março 29, 2018

SEXTA-FEIRA SANTA E O SERMÃO DAS SETE PALAVRAS !

O SERMÃO DAS SETE PALAVRAS !


FAMOSO SERMÃO DAS SETE PALAVRAS!



O resgate que este Blog conseguiu do inteiro teor do famoso “Sermão das Sete Palavras”, proferido pelo Bispo-Orador, Dom Luiz Maria de Sant’Anna, é uma grande vitória. Cantado em prosa e verso por sucessivas gerações de botucatuenses, coroa nosso trabalho jornalístico  e pelo período da Semana Santa que estamos vivendo, o que torna mais oportuna ainda a lembrança do sacrifício do Calvário... Dom Frei Luiz Maria de Sant'Anna foi Frade Capuchinho, Bispo de Uberaba (MG), Orador Sacro Consagrado e nosso 3° Bispo Diocesano , de 29/06/38 a 05/05/46.



Graças à revista botucatuense de cultura – PEABIRU, este sermão foi recuperado e divulgado. A Revista Peabiru com a publicação desta obra sacra, absolutamente inédita, teve o prazer de apresentar os seus mais sinceros agradecimentos à Prof.a Zélia Meira Coelho Delmanto que teve a feliz visão de taquigrafar -há praticamente 68 anos atrás! - as palavras de nosso então Bispo Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna, consagrado orador sacro. Este Sermão das Sete Palavras, foi proferido no dia 30/03/1945 - Sexta-feira Santa – com a Catedral de Sant'Ana lotada e a praça tomada por verdadeira multidão.

Fica a nossa sugestão para que sejam divulgados, no futuro, outros discursos proferidos por nosso Bispo-Orador. Juntamente com aProf.a Maria Inês Galvão, a Prof.a Zélia taquigrafou outros sermões proferidos na Catedral ou na Igreja de Nossa Senhora de Lourdes em louvor à Festa de Sant'Ana, à família, à caridade , à fraternidade, etc.


O nosso 3º Bispo, Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna representou, no seu tempo, uma das maiores e mais consagradas culturas sacras do país. Considerado orador brilhante, Dom Frei Luiz Maria era sempre convidado para fazer a oração principal nas solenidades religiosas. Coincidentemente, por duas oportunidades esteve em Botucatu, bem antes de ser nosso Bispo, como orador convidado. 

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Primeiramente, no lançamento da pedra fundamental de construção do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, em 11/02/1911, especialmente convidado por Dom Lúcio, nosso primeiro Pastor. 

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(fotos do livro "Memórias de Botucatu", de Armando M. Delmanto, 1990)

Novamente como convidado, agora para a inauguração do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes e sua Gruta, em 08/09/1918. Nas duas ocasiões, as presenças do Dr. José (Jucá) Cardoso de Almeida Benemérito do Santuário e seu Provedor - e do Monsenhor Paschoal Ferrari.

Santuário de Nossa Senhora de Lourdes

Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna era frade capuchinho, tendo nascido na Itália, na cidade de Sant'Anada província de Páduaem 21/03/1886. Dois anos depois já estava no Brasilpara onde seus pais imigraram.

Revista Peabiru considerou, à época, de fundamental importância a divulgação e o registro histórico desta obra sacra de Dom Frei Luiz Maria. E, agora, o Blog do Delmanto procura dar a esse sermão a dimensão da mídia virtual, para que cada vez mais se conheça esta obra magníficaNão basta que tenhamos conhecimento de que um de nossos dirigentes católicos, mais precisamente nosso  Bispo, era considerado um dos maiores oradores sacros do Brasil se não temos conhecimento de nenhum de seus sermões !!!

Graças à iluminada visão de duas então jovens professoras, conseguimos resgatar tão im­portante obra! E na Revista Peabiru e aqui no Blog do Delmanto, nosso filho e colaborador, Marcelo Delmanto, fez as respectivas edições.

Hoje - 68 anos depois ! - podemos dizer que conhecemos e podemos admirar um dos discursos de nosso Bispo-Orador,Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna. Já velho amigo da Igreja de Botucatu foi convocado para assumir a Diocese em um momento de gravíssima crise. Soube cumprir com brilho a sua missão: restabeleceu a normalidade administrativa e financeira da Mitra, apazigou a comunidade católica, concluiu obras (Catedral e Convento Santa Gema Galgani) e pregou com brilho a palavra de Deus!

Catedral Metropolitana de Sant'Anna
Nosso  Bispo Diocesano (de 29/06/1938 a 05/05/1946)estava a merecer as homenagens e a divulgação de sua palavra. Foi um grande Pastor!

Algumas opiniões sobre o nosso Bispo-Orador:
1) “O Bispo-Capuchinho foi grande na Ordem, maior no trono Episcopal e sobre-humano no mundo espiritual em que se encerrou sob os olhares únicos da Divindade Suprema!
“Omnes et in omnia Christus”... As mesmas pegadas de Francisco de Assis, o mesmo profundo espírito de meditação: a mesma imensa sabedoria. Reservado e bom. Imensamente bom e manso. Zeloso ao extremo pelos seus e severo consigo mesmo. Batalhador aguerrido encerrado numa cela – pela força da Oração. Apóstolo impertérrito, num gabinete modesto – pelo vigor convincente de sua pena invulgar.
- “Vai Francisco e repara minha Casa...”
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Seus dons oratórios arrebataram-no muitas vezes da cela humilde do Palácio para que a palavra divina fosse ouvida lá longe, na Metrópole ou nos confins da Pátria pela intelectualidade patrícia sempre ávida e expectante dos seus sermões memoráveis.
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A palavra do Bispo-Orador era transbordante de Fé e Religiosidade. Conhecia a natureza humana como um verdadeiro dissecador de almas.“O que afugenta os homens do seio da Igreja Católica são seus próprios erros e defeitos que ela anatematiza. Por isso, guerreiam-na sem tréguas”, disse ele um dia. Seu olhar de psicólogo vasculhava num relance as insondáveis profundezas do coração humano e de lá desentranhava os erros, com a palavra cristalina da compreensão, da persuasão, da caridade cristã.
No trato dos problemas sua análise severa escandescia os mais rijos obstáculos para depois, com o mesmo arroubado transporte do“Poverello” em êxtases místicos, indicar à sociedade o caminho a seguir sob a luz única do Farol da Igreja.
Como Vieira em seus “Sermões de ouro” é mais conhecido do que através dos valiosos e múltiplos serviços prestados à causa dos Jesuítas e à Pátria, assim também o Bispo-Capuchinho, se lhe faltassem à memória veneranda os méritos concretizados pelas inúmeras obras realizadas, bastaria tão somente a arma que manejou reerguendo a moral de uma Diocese: a Oração.
Grande-Orador deixou indelével no coração dos que tiveram a ventura de ouvi-lo, o sêlo da verdadeira Apostolicidade.”
(in “Perfil de um Capuchinho”, de Elda Moscogliato, revista Peabiru nº 14 – março/abril/1999);

2) "...Não o veremos mais no púlpito, qual vulcão de eloqüência, a pregar as palavras de Cristo, entre a admiração de todos - católicos ou não -mas que sabe avaliar, na palavra, a expressão potente da cultura; não o veremos mais..." (trecho do artigo de José Pedretti Neto, no jornal "Folha de Botucatu", de 11/05/46);
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3) "...Dom Luiz morreu. Nessa lutuosa tarde de maio, quando os restos mortais do grande D. Luiz postaram-se ao lado da cinza do grande Dom Lúcio, ao último dobrado dos sinos dessa Catedral - que ele encontrou ao rés do chão e deixou na linha do céu -fechou-se esse brilhante capítulo da história evangélica de Botucatu - D. Frei Luiz Maria de Sant’Ana.
Em Sant’Ana dei Boschi, branca aldeiola do coração de Pádua, nasceu; Luiz de Sant’Ana chamou-se, claro desígnio da intenção divina; Sant'Ana de Botucatu, salvou - para sua glória e nossa redenção..."
(trecho do artigo de Hernâni Donato, no jornal "Folha de Botucatu", de 11/05/46);
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4) "...Luiz, o Bispo-Orador! Vós que em vida pregastes as Sagradas Escrituras, que servistes com devoção à causa do Senhor, ensinando aos homens o verdadeiro caminho da felicidade espiritual, hoje, na mansão em que descansam os justos no seu derradeiro sono, recebei as homenagens sinceras do POVO DE BOTUCATU !" (trecho do editorial do jornal"Correio de Botucatu", de 09/05/46, de autoria de Adolpho Pinheiro Machado);
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5)"...Orador primoroso, missionário, pastor tolerante e clarividente, era considerado um dos expoentes da Província Eclesiástica..." (trecho do artigo de Sebastião de Almeida Pinto, publicado na "Folha de Botucatu", de 15/05/ 46);

6)"...Na véspera cálida de outono, um tepor estivo de primavera em flor... Um grupo de populares, modestos espectadores do fúnebre cortejo, enaltecia as virtudes e a grande obra realizada pelo Extinto.
Um pobre homem, maltrapilho e grisalho, alheio à conversa, talvez aquele mesmo anônimo de rua, que fora visto velar, durante a madrugada inteira, cabisbaixo e insone, o esquife do seu Bispo na Catedral silenciosa - sentenciou comovido: - "E nunca mais ouviremos um Sermão das Sete Palavras !"
No erro de expressão, a interpretação de uma grande verdade!
Sim, nunca mais, meu nobre e pobre Amigo!
Ouviremos sons, verbos, piedosas orações...vozes altissonantes, evocadoras do Sacrifício e Ressurreição; conceitos nobres e pensamentos de brilho invulgar... E braços erguidos para o céu em gesto teatral, na tentativa vã de captar uma estrela...
Nunca mais, porém - quiseste justamente frisar - um "Sermão da Semana Santa" comparável aos inesquecíveis do grande"Bispo-Orador", do teu "Bispo dos Pobres"!
É na Semana Santa, que a nossa alma plangente evocará a sagrada figura do Pastor, sua bondade, seu Verso.
Na Semana da Paixão, tu, infortunado mortal, símbolo da pobreza, que lutas para não morrer, procurarás no púlpito saudoso o vulto miguelangelesco do teu "Bispo-Orador".
Seus gestos fraternais e amigos são a ti bem notos!
As modulações de sua voz patriarcal, no silêncio do Templo, ecoam na profundeza de tua alma singela, amenizando a dor, em um acorde misterioso de instrumentos divinos.
A fisionomia severa, ora triste e abrumada, elevada para o céu num lampejo de extrema devoção, na dádiva sobrenatural de todoo seu ser, encerra uma expressão vigorosa de louvor religioso, um sentimento puríssimo de piedade cristã.
Seus dedos fidalgos e nervosos, quando os braços se dirigem para o Altar numa imploração elevada de Amor, numa demonstra­ção impressionante de vitalidade espiritual, parecem empunhar, volteante e irrequieta, a batuta imaterial do maior dos diretores de orquestraE então?
...Às vezes, no início, um prelúdio sentimental de música schubertiana, pairando, como um cântico de nostalgia, na penumbra mesta do templo silente.
As místicas notas, num ritmo fluente de clássica harmonia, vibram, estumecem as íntimas fibras do coração mais incrédulo, como se partícipe da já prodigiosa orquestra evangélica.
E depois, num "crescendo" impetuoso de música rossiniana, as pupilas atentas, fixas na batuta do Mestre, entreabrem-se numa expressão incontida de admiração sobre-humana.
Num ritmo vertiginoso, enfim, de sinfonia wagneriana, os corações palpitam frementes com o latejar violento do pulso; a respiração ofegante arqueja uníssona com o acelerado ritmo orquestral, e, como se eletrizadas pela batuta mágica do Mestre, as almas trêmulas sofrem, estáticas, a Paixão do Senhor !
E no fim? Catadupas de sons angélicos, gorgeio harmonioso de pássaros, coro verdiano de argentinas vozes itálicas e êxtase sublime perante o Sacrifício do Amor !
Foi esse extenuante esforço físico e mental de tantos anos, de milhares de preces, de memoráveis sermões, que sacrificaram o modesto, grande, bondoso Servo de Deus, um Sublime holocausto ao Mártir do Calvário.
Na Semana Santa vindoura, memore e sincero, procurarás novamente abeberar-te no cálice da sagrada amargura e olharás mais uma vez para o púlpito amigo.
E verás o teu "Bispo-Orador", altivo e sereno, pronunciar em silêncio o celebre "Sermão das Sete Palavras" e abençoar em seguida, no largo gesto fraternal, os fiéis admiradores da Paróquia brasílica de Sant'Ana..."

trecho do discurso em homenagem a D. Frei Luiz Maria de Sant’Anna, proferido pelo Dr. Aleixo Delmanto, no Centro Cultural de Botucatu, publicado na "Folha de Botucatu", de 25/05/46).

Os artigos em homenagem ao seu passamento e o vibrante discurso perante a intelectualidade exprimem bem como repercutiu em nossa comunidade a sua perda...
Dom Frei Luiz Maria de Sant’Anna...Saudades! (AMD)

Um comentário:

Delmanto disse...

Prezado Dr. Armando Delmanto.

Através de um amigo de Botucatu tomei conhecimento de que o senhor teria publicado (não sei se em blog) o teor de uma fala (ou sermão) proferida em Botucatu pelo meu tio Dom Luis Maria de Sant'Anna. Gostaria muito de ter acesso a ela. Saudosismos da nossa terra e da família. Poderia contar com sua ajuda ou orientação? Agradecida pela atenção dispensada, saudações.

Agnes Teresa Colturato Cintra.

28 de abril de 2017

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