agosto 24, 2018

O Jânio que eu conheci...


O Jânio que eu conheci...

Presidente Jânio Quadros

Foi após o lançamento de meu livro “CONSTITUINTE” que passei a manter contato com o ex-presidente Jânio Quadros. Eu o conheci no PEABIRU HOTEL quando esteve em Botucatu, após muito tempo, fazendo uma palestra. Fui apresentado a ele pelo amigo e deputado Roberto Gebara que lhe assessorava, na oportunidade lhe entreguei o livro “CONSTITUINTE” que acabara de lançar. Ele gostou e elogiou muito o livro, chegando a pedir mais tarde mais um exemplar.

Cassado pela Revolução de 64, foi o único por ela punido de forma pública: confinado em Corumbá/Mato Grosso. 

Inesquecível sua participação na eleição vitoriosa do Brigadeiro Faria Lima, seu ex-secretário de Transportes, para prefeito de São Paulo. Militar, Faria Lima não era popular e nunca participara de política... Virou lenda a participação de Jânio nos comícios: com esparadrapo na boca e mãos para trás fazia furor a sua presença silenciosa nos palanques. Amordaçado, elegeu Faria Lima...

Ficam as estórias sobre Jânio. Personagem que ainda terá o seu perfil traçado com isenção pela imprensa.

Em 1981/1982 mantive vários contatos com Jânio. Sugeri que seus encontros com Che Guevara, Fidel, Nasser, que seu confinamento em Corumbá, que sua atuação na campanha de Faria Lima e outros eventos fossem divulgados em jornal de campanha para conhecimento da juventude. Gostou da idéia.

 Depois os fatos: o PMDB negou-lhe abrigo e inviabilizou sua candidatura a Governador.

Em 1985 elegeu-se, por si e por seu carisma, Prefeito de São Paulo. Quase 30 anos depois o MITO voltava, triunfante. Deixou exemplar modelo de administrador honesto e trabalhador. 


Com 70 anos só idealizava túneis modernos, transportes sobre trilhos aéreos, boulevards idealizados por Oscar Niemeyer (que idealizou o Ibirapuera quando Jânio foi prefeito de São Paulo pela primeira vez), ônibus de 2 andares (como em Londres), restauração de monumentos históricos ( Os Arcos do Bexiga, chamados de “Os Arcos do Jânio”, à beira da Avenida 23 de Maio, na Bela Vista, foram construídos por artesãos calabreses, no início do século XX. Esse extenso muro desenhado por pilastras separadas por arcos, chega a atingir 11 metros em seu ponto mais alto. Em 2002 foram elevados à categoria de Monumento Municipal).


Queria voltar à Presidência.

O seu estado físico conseguiu derrotá-lo.

Perdeu Dona Eloá. Decaiu fisicamente.

Para registro de seu carisma e da atenção que tinha com seus amigos, transcrevemos cartas recebidas do ilustre homem público brasileiro:

clique na imagem para ampliá-la

Duas cartas estão na foto com Jânio e uma terceira, entre outras, vamos transcrever:

“Armando. O direito não é meu, é de todos os cidadãos, até dos que me atacam. O Montoro já dividiu o governo ANTES de recebê-lo do povo. Ulisses na Presidência... Covas, vice-governador (Orestes Quércia, com maioria de convencionais, derrotou Covas). Almino, Senador. CONFIRA, MAIS ADIANTE! Indague do Progresso, do José, do Alexandre, o que pensam... Afinal, porque lutamos? Por quê? Cargos e Princípios? Honra ou oportunidades? Conveniências ou interesse popular? Manhas ou Justiça? VOU SER CANDIDATO, SIM! Os trabalhadores tem muito a ouvir. E, CREIO NELES!  E, JÁ OS SERVI!  Do amigo Jânio Quadros (em 01/XI,81).”

Obs.: Quando ele cita o nome Progresso na carta, está fazendo referência carinhosa ao seu amigo e velho companheiro Progresso Garcia. O saudoso Progresso foi um dos raros paulistas com coragem para visitar Jânio Quadros no confinamento de Corumbá. É Registro Histórico! (livro “Memórias de Botucatu 2”, de 1993)

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