Minha Caminhada Peabiruana...
“...Mas o objetivo ainda estava por vir. O objetivo era Botucatu, a cidade de Botucatu: sua gente, suas coisas, seus problemas, suas perspectivas... Mas só Botucatu, ou antes e melhor, sempre Botucatu...”
O termo “Caminhada Peabiruana” foi criado pelo saudoso professor Agostinho Minicucci, a representar o histórico da cidade de Botucatu vivenciado através dos tempos e registrado na revista cultural PEABIRU.
E no Aniversário de 161 Anos de Botucatu quero relembrar a “Minha Caminhada Peabiruana”. Tenho procurado registrar os principais fatos históricos de Botucatu, com absoluta imparcialidade profissional, destacando, sempre, o lado positivo da cidadania. A HISTÓRIA DE BOTUCATU é assim, cheia de conquistas, de povos que tentaram ficar e que tiveram que partir e de outros que, através de lutas e, por que não, um certo amor pelo lugar, conquistaram o direito de povoar esta cidade. Viva o povo botucatuense! Que é tão rico em seu passado, e soube assim fazer o seu presente. Incomparável.
Em um de nossos posts, no BLOG DO DELMANTO, falamos da importância do prof. Agostinho em nossa vida literária e jornalística (http://blogdodelmanto.blogspot.com.br/2016/03/as-lembrancas-ficam-agostinho-minicucci.html) e essa interação professor/aluno, vem desde 1963, quando lancei o jornal “TRIBUNA DO ESTUDANTE”, órgão oficial do Colégio La Salle. Na apresentação do jornal, o prof. Agostinho escreveu a apresentação e falou da minha vocação. Terminado o 2º científico (eu ia fazer Medicina, mas fiz o teste vocacional com ele), passei para o Curso Clássico e fui fazer Sociologia e Politica e Direito...
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Hoje, quero fazer um retrospecto da presença da revista PEABIRU, dos jornais que dirigi e do BLOG DO DELMANTO que há 5 anos se dedica, também, a cultuar e promover Botucatu, defendendo e divulgando os seus objetivos, destacando seus Cidadãos Prestantes e construindo a sua rica história centenária que tanto orgulha os botucatuenses.
Eu sempre escrupulizo com assuntos que me dizem respeito. Mas não poderia deixar de registrar os comentários do prof. Agostinho Minicucci sobre o meu trabalho a favor de Botucatu e da importância da revista cultural PEABIRU no resgate da nossa história. Na verdade, cada manifestação do prof. Agostinho é uma aula de CIDADANIA! É isso. CIDADANIA e CIDADANIA MUNICIPAL, na certeza de que “as cidades, as vilas, as fazendas compõem o país. Quem ama o seu torrão natal é um grande patriota, que idolatra o seu berço para enaltecer a grandiosidade da nação,”
NA ACADEMIA DE LETRAS
Quando eu ingressei na Academia Botucatuense de Letras – ABL, na Cadeira nº 02, cujo Patrono é exatamente Alceu Maynard Araújo e tendo como Fundador o Dr. Sebastião de Almeida Pinto (meu padrinho na ABL), no distante ano de 1983, recebi de meu Mestre, o Professor Agostinho Minicucci, correspondência à respeito de minha posse e de meu Patrono. Por oportuno, transcrevo seu inteiro teor:
“São Paulo, 12/08/1983.
Prezado Armando,
Acabo de receber a faustosa notícia de que você se torna imortal em a nossa Academia. Quem o conhece desde estudante, quem tem acompanhado os seus sucessos, a sua ânsia de vencer, a sua determinação por acompanhar a via clara e prestigiosa dos Delmantos, o seu acendrado amor pela terra-mãe...pode avaliar inteiramente a sua escolha como acadêmico. Parabéns. Nós acompanhamos Maynard em São Paulo durante largos anos, quando fomos Diretor da Metropolitanas (FMU) e ele foi nosso Vice e nas Faculdades de Guarulhos, quando ele foi Diretor e nós fomos Professor. Há muitas facetas de rara riqueza na personalidade desse educador-escritor que só quem conviveu com ele, teve a felicidade de sentir.
Quando tanto se fala em folclore, é necessário reviver a obra de Maynard, divulga-la nas escolas, nas academias, na imprensa.
Tenho a certeza de que você irá fazer isso. Estou vibrando por isso tudo. Abraços.
Prof. Agostinho Minicucci.”
A CAMINHADA PEABIRUANA
Com a revista botucatuense de cultura – PEABIRU, começa a minha “Caminhada Peabiruana”, ou melhor, a nossa caminhada peabiruana, com as aulas de CIVISMO e de CIDADANIA. A PEABIRU foi lançada como revista cultural, bimensal, em janeiro/fevereiro de 1997. E em seu terceiro número, em maio/junho, lá estava a presença do Mestre, a incentivar e a delinear os caminhos:
“Grande Delmanto,
Estive fora de São Paulo e, por isso retardei dar-lhe minha opinião sobre esse original, excelente e rico material da revista Peabiru.
Digo-lhe grande, porque só você, com sua privilegiada criatividade, dinamismo, espírito de luta poderia ou teria coragem de vencer a inércia que, não raro, assola Botucatu e produzir uma obra dessa grandiosidade.
Nós que o conhecemos como aluno e víamos em você um potencial de realização tão amplo e prodigioso, somado a uma cultura que se enriquece dia após dia, dignificando a família Delmanto.
Você foi muito feliz na escolha do material, na ordenação dos textos, nos comentários, o que condiz bem com sua cultura polimorfa.
O seu entranhado amor a Botucatu é algo de um Édipo inteligente e psicanalisado que soube dignificar a mãe-pátria na sua cidade, no sentido de elas, as cidades, as vilas, as fazendas compõem o país. Quem ama o seu torrão natal é um grande patriota, que idolatra o seu berço para enaltecer a grandiosidade da nação.
Espero ainda um grande futuro na sua carreira profissional e, principalmente, na sua vocação literária e artística.
Botucatu lhe deve muito pela sua contribuição na divulgação poética de suas glórias e no desenrolar de sua história.
À história de Botucatu, um codificador de fatos, acontecimentos, glórias e lutas, como você tem sido devem orgulhar uma cidade.
Espero que Botucatu saiba agradece-lo pelo muito que você tem feito em divulga-la e leva-la a emparelhar com outras cidades metrópoles importantes de nosso país.
Há pessoas que se ligam, de tal forma, a eventos, fatos, cidades, tradições e, por que não a Destino, que eu poderia dizer: - Botucatu é o Delmanto.
A nossa cidade tem muitos traços de sua personalidade e a sua personalidade é uma extensão e decorrência de Botucatu.
Agradeço-lhe as palavras elogiosas a meu respeito, a preferência pelos meus livros e a maneira com que abordou os comentários.
Um grande abraço a um grande homem, na grandiosidade de uma pátria-nação, Botucatu.
Agostinho Minicucci.”
SOCIOLOGIA BOTUCUDA
“São Paulo, 03 de novembro de 1997.
Caro Delmanto,
Recebi Peabiru nº 5, não lhe pude escrever sobre o nº 4, em virtude de uma cirurgia que me retirou do trabalho por quase um ano.
Cumprimentá-lo pelo nº 5 é quase uma rotina, já que você inovou na literatura botucatuense, conseguindo, dentre outras coisas, congregar a elite intelectual de nossa Botucatu.
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Na minha parada obrigatória, ocorreu-me que você – não sei bem, ao certo – é um botucatuense, um botucatólogo ou um botucatuísta ou os três ao mesmo tempo.
Botucatuense é uma das riquezas da qual Botucatu se orgulha, pelo que você tem feito pela sua cidade, bem como, pela tradição dos Delmanto.
Por que você é também um botucatólogo e quiça o mais completo deles.
Deixe-me retornar aos “bons tempos” das aulas de Português e escandir o termo:
- Botucatu, nheengatu, e logos, um sufixo grego, que forma um hibridismo, traduzindo: o estudo histórico, geográfico, linguístico, político, social, educacional...de Botucatu.
Ao elenco de seus livros sobre Botucatu, você fez um estudo completo, diversificado, amplo – como não há outros – de nossa cidade e de nosso município. Em linguística, se dá a esse profissional o nome de “botucatólogo”, como tupinólogo, helenólogo, romanólogo e outros tantos.
Estaremos, assim, em paz, com a senhora Etimologia.
Nos Estados Unidos, as Universidades possuem muitos cientistas estudando principalmente a história e, essencialmente a política do Brasil. São os brasilianistas. Conhecem mais sobre o Brasil do que a maioria dos brasileiros.
A mim me ocorreu apanhar o sufixo ismo, ista, indicativos de profissão ou atividade cultural e julgar você o primeiro botucatunista ou botucatuísta do Brasil. Você discorre muito bem sobre assuntos sociais, políticos, religiosos, educacionais, culturais, enfim, de Botucatu.
Para seguir as pegadas de Machado de Assis, digo-lhe que lhe competem as três comendas: uma de origem, outra de cientista botucatuense e uma terceira de sociólogo de Botucatu.
Mais longe iríamos, caro botucatuense, botucólogo e botucatuísta, se o papel não pedisse uma trégua, para poder cumprimenta-lo também.
Um abraço do amigo,
Agostinho Minicucci.”
“São Paulo, 16 de dezembro de 1998.
Caríssimo Delmanto,
Recebi o nº 12 da Revista Peabiru, a mais disputada para leitura, na minha família.
Admira-me a sua pertinácia, o seu entusiasmo, o seu desprendimento, a sua dedicação às coisas de nossa Botucatu.
Agradeço-lhe a referência a meu irmão Domingos, que tinha, no Dr. Antoninho, o seu melhor amigo e conselheiro.
Outrossim, causou-me surpresa e alegria por que não, aquele bilhete que a Lúcia conservou, por tanto tempo, e acabou sendo uma profecia que vingou, já que ela se prepara para o seu primeiro livro.
Você é filho de Botucatu agradecida e revivida na trilogia do tempo, passado, presente e futuro.
Um feliz Natal e um promissor 1999, o ano do 1, a você e família.
Agostinho Minicucci.”
CAMINHADA DO PEABIRU
“São Paulo, 30/03/1999.
Caro Delmanto,
Cada vez mais, admiro o seu homérico trabalho como codificador da história de Botucatu. Você construiu o caminho histórico do Peabiru botucatuense, com esforço, carinho, dedicação e, por que não, ousadia.
Não sei se você lembra de um texto da Antologia Nacional que dizia:
“Um célebre poeta polaco descrevendo, em magníficos versos, a floresta encantada de seu país, imaginou que as aves e os animais ali nascidos, voavam e corriam e vinham todos morrer à sombra do bosque amigo em que tinham nascido.”
Você tem sido o poeta que tem escrito, em magníficas páginas, a epopeia de um recanto privilegiado onde seus filhos buscam a essência perfumada das tradições que enlaçam e aproximam todos aqueles que, nessa serra viveram, ou vivem, de olhos postos no anil do céu e na beleza de sua natureza.
Caro poeta da tradição botucatuense, do Peabiru que você construiu, eu lhe aceno a mão, polegar erguido, num sentimento de vitória.
Do amigo,
Agostinho Minicucci.”
“São Paulo, 13 de agosto de 1999.
Caro Delmanto,
Como professor de português, concordo em gênero, número e grau aumentativo e como linguista em morfologia, sintaxe e semântica, com as palavras sempre sábias de Hernâni Donato.
Não é necessário mais elogiá-lo, o vocabulário é pobre para tão relevante obra.
Poderia dizer que, na história de Botucatu, há um AD (antes de Delmanto) e um DD (durante Delmanto).
Você inovou a metodologia da história, na pesquisa, na divulgação e no conteúdo.
Quando alguém inova e cria uma obra, como a Peabiru, arregimenta uma plêiade se arautos, que vão à frente, anunciando o feliz evento.
Quero considerar-me um dos arautos, multiplicador de sons harmoniosos numa sinfonia heroica, como os ventos de ibitu que beijam a serra com mensagens catu.
Você está construindo pedra a pedra , esse caminho sagrado que marca o roteiro de uma cidade – Peabiru.
Pode-se dizer, como num provérbio: “Quem não leu Peabiru, passou por Botucatu, mas não viveu Botucatu. Olhou mas não enxergou.”
O sentimento patriótico de Botucatu se alicerça no caminho do Peabiru, ponto em que os viandantes dizem:
· Como te amo Botucatu.
· Como te agradeço mensageiro Peabiru.
Sou feliz por ser conterrâneo de DD.
Abraços do sempre amigo,
Agostinho Minicucci.”
MEMÓRIAS DE BOTUCATU III
(ilustração de Vinicio Aloise)
S.Paulo, 25/01/2000.
Caríssimo Delmanto,
Retornei hoje a São Paulo depois de um descanso necessário. Cheguei no aniversário de São Paulo, com muita saudade de Botucatu.
Na correspondência encontrei o presente de uma jóia – “Memórias de Botucatu III”. Corri os olhos, ansioso e pude notar numa vista rápida que o livro deveria chamar-se “A Bíblia de Botucatu”. Ele é um misto de alta literatura, científica, histórica, modelo de pesquisa, calendário de projetos, antologia de vultos históricos, sociologia psicológica de um povo, poema de uma cidade, geografia comunitária, um projeto de História da Educação de Botucatu, enciclopédia de vultos históricos e, sem dúvida, o roteiro político da continuidade do progresso de uma cidade que nasceu com perfil de gigante para não ficar eternamente deitado.
Você teve o dom de reunir séculos com estórias e histórias.
Volto a dizer que Delmanto é Botucatu, ou melhor, “Botucatu é Delmanto”
Preciso ler o Memórias III com mais vagar e sentimentos e essa leitura só pode ser feita na terra do Peabiru, isto é, a pátria do Delmanto.
Agradeço-lhe como sempre, as suas referências ao meu nome.
Um abraço AMIGO do,
Agostinho Minicucci.”
S.P., 20/01/2000.
Caro Armando M. Delmanto,
Começo melhor para o ano 2.000 no campo histórico-cultural-editorial não poderíamos ter em Botucatu. Obrigado pelas “Memórias III”. Modo original de fazer História juntando o documento e a sua análise. Li-o, apenas retirado do envelope.
Parece-me que mudaram o nome do aquífero para Aquífero Mercosul. É isso? Não se adiantou na pesquisa? O Paulo Henrique Cardoso conseguiu algo? Na Inglaterra é que está a solução do enigma.
Há décadas cheguei a esboçar um romance “A Fazenda” que não sendo a do Conde seria aquela. O antigo editor Diaulas Riedel, menino-jovem passou ali férias de verão e com entusiasmo e minúcias, descreve-a. A Condessa, idosa, mantinha quiosque no Boi de Bologne no qual, no inverno, oferecia café brasileiro. De certo, da fazenda. Imagine escravos abrindo picada, do Porto Martins à fazenda e transportando ardósias francesas, veludos italianos, mudas de pinho de Riga, piano alemão para a casa sede. Boa tarefa será um volume – elaborado sem pressa – para tal casa, a mais importante da região.
Abraço, obrigado.
Hernâni Donato”
S.P., 19/01/2000.
Caríssimo Armando,
Mal recebi e já mergulhei na leitura das “Memórias de Botucatu III”. Como sempre, você consegue aliar à pesquisa uma linguagem coloquial, o que torna a visão de nossa história ainda mais agradável e atraente. Fiquei emocionado com os detalhes da construção do nosso primeiro arranha-serra (bela expressão). As memórias do menino botucatuense misturam-se aos dados fornecidos pelo historiador. Como uma personagem do “Amacord”, também eu sempre imaginei a boate do Peabiru como palco de festas suntuosas e de encontros fortuitos. E, em minha cabeça, padres furibundos barravam o meu sonho felliniano.
O “Lawrence” é material para novela! Que história mais fantástica. E fiquei comovido ao ver a foto da casa da Sra. Leandro Dupré. Quero saborear cada página, pois sei que aprenderei muito com essa leitura. Mais uma vez você contribui, de forma incisiva, para que Botucatu não perca sua identidade, e para que nós tenhamos muito orgulho da cuesta.
Obrigado pela dedicatória tão gentil, parabéns pelo belíssimo trabalho, e um abraço a todos de sua família,
Alcides Nogueira.”
Em 2010, a criação de meu site. Também em 2010, o livro digital “HISTÓRIA DE BOTUCATU”. E, em 2011, o lançamento do “Blog do Delmanto”. Em 22 janeiro, o Blog completou 5 anos! Uma grande vitória! Estaremos passando de 1200 posts publicados, preparados com pesquisas, ilustrações e fotos, numa atuação jornalística realizadora. Próximo de alcançar 500 mil acessos, o Blog do Delmanto revolucionou a ampla divulgação de nossa História e dos principais acontecimentos de nossa cidade e região.
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Voltado à renovação política e à construção da cidadania, este Blog tem a missão de provocar o debate, convocando a “intelligentzia” brasileira (emprestemos a expressão russa para definir parte de nossa comunidade intelectual) para a discussão de temas de interesse do país, sempre valorizando o cidadão, despertando valores e delineando novos rumos para a solução dos problemas que estão dormentes há muito tempo...
Será que vale à pena?!?
Acreditamos que sim!
E a “Caminhada Peabiruana”, CONTINUA!
AVANTE!
Um comentário:
No Editorial da PEABIRU Nº 01:
“Não faz mal que amanheça devagar,
as flores não tem pressa, nem os frutos,
porque sabem que a vagareza dos minutos,
adoça mais o outono por chegar.
Portanto, não faz mal que devagar
o dia vença a noite em seus redutos
de leste – o que nos cabe é ter enxutos
os olhos e a intenção de madrugar.”
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