junho 08, 2020

DIA 10 DE JUNHO: PORTUGAL, CAMÕES E AS COMUNIDADES PORTUGUESAS !!!

VIVA PORTUGAL, CAMÕES
e as COMUNIDADES PORTUGUESAS !


As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas tem sido sempre comemorado no dia 10 de junho. A revista de cultura Peabiru, tem registrado essas comemorações. No ano de 2008, a revista dedicou boa parte de sua pauta às comemorações dos 200 anos da vinda de D. João VI ao Brasil. E, em 2010, participou das comemorações oficiais do Consulado Honorário de Portugal, em Botucatu. Com solenidade realizada na sede do Consulado e jantar para mais de 300 pessoas, no Areté Eventos, comemorou-se a grande data da Nação-Mãe. Na oportunidade, o advogado e escritor, Armando Moraes Delmanto, diretor da revista cultural Peabiru, proferiu discurso alusivo a tão importante e festejada data:

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CAMÕES

 O orador convidado, Armando Moraes Delmanto, proferiu um dis­curso onde buscou, exaltando Camões - como a alma de Portugal! -, histo­riar a importância da construção da lín­gua portuguesa, sendo hoje língua ofi­cial em 8 países:

"Falar de Camões e de Portugal com o sobrenome Delmanto pode parecer estranho. Mas, não é. É que tenho também o Moraes que já é bra­sileiro desde o Império, mas que veio de PORTUGAL, de Trás-Os-Montes, lá da bela cidade de Braga.




E tem mais, sendo Delmanto de origem italiana e Moraes de origem portuguesa, existem mais semelhanças entre as duas origens do que se possa imaginar.
O ITALIANO originou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de um grande POETA : DANTE ALIGUIERI.
O PORTUGUÊS também origi­nou-se do LATIM VULGAR pela criatividade de outro grande POETA: LUÍS VAZ DE CAMÕES.
Na Itália, na Idade Média, o gran­de e genial poeta Dante Aliguieri, escreveu no dialeto de Florença, região da Toscana, norte da Itália, "A DIVINA COMÉDIA", que de­finiu o idioma italiano moderno. A península itálica nessa época era um mosaico de pequenos reinos, com dia­letos próprios, que não compartilhavam sequer a mesma língua e cultura. No Império Romano, falava-se o latim clássico e o latim vulgar, este falado pelos soldados e pelos povos domina­dos. E Dante Aliguieri prefe­riu escrever sua obra no dialeto de Florença ao invés do latim vulgar. E acer­tou. Estava criado o idioma italiano moderno.
Em Portugal, também primeiro se falava o latim vulgar, que foi introduzido na Lusitânia pela conquista da Península Ibérica pelo Império Ro­mano.
A língua portuguesa teve uma evo­lução do Latim para o Português de hoje:
1-) Latim Lusitânico ( falado na Lusitânia) que vai até o século V;
2-) Romanço Lusitânico (falado na Lusitânia), que vai do século V ao século IX. Sendo que o português ain­da não existia;
3-) Português Proto-histórico -que vai do século IX ao século XII. Nessa época o português já existe como língua falada, não, porém, como língua escrita;
4-) Português Arcaico - do sé­culo XII ao século XVI;
5-) Português Moderno - do sé­culo XVI até hoje
"OS LUSÍADAS" é o marco di­visor mais importante a separar a épo­ca arcaica da época moderna. Este poema épico de Camões é mundial­mente reconhecido.
A obra "OS LUSÍADAS" repre­senta o Português Moderno !
Hoje, o PORTUGUÊS é falado por mais de 260 milhões de pesso­as, sendo o  Idioma mais falado em todo o mundo!
A obra "OS LUSÍADAS" é con­siderada a epopéia portuguesa por ex­celência. Seu próprio título já sugere suas intenções nacionalistas, sendo derivado da antiga denominação roma­na de Portugal, Lusitânia. É um dos mais importantes épicos da época mo­derna devido à sua grandeza e univer­salidade. A epopéia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portu­gueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a índia.


A intuição da alma popular portu­guesa encontrou em CAMÕES o re­presentante de uma literatura inteira e a síntese da nacionalidade. No TRICENTENÁRIO da morte do poeta, em 10 de junho de 1880, toda a po­pulação de PORTUGAL já se alinha­va no preito à memória do homem que foi a síntese grandiosa da alma portuguesa.
E o Brasil, durante o 2° Império, não poderia ficar ausente. O "Hino Triunfal a Camões", foi composto, nesse ano, o ano do TRICENTENÁRIO. pelo maior compositor brasilei­ro: CARLOS GOMES!
LUÍS VAZ DE CAMÕES, nas­ceu provavelmente em Lisboa, por volta de 1524 e faleceu nessa mesma cidade em 10 de junho de 1580.
"Os Lusíadas" é um poema épi­co dividido em dez cantos repartidos em oitavas. O poema começa assim:
Canto I - Lusíadas
"As armas e os barões assinalados Que, da ocidental praia lusitana, Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram."
Além da grande obra "OS LU­SÍADAS", Luiz Vaz de Camões es­creveu poesias líricas e peças teatrais. Quem de nós não tem sempre em mente o...

"Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste."

É, com justiça, considerado o maior poeta da língua portuguesa e um dos maiores da literatura mundial.
 Desde 1924 é comemorado o Dia de Portugal, de Camões e das Co­munidades Portuguesas, oficializan­do o dia 10 de junho, dia do faleci­mento de Camões, como a data das comemorações.
E a Câmara Municipal de Botucatu oficializou o 10 de junho tam­bém como o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portu­guesas, numa iniciativa do Vereador Fontão, aqui presente.
Ao saudar a Comissão Organi­zadora deste evento, nas pessoas de Isabel Maria Cardoso Benine, Maria de Lourdes da Graça Macoris e Terezinha Silveira Lima de Luca, queremos apresentar os nossos cumprimentos ao EXMO. SR. MA­NUEL ROSA CARDOSO - com­petente e dinâmico CÔNSUL DE PORTUGAL EM BOTUCATU HÁ QUASE MEIO SÉCULO!!! e grande amigo da comunidade botucatuense!

Salve, Portugal!

Salve, Camões!

Salve, as Comunidades Portu­guesas!

Muito obrigado. !" (AMD).


MONUMENTO DOS DESCOBRIMENTOS

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O Monumento aos Descobrimentos, popularmente conhecido como Padrão dos Descobrimentos, localiza-se em Lisboa, perto do Convento dos Jerônimos e da Torre de Belém. À margem direita do rio Tejo, sua construção foi uma homenagem aos valorosos e pioneiros descobridores portugueses. Daquela praia partiriam os portugueses que iriam alargar a visão do mundo com suas descobertas... A odisséia de um povo destemido que ousaria desafiar o mar tenebroso e o venceria.
Inicialmente, o projeto foi idealizado pelo Governo de Salazar, pelos arquitetos Cottinelli Teimo e Leopoldo de Almeida, para a Exposição do Mundo Português, de 1940, sendo desmontado em 1958. Só cm 1960 foi inaugurada uma réplica do anterior em betão com esculturas em pedra de lioz, a uma altura de 50 metros. Sua inauguração foi em homenagem aos 500 anos da morte do Infante D. Henrique-o Navegador.
Com o formato de uma caravela estilizada, com o escudo de Portugal e a espada da Casa Real de Avis na entrada. À proa, D. Henrique com uma caravela nas mãos. E todos os heróis dos Descobrimentos tem sua estatuas enfileiradas. Camões aparece, do lado ocidental, com "Os Lusíadas" nas mãos, como a mostrar a importância do poeta na consolidação das tradições portuguesas.
Eis a lista completa das 33 personalidades representadas no monumento: Infante Pedro, Duque de Coimbra (filho do rei João l de Portugal), Filipa de Lencastre, Fernão Mendes Pinto (escritor), Frei Gonçalo de Carvalho, Frei Henrique Carvalho, Luís de Camões (o poeta autor de Os Lusíadas), Nuno Gonçalves (pintor), Gomes Eanes de Zurara (cronista), Pero da Covilhã (viageiro), Jácome de Maiorca (cosmógrafo), Pedro Escobar (navegador), Pedro Nunes (matemático), Pêro de Alenquer (navegador), Gil Eanes (navegador), João Gonçalves Zarco (navegador), Fernando, o Infante Santo (filho do rei João l de Portugal), Infante Dom Henrique, o Navegador, Afonso V de Portugal, Vasco da Gama, Afonso Gonçalves Baldaia (navegador), Pedro Álvares Cabral (descobridor do Brasil), Fernão de Magalhães, Nicolau Coelho (navegador), Gaspar Corte-Real (navegador), Martim Afonso de Sousa (navegador), João de Barros, Estevão da Gama (capitão marítimo). Bartolomeu Dias (descobridor do Cabo da Boa Esperança), Diogo Cão, Antônio Abreu (navegador), Afonso de Albuquerque, São Francisco Xavier (missionário), Cristóvão da Gama (capitão). (AMD)
(Revista Peabiru nº 30 - julho/agosto de 2010)




1808 - 2008
200 anos da redescoberta do Brasil



"Foi o único que me enganou"
Napoleão Bonaparte, nas suas memórias escritas pouco antes de morrer no exílio

A citação é destaque no livro "1808", de Laurentino Gomes, edição Planeta, 2007. Ao procurarmos trazer o perfil definitivo de Dom João VI, em homenagem à colônia portuguesa de Botucatu, esse desabafo de Napoleão é marcante. Hoje, praticamente integrada, essa colônia foi muito importante na formação de nossa cidade. Através do Sr. Manuel Rosa Cardoso, representante consular de Portugal em Botucalu - cidadão respeitado e benquisto - apresentamos à colônia portuguesa e seus inúmeros descendentes as nossas saudações positivas.
Ao fazermos uma interpretação sociológica da vinda da família real e da corte portuguesa para o Brasil colônia, não poderíamos cair na análise fácil e caricata dos apressados que estudaram esse evento sem a seriedade e a profundidade que ele merece. Sem graçolas e sem arroubos da análise festiva...
Aspectos individualizados, posturas ocasionais e desmembradas do contexto histórico levam qualquer interpretação a erro. O que interessa, historicamente falando, é a realidade no contexto final. É a análise imparcial dos fatos e seus resultados. A família real, sob o comando do então príncipe regente, acertou ou errou ao transferir-se para a sua principal e mais rica colônia? Foi uma decisão intempestiva e medrosa ou foi uma decisão idealizada e planejada? Foi uma fuga ou foi um recuo estratégico perante um inimigo momentaneamente mais poderoso?
Com certeza, hoje, podemos afirmar que a família real acertou ao optar, em 1807, pela vinda para o Brasil colônia, em uma decisão madura e estratégica,
Já em 1580, quando surgiram as primeiras ameaças ao reino é que começou a crescer a hipótese da transferência da sede do reino para a América. Assim, em 1736, 1762, 1801 e 1803 a viabilidade de planos tão ousados quanto antigos foi num crescente na corte portuguesa. No livro "1808", já citado, temos a afirmação de D. Rodrigo de Sousa Coutinho, então chefe do Tesouro: "Vossa Alteza Real tem um grande império no Brasil...Portugal nãé a melhor parte da monarquia, nem a mais essencial.."
Dom João VI, de personalidade tímida e insegura, soube sempre cercar-se de bons conselheiros que o levaram a um perfil de um soberano bem-sucedido, especialmente quando se analisa as outras casas reais com seus titulares destronados, perseguidos ou mortos pela implacável força napoleônica.
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A exemplificar esse perfil definitivo de Dom João VI, basta lembrarmos que na vizinha Espanha, cuja casa real aceitou todas as imposições de Napoleão, a desgraça aconteceu: o rei Carlos IV que entregara seu reino sem luta e de forma subserviente viu, em pouco tempo, a traição de Napoleão invadindo a Espanha. Desesperado, ainda tentou preparar os navios para transferir-se para as colônias espanholas na América. A destempo. Tarde demais. Napoleão obrigou a ele e a seu filho e herdeiro, Fernando, que abdicassem a favor de seu irmão, José Bonaparte. A estratégia portuguesa não pode ser imitada pela Espanha.
Há 200 anos atrás, o Brasil praticamente não existia como país. As capitanias eram estanques e isoladas: nem comércio comum tinham. Era estratégico: o isolamento das regiões era vital para o colonialismo. No livro citado, esse quadro fica claro: "...Cada capitania tinha o seu governante, sua pequena milícia e seu pequeno tesouro; a comunicação entre elas era precária, sendo que geralmente uma ignorava a existência da outra..." E mais: "...Mantida por três séculos isolada no atraso e na ignorância, a colônia era composta por verdadeiras ilhas escassamente habitadas, distantes e estranhas entre si."
Quando a corte real portuguesa chegou ao Brasil, em 1808, tudo estava por ser feito. Com uma população quase analfabeta, muito pobre e rústica, o país não era atrativo para nada.
Dom JoãVI mudou esse quadro. Já em sua chegada, em Salvador, criou a primeira escola de ensino superior do Brasil: a Faculdade de Medicina, na Bahia. Em 1811, foi criada a primeira fábrica de ferro, em Minas Gerais. Em 1814, era criada a Real Fábrica de São João de lpanema( siderúrgica), em Iperó/Sorocaba/SP. Dom Joãcriou outras escolas de "..técnicas agrícolas, um laboratório de estudos e análises químicas e a Academia Real Militar, cujas funções incluíam o ensino de Engenharia Civil e Mineração. Estabeleceu ainda o Supremo Conselho Militar e de Justiça, a Intendência Geral de Polícia da Corte (mistura de Prefeitura com secretaria de segurançpública), o Erário Régio, o Conselho da Fazenda e o Corpo da Guarda Real. Mais tarde, seriam criadas a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional, o Jardim Botânico e o Real Teatro São João..." "...As transformações teriam seu ponto culminante em 16 de dezembro de 1815. Nesse dia, véspera da comemoração do aniversário de 81 anos da rainha Maria l, D. Joãelevou o Brasil é condição de Reino Unido a Portugal e Algarves e promoveu o Rio de Janeiro sede oficial da Coroa."(da obra citada).
A verdade é que o plano de mudança da sede do império de Portugal não se limitava à formação de um país, mas, também, a afirmar essa soberania portuguesa no mundo, especialmente perante os adversários europeus, procurando punir e conquistar seus territórios na América: ainda em 1808, forças portuguesas invadiram a Guiana Francesa, que se rendeu sem resistência. Era uma espécie de "troco" à invasão francesa de Portugal... O mesmo ocorreria com a chamada Banda Oriental do Rio da Prata (Uruguai), que foi invadida em represália à postura da Espanha. É registro histórico.
O historiador português Antônio Ventura, professor da Universidade de Lisboa, definiu com maestria a importância da vinda da família real para o Brasil: "A transferência da corte, afinal, terminou sendo mais importante para o Brasil do que para Portugal. É o seu momento fundador. De 1808 a 1822, o Brasil é o centro da monarquia. E são assim criadas as condições para a independência do país. Costumo dizer aos meus alunos que, em 1822, fazer a independência do Brasil era colher um fruto maduro." (caderno +mais-n°817/Folha de São Paulo, de 25/11/2007).
O historiador mineiro José Murilo de Carvalho (autor do livro "Dom Pedro 2° - Ser ou Não Ser", Cia das Letras), professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, destaca que a unidade territorial é a responsável pelo Brasil de hoje. Carvalho afirma que "...O príncipe dom João podia ter decidido ficar em Portugal. Nesse caso, o Brasil com certeza não existiria. A colônia se fragmentaria. Como se fragmentou a parte espanhola da América. Teríamos, em vez do Brasil de hoje, cinco ou seis países distintos. É positiva a recuperação das imagens de dom João 6° e de Carlota Joaquina e seu resgate em relaçãàabordagens caricatas do tipo exibido no filme de Carla Camurati ("Carlota Joaquina - Princeza do Brazil", 1995). Sobre a Independência, o importante é discutir como ela se deu. A grande diferença em relaçãà América Espanhola foi a manutenção da unidade da colônia portuguesa e a monarquia. Dai veio o Brasil de hoje. Se para o bem ou para o mal, é Guimarães Rosa quem decide: "Pãos ou pães, questão de opiniães. "(caderno +mais-n° 817/Folha de São Paulo).
Brasil, com sua unidade territorial é a grande herança da vinda da família real portuguesa para a América. Descoberto em 1500, com certeza, o Brasil foi redescoberto em 1808. (AMD)
(Revista Peabiru nº 24 - maio/junho de 2008)



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