O Jânio que eu
conheci...
Presidente Jânio Quadros
Foi após o lançamento de meu livro “CONSTITUINTE” que passei a
manter contato com o ex-presidente Jânio Quadros. Eu o conheci no PEABIRU HOTEL
quando esteve em Botucatu, após muito tempo, fazendo uma palestra. Fui
apresentado a ele pelo amigo e deputado Roberto Gebara que lhe assessorava, na
oportunidade lhe entreguei o livro “CONSTITUINTE” que acabara de lançar. Ele
gostou e elogiou muito o livro, chegando a pedir mais tarde mais um exemplar.
Cassado pela Revolução de 64, foi o único por ela punido de forma
pública: confinado em Corumbá/Mato Grosso.
Inesquecível sua participação na
eleição vitoriosa do Brigadeiro Faria Lima, seu ex-secretário de Transportes,
para prefeito de São Paulo. Militar, Faria Lima não era popular e nunca participara de política... Virou lenda a participação de Jânio nos comícios: com esparadrapo
na boca e mãos para trás fazia furor a sua presença silenciosa nos palanques.
Amordaçado, elegeu Faria Lima...
Ficam as estórias sobre Jânio. Personagem que ainda terá o seu
perfil traçado com isenção pela imprensa.
Em 1981/1982 mantive vários contatos com Jânio. Sugeri que seus
encontros com Che Guevara, Fidel, Nasser, que seu confinamento em Corumbá, que
sua atuação na campanha de Faria Lima e outros eventos fossem divulgados em
jornal de campanha para conhecimento da juventude. Gostou da idéia.
Depois os
fatos: o PMDB negou-lhe abrigo e inviabilizou sua candidatura a Governador.
Em 1985 elegeu-se, por si e por seu carisma, Prefeito de São Paulo.
Quase 30 anos depois o MITO voltava, triunfante. Deixou exemplar modelo de
administrador honesto e trabalhador.
Com 70 anos só idealizava túneis modernos,
transportes sobre trilhos aéreos, boulevards idealizados por Oscar Niemeyer (que
idealizou o Ibirapuera quando Jânio foi prefeito de São Paulo pela primeira
vez), ônibus de 2 andares (como em Londres), restauração de monumentos
históricos ( Os Arcos do Bexiga, chamados de “Os Arcos do Jânio”, à beira da
Avenida 23 de Maio, na Bela Vista, foram construídos por artesãos calabreses,
no início do século XX. Esse extenso muro desenhado por pilastras separadas por
arcos, chega a atingir 11 metros em seu ponto mais alto. Em 2002 foram elevados
à categoria de Monumento Municipal).
Queria voltar à Presidência.
O seu estado físico conseguiu derrotá-lo.
Perdeu Dona Eloá. Decaiu fisicamente.
Para registro de seu carisma e da atenção que tinha com seus
amigos, transcrevemos cartas recebidas do ilustre homem público brasileiro:
clique na imagem para ampliá-la
Duas cartas estão na foto com Jânio e uma terceira, entre outras,
vamos transcrever:
“Armando. O direito não é meu, é de todos os cidadãos, até dos que
me atacam. O Montoro já dividiu o governo ANTES de recebê-lo do povo. Ulisses
na Presidência... Covas, vice-governador (Orestes Quércia, com maioria de
convencionais, derrotou Covas). Almino, Senador. CONFIRA, MAIS ADIANTE! Indague
do Progresso, do José, do Alexandre, o que pensam... Afinal, porque lutamos?
Por quê? Cargos e Princípios? Honra ou oportunidades? Conveniências ou
interesse popular? Manhas ou Justiça? VOU SER CANDIDATO, SIM! Os trabalhadores
tem muito a ouvir. E, CREIO NELES! E, JÁ
OS SERVI! Do amigo Jânio Quadros (em
01/XI,81).”
Obs.: Quando ele cita o nome Progresso na carta, está fazendo
referência carinhosa ao seu amigo e velho companheiro Progresso Garcia. O
saudoso Progresso foi um dos raros paulistas com coragem para visitar Jânio
Quadros no confinamento de Corumbá. É Registro Histórico! (livro “Memórias de
Botucatu 2”, de 1993)
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