março 29, 2014

PETRARCA BACCHI "O MATARAZZO DE BOTUCATU"


PETRARCA BACCHI
"O MATARAZZO DE BOTUCATU"

" Isso nos leva a pensar em Botucatu. A infância de nossa cidade foi marcada por um surto industrial, em primeiro lugar pelo pioneirismo da colônia italiana, ávida de grandes realizações e da conquista da nova pátria. Os oriundi, como os Bacchi, os Blasis, os Lunardis, os Milanesis e tantos outros, verdadeiros capitães de indústrias, trouxeram o know how da Itália e deixaram marcas em prédios que ainda hoje são símbolos de uma época áurea na efervescência da convivência de imigrantes e brasileiros.
        Petrarca Bacchi marcou um ciclo na industria botucatuense levando-a a competir com a poderosa Companhia Paulista de Força e Luz - CPFL e a instalar uma usina hidroelétrica e outra termoelétrica, chegando à ousadia de fornecer energia à cidade. Produziu cerveja apreciada em todo o país. Introduziu o primeiro elevador em industria, em São Paulo distribuía de brinde um sifão fabricado na Alemanha.
        O berço da Votorantim foi Botucatu e tivemos o início de um ciclo de calçados, com o dinâmico Delmanto. E nisso precedemos a cidade de Franca e a lembrança são os nossos curtumes". Agostinho Minicucci


A presença de PETRARCA BACCHI na história de Botucatu representa a participação dos pioneiros da industrialização - os italianos - na formação de nosso município, com sua projeção de destaque perante todo o Estado de São Paulo, no início do sécuIo XX.



O 1ºCiclo Industrial de Botucatu teve como seu maior expoente, o Sr. PETRARCA BACCHI, iniciando-se no último decênio do século passado (1890) e vindo até a crise econômica de 1930, que arruinou, em todo o Brasil, muitas indústrias e estragou muitas cidades. A cidade de Botucatu, particularmente, sentiu essa mudança em sua economia. Tanto é assim que após 1930 e até o final dessa década, o setor industrial e o comércio botucatuenses restaram praticamente paralisados. Essa crise custou a nossa liderança econômica na região, mas, também, a nossa liderança política. Com a implantação da Ditadura do Estado Novo e a conseqüente nomeação dos Prefeitos, Botucatu ficou sem expressão política e sofreu a discriminação por ter sido a base política do PRP, com a liderança do Deputado Federal José Cardoso de Almeida, que já exercera por tantas vezes o expressivo cargo de Secretário de Estado e, na Revolução de 1930, ocupava a liderança do Presidente Washington Luís. Com a revolução, o governo foi deposto e seus representantes exilados. Cardoso de Almeidafaleceu no exílio, em Paris, em 1931.


 Grupo Industrial Petrarca Bacchi

A importância do 1º Ciclo Industrial de Botucatu é medido pela grandiosidade do Grupo Industrial de Petrarcha Bacchi. Em outra realidade sócio-econômica a nível nacional e de uma Botucatu ainda provinciana, as Indústrias Bacchi abrangiam: cerveja, fábrica de gelo, sabão, serraria, máquina de beneficiar café e cereais, massas alimentícias, fiação e fábrica de chapéus. O número de empregados chegou a 400.






Para completar a visão do quadro de então e da "visão" daquele dinâmico e ousado imigrante, basta dizer que construiu uma Usina Hidrelétrica para "tocar" as suas industrias, chegando a fornecer energia elétrica à cidade de Botucatu. Da mesma forma que a Matarazzo e a Votorantim, Petrarca Bacchi procurava ser autosuficiente em energia elétrica, o que mostra que era um empresário moderno e avançado para a sua época.

Usina Hidroelétrica Bacchi, localizada no distrito de Lobo e inaugurada em 1929.

Dizem os "arquivos vivos" da história de Botucatu que o então todo poderoso Conde Francesco Matarazzo I, quando em viagem pelo interior inspecionando suas unidades fabris, parava em Botucatu para reencontrar seus compatriotas. Esse reencontro sempre acontecia sob os auspícios do nosso grande "comandante" de então, o ilustre PETRARCA BACCHI.
A 1º de março de 1940 falecia, em São Paulo, o Sr. Petrarca Bacchi, onde se encontrava em tratamento no Sanatório "Esperança", consternando toda a cidade de Botucatu. Na ocasião, nas colunas do "CORREIO DE BOTUCATU", o Sr. Deodoro Pinheiro Machado dava o seu relato: "Ao chegar aí, de madrugada, quando o automóvel que me conduzia da gare fronteou o conjunto das Indústrias Bacchi, confrangeu-se-me o coração, meu pensamento evocou a figura amiga e dinâmica de Petrarca Bacchi, o vigoroso bandeirante da grande indústria botucatuense. Bacchi deixou um vácuo impreenchível. Viveu décadas voltado ao afã de construir a prosperidade de minha terra natal.. Os lucros que seu trabalho inteligentemente coordenado ia verificando, não estagnava num banco ou no "pé de meia", aplicava-os sempre sucessivamente no incremento de novas e promissoras industrias até culminar na invejável altitude que hoje ostentam as suas dinâmicas realizações acumuladas com pertinácia e visão esclarecida. Era o Matarazzo de Botucatu".
Também por ocasião dessa grande perda, a "FOLHA DE BOTUCATU", de 1ºde março de 1940, então sob a batuta segura de PEDRO CHIARADIA, relatava o infausto acontecimento através de pesquisa efetuada por seu redator-secretário PEDRETTl NETO: toda a movimentação ocorrida na cidade, as manifestações de pesar vindas de São Paulo, de todo o interior, e das famílias botucatuenses, culminando com a missa de corpo presente, rezada na Catedral por S.Exa. Revdma. Dom Frei Luís Maria de Sant´Ana, então Bispo Diocesano. Os dados biográficos compilados por Pedrettí Neto, na ocasião, dão bem um retrato de Petrarca Bacchi":


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"DADOS BIOGRÁFICOS

Petrarca Bacchi nasceu em Brescello, província de Reggio Emilia, Itália, em 13 de Novembro de1817. Era filho de Domingos Bacchi e de d. Maria Sommi Bacchi.
Em 1896, sob as ordens do general Baratieri fez a campanha da Abissínia. Em 1898 veio para o Brasil passando a residir na cidade de Sorocaba. Nesse mesmo ano transferiu-se para Botucatu.
Em 1901 contraiu núpcias com d. Maria Petry, já falecida. Desse consórcio teve os seguintes filhos: Domingos, casado com d. Onélia Dromani; Sidraco, casado com d. Teodomira Pampado; Hermínio, casado com d. Ida Milanesi; dr. Jacob, casado com d. Maria Dromani; dr Américo e Anita. Em segundas núpcias, casou-se com d. Elvira Grazini e deste casamento são suas filhas as menores Mariana e Marina.
O sr. Petrarca Bacchi iniciou suas industrias com um moinho de Fubá no local denominado hoje de Salgueiro, isto é, no começo da rua Amando de Barros; transferiu-se depois para o moinho do Russo hoje de propriedade do sr. Adriano Ribeiro. Em 1909, localizou-se na Avenida Floriano Peixoto, primeiramente com uma máquina de arroz. É esta a modesta origem do grande parque industrial. Da maquina de arroz o sr Petrarca Bacchi instala um pastifício, depois a serraria, máquina de algodão, a Usina Hidro-Elétrica e, finalmente, uma fábrica de chapéus. Cerca de 400 operários trabalhavam nas industrias Bacchi.
As origens da Família Bacchi remontam-se à Idade Média. De estirpe nobre, originária de Modena, os antepassados do sr. Petrarca Bacchi foram exclusivamente homens de armas. Vários deles participaram da Batalha de Beoca, contra os mouros, no dia de Santo André. No ano de 1022 passam a pertencer a Ordem dos Cavaleiros, instituída peIo rei Roberto, o Devoto. Foram defensores de fé cristã e o brasão heráldico, representa a batalha de Beoca.
O sr. Petraca  Bacchi naturalizou-se brasileiro"
 Essa é a homenagem que a FOLHA DE BOTUCATU (1ª. fase) procurou trazer a esse grande construtor do progresso e do desenvolvimento de Botucatu.
PETRARCA BACCHI representa, para nós, que estávamos vivenciando o dinamismo de nosso 3º Ciclo Industrial, a certeza de que existe um passado na história de Botucatu tão grande quanto o presente e que é preciso preservá-lo, trazendo às novas gerações o exemplo de nossos grandes vultos do passado como a mostrar que para a construção de um povo e de uma Nação é indispensável a presença de homens de fibra e de idealismo como PETRARCA BACCHI e os pioneiros da industrialização em Botucatu.(AMD).






                           Conde Francisco Matarazzo: 
                           O Empreendedor do Século XX/ leia aqui

15 comentários:

Delmanto disse...

Esse trabalho sobre Petrarca Bacchi remonta a 1990, quando lançamos o primeiro volume de “Memórias de Botucatu”. Na ausência de fotos nítidas de Petrarca Bacchi, contamos com a “arte” do desenhista Marco Antonio Spernega ao reproduzir, em bico de pena, uma foto de Petrarca Bacchi. Ali começava a reconstituição do pioneirismo industrial em Botucatu. Eram os imigrantes ávidos por conquistarem sucesso na Nova Pátria.
Petrarca Bacchi é o “MATARAZZO DE BOTUCATU”, por seu pioneirismo e por sua extrema e salutar ousadia, marcou com chave de ouro o nosso primeiro ciclo Industrial.
No “Memórias de Botucatu”, dividimos a industrialização do município em 3 Ciclos: o 1º Ciclo Industrial, indo de1890 a 1930; o 2º Ciclo Industrial, após o período depressivo da economia com a crise de 1930 que arruinou muitas industrias locais e perdurou de meados dos anos 50 até quase o final dos anos 60; e o 3º Ciclo Industrial, que estamos vivendo em toda a sua intensidade, iniciou-se praticamente nos anos 70, sendo que começou a ter maior e melhor desempenho de meados dos anos 80 até os dias atuais.
Um dos aspectos a destacar na atuação empreendedora de Petrarca Bacchi é o tratamento que dava às famílias que trabalhavam para suas empresas: dava escola, contratava professoras, dava assistência médica (já naquele tempo), enfim, hoje seria um industrial modelo. Esse foi Petrarca Bacchi!!!

Delmanto disse...

Essa lembrança do Império Matarazzo,lembra outras estórias. Na industrialização do Brasil, dois grupos industriais preponderaram: o Grupo Matarazzo e o Grupo Votorantin. Agora, a coincidência: os dois estabelecidos na mesma rua, na então considerada “Manchester Paulista”, que era Sorocaba. Primeiro, Francesco Matarazzo, Francesco Grandino iniciavam, em Sorocaba a construção do Império. Já em Botucatu, para onde foram os trilhos da EFS – Estrada de Ferro Sorocabana, levando o progresso, estava instalado Pedro Delmanto, também imigrante de Castellabate e tinha, como colega e amigo na profissão de comercio de calçados, o imigrante português Antonio Pereira Ignácio. Após alguns anos, já casado, Pereira Ignácio vai para Sorocaba, instalando-se na mesma rua do comércio de Matarazzo e instala seu comércio de caroço de algodão. Em pouco tempo, começaria a construir o império da Votorantim... De Sorocaba, Francisco Matarazzo leva seu império para a Capital paulista: são as IRFM – a maior potência Industrial da América Latina e, ele, o italiano mais rico do mundo.
Com o fim das Industrias Matarazzo, já na terceira geração, o Brasil passa a admirar o, agora, maior Império Industrial Brasileiro: a Votorantim. O Comendador Antonio Pereira Ignácio casa sua filha Helena com o engenheiro José Ermírio de Moraes (pai do empresário Antonio Ermírio de Moraes), que viria a comandar, consolidar e expandir o grupo industrial da Votorantim. É registro Histórico.

Anônimo disse...

Djanira Genovez (Facebook): compartilhei...

Anônimo disse...

Jo Sant'Iago(Facebook):
Delmanto, não sou de Botucatu, mas gosto muito de conhecer sua história, contada com suas palavras. Obrigada.

Anônimo disse...

Djanira Genovez(facebook):.
Um pouco da história de Botucatu...Muito bom Armando,e vamos aprendendo...

Anônimo disse...

Eunice Lima (Facebook):
Meu avô Francisco Balarim foi funcionário dos Bacchi!

Anônimo disse...

Manfredo Costa Neto (Facebook):
Armando, papai nasceu em Botucatu. Vibro quanto você escreve sobre ela.

Nota da Redação: o Engº Manfredo Antonio da Costa foi o fundador eresponsável técnico da Companhia Força e Luz de Botucatu que originou a CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz. Na Constituinte de 1934, o Engº Manfredo Costa foi eleito Deputado Estadual Constituinte. Registro Histórico.

Anônimo disse...

Iolanda Bacchi (Facebook):
Somente o Dr. Armando mesmo para não deixar no esquecimento o que os antepassados da família do meu saudoso esposo fizeram para Botucatu!!! Parabéns Dr. Armando, pois vindo do senhor é uma homenagem justa e sincera!!!

Anônimo disse...

Rene Alves de Almeida (Facebook):
tenho uma garrafa vazia da cerveja do BACCHI ......

Anônimo disse...

Cris Bacchi (Facebook):
Rene Alves de Almeida sabe onde eu encontro uma?

Anônimo disse...

Cris Bacchi (Facebook):
Meu bisa!!! Adorei a homenagem!!!

Delmanto disse...

É importante o registro da atuação efetiva e empreendedora dePetrarca Bacchi junto à comunidade botucatuense:
USINA BACCHI: Após a transferência do controle acionário da CPFL para os americanos, em 1927, surgiu na cidade de Botucatu, em 1929, a Usina Bacchi, graças a iniciativa e pioneirismo de seu idealizador, PETRARCA BACCHI, que comandava à época diversificado parque industrial em nossa cidade. A Usina foi localizada no bairro do Lobo ( hoje pertencente ao município de Itatinga), onde o rio também chamado Lobo tornar-se-ia gerador de eletricidade. A respeito da importância da presença da Usina Bacchi é indispensável buscarmos a palavra sempre abalizada de Hernâni Donato em seu “Achegas”: “Em 1930, outubro-novembro, não só a situação político-administrativa mantina-se indefinida como os vitoriosos ostentavam bandeiras favorecedoras do pequeno capital e da economia das classes populares. O Bacchi serviu-se: estendeu posteação pelas ruas, recebendo pedidos de ligações domiciliares. Sem medidores, entregava o quilowate a 400 rpeis, precisamente a metade daquele fornecido pela CPFL. Residências com uma só lâmpada pagariam o mínimo de 5 mil réis; com mais de uma, 8.600 réis mensais. Mais tarde, mesmo colocando os medidores, manteve a proporcionalidade dos preços e o mínimo de custo-consumo.
Sucesso tão grande que logo contabilizava mais pedidos de fornecimento do que a energia produzida. Adquiriu gerador a diesel, de 800 KWa que também era mantido como linha auxiliar.
A cidade tinha dias posteações de força na rua, mais a dos telefones. De um lado da rua, a da Hidro-Elétrica Bacchi, do outro, a da CPFL. Esta passou a servir a prefeitura e algumas oficinas. O dono comprava luz do Bacchi para sua residência e energia da CPFL para sua oficina”.(livro “Memórias de Botucatu”, 2ª edição, 1995, págs. 91 e 92)

Anônimo disse...

José Italo Bacchi Filho (Facebook);
Cris Bacchi, tenho tudo relacionado às empresas Bacchi: nota fiscal, talões, garrafa, abridor, selo, rótulo, fotos, etc....

Carlos germano disse...

Botucatu berço de gigantes quem quiser conte outra historia que esta ninguém contara com tanta destreza

Unknown disse...

Estou garimpando e resgatando historia, por toda vida fiquei curioso em saber o porque do meu sobrenome, herminio e a cada garimpada que faço fico surpreso com tanta historia dessa familia, eu pai muito humilde sempre contava que era parente dos donos da potencia Votorantim, mas como acreditar se ele sempre foi muito humilde e sem posse alguma, mas resgatando a historia vemos que o que ele falava tem sim base e faz sim sentido, fico feliz em ter encontrado esse blog que registra e eterniza a historia dessa familia.

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