delmanto e Miguel Losso, médico italiano já integrado à colônia local

ALEIXO DELMANTO – O PRIMOGÊNITO !

Com apenas 9 anos, o menino Aleixo foi estudar na Itália. Imaginem um menino de 9 anos... Lá, Aleixo fez seus estudos em Parma onde acabou cursando Medicina, com especialização na tradicional Universidade de Bolonha. Em Parma, casou-se com Rina (Arthurina) Cantoni. E voltou para o Brasil como o primeiro dos “oriundi” formado em Medicina. Foi uma vitória da família e, com certeza, de toda a numerosa colônia italiana de Botucatu. Primeiramente, de forma pioneira, na Casa de Saúde Sul Paulista e, ao depois, por 40 anos na Misericórdia Botucatuense, como Chefe do Serviço de Radiologia.




 Aleixo se dedicou à medicina por 60 anos de efetivo exercício profissional. Nos primeiros anos da nossa Faculdade de Medicina pode colaborar com seus ensinamentos para o engrandecimento dessa modelar instituição.

Comunicativo e extrovertido, Aleixo participou sempre das atividades culturais e festivas da colônia italiana na cidade. Traduziu os clássicos italianos, escreveu as letras de muitas músicas, inclusive, a letra do HINO DE BOTUCATU. Foi um dos fundadores do TAENCA (Cine Teatro Nelli) e da Academia Botucatuense de Letras. Enfim, foi um cidadão prestante. Seus filhos, Rubens Aleixo (médico) e Glória Maria (professora), deixaram-lhe netos e bisnetos.

Em carta datada de 08 de fevereiro de 1914, meu pai, Antônio Delmanto, deixava expressa toda a felicidade e todo o orgulho que a família e amigos tinham do jovem Aleixo:

“...ti faccio sappere che sono passatto nella Scuola Botucatuense per poter imparare anche a língua portoghese ma il babbo me disse che da qui 2 anni vengo anch’io in Italia per poterme imparare come sideve, qui noi tutti stiamo bene...Riceve um baccio dal tuo fratello, Antonio Delmanto”.

E termina, com letras maiores:

“Viva Alessio,
Viva Alessino!”

No dia 16 de outubro de 2001, Aleixo Delmanto completaria 100 Anos!

Um Centenário! Uma vida!

Saudades, caríssimo Tio Aleixo! Saudades!

11 comentários:

Delmanto disse...

É oportuno mostrar a importância e a representatividade da colônia italiana para a cidade de Botucatu, mostrando bem a união, a alegria e os sonhos daqueles que estavam literalmente construindo uma cidade, uma comunidade, uma nova Pátria.
E a família Delmanto já está em sua 5ª geração... E a trajetória do primogênito da família Delmanto – Aleixo Delmanto – é um marco da colônia italiana e da Medicina em Botucatu: a CASA DE SAÚDE “SUL Paulista”, CONSTRUÍDA , EM 1928, POR SEU PAI, Pedro Delmanto, foi o primeiro hospital particular da região, com direção de um professor titular de Clínica Cirúrgica da Universidade de Nápoles, Prof. Ludovico Tarsia, que estava no Brasil por problemas políticos na Itália. Foi um pioneiro. Foi um cidadão prestante. Por 60 anos exerceu a medicina em Botucatu.
Caminhada Vitoriosa!
Salve, Aleixo Delmanto!
Saudades!

Anônimo disse...

Djanira Genovez (Facebook):
E Salve também seu pai Dr. Antonio Delmanto !!!, A que admiro muito...

Delmanto disse...

Obrigado, Djanira. No post sobre ele, as homenagens minhas e de seus amigos. Valeu. Grande abraço. http://blogdodelmanto.blogspot.com.br/.../antonio...

Anônimo disse...

A cidadania precisa sempre ser destacada. Muito bom trabalho. E aproveito para lembrar que o primeiro Médico de Botucatu, nos seus primórdios, foi o Dr. COSTA LEITE, que nos legou a Misericórdia Botucatuense. E da comunidade botucatuense, o primeiro botucatuense formado em Medicina, foi o Prof. Dr. Cantídio de Moura Campos, que foi ProfessorTtitular e Diretor da Faculdade de Medicina da USP e Secretário de Estado da Saúde e da Educação. São cidadãos que marcaram com dignidade e brilho as suas passagens entre nós.
(haroldo.leao@hotmail.com)

Anônimo disse...

Antonio De Oliveira Moruzzi (Facebook):
A data da carta (1.914) está correta???

Delmanto disse...

É isso mesmo: 101 Anos! O seu alerta me fez scaneá-la e publicá-la no post. Afinal é uma preciosidade. Valeu, amigão. Grande abraço.

Anônimo disse...

Ilza Maria Nicoletti Souza (Facebook):
Muito bom recordar a pessoa maravilhosa que foi o Dr. Aleixo . Já disse em outra oportunidade , o " Anjo da Guarda "dos Chiaradia . Muito elegante , sempre , de terno claro , de linho, combinando com o chapéu . Bonita homenagem , merecidissima .

Delmanto disse...

Obrigado, Ilza Maria. Vocês foram praticamente vizinhos. E o tio Aleixo e seu avô, Pedro Chiaradia, tinham aquela boa e sincera amizade os "oriundi". Valeu. Grande abraço.

Anônimo disse...

Nilza Favero (Facebook):
As visitas do tio Aleixo na casa de seu pai eram sempre mto festivas.
O carinho dos dois irmãos nas conversas regadas por um bom Chianti revelavam uma saudade permanente dos anos de afastamento.
Dono de uma autenticidade escancarada não deixava pra depois seus comentários sobre qualquer assunto (rsrs), o que na maioria das vezes provocava risos incontroláveis.

Dotado de uma inteligência ímpar mas de uma essência extremamente simples, carregava consigo uma leveza de ser, e não era incomum vê-lo andando pela rua cantando ópera. (Rsrs)
Como dizia seu pai: Um poeta.

Frequentador e "provador" assíduo da feira com D.Rina, conversava com todos (e opinava também) sobre tudo e todos, sem exceção. (Rsrs)
Delícias do seu viver!

Pessoas assim deveriam ser imortais. Saudade!

Delmanto disse...

Boas lembranças, Nilza. Tio Aleixo e tia Rina formavam um belo casal, s´que a todos encatava com sua simpatia espontânea e sua postura humilde... Valeu. Grande abraço.

Anônimo disse...

Maria Oliveira 9FACEBOOK):
umh! cada historia heim?
Magnifica!!!

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