novembro 04, 2015

Delmanto critica o conservadorismo – entrevista à revista BOCA DE CENA.- registro histórico

Delmanto critica o conservado-
rismo 
– entrevista à revista BOCA DE CENA.



O resgate dessa entrevista dada à revista BOCA DE CENA, então sob o comando de JAIME SANCHEZ – teatrólogo, jornalista e agitador cultural! – no limiar da virada para o novo século (novembro de 1999), sobre Botucatu, seu conservadorismo, sua estagnação cultural e suas perspectivas para o futuro, CONTINUAM atualíssimas e precisam ser debatidas para que no próximo ano – das eleições municipais! – o município de Botucatu possa ter um PLANO MUNICIPAL DE MOBILIDADE URBANA E DE PLANEJAMENTO URBANÍSTICO E  DESENVOLVIMENTISTA que lhe assegure melhor qualidade de vida.

JAIME SANCHEZ



Entrevista que fiz com Jaime Sanchez no lançamento da revista BOCA DE CENA


O teatrólogo e jornalista Jaime Sanchez mobilizou positivamente a comunidade botucatuense com sua agitação profissional no campo cultural. À frente de um Grupo Teatral, trouxe um novo impacto nas artes cênicas da cidade e, no ano de 1999, com ousadia e criatividade, lançou a revista “BOCA DE CENA” que logo alcançou sucesso entre os botucatuenses e passou a pautar as atividades culturais da cidade. Com sua morte prematura, Jaime Sanchez deixou – com certeza! – uma imagem que muito orgulha Botucatu. Tanto é assim que o Poder Público mantém e divulga o FESTIVAL DE TEATRO JAIME SANCHEZ.

Revista BOCA DE CENA

“Uma revista que é preto no branco”, e que “quem lê, sabe um pouco mais e pensa muito melhor”. E destacava um lembrete na capa: “PROIBIDO PARA ANALFABETOS. Leitura desaconselhável para semianalfabetos, falsos moralistas, hipócritas e pessoas de mau-caráter.”

A ENTREVISTA





Em novembro de 1999, Botucatu estava agitada: era a virada do século XX para o século XXI e a vontade de MUDAR DE FORMA POSITIVA era o que a nossa população queria. Daí o convite para a entrevista (revista “BOCA DE CENA”, Ano I, Nº 4, novembro de 1999): um bate-papo sobre a cidade, o seu conservadorismo que tem brecado, sempre, o seu desenvolvimento e a necessidade de mudança política. Serve – como uma luva! – para a nossa realidade que também está às vésperas das eleições municipais de 2016 e deseja, ou melhor, PRECISA superar o CONSERVADORISMO que ainda “trava” o desenvolvimento sustentável de Botucatu.

DELMANTO CRITICA O CONSERVADORISMO
Por Bocaneros Team




BOCA – A primeira pergunta, pra abrir o jogo, que poderá ser respondida em poucas palavras ou em muitas: quem é Armando Delmanto?
Armando – Essa é uma pergunta já pra final de entrevista, não é? Em todo caso... Armando Delmanto é um sonhador, que cresceu nesta cidade, que alçou vôo buscando os seus sonhos e chegou à conclusão de que o seu sonho estava aqui. É em cada cidade, onipresente, que você pode construir a sua passagem, em termos de cidadania, em termos de família, e de tudo, não é? O grande centro engana muito. Então, os sonhos de quando eu sai daqui, com 19 anos, em 1964, eu estou retomando. Em síntese é isso: é o retorno às origens buscando ainda a realização dos sonhos.
E tenho encontrado nesta fase atual, aqui em Botucatu, condições privilegiadas. A revista Peabiru, acho que é uma realização muito grande que eu consegui fazer, de um sonho voltado à imprensa, e a participação na Serrana (TV), como apresentador, eu acho que foi uma lambuja, não é? Eu nunca na vida imaginei que pudesse, um dia, ter esse papel. Nunca tive experiência de rádio, de apresentador, mas eu creio que me saí muito bem. Foram seis meses de entrevistas num programa voltado pra cidade: Nossa Gente, Nossa Cidade, mostrando Botucatu. No começo, quando fui convidado, eu até tinha as minhas dúvidas de que isso aí teria sucesso, não é? Nossa gente esgota. Eu pensava que em três ou quatro semanas estava esgotado. Eu fiquei seis meses. Então, 438 pessoas entrevistadas. Então, a cidade, a comunidade é muito rica. Isso aí me surpreendeu. Inclusive o meu desempenho. Sempre político, panfletário... De repente, você está ali, só levantando a bola pra cidade. Achei uma experiência muito válida. Encerrou como todo projeto, como qualquer empreendimento cultural, não é?
BOCA –Eu vou tocar num assunto aqui. O Armando é um editor, além de político, tendo participado de algumas eleições. Editor de jornal, lançou já vários jornais, tem vários livros editados, tem essa revista que tem sido sucesso, Peabiru. O Olavo Godoy, aqui em Botucatu, está para editar um livro em que ele consegue reunir os nomes de 420 pessoas que escrevem livros ou artigos de jornal. Botucatu praticamente escreve. Mas Botucatu tem leitor?
Armando –Tem. Uma parcela muito pequena, mas tem. Essa é a grande realidade, não é? Você vê que os jornais de Botucatu não são voltados para a grande leitura. Quase todos os jornais. Você escreve, de vez enquando; o Olavo, de vez enquando... Quer dizer, é forçando a barra. Não há uma procura espontânea dos editores em termos de artigos de profundidade, de raiz...
BOCA – Você edita livros, o Moacir Bernardo, que está aqui, também edita livros... Vocês estão satisfeitos com o consumo do que escrevem? Botucatu apoia um editor de livros, um autor de livros?
Armando – Não. Isso aí é trabalho individual de cada um. Tanto é que a Peabiru, com pouquíssimas contribuições, eu toco praticamente com meu esforço pessoal. Como o livro do Olavo. Quer dizer: não tem esse apoiamento. Apesar da prefeitura ter editado alguns títulos. Mas isso aí, num universo, é uma participação muito pequena, não é?



BOCA – E o leitor, em si? A cidade de Botucatu é tida como uma cidade universitária. Então, tem gente que vive inclusive da cultura, na universidade, dando aulas, pesquisando... Mas, Botucatu lê? Botucatu tem o hábito de ler?
Armando – Eu acho que não. Eu acho que não porque a Peabiru mostrou isso. Nós reconstruímos, modéstia à parte, com a ajuda do Olavo, do Moacir, sua (Figueiroa), e de tantos outros, nós estamos reconstruindo, mostrando, quer dizer, reconstruindo no sentido de mostrar a realidade do que existiu, é porque estava de lado essa realidade, não é? São 18, 17 números da revista Peabiru, três anos, cada número uma novidade espetacular. Por quê? Estava posta de lado. Você está fazendo uma série de artigos sobre o rádio, por exemplo, não é? O rádio completando sessenta anos. Não tinha isso aí registrado. Então é um negócio complicado. A cultura de Botucatu não está sendo direcionada no sentido da exaltação da cidade. Não se confunda com atividades culturais. Então, tem o Festival de inverno... São eventos, não é? Agora, o planejamento cultural o levantamento da cidadania de Botucatu, do histórico de Botucatu, eu acho que está faltando.
BOCA – Por quê? É assim em todas as cidades, ou a gente tem aqui muita fama e pouco desempenho?
Armando – Eu acho que Botucatu é uma cidade diferente. Outro dia, esteve numa entrevista na Serrana o médico Paulo Villas Boas. Ele falou uma coisa, que eu repeti umas dez vezes, já. Então eu acho que isso aí é muito importante: “Botucatu é a segunda cidade, no Estado de São Paulo, em população mais idosa”. Isso aí representa muita coisa. O que quer dizer isso? É uma população velha. É uma cidade centenária. Conservadora. Então, daí você pega... Estruturada, conservadora estruturada. Uma cidade conservadora estruturada é contrária à mudança. Então, por quê não há mudança política? Porque é uma cidade conservadora. Por quê não se dá um avanço cultural? Porque é uma cidade conservadora. Por que a indústria não se reestruturou depois da queda de 30? Porque é uma cidade conservadora. Praticamente fechou-se as portas da cidade ao desenvolvimento industrial. Vão falar, não é a vocação de Botucatu, a indústria? Não. Eu acho que hoje não é mais. Inclusive a UNESP fez um estudo, o diagnóstico do município de Botucatu, e chegou à conclusão de que Botucatu é o ecoturismo e a tecnologia de ponta, a nível universitário. São as Faculdades da UNESP. Mas no primeiro ciclo industrial de Botucatu, dos imigrantes, ela foi uma cidade industrial. Acho que a quinta do Estado de São Paulo, em termos de indústria. Porque houve a queda de 30, mas depois, a cidade estruturada, conservadora, se fechou pra novas iniciativas. O que tinha de indústria na época, o Bacchi, o Lunardi...morreram à mingua. Desmontaram o império desses grandes industriais, fechando as portas. Então, Botucatu sofre com isso. O primeiro ciclo industrial vai até 1930. De 30 a 60 e pouco, é o segundo ciclo: medíocre. Não teve indústria nenhuma de expressão, praticamente. Fora a Catu, que também não teve sucesso, e a Neiva, mais ou menos, não é? Daí, na época de 70, já o terceiro ciclo com a Staroup, Duratex, Caio, Costa Pinto... Mas não por causa de Botucatu. Não vieram pra cá porque tinha um planejamento, um distrito industrial... Não, a Duratex veio porque houve um planejamento no Estado, e a região de Botucatu era propícia ao reflorestamento. A Caio, pela ligação do Marins: o filho é caso com uma Massa. Quer dizer, não tem... Botucatu ganhou o 3] ciclo industrial, apesar de tudo. De não ter um distrito industrial, estruturado, com equipamento urbano... Não tem nada disso. Não tinha à época. E ganhou essas indústrias. Então, Botucatu, não tem mais o perfil industrial. E isso se aplica à cultura? Por quê que não evolui? Porque é uma cidade conservadora. Você vê que em política, não há mudança política em Botucatu. E eu, particularmente, eu sigo uma política que é de meu pai, não é? A mesma política de luta. Não interessa se ganha ou não. Tem que disputar. Quer dizer: é uma postura diferente. Nós somos oposição aqui há 40, 50 anos. Não é brincadeira. Por quê? Então, porque eu não sou situação é que a cidade é ruim? Não. É que não há mudança. Se você pega: o poder econômico predominou desde a época de 30 até hoje, em  Botucatu, é verdade. Com pequenos períodos, assim, de acenos, que é o Renato de Oliveira Barros, que foi um prefeito voltado ao popular... Tanto que nunca mais se elegeu, não é? Porque, ele entrou porque era primo do Adhemar (de Barros). Mas, como prefeito ele se revelou popular. Fez as primeiras casas populares de Botucatu, na Vila Maria. Fez o açougue do povo, distribuindo carne. Quer dizer, não interessa pra elite conservadora, que não quer mudanças, não é? Então o Renato não mais ganhou. Vamos dizer o Plínio, com lampejos populares, mas também bem integrado no status quo, naquela época já. Também foi um... Não deu trombada com a elite, mas também nunca mais teve chance. Então, o que vem: continua a mesma época. De 30 pra cá, o poder econômico estruturado em Botucatu... Vamos dizer assim, o capitalismo primata, que é selvagem, é burro, não é?  Ele não chega lá... Então, é um negócio complicado. Botucatu está sofrendo por isso. Eu sempre dou o exemplo de Marília, que é uma cidade nova, na idade e na população. Então, houve um movimento contra o radar, aqui em Botucatu e em Marília. Em Botucatu, continuou o radar. Em Marília, o prefeito teve que tirar o radar, não é? O governador quer a Febem. Foi pra Marília. Tinha visto o local, já, na zona urbana. A população fez um movimento. O prefeito, que não vai dar trombada com o governador, colocou a unidade da Febem na divisa com Assis. Isso quer dizer o quê? A população, que no regime democrático, a pressão popular, é lugar de destaque. Isso não é contra as regras do jogo. É a regra do jogo. Agora, a pressão popular de uma sociedade organizada. Que sabe o que quer. Então, Botucatu peca por isso. Está aí o radar, se vier a Febem, vem a Febem... Já ganhamos o pedágio. Então, não é discutir o mérito desses castigos pra Botucatu. É outro enfoque. Nós queremos conquistas. E nós estamos discutindo esses castigos, não é?



BOCA – Então, se Botucatu não consegue se estabelecer como polo industrial, mesmo que seja com indústria de tecnologia de ponta, qual o caminho de Botucatu, na sua concepção?
Armando – Então, eu acho que nada é imutável, não é? O que se tem que fazer, são as elites assumirem a vanguarda das mudanças. E aqui eu gostaria  de mais uma vez falar o que entendo por elite. Pegando a lição de nosso mestre, Fernando Henrique Cardoso, o sociólogo, não o presidente. Porque ele sociólogo é uma coisa, presidente é outra, não é? Presidente é o que nega o que falou. Mas, o sociólogo é o grande teórico da minha geração. Então, a elite é o melhor de cada profissão. O melhor do jornalismo, é a elite do jornalismo. O melhor operário, o Lula, é a elite do setor operário. Então, elite, no bom sentido, dos segmentos da sociedade representados. Então, o que Botucatu precisa fazer? A elite precisa assumir o seu papel na sociedade. Isso é fundamental. Então, vamos pegar uma parte, vamos dizer assim, bem conservadora. Retrato da cidade conservadora. A área industrial. O Jô Soares sempre brinca, não é? Que ele não quer falar com o subchefe. Subchefe não é chefe. Ele quer falar com o chefe. Então, na indústria aqui acontece isso: você pega 20 anos, e em 20 anos quem comanda a indústria em Botucatu? Não são os industriais. Quer dizer, hoje, na atual diretoria, com muito respeito, quero que cada um siga o seu caminho, não estou criticando... Então, não vejo representatividade na indústria. Então, tem um elemento, um representante da Caio. Mas, e as outras indústrias? Só a Caio, em termos de indústria, está representada. E as outras? A Moldimix, o dr. Arimar, não é? E a Duratex? E a Eucatex? E a Staroup? E a Embraer, que é uma potência? Quer dizer: os industriais não estão lá. Eu quero o industrial. Então, eu entendo assim: a elite da indústria não está representada em Botucatu. E a indústria não está indo bem exatamente por isso.
BOCA – Você acha que há uma omissão dos industriais? Eles estão mais preocupados com a indústria deles, do que propriamente com os rumos que a cidade deva tomar?
Armando – Não sei. Não sei. Isso eu não posso dizer. Se é uma política de controle da entidade... Eu não tenho essa análise. Eu sei que há a ausência. A indústria não está representada. Você não pode falar da indústria de Botucatu sem falar da Duratex e da Eucatex, pô!
BOCA – Por exemplo, a ACIB, a Associação Comercial e Industrial de Botucatu, que foi sempre a expressão do desenvolvimento até a década de 40, ela não tem hoje nenhum dos grandes representantes que estão representados dentro do Ciesp/Fiesp. Esse isolamento com os anseios da cidade está expresso no fato do abandono, por parte dos industriais, da ACIB?
Armando – Eu acho que... Não digo dos industriais, do comércio também. A ACIB está bem à deriva, não é? Agora, recuperando com as conquistas e tudo mais... Mas, o setor comercial se fragmentou em Botucatu. São três entidades: Sincovab, CDL e ACIB. Vamos dizer assim, cada uma com a sua característica, embora a Sincovab e a CDL caminhem juntas. Mas, eu vejo a parte comercial, agora... Esse é o meu ponto de vista, veja bem. Não sou dono da verdade. É o meu ponto de vista. O que eu acho é que é uma atuação limitada e provinciana. O comércio de Botucatu está buscando um novo João Passos, um novo Emílio Peduti, um novo Octácilio Paganini..


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BOCA – Uma liderança?
Armando – Uma liderança de peso! Que sacuda! Porque quem vai discutir que o comércio de Botucatu é fraco em comparação com as cidades da região? É fraco. Então, é muito limitada, é muito provinciana a atuação. Eu acho que eles tinham que... Então, o que é? As elites. A elite do comércio.
BOCA – Faltaria, então, para a indústria, um capitão de indústria como um Bacchi, um Peduti?
Armando – Não, eu acho que agora nesta fase, um capitão, como a gente conheceu, o Bacchi, o Lunardi, já não tem mais, não é? Na Duratex, são os executivos. Mas, seria o grande executivo, aquele Iacoca, que revolucionou a Crysler, nos Estados Unidos. É executivo. Então, é o novo capitão da indústria da virada do século. Mas teria que ter! Outro dia, eu tive a oportunidade de conhecer um executivo da Duratex. Que é de Botucatu, heim? Carlos Popolo. Sem querer, numa entrevista na Serrana. É um sujeito brilhante! Comanda uma indústria como a Duratex, em Botucatu. E a cidade não o usufrui. Quer dizer, tem que convoca-lo. Aí é que é convocação. E aí eu queria entrar num outro assunto, se me permitem, da participação política. Eu sempre dou o exemplo do meu pai, na época que ele foi vereador, 20 e tantos anos, sem ganhar um tostão, aqui em Botucatu. Então, ele costumava convocar os bons elementos pra servir a cidade. Então, dou o exemplo do Tilinho (Dr. Antonio Tilio Jr), do Progresso...ele lançou uns quatro ou cinco, aqui. Mas o Tilinho... Ele estudou em escola pública, fez a São Francisco, a melhor faculdade de direito, advogado de status em Botucatu. “Tilinho, você vai ser vereador”. “Mas, doutor, não gosto de política, não sei pedir voto”. “Isso aí eu arrumo”, Na época, ele estava em plena atividade política e conseguiu eleger o Tilinho. Que foi um excelente vereador. Então, a convocação dos bons valores, não é? Tem que participar! Esse é um compromisso com a sociedade; você tem que dar um retorno. É estrada de mão dupla: vai e volta. Daí eu entro num outro assunto. Que é pra tumultuar a entrevista. Na maçonaria. Então, em toda cidade a maçonaria é maçonaria. E eu acho que em Botucatu, já escrevi na revista, eu acho que em Botucatu a maçonaria está devedora. Então você pega as grandes solenidades da virada do século passado, você pesquisa isso, as grandes manifestações culturais... Então, saia a cidade, em passeata pela cidade, e ia o bispo, e ia o venerável, carregando o estandarte da maçonaria. Não está certo? Por quê? Porque ele representava uma entidade que procura valorizar o homem e a sociedade. Hoje, você não vê mais nada disso! Você sabe... “Aquele não émaçon...” Não existe isso! Então, a tecla que eu bato é em cima dessa participação. E eu lembro o dr. Marrey, que foi líder civil da revolução de 32, grande político, sempre contestador, nunca chegou diretamente ao poder exatamente por isso. Então, ele é o venerável da maçonaria em São Paulo. E grande mérito dele, que ficou, é que ele pinçava o bom elemento. Você pode até discutir se o sujeito é bom ou não. Mas, que ele era um cara fora de série, ele era: o Jânio. O Jânio era professor de português no Dante Alighieri. Formado na São Francisco. Dr. Marrey foi lá, viu que o Jânio tinha qualidades. Pinçou o Jânio pra maçonaria. Veja bem: então, a maçonaria tem que ser isso. É pinçar os bons valores da sociedade, pra valorizar a própria sociedade. Não ser um compadrio: é o sobrinho, é o filho...você está entendendo? O círculo fechado e o corporativismo. Ele pinçou o Jânio e aonde que deu o Jânio? Quer dizer, pode não ser do meu gosto, do teu, mas foi presidente da república. Acabou. Então, ele pinçava os grandes valores da sociedade e tem muitos outros exemplos. Então, a elite, também na maçonaria, que inclui uma sociedade toda, também é alguém.
BOCA – Armando, você é oriundo de uma família tradicional botucatuense, os Delmanto. Seu pai, médico, foi político famoso em Botucatu, vereador e presidente da Câmara por várias legislaturas. Você também foi, numa legislatura, vereador. E na época em que seu pai era vereador, como você mesmo disse, não se ganhava nada. Lutava-se por Botucatu, pela cidade. Na sua opinião, franca, o que você acha da qualidade dos vereadores atuais, em relação aos vereadores das décadas de 40 e 50?
Armando – Eu acho que está faltando... Eu bato nesta tecla: na cidade está faltando a liderança das elites. Então, aí se entra na elite política. As lideranças políticas em Botucatu, o que deveriam ser as lideranças políticas, estão acomodadas. Cada um no seu lugar. Então, em Botucatu, eu acho que não deveria ser pago o mandato de vereador. Porque é uma cidade de porte médio e nenhum vereador fica impedido de exercer a sua profissão, pelo fato de ser vereador. Mas, se fala: “isso é elitismo, só o que pode vai ser vereador”. Não. É dizer que vereança não é emprego. Então, cidades até um “xis”, de um tamanho “xis”, não deveria ser pago. São Paulo tem que ser, é claro! Tem sessão diária, tem toda uma estrutura, e ele fica o dia todo na Câmara. Não é? Campinas... Agora, Botucatu, não: ele vai uma noite por semana, no máximo três horas. Você faça o cômputo, disso aí, num mês: é um dia de trabalho. Então o que eles ganham é por um dia de trabalho. Agora, faz plantão... Não. O plantão do homem público é o dia todo, onde ele estiver. Não existe isso. Então, é uma postura minha. Eu já dei o exemplo do meu pai ao convocar o Tilinho. Teve um outro, pra dar um exemplo completamente de outra linha política. O Jaime Pinto, quando foi eleito deputado, e foi secretário da Agricultura, ele convocou o dr. Sebastião de Almeida Pinto, famoso professor Tião Pinto, para ser vereador. O dr. Sebastião odiava ser vereador. Odiava a política . Foi vereador, por imposição, foi um excelente vereador, foi presidente da Câmara, marcou uma época. Porque os bons tem que ser convocados.. Você pega Botucatu: é difícil você comparar, porque naquela época só era vereador quem gostava de servir a população. Então você pega o Domene, o Octácilio, o Plínio, meu pai, o Progresso de outro lado, Vasco, mesmo o Rubens Torres: eram todos cidadãos, cada um com sua linha pragmática, política, mas todos servindo a cidade   sem ganhar um tostão. Agora, não! O sujeito é...é briga de foice. O cara quer um emprego, aí. É complicado, não é?
BOCA – Na sua opinião, a Câmara perdeu o papel de liderança na cidade?



Armando – Ah, perdeu desde essa mudança constitucional. Não é de hoje. Acho que desde a minha época. Eu fui vereador em 1982.
BOCA – No caso, por exemplo, do que está acontecendo aí, muito comentado: do Carrogate do Carmoni e no caso do vereador Dadá, que adquiriu uma CNH falsa. Na época em que seu pai era vereador, o que que aconteceria a eles?
Armando – Você sabe que naquela época era diferente, não é? Então, teve a revolução de 64 (o João deve ter acompanhado isso aí): tentaram pegar o Domene... Aquele professor de história (como é o nome mesmo?) O que está na USP agora, famoso... Foi do PC, brilhante... Bom, o importante é que toda a Câmara... Você veja: os caras ligados à revolução, Edgar Carone, e outros, Pedro Rocha, inúmeros... Você pega: vamos dizer que na época, o Rubens Torres, que era o presidente da Arena, todos acobertaram e protegeram, pelo que eu saiba. Hoje, eles crucificariam esses dois casos aí. Não pelas pessoas. Pelo caso. Quer dizer, foge a qualquer compreensão. Eu já vi vereador declarar que "ah, “ninguém toma postura em coisa muito mais graves, na prefeitura e em outros lugares...” Não interessa. Cada um é cada um. Cada caso é cada caso. Cada casa é cada casa: ali é uma Casa de Leis, não é?
BOCA – A Câmara, no seu entendimento, teria um outro critério naquela época: critério de lisura na parte ética...
Armando – Absoluta lisura.
BOCA - ...E solidariedade...
Armando – Solidariedade à liberdade de pensamento. Isso que é importante.
BOCA – Armando Delmanto: na história que você publicou no último número da revista Peabiru...As grandes votações para vereador em Botucatu... E hoje nós sabemos que a maior detentora de votos em Botucatu é a vereadora Fátima Longo. Que é a mais votada da história, não é?
Armando – Não. Isso, é em termos relativos, não é? A maior votação... Eu fiz o levantamento, porque você tem que... É claro, daqui a cem anos, quem for o mais votado vai ter uma votação maior. Você tem que por em termos relativos. O número de votos e os votos conseguidos. Então eu levantei quem foi o prefeito mais votado da história de Botucatu: Renato de Oliveira Barros. Interessante, essa, heim? Proporcionalmente. Mais votado: 70% dos votos válidos. Daí, vereador com muita honra: meu pai, com 11,7% dos votos válidos. Uma beleza! Depois, o segundo prefeito mais votado: Plínio Paganini, 67% dos votos válidos. E o segundo vereador mais votado: Plínio Paganini. Entendeu? Quer dizer, a história... A Fátima: 5,8%. Na percentagem. É claro que, daqui 10 anos, o vereador mais votado vai ter 10 mil votos. No colégio eleitoral, não é? Mas, na história de Botucatu é isso aí. Então você vê: são os homens voltados para o lado popular. Isso é interessante: para o lado popular da cidade. Exatamente. Porque é o Renato de Oliveira Barros, o Plínio e o meu pai. Cada um numa linha política, heim? Não confundir. O Plínio tinha a linha dele.; o meu pai tinha outra; e o Renatão, lá, tinha outra. Mas eram voltados para o social. E daí fica até uma interrogação: deveriam ter se unido mais? Teriam mudado o perfil da cidade.
BOCA – Armando, o seu pai lutou por grandes causas de Botucatu. E duas delas foram: A Associação Atlética Botucatuense e o Albergue Noturno Abreu Sodré. O Albergue foi uma das grandes lutas do seu pai que você depois abraçou também. Foi um dos últimos presidentes do Albergue Noturno, que depois foi transferido ao governo municipal. O que você diz do Albergue, hoje? O governo municipal conseguiu continuar o sonho de criação do seu pai?
Armando – Em termos. O Albergue surgiu... Eu acho que o grande empenho do meu pai, em Botucatu, o principal, foi a Misericórdia. Ele sucedeu o Costa Leite e consolidou a Misericórdia Botucatuense. Mas, como diretor, ele via que os pobres, o pessoal que vinha para Botucatu, não tinha onde ficar. O objetivo do Albergue foi a criação de um local para abrigar essas pessoas, que não tinham onde ficar. Pobres, que não tinham condições. Então, montou o Albergue. Em 48, ele votou uma lei, ele era vereador, criando o Albergue Noturno Municipal. Então, a prefeitura tinha que construir. Mas a prefeitura alegava que não tinha dinheiro. Então, 12 anos..., 10, 12 anos ele levou construindo o Albergue por conta própria. Foi inaugurado em 1968. De 56 a 68, ele construiu, já que a prefeitura não podia construir. Em 68 ele inaugurou o Albergue e tocou o Albergue até 1988, por 20 anos. Depois, passou pra prefeitura. Daí, é uma história... Passou pra prefeitura em condições privilegiadas. Eu tenho um tio em São Paulo, que é advogado, e tinha um amigo dele que era um rico árabe. E que faleceu sem herdeiros. Então, ele conseguiu que esse senhor deixasse toda a herança dele para o Hospital do Câncer, para o Albergue Noturno e para uma entidade de São Paulo. Só para Botucatu, nós ganhamos 10 ou 12 lojas na Rua Pamplona, na Alameda Santos, só para ter uma idéia... Mais uns oito apartamentos... Quer dizer, a renda disso aí daria para manter a assistência social em Botucatu pra sempre. Mas a prefeitura perdeu os prazos legais para se habilitar no processo do inventário do homem.
BOCA – (surpresos) Quer dizer que a prefeitura perdeu essa herança? Essa participação na herança? Quem era o prefeito?
Armando – Era no governo do Joel. Perdeu esse dinheiro. Quer dizer, a sociedade não perdeu porque foi pro... O juiz determinou que fosse para o Hospital do Câncer. Mas Botucatu perdeu...
BOCA – Mas era uma fortuna, não?
Armando – Uma fortuna. Daria para manter a Misericórdia e todas as entidades assistenciais de Botucatu. Perderam o prazo! Se contar, você não acredita. Então, a parte jurídica, é claro... Mas é a parte política: a prefeitura é que ganha... Então o Albergue (Camim), hoje, está indo. Ampliou o conceito. Hoje é uma Central de Atendimento, tudo bem. Mas, poderia estar numa situação privilegiada. Modelar, no Estado de São Paulo. E nós doamos, heim? O Albergue passava por dificuldades. No processo de doação, em que eu estava na presidência, meu pai na vice, passando pra prefeitura, poderia recuar quando saiu isso. Qual a entidade que não ia nadar de braçada com essa herança, não é? Não, o objetivo era consolidar a lei que fez em 1948. O Albergue era municipal.
BOCA – Você é advogado formado. Intelectual, escritor, com vários livros publicados, inclusive na área de história. O que você pensa, como advogado e membro da OAB, sobre o ato do prefeito Jamil Cury, que entregou a parte superior do prédio pertencente ao Centro Cultural de Botucatu, numa área central, supervalorizada, para a OAB, que nunca reverteu nenhum centavo para o Centro, cuja doação foi feita pelo prefeito Emílio Peduti a uma entidade que existe desde 1942, sempre lutando com grandes dificuldades para sobreviver. Você não acha que a OAB deveria, pelo menos, ajudar a manter o Centro Cultural?
Armando – Veja bem: Botucatu é famosa por desvestir um santo pra vestir outro. Está aí o Gomes Pinheiro, que deixou de ser gruo (escola) pra ser delegacia... Enfim, isso aí ocorre muito em Botucatu. Nesse caso, especificamente, eu vou falar estritamente na parte jurídica. A intervenção do poder público, neste prédio aqui (NR: onde aconteceu a entrevista), cedido ao Centro Cultural, através de comodato...do terreno, não é? É comodato por quantos anos?
BOCA – Comodato de 30 anos, feito pelo prefeito Emílio Peduti e os membros do Centro Cultural construíram, com seus esforços, o prédio sede.
Armando – Então, o prefeito só poderia autorizar essa obra com a concordância do Centro Cultural. Deve ter havido. Se não, juridicamente, ele não poderia ter feito isso.
BOCA – Na época, era presidente o dr. Amaury Rodrigues de Campos, também advogado, e parece que houve a concordância daquela diretoria. Na sua opinião, você não acha que a OAB, também formada por intelectuais, não poderia dar, em contrapartida, uma ajuda ao Centro Cultural?
Armando – Mas isso aí teria que ter sido previsto na época do acordo, não é? Se não foi previsto, você pode esperar a boa vontade, mas, isso... Não sei quais são as condições financeiras da OAB, não é? Eu acho que tudo emperra na diretoria do Centro Cultural. Por exemplo, hoje, se a prefeitura quiser tirar o Centro Cultural daqui, não pode. A não ser que o Centro Cultural descumpra a sua finalidade estatutária. Pare de se dedicar à cultura, pare de atender o público...Se não, ninguém tira. Há um instrumento jurídico que resguarda; Então, o que houve aqui foi a conivência da diretoria, não sei por quais motivos. Deve ter as suas razões.
BOCA – Falando ainda em cultura, como é que vai a revista Peabiru? Continua firme?
Armando – A revista Peabiru... Você, que é editor da Boca de Cena, sabe que a parte financeira é importantíssima, não é? Agora, a Boca de Cena é uma revista, vamos dizer assim, mais eclética. A Peabiru é cultural, estritamente cultural. Voltada para o histórico. Teve um dos números (o Olavo até acompanhou), nós reproduzimos, acho que oito ou dez páginas, de um assunto sobre minério na serra de Botucatu, um artigo de 1800. Quer dizer, a leitura aí é restritíssima. E você publica por quê? Porque é um documento histórico. Então, ela carrega um ônus, às vezes, de publicar uma coisa que não é vendável facilmente. Ela tem esse ônus. Então, são os abnegados aí, que escrevem, pesquisando. Tem assuntos que dão ibope, é claro. Sempre um ou dois são mais atuais. Na última, saiu a história do Aeroclube de Botucatu. Um espetáculo! O Moacir fez um trabalho sobre o Porto Martins, hoje Rio Bonito. Um espetáculo, não é? É de interesse do grande público. Agora, tem assuntos pesados, que só interessam ao arquivo histórico de Botucatu. E ela faz esse papel. Não é o poder público, mas faz. E falta apoio exatamente para essa sustentação. Então, a Peabiru, eu lancei com objetivo determinado. Eu, pelo menos, tenho a pretensão de empreendimentos culturais. Sem querer me jactar, não é? Me faz gosto. Eu gosto. Mas, a Peabiru é um projeto. Com prazo determinado. De encerrar, em 1999, três anos. Era um projeto, formatando uma proposta cultural para Botucatu. Pra não cair no lugar comum. Daqui a pouco, o pessoal está escrevendo sobre o 3º poste da Cardoso de Almeida, do bueiro da General Telles... Não é esse o objetivo. O objetivo é resgatar a cidadania, a participação da comunidade e os grandes emblemas sociais, para a nossa comunidade. Bom, houve uma reação muito grande e, talvez, esse ano, ela ainda continue mais um pouco. Mas, depois ela sai no bom sentido. Não é que ela vai deixar de existir. Virão outros projetos. Está aí o Figueiroa escrevendo em jornal, o Olavo continua, o Moacir... Quer dizer, mas não pode ser querer que, ad eternum, todo mundo, seja uma descoberta de valores históricos de Botucatu. Eu acho que ela traçou o grande panorama, o caminho cultural de Botucatu. Eu acho. Agora é caminhar pelos veículos da sociedade. Como a televisão, não é? Esse programa Nossa Gente. Então, foi um projeto. Eu entendi assim, pelo menos. Eu não sou apresentador, não é? Apresentador é o Figueiroa, o Celso Muccio, que dominam a matéria, não é? Eu tive o meu papel de cidadão. Me empolguei. Acho que fui um privilegiado em poder ter feito isso tudo, não é? Nessa fase, resgatar o meu sonho inicial. Isso aí, eu queria falar: eu, quando sai daqui, eu tinha um propósito absoluto. Queria ser jornalista do Estadão. Era o meu sonho. A universidade que eu queria fazer, era o Estadão. Já tinha feito teste. Queria ser jornalista do Estadão. Na época, o chefe de redação era o Flávio Galvão. Eu ia entrar, já tinha sido aprovado como revisor do Estadão. Naquela época não tinha a profissão de jornalista. Você entrava e seguia. Mas entrava como revisor. Pra ser redator, era uma segunda etapa. Já ia começar em março de 67, quando meu pai, aí, é que mudou o meu rumo. Meu pai me avisou que ele queria que eu participasse do governo Sodré, que estava no seu início. E eu entrei na política desse jeito. Me desviei da rota/objetivo. Depois, trabalhei com Paulo Egídio Martins, que fez um governo excelente, administrativamente, e com Montoro. Os três governadores com que eu pude conviver. Mas, houve um desvio de rota. Então, esse retorno a Botucatu, há três anos, quatro anos, fazendo a parte jornalística, é que foi importante pra mim. A Peabiru e, principalmente, essa parte na televisão.



BOCA – Quem você acha que teve grande influência na sua formação? Pra te inspirar, por exemplo, pra ser jornalista?
Armando – Não lembro bem. Eu acho que foi o Rui Barbosa e o Carlos Lacerda. Desde moleque, eu sempre acompanhei os jornais. Então, aí, não é a parte Carlos Lacerda era isso... Não interessa. Era jornalista. Eu acho que os grandes jornalistas brasileiros são o Rui Barbosa, o Carlos Lacerda, o Samuel Wainer (que é outra linha do Lacerda). São os grandes jornalistas, pô! Os que rompiam barreiras, rasgavam a sociedade. David Nasser, Chateaubriand... Chateaubriand foi...puxa vida! Indiscutível. O Paulo Francis, que era tão atacado. Mas era impossível ele tocar num assunto que a sociedade não discutisse depois. Quer dizer, então, que ele tem o papel... É esse papel: de sacudir a sociedade. Então o Carlos Lacerda e o Rui Barbosa... Sempre quis me espelhar nos dois. Longe de querer me comparar. Mas queria o Estadão. Ele era o jornal mais estruturado. Uma universidade. Que nunca perseguiu ninguém. O Oliveiros Ferreira, que eu conheci quando professor na sociologia. Era um polemista, tremendo, não é? Eu acho até mais à esquerda que à direita. Enfim, o Estadão era um desafio. Pena que eu não fui. Até hoje eu me arrependo. Mas essas coisas não adiantam, não é? Então, a Peabiru é um pouquinho de resgate. Que eu fiz, que é um trabalho sério. Então, fico pensando: se eu tivesse ido para o Estadão, 30 anos no Estadão, pô! Covardia...
BOCA – A Peabiru foi seu melhor trabalho, na sua avaliação?
Armando – Sem dúvida nenhuma. É trabalho... Você participou do Jornal de Botucatu, quando eu lancei aqui. O Jornal de Botucatu hoje tem 19 anos. Mas, na verdade, ele tem 30. Era o Vanguarda , de Botucatu, que eu lancei em 70. Jornal político, agressivo, panfletário. Mudei quatro vezes de gráfica. Perseguição dos políticos, aqui. Esse é um fato interessante, viu? Quando eu estava, nos anos 84, quando desci no aeroporto, tinha viajado, peguei um taxi. “Oh, Delmanto, não tá lembrado de mim? Sou o Clodoaldo, dono da gráfica lá do Belenzinho...” “oh, Clodoaldo, você me largou na mão, heim? Eu tive que mudar de gráfica. Isso foi em 1984, mas, a época que ele  me deixou na mão foi em 1974/75.
BOCA – Quer dizer que ele deixou de ser homem de gráfica para ser motorista de táxi?
Armando – Não. Ele veio pra Botucatu pra trabalhar na Staroup!  O negócio é pequeno. Então, ele para de fazer o jornal, vendeu a gráfica, deve ter ganho dinheiro, e arrumou emprego na Staroup. Depois não aguentou, de morar no interior, e voltou pra São Paulo, e foi ser motorista de praça. Por coincidência! Então... Mas, isso aí, você vê: a perseguição política... Botucatu, de 70 a 80, todos os jornais eram no tipo. Como eu era perseguido politicamente, eu tinha que fazer fora...
BOCA – Quem era o prefeito, na época?
Armando – Era o Lico, depois o Plínio. Bom, mas ele mudou quatro vezes de gráfica em São Paulo. E eu caí depois na gráfica... Como a perseguição é boa! Há males que vem para o bem. Caí em Bauru, na gráfica do Ariosto. Uma gráfica pequena, mas boa. Em 80, eu resolvi dar uma mudança total. Transformei o Vanguarda em Jornal de Botucatu. Não foi mais um jornal político. Eu era o dono, não falava de mim. Trouxe o Ariosto como sócio, na gráfica linotipo. Primeiro jornal linotipo de Botucatu. Jornalzão bacana, bonitão. Sucesso absoluto! Não tinha linha política. Tinha linha de defesa da sociedade. Daí, em 81, eu vendi pro Jamil, o jornal. Depois, acho que em 82, já estava com o Sídraco. Com aquela linha aguerrida dele, também. Hoje, está um pouquinho paradão, não é? Então, é um negócio complicado. Botucatu tem esse lado...
BOCA – Armando, desde o começo de sua juventude, você se dedicou à literatura, às crônicas. E publicou, já, mais de meia dúzia de livros. Você sabe que Botucatu é uma cidade cultural. E, para tanto, contamos com membros de nossa sociedade, que se tornaram expoentes culturais. Como Hernâni Donato,, como Francisco Marins, como foi Maria José Dupret, como foi Alceu Maynard de Araújo, como foi Ibiapaba Martins, que assumiram uma cadeira na Academia Paulista de Letras. Da última posse, do Hernâni Donato, já lá se vão mais de 30 anos. Você acha que Botucatu já tem alguém com condições de assumir mais uma cadeira na Academia?
Armando – Olha, eu acho que toda comunidade cultural tem que ter “as aberturas de portas de vidro”. Então, o grande pioneiro na Academia foi o Alceu Maynard de Araújo, que não era de Botucatu, mas se considerava botucudo de primeira ordem. E era um brilhante educador. Fez inúmeras campanhas junto com Mário de Andrade, em São Paulo. Fundaram os núcleos infantis, nos bairros de São Paulo. E era um dos chefes da maçonaria. Ele era Secretário da Cultura da Maçonaria, do Grande Oriente. Ele foi pra Academia e abriu caminho para os nossos, não é? Depois dele, foi o Marins. Eu fui à posse, em 1976. Foi a primeira vez que eu vesti terno, viu? A posse do Marins. Depois o Hernâni, e depois um vácuo... Não digo da nossa geração, mas, e o Agostinho Minicucci? Que tem 73 livros e é uma assumidade? O Pedretti Neto, que é uma assumidade!
BOCA – Como é que você explica isso? Você tem uma idéia que elucide esse mistério? O ingresso na Academia, em si, eu acho que ele é a definição do movimento cultural em que uma determinada região se encontra, não? Está brotando gente, produzindo gente... Nesse caso, nós deixamos de produzir gente?
Armando – Eu acho que falhou entrosamento com esses grandes exponenciais na Academia e a cidade de Botucatu. Acho que houve um distanciamento. Hoje...
BOCA -  Temos valores que mereçam ter chegado...
Armando – Ah, sim! Eu acho que o Agostinho Minicucci, indiscutivelmente, teria que ter chegado à Academia. Como educador e como intelectual. O dr. Sebastião de Almeida Pinto, o Pedretti Neto, só pra citar... O Trajano Pupo... Poxa vida, vai longe... Leilah, como dramaturga, não é? Alcides... Mas, aí, é a geração mais nova. Eu digo, esse buraco que ficou, de todos esses grandes aí, que não foram reconhecidos, não é? O dr. Sebastião já faleceu, o Pedretti já faleceu... O Agostinho, por sorte, a Câmara está dando o título de Botucatuense Emérito, que é uma grande homenagem. Por provocação do Olavo, do Centro Cultural. Mas, deu um buraco, deu um vazio. Eu acho que isso é complicado, não é?


Entrevistando Tarcísio Meira e Glória Menezes na TV Serrana/ acervo Delmanto

BOCA – Armando a TV Serrana : o que ela representa pra Botucatu e região?
Armando – Bom, a TV Serrana eu sempre falo: é a TV de Botucatu. Uma TV, em qualquer cidade, representa a comunidade. Com a comunidade, aí entra a liderança das elites, como eu tenho dito. O comércio, a indústria, tem que ser... Assumir o papel de parceria com a televisão. Independentemente da direção e tudo mais. Assumir a televisão. E o poder público também! Ela tem que prestar serviços a Botucatu. É o caminho inevitável. Eu acho que vamos chegar lá, não é? Eu sempre dou um exemplo: quando (o Hernâni cita no livro dele, o Achegas ), Quando instalou a luz elétrica em Botucatu, os inimigos do prefeito (foi o Nenê Cardoso, da família Cardoso de Almeida, que implantou a companhia de força e luz, aqui em Botucatu, e que depois virou a CPFL) Bom, os inimigos do prefeito ficaram por três, quatro anos, com lampião a querosene. Não é brincadeira! Porque não era deles! Então, a televisão... Está ocorrendo isso, eu acho, um pouquinho, em Botucatu. Muita resistência, mas vão ter que se curvar, como se curvaram os do lampião a querosene. Porque, a televisão... tem que ver por esse enfoque: a luz é de Botucatu. Não interessa o prefeito. A televisão é de Botucatu, e Botucatu tem que assumir. Tem que assumir a televisão. No bom sentido: parcerias.



BOCA – Por falar em prefeito, ano que vem teremos eleições. Como você está vendo esse quadro político, que está começando a ser delineado, em função do poder?
Armando – Olha, Botucatu, eu acho que há umas quatro ou cinco eleições, vem pecando pela divisão das oposições. A fragmentação das oposições. Eu posso dizer isso, porque eu até brinco, viu? Em política, eu cheguei naquele frase, daquela musiquinha (o Olavo já ouviu essa): “o meu coração é só de Jesus, a minha alegria é a Santa Cruz” (ridos). Quer dizer, o poder, a política... Eu trabalhei com três governadores do Estado, com muita honra para mim. Foi um privilégio. Sodré, o Paulo Egídio e com o  Montoro. Não é? Então, o poder, esses tapetes vermelhos, poderosos, bonitos, eu conheço cada dobra. O poder é absolutamente temporário e ilusório. Então, a política... Eu estou em situação privilegiada. Eu sou uma pessoa difícil, em termos de política. Porque eu sigo uma linha política do meu pai. Meu pai foi vereador mais votado de Botucatu, várias eleições, e nunca chegou a ser prefeito. Exatamente pela postura política dele. E ele sempre falava: “não faz mal...eu não nasci prefeito!” Eu lembro um fato: em 94, quando eu fui candidato a deputado federal (o João acompanhou essa, heim? Depois, eu vou dar a participação dele; vou te entregar, viu, João? ). Então, fui até o meu pai: “Olha, pai, eu fui convidado pra sair candidato pelo PDT a deputado federal. Mas, está difícil. Eles estão com a prefeitura municipal, governo do Estado, presidente da República... Está duro! Não sei se vale a pena...” Eu tinha, na época, os meus 47/48 anos. Pô, levei um pito! Ele, com 89 anos: “Olha aqui, se eu tivesse 10 anos menos, eu sairia candidato. Você tem que levantar a bandeira, rapaz! Como é que vai ter mudança?  Então, eu me senti deste tamanhinho... Saí candidato. Foi um vitória retumbante: 12 mil votos, só em Botucatu! (+ de 20 anos atrás) Fui eleito 3º Suplente. Não gastei um tostão! O comitê... Foi aquele saudoso farmacêutico, Osmar Pires de Campos, da Farmácia Cruz Vermelha, que me procurou na rua... Ele era contra o Jamil, contra essa situação toda... “Delmantinho, você tem comitê? Não? Então, tem um prédio vazio ali na João Passos, em frente a...perto da Telesp”. Me cedeu o local para o comitê na João Passos. Impressos? O Figueiroa (aí entra o Figueiroa), secretário do Serra, me conseguiu os impressos do Serra. E doze mil votos em Botucatu! (José Anibal, candidato do prefeito, levou 2 mil votos). 


(acervo Delmanto)

Então, eu me reporto a minha primeira participação política em 70. Fui candidato a deputado, em Botucatu. Botucatu tinha deputado e eu fazia oposição. Consegui ter mais voto que ele na cidade de Botucatu. Mas, eu não me elegi. Então, naquela campanha, eu me recordo: eu só fiz campanha no meio jovem. Era o poder jovem, a minha bandeira de renovação política. O único político que fez campanha comigo foi meu pai. Eu não aceitava os outros políticos. Então, eu tinha uma postura desse tipo. Então, “você é o dono da verdade?” Não! Era um jovem, sonhador, que queria esse tipo de coisa, não é? Daí, em 73... Em 72, teve eleição pra prefeito: o Plínio candidato. E pelo acordo político da situação da época, eu seria o vice do Plínio. Sabia disso? Era eu e o Plínio. Eu não saí. Não quis ser candidato. Não pelo Plínio. Não quis sair. Não participei daquela eleição. A eleição de 70 me deixou desiludido. Então, não participei... Foi o Agnelo. Daí, em 76, o Lico saiu candidato, situação também. E eu candidato a vice. Do Lico, pelo acordo político também. E eu não aceitei ser candidato a vice do Lico. Saí vereador com o Meira, dr. Meira. E ganhei a inimizade do Lico por muitos anos. No final da vida dele, ficamos muito amigos. Fui oposição muito tempo. Então, na política de Botucatu, eu tenho uma participação com o Figueiroa, quando saí candidato a prefeito. O Jamil, candidato a prefeito. Em 82. Imbatível. Porque era o PMDB. Mas, o outro era o Plínio! Então, o Plínio é o Plínio! O homem tem voto. E o Plínio, esperto como sempre, lançou o Mário Sartor. E o PMDB tinha que lançar um candidato, não é João? Sai eu, que fui o vereador mais votado, um dos mais votados: do PMDB, eu era o mais votado. Saí candidato a prefeito por sacrifício, sem apoio financeiro nenhum. O Figueiroa coordenando a campanha. Eramos oposição ao Jamil. Desde aquela época até hoje eu sou oposição, mas os meus votos foram para o Jamil; eu fui candidato do PMDB. Cada votinho que está aí... Quem não queria votar no Plínio, votava no Marinho. Eu era sublegenda de suporte: quem não queria votar no Jamil, votava no Delmanto. Agora, os votos foram para o Plínio e para o Jamil.

(acervo Delmanto) clique na imagem para ampliá-la

Enfim, essa é a postura política. Deixei de ser duas vezes vice-prefeito, por concepções de política própria, minha. Deixei de ser vereador pra sair numa campanha dessa... Fui candidato a deputado, numa época que eu não acreditava, que foi uma surpresa, 3º suplente... Meu pai me deu aquele pito e morreu, coitado, em agosto... Não chegou a ver o resultado das eleições. Foi em 94. Enfim, aí está a política de Botucatu. Então, veja: “o Delmanto está sempre,,,” Eu estou sempre aí! Eu sou um eterno participante, democrata. Eterno candidato, não! Eu deixei de ser candidato inúmeras vezes. Mas, participante, sim! E quem não o é, tem que responder, não é? E tem muita gente que é eterno suporte do poder. Suporte, badalo do poder. Eu prefiro ser eterno batalhador, levando a bandeira. Então, no próximo ano, se houver condições... Prefeito, eu já falei que não saio mais. Porque tem limite, não é? Sem estrutura econômica não há condições de se chegar lá. E eu não tenho estrutura econômica. Mas posso somar! Não é por isso que eu estou fora do jogo. Eu posso somar. Nas eleições mais difíceis, no mínimo, eu levei 2,800 votos em cada uma. Então, o que caracteriza isso? Eu tenho um percentual que, sozinho, eu não ganho, mas se eu somar, eu ajudo a ganhar. Então é nessa postura: se houver condições, houver possibilidade de mudança... Sem sacrificar ninguém... Eu acho que Botucatu está precisando mudar. Agora, se a oposição não for inteligente, se fragmentará mais uma vez e essa estrutura vai continuar. Uma estrutura complicada, não é? Porque Botucatu, nesses 20 anos aí, perdeu vergonhosamente, para Avaré, Pardinho, São Manuel... Botucatu parou, em termos administrativos. Por quê? Aí eu volto àquela afirmativa: é a 2ª cidade no estado de São Paulo em população mais idosa. Isto quer dizer o quê?  População conservadora. Cidade conservadora. Cidade centenária! Estruturada em termos contrários a qualquer mudança. Isso é mal. São as elites que tem que ser acionadas, não? Mas, as elites – as elites! Não os subchefes. A indústria: tem que ser os representantes de quem é indústria. E não os que fazem de conta... O comércio tem que assumir o seu papel. A parte política tem que assumir o seu papel, com os cidadãos de bem participando. Como antigamente, nesses exemplos que eu dei. Então, tem um advogado, aí, presente... Tem que participar, meu amigo! Você tem que ser candidato a vereador. “Não, eu não gosto...” Não tem “não gosto”. O médico... O senhor tem que participar! Nós temos que elevar o nível da cidadania. O comerciante, o industrial, o operário, o sindicalista... Como não? Não é isso? Eu lembro, na UDN do meu pai, que foi um partido no Brasil tradicionalmente de elite, conservador, aqui em Botucatu sempre foi popular. Na eleição de 48, pela sobra de votos, meu pai elegeu o José Carlos Fortes, que era o representante dos homens de cor de Botucatu; elegeu o Progressinho Garcia, que era fotógrafo. Doutor, ali, era ele e o dr. Rafael de Moura Campos. O Coelho, na época, era estudante de Direito e comerciário. Mas, era uma bancada... Aí entra a cidade, não é? Típica da cidade, uma bancada representativa da comunidade. Não era como o PSD, da época, só doutores...


Antônio Delmanto e Armando Delmanto que se elegeu Vereador de Botucatu, em 1976.

BOCA – Sei que você não é nenhum profeta. Mas, gostaria de um vaticínio. Dos candidatos que aí estão, alguns jovens, qual deles vai levar a bandeira da vitória?
Armando – Ah, isso é difícil. Em termos de nomes, é difícil. Porque, eu acho que se a oposição se fragmentar, ela não leva. O prefeito municipal, por exemplo, atual, foi eleito com 20% dos votos, 25%. Quer dizer: não representa a vitória da maioria, não é? Mas, ganhou. Então, é difícil... Agora, se não houver a fragmentação... É claro que não é candidato único, da oposição. Isso aí é utopia. Mas, que não se fragmente em tantos. A oposição leva. E como Botucatu é uma cidade conservadora, centenária, a oposição mais radical não leva, na minha opinião.
BOCA – Pra gente encerrar, como é que você se sentiu sentado nesta Cadeira Quente?
Armando - ´´E perigoso, não? A revista do Jaime é uma revista muito perigosa. Mas é no bom sentido, viu? Ela sacode, muita gente pode não gostar do que eu disse, mas é um papel de discussão. De abrir a discussão. Então, pode alguém falar: “ não, Botucatu não é uma cidade conservadora. É revolucionária.” Pode ser. Depende da ótica dele.Do que ele entende por isso. Mas, precisa discutir. A sociedade precisa, e as elites precisam assumir seu papel. Esse negócio de comemoração de Sete de Setembro, participação nos assuntos da cidade... Você vai nas reuniões, três, sete, oito, nove pessoas... Precisa parar. A sociedade tem que estar representada. Os Clubes de Serviço... O pessoal diz muito: clube de serviço não faz política. Conversa fiada! Tudo faz política! Não faz política partidária. Mas, é a política da sociedade. É um clube de serviço. É a política macro! Com “P” maiúsculo. Mas tem que fazer. Então o presidente do clube de serviço tem que estar presente. O presidente da maçonaria, o pastor evangélico, o arcebispo, a indústria, o comércio... Se não, não muda. E os estudantes, heim? Botucatu...Que saudades do CAPS, heim, Figueiroa?
BOCA – Numa única palavra: em 2000, Botucatu vai ou racha?
Armando – Eu acho que tem que ir. Vamos lutar para isso. Tem que ir.



(as fotos são da publicação da revista, mais as do acervo do entrevistado).




7 comentários:

Delmanto disse...

Ufa! Matéria farta e substanciosa... Longe de querer ser um “tratado da política botocuda”, na entrevista revelei tudo que vi e passei em nossa política e a grande necessidade de partirmos para uma mudança. Em 1999, Botucatu clamava por mudança... Agora, 2015/2016, também! Se a cidade é conservadora, a sociedade civil organizada é a dona de seu próprio destino. Então: mãos à obra! No ano que vem teremos eleições. Vamos lutar pela Mobilidade Urbana e para que Botucatu tenha um Planejamento Municipal Urbanístico, focado na sustentabilidade e no seu desenvolvimento.

Delmanto disse...

PREZADO AMIGO E CONFRADE DELMANTO.

SAUDAÇÕES CORDIAIS.

TOMO A LIBERDADE DE CUMPRIMENTÁ-LO PELA SUA BRILHANTE ENTREVISTA REPRODUZIDA NESTA DATA, QUANTO DE FORMA CLARA E OBJETIVA CRITICA O CONSERVADORISMO DE NOSSA BOTUCATU. PARABÉNS.

ABRAÇOS CORDIAIS,

NEWTON COLENCI - Presidente da Academia Botucatuense de Letras - ABL

Anônimo disse...

Sonia Mereu (Facebook):
Eu me lembro do Jaime Sanchez.

Anônimo disse...

Comendador Gilberto Tenor (Facebook):
Tenho em meu acervo a coleção completa da revista.

Anônimo disse...

Zé Airton Amorim (Facebook):
Tive a imensa satisfação, incentivado pelo saudoso JAIME SANCHES , em ver nossa coluna MATANDO NO PEITO publicada em todas as edições dessa polemica revista...

Anônimo disse...

Edil Gomes (Facebook):
Eu tive o prazer de diagramar... Nossa como faz tempo isso... rs

Delmanto disse...

E deixou o trabalho com seu excelente controle de qualidade. Parabéns, Edil!

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