novembro 10, 2012

Oncotô?
& o Amálgama do Povo Brasileiro!

ONCOTÔ? ONCOTÔ? ONCOTÔ?
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Operários, obra/1933 de TARSILA DO AMARAL
Tem despertado as atenções da “intelligentzia brasileira” a série de programas da TV Pública Brasileira (TV BRASIL), idealizada pelo compositor, violinista, poeta, escritor e cantor carioca, Jorge Mautner (nasceu Henrique George Mautner, filho de Anna Illichi, de origem iugoslava e católica, e Paul Mautner, judeu e austríaco. "Eu nasci aqui um mês depois de meus pais chegarem ao Brasil fugindo do holocausto"). É a série “AMÁLGAMA BRASILEIRA”, que mostra de norte ao sul do país o amálgama do povo brasileiro. Único. Mágico. Encantador!


Através de intervenções poéticas e da fala de eruditos e populares, podemos encontrar exemplos destas misturas que compõem a nação brasileira. É um “mochilão cultural”. A idéia foi justamente reunir pessoas interessantes e interessadas que fossem atrás desse tesouro cultural brasileiro.

Corruptela de “onde é que eu estou”, “Oncontô” passeia por diferentes cidades dos estados do Ceará, Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Sul. Em episódios, a série revela curiosidades da História Brasileira, do nosso folclore, das músicas regionais e das ricas características deste imenso país. As edições serão temáticas e falarão de assuntos como maracatu, tambores, festas religiosas e artesanato.
Mautner é entusiasta: “O Brasil é o continente indicado há muito tempo. Todas as profecias falam isso. Rabindranath Tagore (filósofo indiano) dizia que “a civilização superior do amor nascerá no Brasil”. Jacques Maritain (filósofo francês) dizia que “o único lugar onde a justiça e a liberdade poderão aflorar juntas é o Brasil”. Stefan Zweig escreveu no século 19 o livro “Brasil, o País do Futuro”. Já é isso agora.
Na imagem, Caetano Veloso, Pedro Bial e Jorge Mautner, falando sobre o documentário O filho do Holocausto que começa a ganhar trajetória internacional. Dirigido pelo “senhor BBB”, Pedro Bial, filme será exibido no Festival do Cinema Brasileiro de Paris. Ele conta a história de Jorge Mautner, filho de um judeu austríaco que se refugiou aqui no Brasil ainda no início da Segunda Guerra Mundial.



"A nova era nascerá no Brasil... isso se realiza agora... porque nós temos um País que é continente, e o mundo todo quer ser brasileiro...” Em Portugal, eles já tinham essa visão ecumênica, resultante da influência muçulmana e do fato de serem muito pequenininhos e quererem se separar (da Espanha). Até mesmo as navegações só tiveram sucesso porque Portugal foi o único país que, em segredo, acolheu os Templários, que estavam sendo queimados como heréticos na frente da Igreja. Portugal os acolheu com um pequeno truque, que já é uma amálgama: mudou o nome deles para Cavaleiros de Cristo. Com a chegada dos Templários, os portugueses dão um salto, porque toda aquela sabedoria que eles tinham das culturas antigas da Grécia, da Cabala Judaica, da Babilônia, da China e da África passaram para o espírito da Coroa Portuguesa.
“O processo de “brasilificação” está em avanço absoluto. Não há dúvida. É por isso que a Copa do Mundo vai ser aqui, as Olimpíadas também e o Papa virá novamente. O Brasil é a esperança concreta do século 21. Temos as florestas, o petróleo e outras riquezas, mas a maior de todas é o povo brasileiro, com essa amálgama.”


Jorge Mautner com Gilberto Gil, Heitor D´Alincourt e Amir Labak: "O Brasil é a esperança do século 21"

Mautner diz que “o termo foi usado pela primeira vez por José Bonifácio. Em 1823, ele já dizia que, “diferente de todas as outras nações, o Brasil era essa amálgama”. É um conceito químico para a combinação de metais que cria um novo metal. Exatamente o que aconteceu aqui e que dá ao brasileiro uma capacidade de reinterpretar a cada segundo tudo novamente e, incluindo posições contrárias e opostas, alcançar o caminho do meio, o equilíbrio”.
E amálgama, além de mistura química, uma liga de metais, significa mistura de pessoas ou coisas heterogêneas.Agora explodiu a democracia mesmo, pulsante. Desde Figueiredo, Sarney, mesmo com Collor, até Fernando Henrique, Lula. É o ápice. Não é à toa que as Olimpíadas vão ser aqui, que a Copa do Mundo vai ser aqui. A humanidade precisa do Brasil não apenas para comer, para tomar água, mas para viver no nosso espírito. Para se sentir otimista, para poder ter força e dar a volta por cima”, diz com entusiasmo Mautner. “Além de nossas florestas para respirar!”
O GRANDE TEÓRICO DO POVO BRASILEIRO: DARCY RIBEIRO!
Toda essa pregação sobre o amálgama brasileiro “é a mistura, a miscigenação, a alquimia constante que faz com que o brasileiro consiga reinterpretar tudo num segundo e absorver pensamentos contrários, alcançando o caminho do meio. Isso é fruto da nossa ancestralidade indígena. Da cultura negra que inventou os arquétipos antes de Jung e colocou vários cérebros na nossa cabeça, e também dos portugueses, que ao receberem os templários deram um salto. Isso tudo se reflete aqui, nessa amálgama, que é o que o mundo deseja para a sobrevivência da espécie."
Darcy Ribeiro nasceu em Minas (1922), no centro do Brasil. Formou-se em Antropologia em São Paulo, pela Escola de Sociologia e Política (1946) e dedicou seus primeiros anos de vida profissional ao estudo dos índios do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia. Neste período fundou o Museu do Índio e criou o Parque Nacional Indígena do Xingu. Escreveu uma vasta obra etnográfica e de defesa da causa indígena.

Nos anos seguintes (1955), dedicou-se à educação primária e superior. Criou a Universidade de Brasília - UNB e foi Ministro da Educação. Mais tarde foi Ministro-Chefe da Casa Civil e coordenava a implantação das reformas estruturais, quando sucedeu o golpe militar de 64, que o lançou no exílio.

Viveu em vários países da América Latina onde, conduzindo programas de reforma universitária, com base nas idéias que defende em “A Universidade Necessária”. Foi assessor do presidente Salvador Allende, do Chile, e Velasco Alvarado, do Peru. Escreveu neste período os cinco volumes de seus Estudos de Antropologia da Civilização (O processo civilizatório, As Américas e a Civilização, O dilema da América Latina, Os Brasileiros: 1. Teoria do Brasil, e Os índios e a Civilização), que têm 96 edições em diversas línguas. Neles propõe uma teoria explicativa das causas do desenvolvimento desigual dos povos americanos.
Darcy Ribeiro deixou uma obra magnífica. Em seu último trabalho, no qual dedicou todo o seu entusiasmo e sua vasta experiência, “O POVO BRASILEIRO”, ele nos deu o perfil, o retrato  do povo brasileiro, destinado a ser a grande civilização mestiça e tropical a encantar e ter papel decisivo no concerto das Nações!
E é com entusiasmo que temos acompanhado o trabalho intelectual e musical de Jorge Mautner. Ao levar o “Oncotô?” em uma bem elaborada série televisiva, vai consolidando o amálgama do povo brasileiro, ou seja, é a mistura, a miscigenação dos brasileiros que encanta o mundo e nos transforma no país destinado a liderar as  grandes transformações da humanidade.


5 comentários:

Delmanto disse...

Desde a obra de Darcy Ribeiro, toda ela calcada em cima de experiência vivida, sofrida e profundamente estudada, passando pelos folcloristas Câmara Cascudo e Alceu Maynardes Araújo, pelo sociólogo Gilberto Freire (“Casa Grande & Senzala”), pela antropóloga Ruth Cardoso e pelo sociólogo Fernando Henrique Cardoso que deixou a lição para o Brasil que “depois da “mancha negra” da escravidão ainda temos a “mancha cinza” dos “bolsões de pobreza” a envergonhar o Brasil. E a Semana de Arte Moderna de 1922, marcando com originalidade a cultura brasileira, tendo à frente Mário de Andrade (“Macunaíma”, um romance do multiculturalismo brasileiro) e Oswald de Andrade. Passando por toda literatura regional do Brasil e indo até Vinicius de Moraes (poeta e diplomata, o branco mais preto do país), que retratou a nossa miscigenação e que Mautner disse que “basta lembrar que foi um eflúvio poético nosso – do poeta Vinicius de Moraes – que fez a mãe do Obama perceber que podia se casar com alguém de outra etnia. Vinicius, o poeta branco mais negro do Brasil, colocou a Grécia ali no morro carioca e, negra, na escola de samba, em “Orfeu do Carnaval”. Quando a mãe do Obama assistiu ao filme, ficou enlouquecida. Nunca tinha pensado em se casar com homem de outra etnia. Três dias depois, conheceu um filósofo do Quênia em uma conferência em Washington. Eles se casaram e tiveram o Obama. Depois, quando Obama foi entrevistado pela primeira vez na candidatura à presidência norte-americana, perguntou ao jornalista: “Você é de onde?”. “Brasil”. Aí ele disse: “Pois eu também sou brasileiro!”. Depois, quando o Itamaraty foi se apresentar ao candidato, ele disse que era baiano. É isso. Todo mundo quer ser brasileiro”.
Espero que o “ONCOTÔ?” mostre a todos os brasileiros, cada vez mais – com orgulho! – a pujança da nossa raça e confraternização entre as mais variadas etnias que encontraram, neste país, o local ideal para o ALMÁGAMA do POVO BRASILEIRO!

Anônimo disse...

Eh.Eh.Eh...o tropicalismo foi a grande sacada do povo brasileiro. O Mautner, o Gilberto Gil, o Caetano, a Gal Costa, a Bethânia e esse gênio do Tom Zé! O Tom Zé “estourou” primeiro nos EUA e só depois foi reconhecido aqui...êta nóis...
(ludmila.cunha@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

O Jorge Mautner, às vezes, é um pouco prolixo mas a sua idéia central e o seu raciocínio são envolventes e apaixonantes. E o então ministro da cultura, Giberto Gil quem deu todo o apoio, abriu para o Mautner toda a infra-estrutura do ministério. Porque é um tema “Amálgama Brasileira” que numa TV comercial não emplacaria logo de cara. Agora, já está consolidado e o Mautner pode dar uma divulgação ainda maior pelo Brasil todo. Valeu!
(pinto.rodolfo28@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

Na autobiografia Verdade Tropical, Caetano Veloso “diz que as conversas que tinha com Mautner quando moravam em Londres foram determinantes para os tropicalistas consolidarem sua oposição à esquerda nacionalista dominante na MPB. Se por um lado o movimento ambicionava a experimentação estética, por outro desejava chegar ao nível de difusão e técnica das produções norte-americanas e inglesas, e Mautner exacerbava esta oscilação. Quando ele passou a frequentar o número 16 da Rua Redesdale (endereço onde viveram Gil e Caetano no distrito de Chelsea, em Londres), chegou a formar um grupo de estudos, uma "célula gramsciniana, mas brasileira", como nos contou em que ele, os tropicalistas e vários outros brasileiros exilados na capital inglesa se dedicavam à discussão de textos filosóficos”.
(carlosantoniomascarenhas@yahoo.com.br)

Anônimo disse...

O Jorge Mautner diz que “a idéia de cultura brasileira é fundamentada pela noção de amálgama. Este termo, que faz alusão ao processo de mistura de metais na formação de ligas, foi utilizado por José Bonifácio de Andrada e Silva para se referir à capacidade de, no Brasil, as diversas culturas terem gerado algo para além da miscigenação. "A ideia de 'amálgama' vem desde os discursos e sermões do Padre Antônio Vieira, passa pelo Álvares de Azevedo, Castro Alves, continua com a antropofagia do Oswald de Andrade, que é a amálgama bem vociferante, com a Tropicália, e vem até os dias hoje. Isso se tornou nossa linguagem, tão complexa e tão incrível, de humanistas totais e sem diferenças apartheideanas.
Acho que essa explicação dada pelo próprio Jorge Mautner, nos dá a base para entender o amálgama do povo brasileiro. Muito boa essa matéria. Valeu!
(bastosgustavo@yahoo.com.br)

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