Centenário
da Maçonaria em Botucatu
No ano de 1998, no mês de setembro, em sua edição nº 11, a revista Peabiru, foi convidada a fazer matéria sobre o CENTENÁRIO DA MAÇONARIA EM BOTUCATU, podendo divulgar o histórico fornecido pela Loja Guia Regeneradora, com fotos do Templo Maçônico e o fac-simile da ficha cadastral do Dr. Antonio José da Costa Leite, fundador da Misericórdia Botucatuense e que foi Venerável da Loja Maçônica. Os dados publicados pela Peabiru, datam do ano de 1998. Hoje, em 2018, a Maçonaria já está completando 120 Anos em Botucatu. Mais forte e com um maior número de membros. É matéria histórica a se confundir com a própria História de Botucatu!
A Maçonaria em Botucatu se confunde com a própria história de nossa cidade. Objetivando o registro histórico de seu 1º Centenário é que preparamos esta matéria.
Hoje, são 5 as “Lojas” em nossa cidade: Loja Guia Regeneradora ( que está comemorando seu centenário), Loja Aquarius (que estará completando 25 anos no próximo mês de novembro), Loja Veritas, Loja Renascença 19 de Março e Loja Arls Guia Centenário ( a mais nova Loja, fundada pela primeira em homenagem ao seu centenário).
A Maçonaria em Botucatu se confunde com a própria história de nossa cidade. Objetivando o registro histórico de seu 1º Centenário é que preparamos esta matéria.
Hoje, são 5 as “Lojas” em nossa cidade: Loja Guia Regeneradora ( que está comemorando seu centenário), Loja Aquarius (que estará completando 25 anos no próximo mês de novembro), Loja Veritas, Loja Renascença 19 de Março e Loja Arls Guia Centenário ( a mais nova Loja, fundada pela primeira em homenagem ao seu centenário).
No entanto, nos primórdios de nossa
cidade a atuação maçônica foi bem diversificada e muito presente. Foram 4 as Lojas Maçônicas: Loja Guia do
Futuro, Loja Regeneradora Botucatuense, Loja Cel. Baptista da Luz e Loja
Silvanno Lemmi ( pertencente à Colônia Italiana, muito numerosa e influente
à época).
Nas comemorações de seu centenário,
a Augusta Respeitável Grande Benfeitora e Benemérita Loja Simbólica Guia
Regeneradora de Botucatu, realizou, em 08 de agosto p.p., Sessão Solene com
toda a pompa de um protocolo digno de registro.
Sob a presidência do Venerável Mestre Clóvis de Almeida Martins,
o evento contou com a presença de ilustres autoridades, convidados e membros da
Maçonaria, como o Comendador Romeu Bonini - Grão Mestre do Grande
Oriente de São Paulo, do Desembargador Dr. Francisco Murilo Pinto -
Soberano Grão Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil e do Sr. Marcos José da Silva - Presidente
da Soberana Assembléia Federal Legislativa do Grande Oriente do Brasil.
Daremos, a seguir, o inteiro teor
do Histórico Oficial dessa
importante Entidade:
“1º CENTENÁRIO da
Augusta Respeitável e
Grande Benfeitora Loja Simbólica
G U I A R E G E N E R A D O R A Nº 1259 - Oriente de Botucatu - SP
A
Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica,
filantrópica, progressista e evolucionista .
Pugna
pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do
cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da
investigação constante da verdade.
Proclama
a prevalência do espírito sobre a matéria.
Seus
fins supremos são :
LIBERDADE,
IGUALDADE e FRATERNIDADE.
Além
disso :
I -
Institucionalmente a Maçonaria tem a missão de promover o aperfeiçoamento do
ser humano e consequentemente a sua valorização no contexto da sociedade.
II – Condena a
exploração do homem, os privilégios e as regalias, enaltecendo , porém, o
mérito da inteligência e da virtude, bem como o valor demonstrado na prestação
de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade;
III
– afirma que o sectarismo político, religioso ou racial é incompatível com a
universalidade do espírito maçônico. Combate
a ignorância, a superstição e a tirania;
IV – proclama que
os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o
princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as
convicções e a dignidade de cada um ;
V – defende a
plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser
humano, admitida a correlata responsabilidade;
São postulados universais
da Instituição Maçônica, dentre outros;
A existência de um princípio criador : O Grande Arquiteto do Universo;
A proibição de discussão ou controvérsia sobre
matéria político-partidária, religiosa ou racial, dentro dos templos ou fora
deles, em seu nome;
uso do avental.
O
Grande Oriente do Brasil, Órgão Fundado
em 17 de junho de 1882, é uma instituição Maçônica simbólica, regular, legal, e
legítima, inscrito como pessoa jurídica de direito privado e reconhecido como
de utilidade pública federal pelo governo brasileiro.
Tem
sede própria e foro no Distrito Federal.
É
constituído como Federação indissolúvel dos Grandes Orientes dos Estados, do
Distrito Federal, das Delegacias, das Lojas Maçônicas Simbólicas e dos
triângulos.
H I
S T Ó
R I A
A
atividade Maçônica no Brasil começou muito antes de sua independência.
Surgindo
em quatro orientes, nesta ordem : Bahia,
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco. Eram
maçons emigrados, ou aqui iniciados, sobretudo portugueses, que aportavam ou
brasileiros que retornavam à Pátria.
A Maçonaria em
Botucatu :
A
atividade Maçônica na então Vila de Botucatu-SP começou muito antes da fundação
oficial de sua primeira loja maçônica, na segunda metade do século XIX, mais
precisamente no ano de 1875 .
Em
Botucatu surgiram 04 (quatro) lojas a saber :
Guia do Futuro ;
Regeneradora
Botucatuense ;
Silvanno Lemmi e;
Cel. Baptista da
Luz .
Maçons
oriundos de outras plagas, ou aqui iniciados, sobretudo portugueses, italianos,
espanhóis, franceses, e até mesmo norte-americanos, que aqui aportaram e
semearam a sublime instituição maçônica nos altos da serra da então Vila de
Botucatu.
A
Augusta e Respeitável Loja Capitular “ GUIA DO FUTURO “ fundada no Oriente de Botucatu-SP no ano de 1875 ( Era Vulgar ) recebeu seu Breve
Constitutivo provisório do Grande
Oriente UNIDO, de Saldanha Marinho em 28.7.1876,
carta esta assinada pelo próprio Saldanha Marinho e pelo Grande Venerável João
Francisco Rebello, grau 33( conforme consta do Registro fls. 151V e 152).
A
sua regularização se realizou em 26.12.1876 por uma comissão formada pelos
próprios Irmãos do quadro:
Dr. José Gonçalves
da Rocha (Venerável)
Francisco Antunes
de Almeida e Daniel Carlos Maria Jordão da Rocha Peixoto.
Tornou-se
Orador o Irmão Francisco de Farias Villas Boas.
Entre
os fundadores havia o Irmão Eliás de Oliveira Lima Machado.
Em
18.1.1883 o GRANDE ORIENTE UNIDO foi incorporado pelo Grande Oriente do Brasil
, e a Loja GUIA DO FUTURO, já tinha abatido Colunas em 1877 pela
morte por assassinato do seu fundador e Venerável Dr. JOSÉ GONÇALVES
DA ROCHA , que era oriundo de
Pernambuco, solteiro, e era advogado, ( Juiz Municipal ) encontrando-se
sepultado em um túmulo já tombado pelo município, à quadra 03, no cemitério “Portal
das Cruzes” em Botucatu-SP, mas mesmo assim ela recebeu o Cadastro nº 355, em 1899 .
A Loja GUIA DO
FUTURO foi restabelecida
em 28 de abril de 1898 segundo alguns registros, e
em 01.08.1898 surgiu um nova GUIA DO
FUTURO em Botucatu pelo grande e inolvidável Maçom
Dr. Abel Waldeck, Grau 30( que
como seu novo Venerável a fez regularizar em 04 de fevereiro de 1899). Era Vulgar que recebendo o Cadastro nº
618 em 1876 do Grande Oriente do Brasil, foi mudado para o nº 610 em 1899 .
Existem registros
de que em 04
de fevereiro de 1899 foi regularizado o Irmão
Dr. Antônio José da Costa Leite - Médico , uma vez que o mesmo fora
iniciado em 1888, na loja “América IA, em São Paulo” , nascido em Salvador/Bahia,
aos 19 de abril de 1860, e que já em 1886 clinicava em Botucatu .
O
Dr. Antônio José da Costa Leite, foi o fundador do hospital Misericórdia
Botucatuense, inaugurada em 08/12/1901.
Faleceu
aos 15 de junho de 1953, tendo sido condecorado pela Guia do Futuro como “Benfeitor
da Humanidade”.
Em
03 de setembro de 1899, a Loja Guia do Futuro fez transladar os despojos
do irmão José Gonçalves da Rocha, do cemitério velho para o atual, “Portal das
Cruzes”. Tendo sido também inaugurado
nesse dia o prédio novo da Loja, na rua do Colégio nº 2 (
atual Major Leônidas Cardoso , 229
)
Para
o exercício de 1900/1901 foram eleitos
para a administração da loja Base os seguintes diretores:
Venerável Mestre - Antônio José da Costa Leite – grau 18;
Secretário Daniel Carlos – grau 33 e para a administração
do Capitulo,
Atherzata , o Irmão Daniel Carlos – grau 33;
Secretário o irmão Joaquim G. Paixão – grau 18 .
Augusta e
Respeitável Loja Capitular “
R
E G E N E R A D O R A B O T U C A T U
E N S E”
A
Augusta e Respeitável Loja Capitular “ REGENERADORA BOTUCATUENSE “ foi
fundada aos 24 de Dezembro de 1898 (
Era Vulgar ), e regularizada aos 24 de
junho de 1899 sob os auspícios do Grande Oriente do Brasil existindo fortes evidências de que os Irmãos
fundadores eram “descontentes”, oriundos da
Loja Guia do Futuro .
Consta
ter sido a Loja Capitular “ Regeneradora
Botucatuense”, fundada por iniciativa do Irmão ERASMO
TERRAL, que curiosamente não aparece no quadro de Obreiros oficial da Loja. A posse foi em 01.07.1899, secretariando
então o Irmão Nicolau Kuntz , tendo
como seus primeiros dirigentes, os
seguintes Irmãos :
Venerável - Alberto dÁraujo
Grau 30
1º Vigilante - Pedro Avelino
de Oliveira Grau 3
2º Vigilante - Miguel da Silveira Castro Grau
3
Orador - Antonio Antunes de Souza Grau
3
Secretário - João Thomaz de Almeida Grau
3
Tesoureiro - Simão Solem
Grau 3
Chanceler - Dr. Leonardo
Junsey Jones Grau
3
Mestre de
Cerimônias-
Virgilio Maynaldi Grau 3
Em
01.02.1900 quando a Oficina recebeu o seu Breve Capitular, reportava ao
Grande Oriente do Brasil,
um Quadro de Obreiros com 45 Irmãos
porém em 1902/03 já com uma nova administração, desaparecera temporariamente
para reerguer-se novamente em data posterior
Eis
o que consta da administração de 1902 :
Venerável Mestre - Antônio Ignácio de Oliveira –
Grau 3
Secretário - Arthur Bratke
- Grau 3
Eis a administração em 02 de
setembro de 1933 :
1º Vigilante - Faieck
Maduar
2º Vigilante - Manoel Lopes
Filho
Orador - Anselmo S. de
Souza
Secretário - Viriato
Ribeiro
Tesoureiro - Delfin da Graça
Cardoso
Hospitaleiro - Leonardo
Trindade
Chanceler - João
Gasparini
Botucatu
teve a Loja
Maçônica S I L V A N N O L E M M I , loja de vida pouco conhecida
até o momento, talvez devido ao período da Segunda Grande Guerra, da qual
apenas restam algumas citações no Livro “Achegas para a História de Botucatu”
do historiador e Acadêmico Botucatuense HERNÂNI
DONATO, uma bandeira mal conservada, e uma pequenina medalha
ofertada pelo Irmão José Moscogliato Nigro membro ativo e regular da
atual Loja Guia Regeneradora,
medalha essa que fora de seu avô, pertencente ao quadro dessa Loja,
composta em sua maioria por maçons dissidentes da Guia do Futuro e da Regeneradora
Botucatuense, e com predominância de descendentes peninsulares .
Botucatu
teve ainda a Loja Coronel Baptista da
Luz, ( segundo o Irmão KURT PROBER ), documentado por um exemplar do Quadro
de obreiros da Loja resgatado pelo nosso
Irmão Édison Cardoso dos Santos .
Ela foi fundada pelo Irmão Coronel João Francisco de Lima Júnior
, em 01.12.1921, recebendo a carta
Constitutiva Cadastro nº 972 para o Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA) sendo
homologado pelo Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocês, em Ato na
Sessão de 01.12.1921.
A Loja
Coronel Baptista da Luz,
cessou suas atividades em 1922 .
Em
31 de janeiro de 1935 uma assembléia geral das Lojas Guia do Futuro e
Regeneradora Botucatuense aprova a Fusão delas, e em 12.03.1935, o Grande Oriente do
Brasil por Ato de nº 1347 atendeu ao pedido de F U S Ã O das duas lojas vivas existentes em Botucatu, que estavam
quase a “ abater colunas “.
A
loja Capitular Guia do Futuro
cadastro nº 610, que era a Loja “forte”
de então, funde-se com a Loja Regeneradora Botucatuense Cadastro nº 641,
advindo daí então, o nome do quadro
atual, GUIA REGENERADORA de
BOTUCATU-SP .
Diretoria da Guia Regeneradora em, 11/04/1935:
Venerável - João da Costa
Chaves
1º Vigilante - Manuel
Alvarez
2º Vigilante - Delphin da
Graça Cardoso
Orador - Guaraciaba
Trench
Secretário - João Ventura
Fornos
Secretário Adjunto - André
Félix
Tesoureiro - José Nigro
Tesoureiro Adjunto - Nicolau Martins
Chanceler - Gregório Fazzio
Hospitaleiro - João Gasparini
Hospitaleiro
Adjunto
- Anselmo Soares de Souza
Primeiro Experto - Viriato Ribeiro
Segundo Experto - Germano Pirré
Terceiro Experto - José Ribeiro
Mestre de
Cerimonias
- Faieck Haduar
“
Adjunto - Raphael Serra
Primeiro Diácono - Manoel Lopes
Filho
Segundo Diácono - José Moreno
Porta estandarte - Hygino Ferrari
Porta espada - Antônio César
de Camargo
Arquiteto - Ângelo
Rafanelli
Mestre de Banquete - Pedro
Tortorella
Cobridor - Augusto Camargo
Cobridor Adjunto - Victório
Andreasi
Presidente da
Mútua
- Delphin da Graça Cardoso
Secretário da
Mútua
- Guaracyaba Trench
Tesoureiro - João Ventura
Fornos
Dep. Est. junto à
Assembléia Capitular
Antônio Serpa Sobrinho
Deve-se ao Ato número 1347 de 12
de março de 1953 do Supremo Conselho do Brasil para o Rito Escocês Antigo e
Aceito publicado no Boletim Oficial do Grande Oriente do Brasil que considerou
a data de fundação da Loja que era a mais antiga, portanto como sendo de 04 de
agosto de 1898 , mantendo a data de 12.03.1935, como a data da fusão, diversamente mapensamento que apelam para as mil facetas de
um ecletismo tão atuante quanto antigo como constava até o ano de
1995/1996.
CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIÁ-LA
Observe-se
que esta retroação de data somente foi possível graças ao primeiro levantamento
patrimonial que se tem registro efetuado pelo irmão Clovis de Almeida Martins
em 1995, quando então se observou emoldurado em um pequeno quadro, o Ato número
1347 do Supremo Conselho do Brasil para o R.E.A.A. .
V E N E R Á V E I
S :
( desde a
Fundação)
1876 - Dr . José Gonçalves da Rocha - 18
1898 - Dr.
Abel Waldeck - 30
1900/1901 - Dr.
Antônio José da Costa Leite - 30
1909/1915 -
Attilio Panizza
- 30
1924 - Dr. Antônio
José da Costa Leite - 33
De
observar-se que muitos dos Veneráveis foram reconduzidos ao Veneralato inúmeras vezes,
alguns por mais de cinco ou seis anos, e outros simplesmente não tiveram seus
nomes identificados até o momento.
Relação
dos Veneráveis conhecidos documentalmente, ou àqueles que
tiveram registros :
MANUEL ALVAREZ - Junho/1935 à
Maio /1936
MANUEL ALVAREZ - Junho/1936 à
Maio /1937
MANUEL ALVAREZ - Junho/1937 à
Maio 1937
Trabalhos
paralisados - Estado Novo
Fevereiro/1938 à Janeiro/1940
MANUEL ALVAREZ - Janeiro/1940 à
Maio/1940
MANUEL ALVAREZ - Junho/1940 à
Maio/1941
MANUEL ALVAREZ - Junho/1941 à
Maio/1942
JOÃO DOS SANTOS
NEVES
Junho/1942 à Maio/1943
JOÃO DOS SANTOS
NEVES
Junho/1943 à Maio/1944
JOÃO DOS SANTOS
NEVES
Junho/1944 à Maio/1945
JOÃO DOS SANTOS
NEVES
Junho/1945 à Maio/1946
JOÃO DOS SANTOS
NEVES
Junho/1946 à Maio/1947
JOÃO VENTURA
FORNOS Junho/1947
à Maio/1948
JOÃO VENTURA
FORNOS Junho/1948 à Maio/1949
LAURO AUGUSTO
ALVES DE LIMA Junho/1949 à Maio/1950
LAURO AUGUSTO
ALVES DE LIMA Junho/1950 à Maio/1951
LAURO AUGUSTO
ALVES DE LIMA Junho/1951 à Maio/1952
LAURO AUGUSTO
ALVES DE LIMA Junho/1952 à Maio/1953
LAURO AUGUSTO
ALVES DE LIMA Junho/1953 à Maio/1954
AURÉLIO MENEGON - Junho/1954 à
Maio/1955
AURÉLIO MENEGON - Junho/1955 à
Maio/1956
AURÉLIO MENEGON - Junho/1956 à
Maio/1957
AURÉLIO MENEGON - Junho/1957 à
Maio/1958
ANDRÉ FELIX - Junho/1958 à
Maio/1959
MARIO SOARES - Junho/1959 à
Maio/1960
JOÃO HIPOLYTO
MARTINS
Junho/1960 à Maio/1961
AURÉLIO MENEGON - Junho/1961 à
Maio/1965
NELSON GASPARINI - Junho/1965 à
Maio/1967
AURÉLIO MENEGON - Junho/1967 à
Maio/1968
AURÉLIO MENEGON - Junho/1968 à
Dezembro/1969
ELÍ DE ARAUJO
SOUZA
-Janeiro/1969 à Maio/1969
AGOSTINHO JOSÉ
RODRIGUES TORRES
Junho/1969 à Maio/1970
AGOSTINHO JOSÉ
RODRIGUES TORRES
Junho/1970 à Maio/1971
CARLOS TEIXEIRA
PINTO
Junho/1971 à Maio/1973
CARLOS TEIXEIRA
PINTO
Junho/1973 à Setembro/1975
JOSÉ LUIZ CAPARICA Setembro/1975 à
Outubro/1975
JOSÉ RICARDO DE
OLIVEIRA
Novembro/1975 à Maio/1977
ANTONIO TILIO
JUNIOR Junho/1977 à Maio/1979
JOSÉ LUIZ CAPARICA Junho/1979 à Maio/1981
CECÍLIO LINDER Junho/1981 à
Maio/1983
JONAS ALVES DE
ARAÚJO
Junho/1983 à Maio/1985
WILSON PEREIRA
COELHO
Junho/1985 à Setembro/86
JOSÉ RICARDO DE
OLIVEIRA
Setembro/86 à Maio/87
NIVALDO EDSON DE
MELLO
Junho/87 à Maio/91
ÉDISON CARDOSO DOS
SANTOS
Junho/91 à Maio/93"
CLOVIS DE ALMEIDA
MARTINS
Junho/93 à Maio/95
CLOVIS DE AVELLAR
PIRES FILHO
Junho/95 à Maio/97
CLOVIS DE ALMEIDA
MARTINS
Junho/97 à Maio/99
DIRETORIA ATUAL
( Do Centenário)
Venerável - Clovis de
Almeida Martins
1º Vigilante - Flávio
Abranches Pinheiro
2º Vigilante - Édison
Baptistão
Orador - Antônio de
Oliveira Fernandes
Secretário - Hilton Antônio
Mazza Pavan
Tesoureiro - Silvio Pacheco
Neto
Chanceler - Angelo Cataneo
Deputado Estadual - Walter
Paschoalick Catherino
F o n t e s de
Pesquisa :
Livros de Atas das
Lojas Guia do Futuro e Regeneradora Botucatuense,
Regimentos e
regulamentos internos às lojas Guia do Futuro e Regeneradora Botucatuense
Quadro de Obreiros
da Loja Coronel João Baptista da Luz
Bandeira e medalha
da Loja Silvanno Lemmi,
Cúria
Metropolitana,
Irmão KUR PROBER - “A
BIGORNA “ Nº 71, Abril
de 1987.
Irmão José
Moscogliato Nigro - Doação da única medalha conhecida da Loja Silvanno Lemmi;
livro “Achegas
para a História de Botucatu” à pags. 261- Hernâni Donato.
Irmão Walter Paschoalick Catherino;
Irmão Édison Cardoso dos Santos;
Música:
Irmão João Bosco David;
Wolfang Amadeus
Mozart
Narração :
Antônio de
Oliveira Fernandes
Texto Roteiro e
Direção :
Clovis de Almeida
Martins
Na seqüência, transcreveremos, na
íntegra, o discurso proferido na ocasião, pelo Venerável Mestre Clóvis de
Almeida Martins:
“Quanto
mais difíceis, incertos ou confusos são os dias em que vivemos - mais
precisamos, na vida nacional, conhecer ou relembrar a vida dos vultos que se
tornaram tutelares da nacionalidade.
É necessário
colocar diante de todos, principalmente da juventude, o conhecimento da vida,
da obra e dos sacrifícios experimentados pelos grandes vultos brasileiros.
A Conjuntura política, econômica e
espiritual em que vivemos torna pois ainda mais valiosa a abordagem do tema em
tela.
A criatura humana se esquece, com
facilidade, dos exemplos que vão se distanciando no tempo.
Estabelecer as origens da Maçonaria
em Botucatu, foi tarefa ao mesmo tempo fácil e difícil.
Fácil, se admitimos que desde o
instante em que o homem fixou entre seus anseios o da Liberdade e do Altruísmo,
pois aí repousa o traço de luz inspirador dos primeiros iniciados.
Difícil, se quisermos estabelecer
uma data e um local certos para o seu surgimento.
Nós não sabemos ao certo a quem
ocorreu, pela primeira vez, a idéia da Maçonaria em Botucatu, mas neste
momento rendemos nossas homenagens aqueles que nos antecederam, aos quais,
direta ou indiretamente, a Maçonaria Botucatuense será sempre
reconhecida.
Cumpre aqui
destacar que o sonho e a proposta de uma Instituição que servisse ao progresso
da humanidade, moveu os fundadores da primeira Loja Maçônica de Botucatu, a
Loja Guia do Futuro, como certamente moveu também os IIR: fundadores da
mais nova loja da Maçonaria Universal em nossa cidade, a Arls Guia Centenário, significativo
fruto da perenidade de princípios e idéias semeados pela ordem maçônica, e aqui
praticados.
A Maçonaria botucatuense, com
tantas razões de se desvanecer de si própria, menos de si ocupou, menos se
infectou do amor de si mesma.
Menos se infectou do amor de seus
integrantes.
O IR: Dr. José Gonçalves da Rocha,
imaginou dar Justiça e Equidade aos homens de então, - um sonho acalentado
desde que gente é gente, e conseguiu!
Só idealistas como ele poderiam
fazê-lo, do jeito que nossos irmãos fizeram.
A palavra “Maçonaria” ainda
hoje suscita em cada um de nós, sentimentos diversos, por vezes contraditórios,
mas no fundo um pouco misturados: estranheza, receio, repulsa e fascinação.
Estranheza pelo caráter ritual,
receio pelo seu aspecto oculto, repulsa pelos maléficos que lhe são atribuídos
pelos inimigos da liberdade dos povos, e fascinação por tudo o que é estranho,
oculto e secreto...
Mas a realidade da Maçonaria
senhores, ontem como hoje, é muito mais simples do que aquilo que alguns dizem
e outros piamente acreditam.
A diretoria da Augusta
Respeitável Grande Benfeitora e Benemérita Loja Simbólica Guia Regeneradora de
Botucatu, elaborou este momento solene, dando ênfase aqueles aspectos de
transcendência e magia, observados nas entrelinhas da existência ou na vida de
grandes vultos como o irmão Dr. José Gonçalves da Rocha por exemplo, que
foram nossos antecessores, e que sem exceção nos aproxima bastante.
Esta Sessão não é um Libelo nem
apologia.
Assistiremos um vídeo que se
constitui portanto de uma narrativa e uma interpretação que pretendemos fossem
imparciais e corretas, de nossa história, e conhecimento.
Contém,portanto, erros involuntários
e lacunas que não conseguimos preencher...
Os Srs. verão e ouvirão memórias ou
lembranças de um século, que são intermitentes, e, por momentos nos escapam,
porque a vida é exatamente assim.
A intermitência do sonho nos permite
suportar a incerteza do amanhã, as dificuldades do presente e a saudade do
passado.
Muitas de nossas lembranças se
toldaram ao evocá-las, viraram pó.
As imagens que veremos poderão ser o
momento da revelação em que este passado se atualiza inesperadamente em nossas
memórias, provocando saudades...
Vivemos hoje
momento solene não de um aniversário, mas de uma História.
Quantas Instituições em Botucatu
poderão se orgulhar de ter 100 anos de existência?
O Judiciário, o Executivo, o
Legislativo?
Os Poderes Constituídos, apenas?
A
Maçonaria !
Arrogância de uma Instituição?
Ou consciência de si própria e de
seu valor?”
ENCERRAMENTO
“Para a Loja Maçônica Guia
Regeneradora em particular, e a Maçonaria em geral, constitui subida
honra recepcionar como convidados todos os senhores que nos honraram com as
suas presenças, homenageando os fundadores da Maçonaria em Botucatu, e
também todos os seus atuais integrantes.
“Há Instituições
que somente se levantam.
Há as que se
levantam e caminham sob o contemporâneo, e há as Sublimes Instituições; que
vêem a luz em obscuras encruzilhadas muito além de seu tempo.” Clóvis de Almeida
Martins
Reportamos nossa modesta homenagem a
todos os nossos antecessores, Irmãos que ajudaram a construir um grande país -
que não aspira a ser melhor nem mais poderoso - mas apenas a ser o país onde
ninguém se sinta estrangeiro, e possa aspirar a ser apenas um cidadão livre e
de bons costumes!!!
O nossos trabalhos estão encerrados.
Que o Grande Arquiteto que é Deus,
a todos nós abençoe e guarde.
Retiremo-nos em paz.”
Registro Histórico
1 - A
Revista Peabiru transcreve o trabalho do historiador Adirson
Vasconcelos, de Brasília, referente aos 175 anos da Maçonaria Brasileira
:
“Maçons de todo o Brasil reunem-se
em Brasília, neste mês de junho, para comemorar os 175 anos de fundação da
Maçonaria Brasileira, recordando a instalação, em 1822, do Grande
Oriente do Brasil - GOB, hoje sob o Grão-Mestrado Geral do Desembargador
Francisco Murilo Pinto. Milhares de
maçons devem comparecer ao evento que tem o título de “Compasso para o
Futuro.”
Um momento significativo do
calendário nacional pelo que a Maçonaria tem representado para a vida
brasileira, notadamente nos episódios da abolição da escravatura, do 7 de
setembro, da proclamação da República e em tantos outros fatos que têm
promovido o engrandecimento do País e o bem-estar do povo brasileiro.
A História da Maçonaria se confunde
e coincide com a História do Brasil.
Seus grandes iniciados são também grandes vultos da vida nacional e
muitos dos atos que os tornaram notáveis foram praticados em seu nome. São exemplos marcantes os de Tiradentes,
Hipólito da Costa, frei Caneca, Gonçalves Lêdo, D.Pedro I, José Bonifácio,
Barão do Rio Branco, Rui Barbosa, Joaquim Nabuco, Carlos Gomes, Bento
Gonçalves, Deodoro, Floriano, Benjamim Constant, Prudente de Moraes, Nilo
Peçanha, Campos Sales e outros.
A par das atividades sócio-culturais
que marcam a data, este encontro nacional de maçons em Brasília é, por igual,
um momento maior de diálogo e de reflexão para um tempo de estudo sobre o
passado e o presente objetivando antevisões e perspectivas para o futuro, com
as vistas voltadas para os ideais de evolução social e espiritual.
E hoje, isto se faz muito oportuno
ante as transformações e movimentos econômicos, políticos, científicos,
tecnológicos e psicossociais que vêm ocorrendo no Brasil e no mundo. Sintonizar com as realidades e as mutações
dos tempos hodiernos com visão futurística é propósito estadístico.
Nunca se fez tão necessário e
imperioso o trabalho dos maçons, cuja
tradição os credencia, quanto neste ciclo histórico em que vivemos, numa era
mais tecnológica do que humanística, num mundo de conflitos ideológicos, de
incompreensões, de abusos, de desonestidades de toda ordem e no qual sejam
irmãos em nome da paz, da religião e do progresso.
Contrastando com os extraordinários
avanços da ciência e da tecnologia, a fome, o vício, a poluição, o desemprego,
a corrupção, as drogas, a licenciosidade sexual, o consumismo, as doenças não
dominadas, a violência e as armas químicas e nucleares são, hoje, grandes
inimigos da sobrevivência e do aprimoramento do homem.
Cumpre hoje, mais do que em qualquer
tempo, que os obreiros da Arte Real se façam presentes na História,
através do estudo, do pensamento e da ação, porque a Maçonaria é
detentora de instrumentos e meios capazes de combater eficazmente o clima de
licenciosidade, de mal-estar, de opressão humana e de degenerescência
social. Poderá ser o grande veículo da
restauração e da espiritualização iniciática e filosófica em sendo, por igual,
uma instituição educativa e filantrópica.
Antiga - até milenar - porém, é ao mesmo tempo atual e progressista.
Só o espírito e os ideais de liberdade
de consciência, de igualdade de direitos e de fraternidade universal são
instrumentos eficientes e duradouros capazes de criar a harmonia entre os
homens. Assim, haveremos de construir um
novo tempo para vivermos o Terceiro Milênio, que se avizinha, e quando
queremos, todos, um Brasil e um mundo com uma civilização mais irmã, feliz e
progressista, socialmente...”
Registro Histórico
2 - A
Revista Peabiru com o objetivo de apresentar um retrato amplo do
que é a Maçonaria , do seu histórico no Brasil e em Botucatu,
transcreve, a seguir, a definição dado pelo “Novo Dicionário Brasileiro
Ilustrado”, da Editora Melhoramentos, pág. 166, de Maçonaria:
“s.f.
(fr. Maçonnerie). O mesmo que franco-maçonaria, associação outrora
secreta de pessoas que professam princípios de fraternidade e se reconhecem,
entre si, por sinais e emblemas, entre os quais os da arte da construção civil,
donde também o nome popular de pedreiros-livres. Em cada loja maçônica obedecem a um chefe, o venerável,
e se classificam como aprendizes, companheiros e mestres.”
Registro Histórico
3 - A
Enciclopédia DELTA LAROUSSE, em seu 4º volume, à pág. 1956, traz o
histórico do Advento da Maçonaria no Brasil:
“O fato é que, em 1870,
a situação estava praticamente invertida do que fora no princípio do
século. A Maçonaria já então
contava com elementos colocados até na presidência do Conselho de Ministros,
como foi o caso do Visconde do Rio Branco, quando se desencadeou a tempestade
contra Dom Vital, ao passo que a Igreja se via mutilada pelo Aviso de 1855 e
enfraquecida pela união com um Império regalista, que, pela sua mentalidade
agnóstica e “liberal” no sentido substantivo e anticristão do têrmo, só tendia
ao enfraquecimento das instituições religiosas, para a preservação do predomínio
absoluto das instituições civis sobre aquelas, representado no tempo pelo
espírito regalista como em nosso século é representado pelo espírito
totalitário.
A Maçonaria havia-se
estabelecido no Brasil no fim do século XVIII, trazida pelo famoso botânico
Manuel de Arruda Câmara (1752-1810), natural de Pernambuco, e que,
durante seus estudos na Europa, na Universidade de Coimbra e depois na de
Montpellier, se aproximou dos Enciclopedistas franceses e especialmente de D’Alembert
e de Condorcet. Foi ele, de volta ao
Brasil, que estabeleceu em Pernambuco o famoso Areópago de Itambé, de
onde irradiou o espírito do enciclopedismo, que impregnou tanto a leigos
proeminentes como Antônio Carlos Ribeiro de Andrada ou Francisco de Paula
Cavalcanti de Albuquerque, como a religiosos que foram líderes dos
movimentos republicanos e emancipacionistas de 1817 e de 1824, como o famoso
carmelita, aliás do mais alto valor intelectual e moral, Frei Caneca ou o
Padre João Ribeiro Pessoa, professor do Seminário de Olinda.
De Pernambuco a Maçonaria
irradiaria para todo o Brasil, sob os auspícios do Grande Oriente de
Portugal e de França. Em 1818, em
consequência do papel representado pela Maçonaria na Revolução de 1817,
foram proscritas as sociedades secretas, mas já em 1822 foi criado o Grande
Oriente do Brasil, independente do de Portugal e de França, e designado
para Grão-Mestre o Patriarca da Independência, José Bonifácio. Pouco depois ascendeu a Grão-Mestre
o próprio Imperador PedroI, mas para em seguida (outubro de 1822)
suspender as atividades maçônicas, já então divididas em duas facções, a de José
Bonifácio e a de Gonçalves Lêdo, com tendências republicanas. E, 1831, com a retirada do Imperador,
restabelecia-se o Grande Oriente, sob a direção de José Bonifácio...”
Registro Histórico
4 - O
famoso jornalista, escritor e político brasileiro, Carlos Lacerda, em
seu livro “Depoimento”, Editora Nova Fronteira, à pág.86, nos apresenta
o histórico da famosa Burschenschaft - a BUCHA - braço da maçonaria a
atuar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco:
“A Bucha
esteve para a história da República como a Maçonaria para a
Independência. É impossível escrever a
história da Independência sem escrever a história da Maçonaria.
Assim como José
Bonifácio, Gonçalves Ledo, Clemente Pereira, essa gente, levou Pedro I à
Maçonaria, com o nome de Guatimozim e, lá, obrigou-o a fazer a
Independência, a Bucha, em São Paulo, na Faculdade de Direito, com Julio
Mesquita e outros, muitos e muitos outros, com filial na Faculdade de Medicina,
com Arnaldo Vieira de Carvalho, e muitos outros, levou o país à Abolição, à
República, à luta que terminou pelo Partido Constitucionalista, à Revolução
de 32, e a muitas coisas geralmente boas e também ruins, conforme
predominassem as diferentes correntes.
Burschenschaft é o nome
alemão (vem de burchen, bolsa) de uma instituição criada por um sujeito
chamado Robert du Sorbon, criador da Sorbonne, que, paraatrair estudantes estrangeiros para
a Sorbonne, criou bolsas de estudos, talvez pela primeira vez na história
universitária do mundo. Então, começou a
chegar uma série de bolsistas alemães, que voltaram para a Alemanha com o nome
de burschenschaft, quer dizer, mocidade da bolsa, mocidade estudantil
que se beneficiou da bolsa. Bolsistas,
em suma. E lá criaram (e até hoje existe
na maior parte das universidades alemãs) a Burschenschaft, entidade
aparentemente filantrópica, isto é, que custeia os estudos de estudantes que
não tem como pagá-los, mas que depois tomou um matiz liberal e passou a lutar
pelas causas liberais na Alemanha.
Participou da Revolução Liberal de 1848, e alguns de seus membros foram
obrigados a se exilar.
Um deles, cujo nome ainda não tenho, exilou-se nos Estados
Unidos, onde chegou a ter uma grande influência junto a Abraham Lincoln, e um
outro, chamado Julius Wilhelm Johan Frank, veio para São Paulo. Da Bucha, salvo referências mais ou
menos irresponsáveis, o único registro existente é uma coisa completamente
errada e falsa: um livro horroroso, anti-semita, integralista, do Gustavo
Barroso, chamado a História Secreta do Brasil, em que ele apresenta a Burschenschaft
como uma organização judaica internacional para destruir o Brasil. Então, os Mesquitas são judeus, os Whitakers
são judeus, o Julius Frank era judeu, etc.
Todos vieram destruir o Brasil.
Não é nada disso, não é verdade.
Mas dos segredos a que eles se
obrigam - porque era como na Maçonaria, o ritual era maçônico, entrar
para lá implicava em juramentos terríveis - um deles era o de não contar nada
Até
hoje,se você conversar com um velho paulista daqueles, ele lhe conta tudo. Se você começar a falar de Burschenschaft,
o máximo que você consegue é : “Não, isso é uma associação estudantil, negócio
da Faculdade de Direito, não tem a menor importância, já acabou, isso não
interessa”.
Há pouco tempo vi - ninguém me
contou - atas da Burschenschaft assinadas pelo José Carlos Macedo
Soares. O primeiro chefe da Bucha
chamou-se Diogo Antonio Feijó.
Julius Frank chegou a São
Paulo e foi ser professor de alemão em Sorocaba. De Sorocaba foi levado para São Paulo pelo
Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, futuro marido da Marquesa de Santos. Depois, Julius Frank foi professor de
história geral, como então se chamava, do curso anexo da Faculdade de Direito
de São Paulo.
Pois bem, é o único túmulo que
existe dentro da Faculdade de Direito de São Paulo. Lá existem dois estranhos. Um é Julius Frank, que está enterrado num
daqueles pátios internos sem nunca ter sido professor catedrático, nem
aluno,nem funcionário. Foi o criador da BUCHA. O outro estranho é a minha cabeça: posei
para uma escultora chamada Adriana Janacopolis, irmã de uma grande amiga de
Julinho chamada Vera Janacopolis, que era cantora. Encomendaram a ela uma cabeça do estudante
morto na Revolução Constitucionalista e, como não havia nenhum estudante
paulista morto disponível, no momento, no Rio de Janeiro, ela me pediu para
posar. Eu posei e ela fez a minha cabeça
em bronze dourado que está lá no pátio da Faculdade de Direito. Somos os dois estranhos. Só que ele fundou a Bucha e eu não
fundei nada.
Ao que parece, a influência da Burschenschaft
em São Paulo e no Brasil foi de tal ordem que o único Presidente da República,
civil, até Washington Luís, que não foi da Bucha, parece ter sido
Epitácio Pessoa, presidente por acidente, presidente para evitar Rui
Barbosa. Todos os demais passaram por
ela.
E o fenômeno não tem nada de mais, é
o mesmo fenômeno da Maçonaria: uma sociedade secreta de sujeitos amigos,
companheiros, de famílias, vamos chamar assim, “mesma classe”, que passam pelas
faculdades, que se sentem futuras elites dirigentes e que se entendem. Um dia um sobe e chama o outro. Um vai ser governador e chama o outro para secretário,
outro vai ser ministro, e assim por diante.
Então foram chefes da Burschenschaft: Diogo Antônio Feijó, no
Império, até José Carlos Macedo Soares, na República, e, antes dele, Pedro
Lessa, que foi um grande jurista, Ministro do Supremo Tribunal, e Venceslau
Brás, Presidente da República que depois, já em Itajubá, isolado, ainda era
consultado para decisões da Bucha.
Esse é um
capítulo inteiramente novo, ainda por
escrever da História do Brasil, é uma visão completamente nova e o que eu tenho
dito ao pessoal que procura esconder isso é o seguinte: “Assim como o Gustavo
Barroso os desfigurou completamente, procurando apresentar a Bucha como
uma conspiração judaico-comunista contra o Brasil, o que é totalmente falso,
vai acabar um dia os comunistas pegando essa história e dizendo que tudo foi
uma conspiração da plutocracia paulista contra o trabalhador brasileiro, o que
é também falso.
“Hoje, ninguém sabe até quando durou
a Burschenschaft ou mesmo se ela ainda está viva. O que se diz é o seguinte: o Ademar quando conseguiu a lista dos “bucheiros”,
não completa, levou-a ao Getúlio,
convencido de que estava prestando um grande serviço. Getúlio
leu a lista dos nomes, incompleta, porque essa lista está espalhada um pouco
por toda a parte (não há uma lista completa em nenhum lugar), olhou e viu
naquela relação os nomes de Vicente Rao,
José Carlos Macedo Soares - vários que depois seriam ministros dele - e
naturalmente viu alguns que não apreciou muito, como o do Júlio de Mesquita Filho, do qual não deve ter gostado nada. Virou-se para o Ademar e disse: “Não se pode governar o Brasil sem essa gente, o
senhor que entre para a Burschenschaft”. Isso é o que se conta, não
tenho prova. Em todo caso, é verdade que
o Ademar entrou para a Burschenschaft,
prestou juramento e depois a traiu.
Traiu a Bucha porque violou todas as regras de conduta da
organização.
O bucheiros defendiam o ideal
liberal, basicamente liberal, que depois tomou aqui e ali certa feição
conservadora. Quer dizer, na medida em
que certos elementos conservadores foram predominando... Por exemplo, a Liga Nacionalista, fundada entre outros
pelo Julinho, foi um entidade criada
dentro da Burschenschaft. Me
prometeram mostrar um discurso pronunciado pelo Rui Barbosa numa reunião secreta da Bucha, na qual ele
aceitou sua candidatura à Presidência da República, iniciando a campanha
civilista. A Burschenschaft, em
última análise, foi também quem fez a campanha civilista....”
Registro
Histórico 5 - A
presença positiva na história de São Paulo e na história da Maçonaria do
Grão-Mestre José Adriano Marrey Júnior é marcante. Chefiando a “dissidência justificada” de 1921 da Maçonaria, voltava a
liderar a reincorporação do GOSP ao GOB, em 1929. Era todo um trabalho
liderado pelo Dr. Marrey Jr. de recomposição das lideranças
paulistas. Logo a seguir, novamente ele,
liderava a união dos paulistas diante das distorções de Getúlio Vargas à Revolução
de 30. Marrey Jr. desempenhou
papel de destaque na Revolução Constitucionalista de 1932 e, ao depois,
como Chefe do Partido Democrático soube unir forças com o Partido Republicano Paulista no Partido Constitucionalista
Filme de Marrey Júnior e Dante Delmanto caminhando no centro de São Paulo - 1933
No
PC , os paulistas em Chapa Única, elegeram os constituintes de 34. Marrey Jr. elegeu-se Deputado Federal Constituinte e o
botucatuense Dante Delmanto, seu
colega no Escritório de Advocacia e nas lides partidárias, elegeu-se Deputado
Estadual Constituinte com a maior
votação do Estado.
Esse registro é importante na medida
em que coloca Botucatu - através de um de seus filhos - na frente e com
destaque nos dois grandes movimentos cívicos paulistas que foram a Revolução Constitucionalista de 1932 e,
consequência dela, a eleição CONSTITUINTE
DE 1934.
Registro
Histórico 6 - A
importância da imigração italiana em Botucatu é conhecida. No entanto, vale destacar a atuação desses
valorosos pioneiros imigrantes na Maçonaria.
Primeiramente, os peninsulares se reuniram na Loja Guia do Futuro
e, mais tarde e com o crescimento deles, partiram para a sua própria loja
maçônica : Loja Silvanno Lemmi.
Durante anos tiveram destaque na comunidade botucatuense, principalmente
nos primeiros anos deste nosso século.
Na Loja Guia Regeneradora encontra-se primorosa bandeira
estandarte da loja italiana, assim como medalhas e ritos maçônicos (a loja
italiana era subordinada diretamente a Roma, tendo seu rito todo em italiano e
dependendo de correspondência epistolar para o recebimento de orientações,
decisões e normas diretamente da Itália). Tudo isso dificultava o normal
desempenho da loja italiana.
No primeiro decênio deste século, através de iniciativa particular de seu Venerável Mestre Pedro Delmanto, a loja maçônica italiana conseguiu sua sede, especialmente construída para essa finalidade. No frontespício da Loja, ainda hoje pode-se notar a presença de simbolismo gráfico a representar a presença maçônica. Hoje, no local, funciona a loja comercial “A Composição”, esquina da Rua Curuzu com Rua Monsenhor Ferrari.
No primeiro decênio deste século, através de iniciativa particular de seu Venerável Mestre Pedro Delmanto, a loja maçônica italiana conseguiu sua sede, especialmente construída para essa finalidade. No frontespício da Loja, ainda hoje pode-se notar a presença de simbolismo gráfico a representar a presença maçônica. Hoje, no local, funciona a loja comercial “A Composição”, esquina da Rua Curuzu com Rua Monsenhor Ferrari.
Releitura da
Arquitetura Maçônica - Com o objetivo de
resgatar a presença da Loja Maçônica Italiana, a Revista Peabiru
procurou ajuda junto ao artista plástico e intelectual botucatuense, José
Sebastião Pires Mendes, para que se pudesse “visualizar” em sua
originalidade
o prédio da Loja
Italiana, construído especialmente para a finalidade de, lá, cultuar-se a
maçonaria. Com maestria, temos a reconstituição
do Templo Maçônico, com
toda sua originalidade. O destaque maior,
fica por conta dos símbolos artisticamente gravados em seu
frontespício. Nesses símbolos
vê-se, com destaque, a suástica. No
entanto, destaque-se que o prédio data de quase duas décadas antes do
advento do nazismo! Da mesma forma,
destaque-se que a suástica gravada no prédio está em sua forma
original, ou seja, reta. Anos
depois, ao ser apropriada e elevada a símbolo nazista, a suástica
foi estratégicamente inclinada para, simbolicamente, representar movimento
maior e mais agressivo...Hoje, é como a suástica é mundialmente
conhecida.
Para conhecimento de todos, a Revista
Peabiru solicitou do artista a
reconstituição do estilo original do prédio do Templo Maçônico, bem como
um ensinamento didático referente à suástica e todo o simbolismo que representa:
Em um mundo tão
conturbado como o que vivemos, torna-se imperioso procurar parâmetros para que
não nos percamos nesse tão profundo emaranhado de acontecimentos.
Dir-se-ia que se faz mister criar um
novo cartesianismo filosófico, do qual possamos extrair coordenadas eficientes
que nos ajudem a navegar por estes mares, sem correr o constante risco de ver
vagar sem rumo nossa tão solapada nave.
Surgem então propostas oportunistas,
sugestões de boa fé ou aventuras quixotescas do pensamento que apelam para as
mil facetas de um ecletismo tão atuante quanto antigo. Refiro-me aos movimentos que surgem e
ressurgem, oriundos das várias crenças e religiões, dos diversos ramos do
esoterismo ou das próprias religiões convencionais.
A busca de uma razão de ser nunca
foi tão urgente. Nesse contexto, não
seria em vão considerarmos alguns aspectos dessa busca, sem nos enveredarmos
pelos labirintos da metafísica ou nos domínios do dogma.
Um facho de luz nos ilumina
gradativamente as trevas: o símbolo.
Levando-se em conta que todas as relações sociais são feitas através dos
símbolos, é notório que eles constituem uma das camadas mais importantes da
realidade social. Gurvitch diz
que eles são ao mesmo tempo, produtos e produtores dessa realidade. São produtos, porque foram criados pelos
homens para se comunicarem entre si, e são produtores porque através deles os
homens se comunicam e se realizam.
Apresentam dois aspectos, isto é, de conteúdo e de instrumento. O conteúdo é sempre uma mensagem
convencional, como por exemplo a estátua de Joana D’Arc, cujo conteúdo é
a lembrança da resistência francesa
contra os invasores estrangeiros. Como
instrumento, o símbolo estabelece um contacto íntimo entre o emissor e o
receptor.
Tomando o mesmo exemplo, vemos que a
estátua transmite às gerações que se sucedem iguais sentimentos de patriotismo
e de coragem, inerentes ao povo francês.
Através dos tempos os símbolos
sempre trouxeram à baila um acontecimento esquecido, reavivaram sentimentos, e
estabeleceram pontes entre uma civilização e outra, como a retomar um diálogo
interrompido. Pela interpretação dos
símbolos da escrita cuneiforme, Rawlison estabeleceu bases para a
elucidação dos enigmas das civilizações mesopotâmicas. Usando a analogia, Champolion reuniu
os quebra-cabeças dos caracteres gregos e egípcios e contou-nos, pela
decifração da pedra de Roseta, a história perdida do Egito.
Os símbolos sempre foram uma
liguagem universal natural e formam, a despeito de sua convencionalidade, o
mais primitivo sistema de comunicação.
As idéias milenares sobre a origem do Universo estão cheias de pontos
comuns exteriorizados nos diversos símbolos.
A suástica, por exemplo, presente nas mais diversas culturas da
antiguidade, como a indiana, a chinesa, a marajoara e a tolteca, representa
em sua origem o movimento perpétuo das coisas, que cria e destroe. Um segmento de reta horizontal simboliza
o repouso, a quietude, a ausência, a estática e a tese. Um traço vertical que o corta, faz
nascer a cruz, símbolo de criação, da expansão do Universo, da pluralidade,
do positivo e do fértil. É o símbolo
da vida, que ao se deslocar ao redor de seu ponto central, significa multiplicidade. Acrescido de segmentos em suas
extremidades, indica a direção desse giro, para a direita ou para a
esquerda. Por isso a suástica se
chama também cruz gamada, isto é, formada pela letra gama do alfabeto
grego. Deve-se atentar para a
direção do movimento: a mão direita sempre foi considerada o símbolo do
trabalho, e por isso a direção para a direita lembra operosidade, multiplicidade,
antítese e dinâmica. Não foi com outra
intenção que Hitler escolheu esse símbolo para seu domínio, significando
assim uma reação em cadeia de sua política totalitária. Se invertermos as hastes para a esquerda,
temos o movimento em sentido contrário, rumo ao caos. O famigerado emblema nazista acabou sendo
identificado com a destruição e o mal, porque traiu o verdadeiro sentido do
símbolo, que é altamente positivo.
Com a mesma profunda significação
temos o círculo, símbolo do infinito, encontrado na tradição antiga como
uma serpente que morde a sua cauda. É a
continuidade das coisas, como dizia Lavoisier, em que nada se cria, nada
se perde, mas tudo se transforma. É o moto-contínuo,
animado pelas forças invisíveis da Natureza.
E na analogia dos contrários, que estabelece a tese, a antítese e a
síntese, encontramos a harmonia e o equilíbrio.
Do centro à periferia partem raios que se movem num vórtice
dinâmico, como na teoria da expansão do Universo, como se fosse um grande
coração pulsando de amor.
E chegamos ao máximo significado da
cruz de Cristo, sobre cujos madeiros superpostos se imola o Filho de
Deus, para a vida dos mortais, tornando-os imortais. É a rosa mística do amor que desabrocha do
sofrimento. O lótus que emerge do lodo,
a paz que vence a guerra. É o grande Hércules
que perpassa o misterioso portal entre as colunas de Gilbratar. É o vencedor que
culmina na exaltação suprema do trabalho e do sacrifício, a apoteose de uma
humanidade a caminho de Deus.
E quedamo-nos na certeza de que,
sejam quais forem as adversidades deste novo tempo, se tivermos fé, não seremos
aniquilados. E a realidade social que
vivemos poderá ser outra, se nos comunicarmos sob a égide desse símbolo. José Sebastião Pires Mendes.”
Registro Histórico
7 - :
Cenário
da Maçonaria para o Novo Milênio.
Já é de pleno conhecimento de todos a
influência da Maçonaria nos grandes acontecimentos de libertação
nacional. Na Independência, na
Abolição da Escravatura, no Advento da República, passando pela Guerra
dos Farrapos, a Maçonaria sempre teve papel de formadora de opinião
e de condutora dos acontecimentos.
O mesmo verificamos nos movimentos
revolucionários de 1924 e 1930.
Com o desvirtuamento dos objetivos da Revolução de 1930, por Getúlio
Vargas, novamente a Maçonaria teve papel de destaque no Movimento
Revolucionário Paulista de 1932 e, mais ainda, na Assembléia Constituinte de 1934.
No entanto, com a implantação do Estado
Novo (1937/1945), a Maçonaria passou por um “adormecimento” forçado.
Ricardo Mário Gonçalves, organizador do livro “Quintino
Bocaiúva nº 10 - A Trajetória de uma Loja Maçônica Paulista (1923-1998)”, à
pág. 95, nos traz um quadro vivido pela Maçonaria à época:
“...No dia 10 de
novembro o governo getulista dá o golpe de Estado: o Congresso é fechado, os
partidos políticos são extintos e a Constituição de 1934 é abolida, sendo
promulgada uma nova, elaborada por Francisco Campos. Assim é implantado o Estado Novo, ditadura de
direita que apresenta muitos traços em comum com os regimes ditatoriais
existentes na Europa da época.
Quinze dias depois do golpe, a 25 de
novembro, o general Newton Cavalcanti, membro do Conselho de Segurança
Nacional, aconselha ao governo o fechamento da Maçonaria. O Grão-Mestre do GOB consegue, pagando alto
preço de uma adesão parcial ao regime, manter abertas as lojas do Distrito
Federal. Em 2 de junho de 1938, promulga
ele o Decreto nº 1.179, estabelecendo:
Art. 1º - As Lojas da Federação excluirão
imediatamente de seu seio os Obreiros que professem ideologias contrárias ao
regime político-social brasileiro, enviando logo ao Conselho Geral da Ordem, em
caráter de recurso “ex-officio”, mas sem efeito suspensivo, a lista dos membros
atingidos, à qual serão anexos os elementos comprobativos de seu ato.
Data do mesmo ano
o Ato nº 1.519 propondo a troca da tradicional trilogia maçônica LIBERDADE -
IGUALDADE - FRATERNIDADE por ORDEM -
FRATERNIDADE - SABEDORIA. Essa proposta
não encontra eco junto ao povo maçônico.
Bastante, significativa é, nessa proposta, a substituição da palavra LIBERDADE
pelo termo ORDEM, muito ao gosto dos regimes totalitários...
Não obstante ter se mostrado dessa
forma subserviente ao regime, o Grande Oriente não impede o fechamento das
lojas nos Estados. O historiador José
Castellani, mostra, fundamentando-se em atas, que as lojas Piratininga
de São Paulo e Firmeza de Itapetininga foram obrigadas a interromper
seus trabalhos em outubro de 1937, só os retomando em janeiro de 1940
(Castellani, 1993, og.244).
Idêntica é a situação vivida pela Quintino
Bocaiúva. Atas cessam de serem
lavradas, de maneira abrupta, depois da sessão de 30 de setembro. Segue-se a ata da sessão de 18 de janeiro de
1940, através da qual somos informados de que os trabalhos foram interrompidos
desde 1937 por ordem do Ministro da Justiça, tendo sido ordenado aos
presidentes das lojas que informassem os nomes e os endereços dos obreiros às
autoridades...”
Essa interrupção ou restrição de
suas atividades provoca, de forma inevitável, uma despolitização da
própria Maçonaria.
A verdade é que
todo e qualquer regime ditatorial é incompatível com a trilogia libertária
maçônica...
Mesmo em outra realidade após 1945 e retornando às suas origens, a Maçonaria
não volta a ter o mesmo grau de politização e de liderança na sociedade profana.
Mais uma vez é notada a atuação do Dr. Marrey Jr. no sentido de preparar a
Maçonaria para a sua indispensável atividade política no seio da
sociedade. Não a política pequena, a
política partidária. Não! Marrey
Jr. sempre pensou e atuou vendo a Maçonaria atuando na macro-política, na formação
cívica do cidadão, no preparo do cidadão prestante. No exercício pleno da cidadania! Missão precípua de todo e qualquer
agrupamento humano. Os que alegam que a Maçonaria
e até os Clubes de Serviço (Lions e Rotary) não tem atuação política, na
verdade, são despreparados e não conseguem captar a profundidade do homo
politicus...
Mais uma vez repetimos: não é a
política pequena, a da militância partidária, e, sim, a que prepara o cidadão
como partícipe das decisões sociais e como gestor da cidadania.
Pois bem, repetindo em São Paulo a
atuação que teve na Revolução de 1930,
na Revolução Constitucionalista Paulista
de 1932 e na Assembléia Constituinte
de 1934, o Dr. Marrey Jr.
continuou em seu esforço de preparar os maçons para a cidadania e, também muito
importante, continuou a “garimpar” valores para a Maçonaria.
A ele se deve a “descoberta” e iniciação do ex-Presidente Jânio da
Silva Quadros. Obscuro Professor
de Português do conceituado Colégio Dante
Alighieri e formado em Direito
pela Faculdade do Largo de São Francisco, Jânio foi iniciado na Maçonaria , pelo próprio Dr. Marrey Jr., antes de chegar à Câmara Municipal de São Paulo.
Todavia, a “despolitização”
da Maçonaria era o perfil da instituição à época de Jânio Presidente
e de Jânio renunciando à Presidência.
Não seria o caso da própria Maçonaria
ter atuado, ajudando Jânio a transpor os obstáculos, a vencer os
inimigos e a reformar e modernizar o País?
Na própria obra citada, à pág. 111,
encontramos o posicionamento da instituição:
“...Na
sessão de 25 de agosto é apresentado à Loja pelo Ir:. Alberto Monteiro Jr. um
jornal contendo texto do manifesto da renúncia do Presidente Jânio Quadros,
para que se veja que a Quintino Bocaiúva está acompanhando os sucessos
políticos da nação. O Ir:. Felipe
Tribuzzi lamenta a fraqueza da Maçonaria, que se mostrou incapaz de
apoiar o Presidente, discreta ou ostensivamente. O Ir:. Odair Ferreira informa que esteve com o Prof. Florestan
Fernandes que o recebeu muito bem, pondo-se à disposição da Loja para traçar um
plano contra a Lei de Diretrizes e Bases e dispondo-se a comparecer no dia 9 ou
16 de setembro a algum local para expor o mesmo. Esclarece ainda que conta com o apoio do
Deputado Arruda Castanho. O Ir:. Fritz
critica a fraqueza da Maçonaria e propões que seja enviada uma prancha
a Jânio Quadros...Na sessão de 1º de setembro o Venerável Mestre discorre sobre
as dificuldades para se encaminhar a Jânio Quadros o manifesto da Quintino
Bocaiúva, que se encontra integralmente transcrito na ata:
Or:. De São Paulo,
25 de agosto de 1961
Ao Prezado Irmão
Jânio da Silva Quadros
E.M.
Nesta hora crucial
de sua vida política, e, consequentemente, da nação brasileira, como homens
justos, livres e de bons costumes que somos, vimos, total, irrestrita e
fraternalmente, hipotecar-lhe nossa solidariedade. Admiramos e reconhecemos no nobre Ir:. a
extrema dedicação, a abnegação, o sacrifício e, sobretudo a coragem, com a qual
vinha sabiamente dirigindo os destinos da nossa amada Pátria. Como o Ir:., sempre lutamos pelo mesmo
objetivo, ou seja, dar um Brasil melhor aos brasileiros. O desinteresse, a indiferença diante do poder
e do sucesso, culminando com o ato de renúncia, caracterizou o legítimo
maçon. A Loja Quintino Bocaiúva, neste
momento conturbado da Nação Brasileira, coloca-se ao lado do ilustre Ir:.
naquilo que for necessário. Rogando ao
Grande Arquiteto do Universo que o ilumine e guarde, assim como aos seus
familiares, receba o Triplo e Fraternal Abraço dos Obreiros desta Oficina.
Fraternalmente,
a) Oswaldo Walter
Russomano
Venerável.”
Durante o Regime Militar (1964/85),
a Maçonaria novamente sente uma
limitação às suas atividades e, consequência inevitável, passa por novo período
de “despolitização”.
A tentativa de utilização da
Instituição é registrada na obra citada, à pág. 114:
“...Nesses
agitados dias, embora houvesse uma divisão de opiniões na Maçonaria brasileira,
a maioria dos maçons apoiou, inicialmente, o movimento, diante da situação
caótica para a qual se encaminhava o país.
Em nenhum momento, no período pós-revolucionário, o Grande Oriente do Brasil, como instituição, foi molestado, embora a
repressão que se seguiu à queda de Goulart tenha atingido a intimidade dos
templos maçônicos, não diretamente através do governo, mas por meio da corrente
que apoiara o movimento e que iniciava, no seio da instituição, uma verdadeira
caça às bruxas, a qual iria ser incrementada a partir de 1968, quando foi fechado o Congresso Nacional e editado o Ato
Institucional nº 5.
Ao lado, todavia, da atuação de
homens sérios e amadurecidos, certos de que, naquele momento, estavam fazendo o
melhor pela Ordem Maçônica e pelo
país, viu-se uma situação que iria levar a sérias dissenções no Grande Oriente
do Brasil e que iria ser uma das causas remotas da crise institucional que a
Obediência enfrentaria, a partir de 1970, resultando na cisão de 1973: o
surgimento de aproveitadores, que, agindo de acordo com interesses pessoais na
política maçônica e não movidos por ideais democráticos - embora os apregoassem
- passaram a usar a tendência política dominante no país, para se desembaraçar
de seus adversários políticos no meio maçônico; e muitos maçons passaram a ser
levianamente acusados e “premiados” com o epíteto mais contundente e perigoso
da época: comunista !
Graças a essa situação, a atividade
maçônica externa ficou muito diminuída, restringindo-se aos fatos
administrativos internos, ficando os externos, mais no terreno da
lisonja....(Castellani, 1993, ogs. 283-284).
Teria a implantação
do regime militar conduzido a uma despolitização da Maçonaria? O exame das atas da Quintino Bocaiúva
relativas ao período pós-revolucionário parece encaminhar para uma resposta
afirmativa dessa pergunta. Os
pronunciamentos e debates acalorados sobre questões sócio-políticas nacionais e
internacionais não desaparecem totalmente mas diminuem consideravelmente em
número: os Obreiros tendem a aplicar mais sua atenção e sua energia aos
problemas internos da Oficina. As falas
de nossos depoentes também apontam na mesma direção: mostram mais interesse
pelos assuntos internos da Oficina e por temas esotéricos do que por problemas
sociais e políticos da sociedade profana. É claro que não estamos querendo dizer que a
Maçonaria deva se preocupar exclusivamente com o homo politicus...”
Também o jornalista, escritor e ex-Governador do Estado da Guanabara,
Carlos Lacerda, em sua obra “Depoimento”, Editora Nova Fronteira,
pág. 90, quando faz a análise da Bucha, diz da tentativa de Gama e Silva (Ministro da Justiça
em 1968 e autor do Ato Institucional nº 5) de se apoderar dessa instituição
maçônica para a realização de seus interesses.
Não obteve a confiança de seus irmãos.
Não obteve sucesso:
“...A última
informação que tenho, e não tenho prova, é que o Gama e Silva - o que já é uma
prova da decadência da Burschenschaft - tentou ultimamente reorganizá-la, mas
que os bucheiros veteranos, os que restam, recusaram-se. Primeiro, porque não estão de acordo com
muita coisa da Revolução, embora muitos deles a tenham ajudado; segundo, porque
não quiseram ser instrumento do Gama e Silva, achando que ele queria
reorganizar a Burschen para pô-la a serviço dos seus interesses políticos junto
aos militares. E puseram uma pedra em
cima do assunto. Parece que realmente
não existe mais, parece uma coisa ultrapassada...”
No
período pós-regime militar, à partir
de 1985, a Maçonaria assiste à luta das Diretas, Já! e da Redemocratização do País sem uma participação de liderança e
destaque Dessa forma, o Cenário da Maçonaria
para o Novo Milênio é que precisa
ser definido, é que precisa ser desenhado.
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