Engº Camillo Fernandes
Dinucci e o sonho da APAE.
"INSTITUIÇÃO MODELO
Não há, caros leitores, não pode haver, em relação a obra assistencial
como essa, opinião contrária ou a favor na população botucatuense. O que há é
toda a cidade – una e coesa -, a tributar o seu culto a uma das realizações
mais brilhantes e nobres de nossa gente: a APAE.
A veneração é uma decorrência natural das obras que se tornaram sagradas
pela benemerência. Assim, a nossa população venera o Asilo Padre Euclides, a Casa
das Meninas “Amando de Barros”, a Vila
dos Meninos “Sagrada Família”, a Associação
de Promoção Humana, a Creche e Berçário
“Criança Feliz”, o Albergue Noturno “Governador
Abreu Sodré”, a Casa da Esperança,
a APAE e muitas obras assistenciais
de Botucatu.
Essas obras são cercadas do afeto, do apreço, do carinho de todos os
botucatuenses, quaisquer que sejam a condição, a classe, ou mesmo o partido
político de que façam parte.
A abnegação dessas pessoas que se dedicam a esse apostolado social deve
ser reconhecida. Todos esses rasgos de dedicação, todos esses brios de
magnanimidade de que tem dado mostras os Mecenas da Benemerência Social em
nossa cidade não passaram, não passam e não passarão desapercebidos pelos
botucatuenses que se interessam pelas coisas de sua terra e pelo sofrimento de
sua gente.
É inútil querer negar, ou antes e melhor, nem se trata da possibilidade de
se poder negar, tal é a grandiosidade dessas obras, que no seu humanismo
revelam-se e ostentam-se a todos os olhos e a todas as vistas como a mostrarem
a importância da ajuda ao próximo, da necessidade de darmos um pouco do que
temos para minorar o sofrimento alheio. Essas obras falam por si. A APAE é uma obra que dispensa
definições: ela é toda bondade, ela é amor, ela é vida.
Recordo-me da luta empreendida pelo Dr.
Jair e Dona Lola Rodrigues Alves e pelo Dr. Camillo Fernandes Dinucci, que encabeçavam uma plêiade de
idealistas a contribuir com todas as suas forças para tão salutar e meritória
obra.
prédio da APAE em construção (acervo Delmanto)
O começo foi difícil. Nada era fácil e muitos eram os obstáculos. As
idéias e o entusiasmo nunca faltaram. A planta
original da sede da APAE eu a vi na prancheta
do Dr. Camillo: era uma promessa. Os planos eram muitos. A colaboração do Governo do Estado era indispensável.
Essa colaboração veio em parcelas, não há dúvida, mas veio. Pouco a pouco,
passo a passo, delineava-se a nova sede da APAE.
Hoje, a APAE de Botucatu é uma
realidade. Modernos equipamentos estrangeiros; intercâmbio educacional com suas
congêneres; métodos aprimorados de recuperação; dedicação de seus dirigentes e
de suas mestras fazem da APAE uma instituição modelo.
A população botucatuense deve colaborar para a continuidade e
engrandecimento dessa instituição.
Já dissemos que em relação a essa obra assistencial não há opinião
contrária ou a favor: toda a cidade, como um todo, tributa o seu culto e
expressa a sua gratidão. Mas é preciso mais, muito mais. É preciso que cada
botucatuense faça a sua visita à sede da APAE
e dê a sua contribuição e a divulgue entre seus amigos e proclame onde possa e
como possa que essa entidade assistencial não é senão uma obra de amor. Só e
sempre amor, nas mais variadas facetas, mas por toda a parte o amor."
(jornal “Vanguarda de Botucatu”, setembro de 1976).
(jornal “Vanguarda de Botucatu”, setembro de 1976).
Eu comecei com essa crônica escrita em 1976 – há 40 Anos! – sobre a APAE
e a participação do Dr. Camillo,
para mostrar que a exuberante instituição modelo que hoje é a APAE, foi fruto de muito sonho, muita
luta e muita dedicação.
A APAE – Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais surgiu do trabalho de um grupo de abnegados. Em 1969, o “Pupo”, Álvaro Line Ceriliani, fez a doação de uma área para a APAE. Em seu loteamento “Vila Sônia”, fez a doação de terreno
de 11,668m2, para a construção da
sede da entidade. Em 1973, a
construção foi concluída em sua planta original, com 3.500m2. A planta feita pelo engenheiro
Camillo Fernandes Dinucci, previa a capacidade para 300 matriculados,
operando em sete blocos, mais quadra esportiva e área de recreação.
A primeira Diretoria da APAE,
era composta pelo presidente William
Jorge e Jair Rodrigues Alves, Álvaro
de Carvalho Azanha, Walter Losi, Walter Aristides Fávero, Vanderci Gaste,
Alcino de Toledo Pisa Rodrigues Alves, Jaime Burini, José Edy Carmello, Aracy
dos Santos Temer, Jamil Adib Antonio. A sede foi solenemente inaugurada no aniversário de Botucatu, 14 de abril de
1972.
Hoje, a APAE continua
cumprindo, de forma modelar, a sua nobre missão. A atual diretoria está concluindo
o seu mandato e nova eleição está proclamada para a próxima semana. Ela tem a
seguinte composição: presidente, Paulo Roberto Jesuíno; vice-presidente, José Joaquim Titton; 1ª
Secretária, Olga Aun; 2ª Secretária, Denilde Vivan; 1º Diretor Financeiro, José
Armando Pescatori; 2º Diretor Financeiro, José Gilmar Correa Araújo; Diretor de
Patrimônio, João Emílio Filho; Diretor Social, Rubens da Silva Cardoso;
Procurador Geral, Samir Daher Zacharias; Procurador Adjunto, Antonio Henrique
Nicolosi Garcia.
CAMILLO FERNADES DINUCCI
Uma das evocações mais gratas para os que lhe conheceram a simplicidade da
vida, a lhaneza de trato e a integridade de caráter aliados a um severo senso
de trabalho e honestidade profissional a toda a prova.
Assim se impõe a todos os contemporâneos a figura admirável do Dr. Camillo Fernandes Dinucci.
Quando, de certa feita, ele propôs aos meios políticos locais ser o candidato único para o pleito municipal
que se avizinhava, a elementaridade ambiente não lhe captou os propósitos e
rejeitou-lhe a proposta.
Desgostoso com a recusa e desiludido com a incompreensão, ele se retirou
da política. Botucatu perdeu assim, a oportunidade única de ter um Prefeito à
altura de seu tradicionalismo histórico. Perdeu mais: a herança de um grande
filho, profissional brilhante e um político íntegro, de visão privilegiada. Uma
vez eleito, ele despenderia sua fortuna pessoal num Plano Diretor que teria transformado Botucatu pacata e antiga numa
cidade superdesenvolvida e modernizada para o século XXI.
Essa foi a maior oportunidade que Botucatu perdeu.
O Dr. Camillo Fernandes Dinucci
foi um dos mais avançados espíritos que Botucatu gerou. Filho de Adolpho Dinucci e de dona Luciana Fernandes Dinucci. Sua esposa,
profa. Leontina Dinucci.
Fez o curso primário em Botucatu e na Capital completou os estudos
secundários. Formado em segundo lugar
pela Escola Politécnica de S. Paulo, coube-lhe por prêmio estágio de dois
anos na Prefeitura da Metrópole, período em que pôs à prova sua competência de
grande estudioso dos problemas da Capital. Botucatu tem a honra de contar com
seus relevantes serviços em todas as áreas da administração pública.
Participação notável foi a sua na construção do Hospital para Tuberculoso, em Rubião Júnior, transformado depois em
perfeito para a Faculdade de Ciências
Médicas e Biológicas de Botucatu, mais tarde tornada Faculdade de Medicina – UNESP.
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Na área educacional foi ele o construtor dos prédios do D. Lúcio Antunes de Souza, José Gomes
Pinheiro, Raphael de Moura campos, tendo feito a reforma do Grupo Escolar Cardoso de Almeida.
Construiu o Hospital da Sorocabana.
Adquiriu e doou à Creche Criança Feliz a
casa própria, dotando-a das reformas condizentes. Adquiriu e doou um terreno
para a Igreja N. Sra. de Fátima.
De todas essas benemerências, o povo botucatuense saberá, através dos
poderes constituídos, tributar-lhe o agradecimento e a memória. O Dr. Camillo Fernandes Dinucci é pessoa
lembrada com carinho e saudade por todos seus amigos.
À frente, a casa onde morou Camillo Fernandes Dinucci, em sua planta original.
Soldado em 1932, recebeu com
grande honra, em Sessão Solene na Câmara Municipal, a Medalha de Combatente da Revolução de 1932.
Pelos seus grandes feitos, seu nome
brilhará no Panteon dos Grandes Homens que viveram e fizeram Botucatu. (AMD)
(“Folha de Botucatu” 12/11/1989).
A cidade de Botucatu lhe prestou homenagem através de ato da Prefeitura Municipal que denominou de TEATRO MUNICIPAL “CAMILLO FERNANDES DINUCCI”,
o antigo CINE PARATODOS, propriedade
da família Dinucci.
É Registro Histórico.
2 comentários:
Camillo Fernandes Dinucci foi um Cidadão Prestante. Ajudou o desenvolvimento de Botucatu como um técnico competente e como um excelente cidadão. É exemplo a ser seguido. É Registro Histórico!
Maria Oliveira (Facebook):
Senti de perto a realidade da APAE, um dos meus filhos trabalhou lá como professor de educação fisica, me lembro de sua dedicaçao e carinho para com aquelas crianças, vamos dizer assim!!!
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